quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Comunicado à imprensa

Ponta de Lança

Central de Marcação

(Lesões de última hora e de alguma gravidade em dois atletas adiam a jornada de (In)Formação do Carmo Jovem programada para Sábado e Domingo.)
Ouvi dizer a um reputado especialista em lesões de atletas de alta competição que estes têm naturalmente mais lesões e lesões mais graves que o comum dos mortais, porque o seu corpo está tão afinado e tão perto dos limites, e durante mais tempo, que um imprevisto ou um pequenino aumento de esforço mal calculado leva a rupturas imediatas. Que só o descanso cura.
Acreditei, até porque era um especialista da área.
Foi isto que me veio à lembrança quando esta noite a Verónica me telefonou, a dizer que passara a tarde no Hospital de Viana do Castelo, numa cadeira de rodas. «Agora já sei o que sente uma a velha: incapacidade!»
Pronto, agora vai precisar de alguns dias para consertar o pé, alinhar os tarsos, recolocar os tendões, aprumar os músculos. Afinal, são os pés quem nos levam.
Há coisa duma semana foi o Ricardo à faca; penso que coisas de meniscos e endireitar os pés, não sei bem. São lesões só ao alcance de futebolistas famosos e habituados a pisar os maiores palcos europeus. Se não erro o dono da faca é o Dr. Espregueira Mendes Filho, habituado a atar tendões das pernas de futebolistas como quem, ainda ensonado, ata cordões e atacadores pela manhã.
Fui olhar a tabela e vê-se mesmo que o F. C. de Lousada precisa de reforços. O nosso atleta vem mesmo a calhar ao clube da terra. Ele até já nem dorme só de pensar nos êxitos futuros de ponta de lança perneta.
As carminhadas, julgava eu, não são de alto grau de exigência físico. Pensava eu. Engano meu. São e são mesmo. Já temos dois lesionados graves e eles andaram mais de carro que a pé! Fabuloso!
Visto termos ficado sem o ponta de lança e sem o nosso central de marcação, sou a informar que a equipa não entrará em campo no próximo Sábado, dia 1 de Março. Não há pois convocatória para a acção de (In)Formação que tínhamos programado para Avessadas. Lamentamos.
Porém, não tarda ela estará aí. E a Verónica atafulhando as caixas com mails e SMS! Convém por isso não preencher todos os próximos fins de semana. Porque logo que os nossos coxos recuperem abalamos para lá, já temos muito que trabalhar. É certo que eles se dispuseram a levar as muletas, mas isso era conceder-lhes um avanço de borla. Embora eu prefira pensar que em face das graves lesões nos pés eles não conseguem pensar. Portanto, adia-se.

Assina: Frei Jesualdo Ferreira

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Jovens das Alhadas metem-se numa “alhada” com o Papa

Cerca de 130 jovens realizaram, no dia 16 de Fevereiro, uma caminhada, que teve início na localidade de Alhadas e que terminou na igreja de Maiorca. 85 jovens vieram de Aveiro, Porto, Braga e Viana do Castelo. A participação da juventude foi intensa, como é habitual, nestas circunstâncias. "A juventude move-se por causas que lhes interessa", referiu Verónica Parente, responsável pelo movimento Carmo Jovem. De acordo, com esta responsável, esta caminhada, "pretendeu estimular os jovens na pesquisa de um incentivo da vida que se procura. "A Igreja desde sempre tem vivido a fé a caminhara, a pôr os pés ao caminho", recorda por outro lado, o assistente espiritual do movimento, Padre João Costa. "Caminhar com os rapazes e as raparigas, não com o sentido de os converter, de os conquistar, mas de andar com toda a gente; do conjunto de acompanhantes, também fazem parte aqueles que já interiorizaram o Evangelho nas suas vidas", referiu. Esta caminhada teve como tema "Mete numa alhada com o Papa". Trata-se de uma alusão ao local onde se iniciou a caminhada (nas Alhadas), e uma chamada de atenção para o pensamento antropológico e teológico de Bento XVI.


