quinta-feira, 30 de abril de 2009

"Andai sempre alegres." (1 Tes 5,16)

A ninguém te pareces desde que peregrinei contigo!
Vamos para o caminho. Vamos para a casa da Mãe. Mais uma vez. Nós, Carmo Jovem, não somos de parar, não somos de morrer. Não somos daqui, ainda não alcançamos nada. Por isso não paramos enquanto lá não chegarmos. Obrigado por teres vindo. Juntos vamos melhor. (Vamos caminhar, vamos rezar. Com os pés.) Há já algum tempo que descobrimos e nos afeiçoamos à terna oração com bolhas nos pés. Assim os pés, assim a alma e tudo e todos com o corpo todo. Tudo ao caminho, todos a caminho. (Os que não vão, vão também connosco!) Se o corpo se liberta trotando por montes e ribeiros, caminhos e carreiros — E quão belo será o percurso deste ano! — como não se alegrará a alma com a luz e os perfumes da Primavera pascal que vão penetrando até ao mais fundo centro da alma! Vem, vamos tomar banhos de luz nova e de perfumes primaveris que só as abelhas sabem distinguir e colher! (Vamos para o caminho, que são horas!) A nossa III Peregrifáti — Peregrinação a pé a Fátima do Carmo Jovem — decorre num quadro temporal donde gostaria de evidenciar quatro acontecimentos:
Um: A recente canonização do Beato Nuno de Santa Maria (1360 – 1431). Peço ao Céu que no-lo dê por capitão, ele que tão bem conhece os caminhos da alma de Portugal! Que São Nuno de Santa Maria Álvares Pereira caminhe connosco, porque nós, como Bento XVI, nos sentimos felizes por o termos como modelo e figura exemplar. (— São Nuno, caminha connosco!)
Dois: Decorre em Fátima, na Domus Carmeli, o 90º Capítulo Geral (17 Abril – 8 de Maio). É a segunda vez que em Portugal se reúne um Capítulo Geral da nossa Ordem: a primeira vez foi em Maio de 1585, com a presença de São João da Cruz. O Capítulo já elegeu o novo Governo Geral. O nosso Padre Geral é italiano e chama-se Saverio Cannistrà, que ao ser eleito declarou: «Senti que Deus me empurrava e que abraçando-me a vós podia confiar em Deus». Bonito. O lema desta assembleia magna é «Vossa sou, para Vós nasci, que mandais fazer de mim?», porque decorre nos alvores do V Centenário do nascimento da Santa Madre Teresa de Jesus (1515). (Saverio e Teresa, caminhai connosco!)
Três: Caminhamos ainda durante a celebração do I Centenário do nascimento para o céu do Bem-aventurado Isidoro Bakanja (1885 – 1909). Isidoro era um jovem africano que ao receber o Baptismo na juventude entrou na Igreja amando a Deus e a Virgem Maria, a quem se consagrou e de quem se revestiu pela imposição do Escapulário do Carmo. Morreu mártir para não renegar nem a sua fé nem o amor a Nossa Senhora do Carmo ao recusar despojar-se do Escapulário. Não é para nós, jovens Carmelitas, um modelo de caminho e de amor? (Isidoro, caminha connosco!)
Quatro: Estamos em comunhão com toda a Igreja na celebração do bimilenário do nascimento do Apóstolo das Gentes. Sim, se algum Apóstolo se fez mais nosso esse é São Paulo que escolheu anunciar-nos o Evangelho. Sim, devemos o Evangelho ao seu coração e aos seus pés que enfrentaram a dureza e os perigos dos caminhos da Europa e da Península Ibérica. Sim, as Gentes somos nós. Ele é nosso! (Apóstolo, caminha connosco!) Não caminhamos sozinhos, mas em Igreja com a Igreja da Terra e com a Igreja do Céu!
Por último, cada um de nós traz um motivo para peregrinar a pé a Fátima. Sê bem-vindo com o teu motivo. Caminha feliz a nosso lado. Obrigado por vires. Tu e Deus sabeis porque vieste. É com alegria que te acolhemos, talvez sejas — quem sabe? —, um anjo enviado por Deus para refrescar e animar algum peregrino em algum desalentado momento! Quem sabe? Foi do Apóstolo que recolhemos o lema da Peregrinação: «Andai sempre alegres» (II Tes 5,16). (Que belo lema para uma peregrinação da casa da mãe para a casa da Mãe!) No Senhor está a nossa alegria. É o Senhor da alegria quem nos chama pelos caminhos da alegria independentemente da condição, da meteorologia, do sol ou da chuva, das nuvens ou do vento, das bolhas, das dores musculares ou dos humores. Coragem, caminhemos sempre alegres no Senhor! Domingo, em Fátima, espero dizer-te com alegria: A ninguém te pareces desde que peregrinei contigo.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