in Correio de Coimbra


domingo, 24 de fevereiro de 2008

Carta de Agradecimento ao Pe. Luigi Gaetani

JM + JT



Caro amigo Pe. Luigi Gaetani, Definidor Geral OCD

Aceite esta carta e o nosso sentido agradecimento pelas palavras amigas que nos dirigiu no passado dia 16 de Fevereiro, aquando a nossa carminhada de jovens carmelitas em Alhadas – Figueira da Foz. Recebemo-la com grande alegria e como um sinal da sua presença no meio dos cerca de 150 jovens que lá nos encontrávamos congregados pelo lema: «Mete-te numa alhada: Vamos carminhar com o Papa». Atentos e surpreendidos escutámos a sua carta no início da Eucaristia. E respondemos ali mesmo com uma grande e agradecida salva de palmas. Bem-haja.
Em boa hora, nós, jovens leigos carmelitas, re-inventámos esta forma antiga de carminhar a subida ao Monte Carmelo. É com alegria que aceitamos fazer caminho com a Ordem, e, por isso, não somos indiferentes nem nos desapercebemos da brisa suave do Espírito Santo que nos impele a carminhar e amar a Ordem. Damo-nos conta d´Ele. E agradecemo-l’O. Somos filhos de Deus, da Igreja e do Carmo. Somos uns pequenos seguidores de S. Teresa de Jesus e de S. João da Cruz, deixamo-nos embeber na espiritualidade Carmelita que a cada passo nos cativa e nos compromete. O Espírito que nos guia nunca O vimos, mas muitas vezes O sentimos. É Ele que nos desacomoda e nos convida a seguir Jesus e a ser como Ele.
Para nos ajudar a descobrir este essencial da nossa vida jovem contamos com todos, contamos com a Ordem do Carmo e o seu carisma que nos ensina e nos ajuda a viver a fé. Nos nossos encontros sempre rezamos pelos nossos Irmãos mais velhos, pois sentimos que fazemos parte da mesma vinha que eles. Queremos falar como eles, e como eles sentir, esperar, trabalhar, fazer, escutar, chorar, rezar e amar…
Que o Divino Espírito Santo nos ajude sempre a procurar a simplicidade de vida e a encontrar n’Ele a alegria que nos deleita e anima. Confiamo-nos ao amor delicado e terno de Maria Nossa Mãe que nos ajuda a viver o mistério do Pai, Filho e Espírito Santo.
Saudamo-lo com estima e carinho e pedimos a sua bênção:



Verónica Parente, Coordenadora do Carmo Jovem
Viana do Castelo e 17 de Fevereiro de 2008

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

NOTAS FINAIS... Carminhada - Alhadas - 16FEV'08

Alta madrugada Sábado dia 16
04:27... 04:28... 04:29... 04:30! Plim-plam-plum! Plim-plaaam-pluuuuuum! Shreck-shrack-shruck-shriiiiiiiiiink! Shreck-shraaaack-shruck-shriiiiiuuuiiiiiiiiiink! Foi assim que em Braga, ao som dos despertadores, em três ou quatro bairros diferentes, se iluminaram meia dúzia de quartos adolescentes. Era a hora combinada. Depois, à hora certa juntaram-se todos em frente à porta da Igreja do Carmo, que ainda ficaria fechada por mais um bom par de horas. Finalmente rumaram juntos para a estação dos Caminhos de Ferro. E dali para o Porto. Já ninguém dormiu mais. Era madrugada alta e o Carmo Jovem começava a carminhar, precisamente à hora em que os mais fracos desistem da noite e começam a regressar à cama depois da noitada. Sim, aquela foi a hora do início da nossa carminhada programada para as Alhadas (e Maiorca), na Figueira da Foz. Aquela era também a hora em que muitos ainda dormíamos consolados, mas em breve, acordados, bem dispostos e andadeiros estaríamos juntos a rezar entregando ao Senhor o nosso dia e a nossa carminhada de fé.
Aqui se vai contar como se passou este dia.

Uma alma parva
A chegada às Alhadas foi às pinguinhas. O último troço de caminho, feito na Nacional 109 é muito complicado por causa dos semáforos de 100 em 100 metros. Ou quase. É este pedaço de estrada que nos desanima, ou talvez nos anime mais a lançar os pés ao caminho (porque não há semáforos para quem anda a pé!...).
Os primeiros a chegar foram os da casa. (Mas não todos.) Depois chegaram os de Aveiro, Coimbra, Viana do Castelo, e logo depois o grosso da coluna: Caíde de Rei com Marco de Canaveses e Braga. Éramos mais de 130 e pelo caminho ainda fomos engrossando mais. É verdade que os números não contam, mas só não contam para quem não sabe contar. Porém, contem o que contar, aqui se vai contar a festa carmelitana que ali fizemos durante um dia com o Senhor, o Espírito Santo e o Pai.
À medida que o caudal do grupo carminheiro ia engrossando, uma Carmelita Secular exclamava: «A minha alma está parva! Ó meu Deus, a minha alma está verdadeiramente parva!», o que traduzindo quer dizer: «A minha alma está pequenina; pequenina é a minha alma, Deus seja louvado!, pois quem é tão grande como o Senhor?». Não seria certamente a única, mas era a única que conseguia expressá-lo.
Estávamos finalmente nas Alhadas, freguesia da Figueira da Foz. Não era nem de longe uma alhada, mas a verdade é que o caminho que o Papa nos aponta não é o mais fácil. E isso já é uma alhada, uma pequena dificuldade. Porém, éramos tantos e com tal vontade que parece não haver vontade de não carminhar o caminho de Jesus juntamente com ele.
O lema da carminhada era: Mete-te numa alhada, vamos caminhar com o Papa. Foi isso que aconteceu ao longo de todo o dia. Por sugestão do Papa caminhamos com ele, animados pelo Espírito Santo. Lemos e meditamos muitos textos do Papa e da Sagrada Escritura sobre o Espírito Santo. Rezámos e cantámos-Lhe hinos acertados e bem preparados.

Boas-vindas
As boas-vindas foram dadas pelo Ricardo Luis, Verónica Parente e pela Alice Montargil, Carmelita Secular. Logo depois, com cerca de uma hora de atraso, abandonámos o Complexo Paroquial de São Pedro das Alhadas e lá fomos subindo e descendo, testando a nossa qualidade física de discípulos de Jesus e de “testemunhas a caminho, animados pelo Espírito Santo”. Íamos para Maiorca, a freguesia mais antiga da Figueira.
Caminhávamos juntos, mas diferentes: juntos como um povo que caminha com sentido de povo; diferentes, porque de diferentes proveniências e experiências, mas convictos de juntos sermos Igreja jovem com selo carmelita que ama caminhar e subir em busca da solidão.
Durante a manhã, caminhamos uns 5 km com o horizonte tecido por ribeirinhos, arrozais, ladeiras, caminho suaves, tempo ameno e pequenas colinas. Aqui e além surpreendiam-nos pedaços vários de história de fé, a Capela de São Simão e a do Senhor da Paciência. Parámos, rezámos e descansámos na primeira. A segunda, porque fechada, embora bem mais antiga e simbólica, não nos seduziu. Impacientes e desapercebidos seguimos em frente.
O que se faz enquanto se carminha? Conversa-se. Há quem vá a rezar; a maioria a falar. Poucos vão calados. Muitos revisitam velhas amizades. A mim contaram-me a história daquelas terras seculares, enquanto outro alguém recordou que caminhávamos com o Papa e o amávamos como a Jacinta, pastorinha de Fátima. É verdade.
Uma fila de quase 150 pessoas é uma fila grande. Quem disso se apercebeu foram os cães! Eram tantos os cães daquelas terras! Não deveria haver um que fosse que estivesse engripado ou de fim de semana, pois foram tantos os que nos ladraram, ladraram, ladraram!
Não foi difícil caminhar esta carminhada. O terreno era convidativo, suave e deliciosamente ameno. E depois, duas raparigas decidiram levar a viola e a flauta e isso puxou os cânticos, animou os corpos, estimulou os espíritos, aqueceu as almas, marcou os ritmos.
Chegámos bem dispostos a Maiorca que tem uma igreja linda e grande como um catedral. Está dedicada a São Salvador e tem no retábulo uma pintura da Transfiguração. Estava tudo acertado, era tudo apropriado. Numa parede lateral existe uma enorme e bela pintura de Nossa Senhora do Carmo: a Mãe, contente, tinha vindo receber-nos! Santa Teresinha também gostou de nos ver lá...
Descansámos, bebemos água, atendemos a Imprensa que nos aguardava curiosa e preparámos a Eucaristia. A sacristia é enorme e foi ali que se deram os últimos retoques aos preparativos.
Seguiu-se a Missa.