III Peregrinação a Pé a Fátima: saudação

Estimados jovens do Carmo Jovem
Diz o ditado "quem tem boca vai a Roma e que todos os caminhos vão dar a Roma". Por estes dias de Maio todos os caminhos vão dar a Fátima. E vós, Carmo Jovem, fazendo parte de um povo crente, quisestes, na vossa condição de jovens, pôr-vos a caminho, não por uma recomendação médica ou desportiva, mas porque também, como tantos outros portugueses e não só, quereis sentir-vos peregrinos de Fátima e em sentido mais amplo peregrinos do Céu, pois a Igreja é o Povo de Deus peregrino no tempo e na história a caminho da Terra Prometida. O Apóstolo diz que somos cidadãos do céu (Fil 3,20) e, por isso, devemos aspirar às coisas do alto (Col 3,2). Hoje, mais do que nunca, recomenda-se muito caminhar e até correr. Faz bem à saúde do corpo e neste caso da vossa peregrinação a Fátima, faz bem à saúde da alma. Como diziam os antigos: "Mens sana in corpore sano" ou seja, Mente sã em corpo são. Que a vossa caminhada seja sempre em espírito de boa camaradagem, mas sobretudo em espírito de alegria própria da vossa juventude. O escritor francês Georges Bernanos (1888-1948) dizia que o Cristianismo tem o monopólio da alegria. E a vida de todos nós deve ser pautada pela alegria e esperança pois temos colocada a nossa fé em Deus. O Apóstolo recomenda-nos: "andai sempre alegres"(1Tes 5,5) e noutra passagem acrescenta: "tudo o que fizerdes por palavras ou por obras (e até as próprias carminhadas) fazei-o em nome do Senhor Jesus"(Col 3,17). Animai-vos, pois, caros jovens do Carmo Jovem nesta caminhada do mês de Maio junto de Nossa Senhora, mas sem esquecer a grande caminhada da vossa existência. Para vossa reflexão, eis como o Apóstolo descreve a sua grande caminhada: "Irmãos, ainda não alcancei a meta, mas somente faço uma coisa: esquecendo-me do que fica para trás, prossigo para a meta, para alcançar o prémio celeste"(Fil 3,13-14). E continua: "O atleta só é coroado se combate segundo as regras" (2Tim 2,5). Por isso diz: "Combati o bom combate, acabei a minha carreira, guardei a fé. Agora espero receber a coroa de justiça que o Senhor, justo Juiz, me dará, mas não só a mim, mas também àqueles que esperam com amor a Sua vinda" (2Tim 4,7) Amigos jovens, não tenhais medo nem vergonha de ser e testemunhar que sois jovens carmelitas. Um abraço para todos.
P. Fernando Reis, Conselheiro Provincial para a Pastoral Juvenil

SEMANA DAS VOCAÇÕES (IV)