Uma carta inesperada
Iniciamos a Missa com uma linda procissão, integrando elementos de todos os grupos e um belo, atento e cuidadoso grupo de acólitos. Logo depois o Frei João apresentou-nos um amigo, ainda que ausente: O Definidor Geral Pe Luigi Gaetani, e na sequência a Verónica leu uma pequena carta sua dirigida a todos os Jovens Carmelitas, animando-nos a caminhar com Jesus. Depois de lida a Carta, que era breve, saudámo-la com uma salva de palmas.
Houve depois outra salva de palmas, uma enorme salva de palmas, para o Senhor que nos recebia na sua tão bela casa, no dia em que no Tabor Ele se nos mostrava divino e majestoso, e nos convidava a não desistir diante das dificuldades dos caminhos e a sempre anunciarmos a sua Palavra e servirmos os irmãos.

Uma bela (e longa!) Missa
A Missa continuou longa, distendida e amena. Na homilia o Frei João saudou-nos mais uma vez e animou-nos a não desistirmos de carminhar, como Abraão. Para recebermos as bênçãos destinadas a quem peregrina. E é bem verdade, quantas graças e bênçãos já teríamos perdido se não tivéssemos iniciado (ou tivéssemos desistido) das carminhadas? Há bênçãos muito belas para quem se põe a carminho. O Movimento do Carmo Jovem é disso testemunha. Como temos sido tão belamente saudados, acolhidos, animados, abraçados e encorajados nos lugares que temos cruzado!
Depois, ainda na sua homilia, pediu que se erguessem os Catequistas e os Animadores presentes, e eram vários. Depois saudou-os com outra bela salva de palmas, porque, disse, ainda hoje, unidos aos Apóstolos, os Catequistas e os Animadores sofrem pelo Evangelho. Que seria da Igreja sem eles e elas? Que seria do anúncio do Evangelho sem os Catequistas e Animadores? Se eles desaparecerem quem nos apresentará Jesus e nos animará a carminhar com Ele? E todos nós lhes agradecemos o ardor da sua fé, a fortaleza da sua esperança, e a disponibilidade amorosa!
(Ainda guardo na retina o pequeno e animado Sidónio de nove ou dez anos, carregando a sua mochila. Tínhamos feito cerca de meio caminho da manhã e eu vi uma Catequista que não era a sua nem era da sua freguesia pegar-lhe nela para o aliviar! Como Deus tem sempre um coração de mãe para nos atender!)
E ao terminar a homilia pediu-nos que não fôssemos nem cabeças nem corações duros, onde o Espírito Santo teima em entrar e nós não deixamos. Por fim renovamos as Promessas do nosso Baptismo e recebemos sobre as nossas cabeças a água benta, a fim de que a nossa vida se deixe amaciar e moldar pelo suave aguaceiro do Espírito Santo.
A terminar saímos em procissão e sete Catequistas libertaram à porta da igreja outras tantas pombas que, perdendo-se nos ares, se encaminharam ligeiras para sua casa. Tiramos ali uma foto: olhando bem os rostos (e os corações, sobretudo os corações!) vê-se que somos uma nova família, uma família a nascer e a crescer!
Da Missa para a mesa. A tarde tinha começado já há muito tempo quando num espaçoso parque verde estendemos as mantas, repartimos merendeiros (como eram bons os bolinhos de bacalhau das Carmelitas Seculares!), matámos a fome, cantámos, rimos, saltámos á corda e dançámos.
Recomeçámos a carminhada. Agora era a subir mais que a descer. Era porém um subir tão suave como suave e harmoniosa é a escala musical. De facto os cânticos e a música da flauta e das violas impeliam-nos de novo a andar. Ó que maravilha carminhar assim!
Para que não nos cansássemos muito parámos de novo, à sombra da Capela de Nossa Senhora de Guadalupe. Não estava previsto entrar, mas o povo sabia da nossa estadia e dos nossos passos. Vai daí estenderam verdes e flores pelo chão e fizeram questão que os nossos pés peregrinos os pisassem e nós os pisamos agradecidos, pois é sempre mais agradável pisar flores e sentir-lhes o perfume que tropeçar nas pedras e buracos dos caminhos. Entrámos. Calámos. Rezámos calmamente. Escutámos uma vez mais o Papa. Depois abandonámos a Capela, dividimo-nos em grupos e respondemos a um questionário que pretendia ajudar a aprofundar o nosso conhecimento e relação com o Espírito Santo.
O tempo não foi muito, mas dentro de nós ardia qualquer coisa e houve respostas e testemunhos dignos de registo, pelo que supõem de verdade e amizade com o senhor Espírito Santo:
• O Espírito Santo enriquece os seus fiéis, é elo de ligação nos caminhos da fé.
• O ES é água viva que nos ensina a viver e nos sacia a sede de vida.
• O ES recorda-nos a dignidade de Filhos de Deus a que fomos chamados.
• O ES é força de Deus que nos continua a dar força para amar.
• A Terceira Pessoa da Santíssima Trindade gera a relação Pai e filho.
• O ES revelou-se e continua a revelar-se em muitos momentos da história.
• O ES aparece de muitas formas em momentos especiais da vida de Jesus.
• O Espírito Santo é força e coragem.
• A Igreja do III milénio precisa desta força de vida.
• O ES habita o coração de cada um de nós, é força, vida, liberdade, orvalho suave.

Já com os pés mais leves, o corpo refeito e os espíritos ainda mais animado voltamos ao caminho. Ainda faltava subir um bom bocado. Havia que chegar de novo ao Complexo Paroquial de São Pedro das Alhadas.
Esperava-nos ali o Rev. Pároco, já nosso conhecido, Pe. Pedro Hoka. Também ele quis falar aos jovens, e disse-nos: «É com enorme alegria que vos recebemos em Alhadas, a vós Jovens Carmelitas de muitos lugares! Queremos voltar a ter-vos cá com esta mesma alegria! Queremos continuar a ter-vos por cá para que nos continueis a animar e a animar os jovens cristãos de Alhadas; quem sabe se algum dia os jovens de Alhadas ou Maiorca vos acompanharão pelos caminhos que percorreis? A semente foi lançada à terra, só desejo que cresça, floresça e dê fruto. Assim seja.»
O dia estava quase terminado. Os nossos anfitriões repartiram entre todos um sugestivo símbolo: uns saquinhos com sementes (razão tinha o Pároco!) e uma legenda: «Lança a semente, e ela brotará no teu coração!». Repartimos também entre nós uns pequenos seixos que nos lembram que longe de Deus somos secura; porém Ele sabe aproveitar o melhor de cada um de nós e fazer de nós templo de pedras vidas, onde o Espírito Santo goste de se resguardar.
Depois fez-se a passagem do testemunho, digo, do cajado. Os jovens de Alhadas entregaram-no aos de Caíde de Rei. É ali que carminharemos juntos a próxima etapa, bem perto da Páscoa, no dia 15 de Março, Dia Mundial da Juventude.
Agradecidos, rezámos o Pai Nosso com as mochilas às costas e em união com toda a Igreja e todas as gerações de Cristãos. Lá fora era escuro, mas não nos nossos corações. Os autocarros tinham os motores a trabalhar e já nos preparávamos para entrar quando os de Alhadas nos impediram. Havia uma mesa, com sumos e iguarias para comer. Tinham medo que com tantos quilómetros pela frente que desfalecêssemos e não chegássemos a casa. Não entrámos nos autocarros, fomos comer. A mesa era grande e farta, mas nós éramos mais de 150 jovens (para comer aparece sempre mais gente!)! Porém, a comida ter-se-á multiplicado porque nós comíamos, comíamos e ela não desaparecia da mesa. Nós saciávamos o apetite e refrescávamos as gargantas, e os nossos amigos convidavam-nos a comer mais. Aparecia sempre mais. Havia sempre mais que o suficiente. Por fim terminámos, porque nem tantos estômagos de tantos pequenos lobos famintos comem tanta bondade e liberalidade!
(Como é bom o Senhor para os que andam na sua presença!)
E tudo terminou. Mas não era ainda o fim. A Alice Montargil e a Teresa disseram-nos as últimas palavras: amizade e bênção. Já podíamos partir. O Ricardo deu a sentença: «Vamos lá pessoal, temos de ir!» E fomos. Fizemo-nos à estrada, pois faltava chegar a casa, tomar banho e dormir. Esta noite ninguém haverá de querer sair, porque há muito que arrumar nas gavetas da memória. Foi tanto e tão intenso tudo quanto vimos e ouvimos no Tabor das Alhadas e Maiorca! Foi tão bom que apetecia ficar por lá acampados em três tendas.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Fotos - Carminhada - Alhadas - 16FEV'08

























Mensagem - Pe.Luigi Gaetani




Queridos amigos do Carmo Jovem:

É para mim uma enorme alegria dirigir-vos estas palavras, porque a nossa vida de frades Carmelitas é muito parecida à vossa, pois ambos gostamos duma vida de paixão e de radicalidade!