EUCARISTIA, LUGAR DE ENCONTRO

"A consciência de sermos salvos pelo amor de Cristo, que cada Eucaristia alimenta nos crentes e de modo especial nos sacerdotes, não pode deixar de suscitar neles um confiante abandono a Cristo que deu a vida por nós. Deste modo, acreditar no Senhor e aceitar o seu dom leva a entregar-se a Ele com ânimo agradecido aderindo ao seu projecto salvífico. Se tal acontecer, o «vocacionado» de bom grado abandona tudo e entra na escola do divino Mestre; inicia-se então um fecundo diálogo entre Deus e a pessoa, um misterioso encontro entre o amor do Senhor que chama e a liberdade do ser humano que Lhe responde no amor, sentindo ressoar no seu espírito as palavras de Jesus: «Não fostes vós que Me escolhestes, fui Eu que vos escolhi e vos nomeei para irdes e dardes fruto, e o vosso fruto permanecer» (Jo 15, 16)."

da mensagem de Bento XVI para o 46º Dia Mundial de Oração pelas Vocações

terça-feira, 28 de abril de 2009

SEMANA DAS VOCAÇÕES (III)

DEUS CHAMA
"Dentro da vocação universal à santidade, sobressai a peculiar iniciativa de Deus ter escolhido alguns para seguirem mais de perto o seu Filho Jesus Cristo tornando-se seus ministros e testemunhas privilegiadas. O divino Mestre chamou pessoalmente os Apóstolos «para andarem com Ele e para os enviar a pregar, com o poder de expulsar demónios» (Mc 3, 14-15); eles, por sua vez, agregaram a si mesmos outros discípulos, fiéis colaboradores no ministério missionário. E assim no decorrer dos séculos, respondendo à vocação do Senhor e dóceis à acção do Espírito Santo, fileiras inumeráveis de presbíteros e pessoas consagradas puseram-se ao serviço total do Evangelho na Igreja. Dêmos graças ao Senhor, que continua hoje também a convocar trabalhadores para a sua vinha."
da mensagem de Bento XVI para o 46º Dia Mundial de Oração pelas Vocações

Clarminhada - Aveiro - 22MAI'09

Pintura e escultura da Igreja de Santo Condestável

A Igreja de Santo Condestável, em Lisboa, começou a ser construída em 1946, tendo sido inaugurada em 14 de agosto de 1951. O seu arquitecto, Vasco Morais Palmeiro (Regaleira), seguiu o estilo gótico, inspirando-se principalmente na Igreja da Graça, em Santarém (séc. XV) e na Igreja do Convento do Carmo, em Lisboa (séc. XV). O traçado, simples, assenta numa cruz latina com três naves.
Mais informações e fotografias aqui.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

SEMANA DAS VOCAÇÕES (IV)

A NOSSA RESPOSTA
"Por parte daqueles que são chamados, exige-se-lhes escuta atenta e prudente discernimento, generosa e pronta adesão ao projecto divino, sério aprofundamento do que é próprio da vocação sacerdotal e religiosa para lhe corresponder de modo responsável e convicto. A propósito, o Catecismo da Igreja Católica recorda que a livre iniciativa de Deus requer a resposta livre do ser humano. Uma resposta positiva que sempre pressupõe a aceitação e partilha do projecto que Deus tem para cada um; uma resposta que acolhe a iniciativa amorosa do Senhor e se torna, para quem é chamado, exigência moral vinculativa, homenagem de gratidão a Deus e cooperação total no plano que Ele prossegue na história."
da mensagem de Bento XVI para o 46º Dia Mundial de Oração pelas Vocações

Semana das Vocações (II)