Todos estamos chamados a viver em diálogo e também em contraste com a pós-modernidade: Nós não aspiramos a fugir das cidades. Nós preferimos comprometer-nos com os nossos irmãos e irmãs, no coração das nossas cidades, no centro das nossas preocupações e dos desejos dos homens e mulheres do nosso tempo.

E por outro lado, juntamente convosco, queremos procurar o ar fresco, a água pura e as zonas verdes. É bem verdade que não queremos deixar-nos contaminar mais que a conta.
Nós aspiramos a uma qualidade de vida e de humanidade íntegra, pois é isso o que nos parece que quer dizer «aspirar a ser santos»!

Neste sentido nós devemos viver lado a lado, renovando a cultura da paixão e da radicalidade, da amizade e da comunhão, da colaboração e da civilização do amor.

Atenção:
é necessário que nos deixemos «evangelizar pela pós-modernidade», apesar das suas luzes e sombras, para conseguirmos cultivar novas formas culturais que dêem corpo ao Espírito Santo que nos anima e nos acompanha.

Queridos amigos e queridas amigas:
a imagem do acompanhar Jesus sempre foi muito fecunda na vida da Igreja. Em boa verdade ela tem inspirado várias modelos de espiritualidade e de movimentos. Ao longo dos séculos a ideia de acompanhar Jesus sempre exerceu uma enorme atracção nos cristãos.

Tende em Jesus o mesmo centro de vida que anima a Igreja. Animo-vos a caminhar pelo mesmo caminho da Igreja. Partilhai a sua missão. Construí comunidade. Olhai: tende sempre como referência a pessoa de Jesus. Ser comunidade eclesial é caminhar com Jesus! A presença de Jesus dá consistência ao grupo. Reparai que quando não existe comunhão com Jesus a comunidade se desfaz.

As pessoas que como vós, seguem Jesus, que caminham pelo seu caminho, formam à volta de Jesus a sua nova família. Vós, jovens Carmelitas portugueses, sois família de Jesus. Lembrais-vos bem que Ele disse: «Estes que estão comigo são a minha mãe e os meus irmãos»! (Mc 3,34)

Lancemo-nos ao caminho a fim de vivermos hoje a beleza do Evangelho! Lancemo-nos ao caminho para vivermos juntos os valores do carisma Carmelita.
Que a Virgem Maria de Nazaré, e Formosura do Carmelo, seja companheira do vosso caminho!

Domus Carmeli, Fátima, 14 de Fevereiro de 2008
Pe. Luigi Gaetani, Definidor Geral da Ordem dos Carmelitas Descalços.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Mensagem do Papa Bento XVI para a Quaresma 2008

«Cristo fez-Se pobre por vós» [cf. 2 Cor 8, 9]



A Quaresma é um tempo em que somos convidados a fazer um esforço para melhorar, para nos deixarmos converter e transformar por dentro. Começaremos este tempo até nos encontrarmos às portas da grande semana pascal. Dias que nos são oferecidos para meditarmos sobre alguns dos fundamentos da nossa fé, que nos colocam em relação directa com o mistério da nossa salvação...


Neste início de mais uma Quaresma, partilho convosco a mensagem do Santo Padre:

Queridos irmãos e irmãs!
1. Todos os anos, a Quaresma oferece-nos uma providencial ocasião para aprofundar o sentido e o valor do nosso ser de cristãos, e estimula-nos a redescobrir a misericórdia de Deus a fim de nos tornarmos, por nossa vez, mais misericordiosos para com os irmãos. No tempo quaresmal, a Igreja tem o cuidado de propor alguns compromissos específicos que ajudem, concretamente, os fiéis neste processo de renovação interior: tais são a oração, o jejum e a esmola. Este ano, na habitual Mensagem quaresmal, desejo deter-me sobre a prática da esmola, que representa uma forma concreta de socorrer quem se encontra em necessidade e, ao mesmo tempo, uma prática ascética para se libertar da afeição aos bens terrenos. Jesus declara, de maneira peremptória, quão forte é a atracção das riquezas materiais e como deve ser clara a nossa decisão de não as idolatrar, quando afirma: «Não podeis servir a Deus e ao dinheiro» (Lc 16, 13). A esmola ajuda-nos a vencer esta incessante tentação, educando-nos para ir ao encontro das necessidades do próximo e partilhar com os outros aquilo que, por bondade divina, possuímos. Tal é a finalidade das colectas especiais para os pobres, que são promovidas em muitas partes do mundo durante a Quaresma. Desta forma, a purificação interior é corroborada por um gesto de comunhão eclesial, como acontecia já na Igreja primitiva. São Paulo fala disto mesmo quando, nas suas Cartas, se refere à colecta para a comunidade de Jerusalém (cf. 2 Cor 8-9; Rm 15, 25-27).
2. Segundo o ensinamento evangélico, não somos proprietários mas administradores dos bens que possuímos: assim, estes não devem ser considerados propriedade exclusiva, mas meios através dos quais o Senhor chama cada um de nós a fazer-se intermediário da sua providência junto do próximo. Como recorda o Catecismo da Igreja Católica, os bens materiais possuem um valor social, exigido pelo princípio do seu destino universal (cf. n. 2403).
É evidente, no Evangelho, a admoestação que Jesus faz a quem possui e usa só para si as riquezas terrenas. À vista das multidões carentes de tudo, que passam fome, adquirem o tom de forte reprovação estas palavras de São João: «Aquele que tiver bens deste mundo e vir o seu irmão sofrer necessidade, mas lhe fechar o seu coração, como pode estar nele o amor de Deus?» (1 Jo 3, 17). Entretanto, este apelo à partilha ressoa, com maior eloquência, nos Países cuja população é composta, na sua maioria, por cristãos, porque é ainda mais grave a sua responsabilidade face às multidões que penam na indigência e no abandono. Socorrê-las é um dever de justiça, ainda antes de ser um gesto de caridade.
3. O Evangelho ressalta uma característica típica da esmola cristã: deve ficar escondida. «Que a tua mão esquerda não saiba o que fez a direita», diz Jesus, «a fim de que a tua esmola permaneça em segredo» (Mt 6, 3-4). E, pouco antes, tinha dito que não devemos vangloriar-nos das nossas boas acções, para não corrermos o risco de ficar privados da recompensa celeste (cf. Mt 6, 1-2). A preocupação do discípulo é que tudo seja para a maior glória de Deus. Jesus admoesta: «Brilhe a vossa luz diante dos homens de modo que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem vosso Pai que está nos Céus» (Mt 5, 16). Portanto, tudo deve ser realizado para glória de Deus, e não nossa. Queridos irmãos e irmãs, que esta consciência acompanhe cada gesto de ajuda ao próximo evitando que se transforme num meio nos pormos em destaque. Se, ao praticarmos uma boa acção, não tivermos como finalidade a glória de Deus e o verdadeiro bem dos irmãos, mas visarmos antes uma compensação de interesse pessoal ou simplesmente de louvor, colocamo-nos fora da lógica evangélica. Na moderna sociedade da imagem, é preciso redobrar de atenção, dado que esta tentação é frequente. A esmola evangélica não é simples filantropia: trata-se antes de uma expressão concreta da caridade, virtude teologal que exige a conversão interior ao amor de Deus e dos irmãos, à imitação de Jesus Cristo, que, ao morrer na cruz, Se entregou totalmente por nós. Como não agradecer a Deus por tantas pessoas que no silêncio, longe dos reflectores da sociedade mediática, realizam com este espírito generosas acções de apoio ao próximo em dificuldade? De pouco serve dar os próprios bens aos outros, se o coração se ensoberbece com isso: tal é o motivo por que não procura um reconhecimento humano para as obras de misericórdia realizadas quem sabe que Deus «vê no segredo» e no segredo recompensará.