A VOCAÇÃO COMO DOM "Não cessa de ressoar na Igreja esta exortação de Jesus aos seus discípulos: «Rogai ao Senhor da messe que envie trabalhadores para a sua messe» (Mt 9, 38). Pedi! O premente apelo do Senhor põe em evidência que a oração pelas vocações deve ser contínua e confiante. De facto, só animada pela oração é que a comunidade cristã pode realmente «ter maior fé e esperança na iniciativa divina» (Exort. ap. pós-sinodal Sacramentum caritatis, 26).A vocação ao sacerdócio e à vida consagrada constitui um dom divino especial, que se insere no vasto projecto de amor e salvação que Deus tem para cada pessoa e para a humanidade inteira. O apóstolo Paulo – que recordamos de modo particular durante este Ano Paulino comemorativo dos dois mil anos do seu nascimento –, ao escrever aos Efésios, afirma: «Bendito seja o Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que, do alto dos céus, nos abençoou com toda a espécie de bênçãos espirituais em Cristo. Foi assim que n’Ele nos escolheu antes da constituição do mundo, para sermos santos e imaculados diante dos seus olhos» (Ef 1, 3-4)."
Da mensagem do Santo Padre para o 46º Dia Mundial de Oração pelas Vocações

domingo, 26 de abril de 2009

Clarminhada - Aveiro - 22MAI'09

Oração da Semana das Vocações

DAI-NOS ROSTOS CLAROSPai, Senhor do Universo e da História, nós sabemos que as vocações são um dom do vosso amor, fruto da vossa iniciativa, chamamento que fazeis a cada um, para viver uma existência plena de amor e liberdade. Escutai hoje esta oração que vos pede especialmente aqueles operários que se dediquem às grandes messes da humanidade inquieta, que façam ouvir o Evangelho aos que não se sentem amados, que andam perdidos e desorientados. Mandai-nos apóstolos de coração puro, testemunhos santos. Rostos claros de pessoas felizes porque escolhem o máximo, arriscam tudo e recebem cem vezes mais. Não Vos importa que nos faltem mestres de caridade e paciência? Apóstolos que digam aos jovens que há uma beleza indestrutível no mais fundo de si, misteriosa e luminosa, que nada nem ninguém pode ofuscar? Operários que os ajudem a sintonizar a voz bela e verdadeira do Bom Pastor que os chama porque os ama? Que os vossos operários transmitam confiança e serenidade, sejam sinais de esperança do Reino que virá. Escutai com bondade, ó Pai, estes pedidos que Vos fazemos com fé, cumprindo as indicações de Jesus, Vosso Filho e nosso Irmão. Amem

Semana das Vocações (I)

De 26 de Abril a 3 de Maio de 2009 decorre a 46º Semana de Oração pelas Vocações, tendo como base de reflexão a citação da carta que o apóstolo Paulo escreveu a Rimóteo: "Sei em quem pus a minha confiança" (2 Tm 1,12).
Para mais informações e material disponível para oração e reflexão sobre as vocações é favor consultar a página elaborada especialmente para o efeito: www.myspace.com/vocacoes.

São Nuno de Santa Maria

São Nuno de Santa Maria [1360 – 1431]

«Decernimus»
«Em honra da Santíssima Trindade, para exaltação da fé católica e incremento da vida cristã, com a autoridade de nosso Senhor Jesus Cristo, dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo e a Nossa, após ter longamente reflectido, invocado várias vezes o auxílio divino e escutado o parecer dos nossos irmãos no Episcopado, declaramos e definimos como Santos os Beatos Arcangelo Tadini, Bernardo Tolomei, Nuno de Santa Maria Álvares Pereira, Geltrude Comensoli e Caterina Volpicelli, e inscrevemo-los no Álbum dos Santos e estabelecemos que em toda a Igreja eles sejam devotamente honrados entre os Santos». [Bento XVI]