4. Convidando-nos a ver a esmola com um olhar mais profundo que transcenda a dimensão meramente material, a Escritura ensina-nos que há mais alegria em dar do que em receber (cf. Act 20, 35). Quando agimos com amor, exprimimos a verdade do nosso ser: de facto, fomos criados a fim de vivermos não para nós próprios, mas para Deus e para os irmãos (cf. 2 Cor 5, 15). Todas as vezes que por amor de Deus partilhamos os nossos bens com o próximo necessitado, experimentamos que a plenitude de vida provém do amor e tudo nos retorna como bênção sob forma de paz, satisfação interior e alegria. O Pai celeste recompensa as nossas esmolas com a sua alegria. Mais ainda: São Pedro cita, entre os frutos espirituais da esmola, o perdão dos pecados. «A caridade – escreve ele – cobre a multidão dos pecados» (1 Pd 4, 8). Como se repete com frequência na liturgia quaresmal, Deus oferece-nos, a nós pecadores, a possibilidade de sermos perdoados. O facto de partilhar com os pobres o que possuímos, predispõe-nos para recebermos tal dom. Penso, neste momento, em quantos experimentam o peso do mal praticado e, por isso mesmo, se sentem longe de Deus, receosos e quase incapazes de recorrer a Ele. A esmola, aproximando-nos dos outros, aproxima-nos de Deus também e pode tornar-se instrumento de autêntica conversão e reconciliação com Ele e com os irmãos.
5. A esmola educa para a generosidade do amor. São José Bento Cottolengo costumava recomendar: «Nunca conteis as moedas que dais, porque eu sempre digo: se ao dar a esmola a mão esquerda não há de saber o que faz a direita, também a direita não deve saber ela mesma o que faz » (Detti e pensieri, Edilibri, n. 201). A este propósito, é muito significativo o episódio evangélico da viúva que, da sua pobreza, lança no tesouro do templo «tudo o que tinha para viver» (Mc 12, 44). A sua pequena e insignificante moeda tornou-se um símbolo eloquente: esta viúva dá a Deus não o supérfluo, não tanto o que tem como sobretudo aquilo que é; entrega-se totalmente a si mesma.
Este episódio comovedor está inserido na descrição dos dias que precedem imediatamente a paixão e morte de Jesus, o Qual, como observa São Paulo, fez-Se pobre para nos enriquecer pela sua pobreza (cf. 2 Cor 8, 9); entregou-Se totalmente por nós. A Quaresma, nomeadamente através da prática da esmola, impele-nos a seguir o seu exemplo. Na sua escola, podemos aprender a fazer da nossa vida um dom total; imitando-O, conseguimos tornar-nos disponíveis para dar não tanto algo do que possuímos, mas darmo-nos a nós próprios. Não se resume porventura todo o Evangelho no único mandamento da caridade? A prática quaresmal da esmola torna-se, portanto, um meio para aprofundar a nossa vocação cristã. Quando se oferece gratuitamente a si mesmo, o cristão testemunha que não é a riqueza material que dita as leis da existência, mas o amor. Deste modo, o que dá valor à esmola é o amor, que inspira formas diversas de doação, segundo as possibilidades e as condições de cada um.
6. Queridos irmãos e irmãs, a Quaresma convida-nos a «treinar-nos» espiritualmente, nomeadamente através da prática da esmola, para crescermos na caridade e nos pobres reconhecermos o próprio Cristo. Nos Actos dos Apóstolos, conta-se que o apóstolo Pedro disse ao coxo que pedia esmola à porta do templo: «Não tenho ouro nem prata, mas vou dar-te o que tenho: Em nome de Jesus Cristo Nazareno, levanta-te e anda» (Act 3, 6). Com a esmola, oferecemos algo de material, sinal do dom maior que podemos oferecer aos outros com o anúncio e o testemunho de Cristo, em cujo nome temos a vida verdadeira. Que este período se caracterize, portanto, por um esforço pessoal e comunitário de adesão a Cristo para sermos testemunhas do seu amor. Maria, Mãe e Serva fiel do Senhor, ajude os crentes a regerem o «combate espiritual» da Quaresma armados com a oração, o jejum e a prática da esmola, para chegarem às celebrações das Festas Pascais renovados no espírito. Com estes votos, de bom grado concedo a todos a Bênção Apostólica.
Vaticano, 30 de Outubro de 2007.
BENEDICTUS PP. XVI

Uma Santa Quaresma, que encontreis um tempo de verdadeira conversão, no qual se torne claro o significado do mistério da vida, na Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. Carminhada convicta à jubilosa e festiva Páscoa do Senhor…