sábado, 25 de abril de 2009

Canonização de Nuno de Santa Maria

Espírito contemplativo Nuno Álvares Pereira, depois de ser religioso, estreitou mais o trato e familiaridade com o Senhor, porque então vivia no retiro, conveniente para poder sem estorvo empregar todas as potências da alma no Senhor que contemplava.
Amor à Eucaristia «Esta a resposta que o Nuno costumava dar aos que notavam a sua frequência à mesa Eucarística: Que se alguém o quisesse ver vencido, pretendesse afastá-lo daquela Sagrada mesa em que Deus se dá em manjar aos homens, porque dela lhe resultava todo o esforço e fortaleza com que vencia e debelava seus contrários» (Papa Bento XV).
Devoção a Nossa Senhora Nuno orava à Virgem Maria Senhora Nossa. Ao entrar no Convento de Nossa Senhora do Carmo, que mandou edificar, despojou-se de todos os títulos escolhendo para si o nome de «Frei Nuno de Santa Maria».
Pobreza, humildade e caridade Nuno, o homem mais rico de Portugal, por amor de Deus fez-se pobre, inteiramente pobre. Distribuiu todos os seus bens pela Igreja, pelos pobres, pela família e pelos antigos companheiros de armas. Despojado de tudo pede por caridade. Só por ordem do Rei é que deixou de andar pelas ruas a pedir esmola para os pobres. Do que o Rei lhe mandava para seu sustento, distribuía tudo o que podia pelos pobres, socorrendo e assistindo na agonia os moribundos. Mais caritativo era para com o seu próximo quando havia oportunidade de o socorrer nas enfermidades. Assistia os pobres nas doenças, não só com os alimentos necessários, mas com as ofertas que lhes dava.
(Texto que será distribuído aos peregrinos pelo Vaticano)

III Domingo da Páscoa

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo
segundo São Lucas [Lc 24, 35-48]
Naquele tempo,os discípulos de Emaús contaram o que tinha acontecido no caminho e como tinham reconhecido Jesus ao partir do pão. Enquanto diziam isto,Jesus apresentou-Se no meio deles e disse-lhes:«A paz esteja convosco». Espantados e cheios de medo, julgavam ver um espírito. Disse-lhes Jesus: «Porque estais perturbados e porque se levantam esses pensamentos nos vossos corações? Vede as minhas mãos e os meus pés: sou Eu mesmo;tocai-Me e vede: um espírito não tem carne nem ossos,como vedes que Eu tenho». Dito isto, mostrou-lhes as mãos e os pés. E como eles, na sua alegria e admiração, não queriam ainda acreditar, perguntou-lhes:«Tendes aí alguma coisa para comer?» Deram-Lhe uma posta de peixe assado, que Ele tomou e começou a comer diante deles. Depois disse-lhes:«Foram estas as palavras que vos dirigi, quando ainda estava convosco:‘Tem de se cumprir tudo o que está escrito a meu respeitona Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos’». Abriu-lhes então o entendimento para compreenderem as Escrituras e disse-lhes:«Assim está escrito que o Messias havia de sofrer e de ressuscitar dos mortos ao terceiro dia, e que havia de ser pregado em seu nome o arrependimento e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém.Vós sois as testemunhas de todas estas coisas».

segunda-feira, 20 de abril de 2009

P. Saverio Cannistrà, novo Geral

O Frei Saverio era Provincial da Toscana (Hetruriae), recentemente eleito, e nasceu em Cantazaro (Calábria, Itália) em 1958. Estudou Filologia românica na Escola Normal Superior de Pisa sob a direcção de Gianfranco Contini. Depois de trabalhar alguns anos na Editorial Einaudi, entrou na Ordem, iniciando o noviciado em 1985, e realizando a Profissão no ano seguinte. Em 1990 Professou Solenemente, e ordenado sacerdote em Outubro de 1992. É Doutor em Teologia Dogmática pela Universidade Pontifícia Gregoriana de Roma com uma tese acerca da natureza da teologia. Foi professor na Faculdade de Teologia do Teresianum de Roma, e actualmente é professor de Cristologia e Antropologia Teológica em Florença, na Faculdade de Teologia do Norte de Itália.
Após a eleição e aceitação deste serviço à Ordem, o novo Superior Geral proclamou a profissão de fé. Posteriormente, todos os capitulares dirigiram-se à capela da “Domus Carmeli” em procissão e cantando o Te Deum. Já na capela, cada um dos participantes manifestou a sua amizade e prestou obediência ao ao P. Saverio Cannistrà com um abraço fraterno acompanhado do cântico “Ecce quam bonum” e “Nada te Turbe” de Santa Teresa de Jesus.
Nas suas primeiras palavras aos capitulares, o P. Cannistrà afirmou que, perante a dificuldade que este novo cargo pressupõe e que a Ordem lhe encomenda, “sentia que Deus me empurrava e que abraçando-me a vós podia fiar-me de Deus».

O Movimento Carmo Jovem sauda Superior Geral: P. Saverio Cannistrà

Um novo dia e boas novas notícias! Amigos Jovens Carmelitas da Província de Nossa Senhora do Carmo de Portugal, em boa hora o Espírito Santo desceu sobre o 90.º Capítulo Geral da nossa ordem em Fátima. É com uma enorme alegria que vos informamos que a Ordem Carmelitas Descalços elegeu na manhã de hoje no 90.º Capítulo Geral o novo Superior Geral: P. Saverio Cannistrà do Sagrado Coração até agora Provincial de Toscana, Itália.
Desejamos-lhe muitas felicidade na sua nova tarefa. Que continuemos a rezar pelo bom êxito deste 90.º Capítulo. Que Nossa Senhora do Carmo, nossa Mãe e Senhora do SIM, os acolha sob o seu manto, os ilumine e os anime com o inflamado desejo que animou Teresa de Jesus e S. João da Cruz.

domingo, 19 de abril de 2009

«Nunca me sinto só», diz o Papa

Bento XVI fala dos seus 4 anos de pontificado e agradece a solidariedade de quantos o acompanham nesta missão Bento XVI assegurou este Domingo que “nunca me sinto só”, uma resposta indirecta aos inúmeros comentários e artigos postos a circular na comunicação social sobre a alegada “solidão” do Papa. No dia em que se completam 4 anos sobre a sua eleição como sucessor de João Paulo II, o actual Papa agradeceu “os sinais de afecto” que lhe foram manifestados, a propósito deste aniversário, mas também do seus 82 anos, feitos no passado dia 16. “Dou graças ao Senhor pela harmonia tanto afecto. Como tive ocasião de afirmar recentemente, nunca me sinto só”, assegurou. “Mais ainda nesta semana especial, que para a liturgia constitui um único dia, experimentei a comunhão que me rodeia e me sustenta: uma solidariedade espiritual, alimentada essencialmente de oração, que se manifesta em mil modos”, disse ainda Bento XVI. O Papa observou que desde os colaboradores da Cúria Romana até às mais distantes paróquias, “nós católicos formamos e devemos sentir-nos uma única família, animada pelos mesmos sentimentos da primeira comunidade cristã”, uma unidade e comunhão que “tinha como verdadeiro centro e fundamento Cristo ressuscitado”. “Ressuscitado, Jesus doou ao seus uma nova unidade, mais forte de antes, invencível, porque fundamentada não sobre recursos humanos, mas sobre a misericórdia divina, que os fez sentir todos amados e perdoados por Ele”, observou. Bento XVI recordou que João Paulo II quis dedicar à Misericórdia divina este segundo Domingo de Páscoa, “a todos propondo Cristo ressuscitado como manancial de confiança e de esperança, acolhendo a mensagem espiritual transmitida pelo Senhor a Santa Fautina Kowalska”. Em conclusão, o Papa deixou um pedido aos peregrinos: “Peço-vos que confieis novamente a Maria o meu serviço à Igreja”. Neste encontro com os peregrinos em Castel Gandolfo, nos arredores de Roma, foram recordadas a celebração da Páscoa no Oriente, neste Domingo, e a Conferência de exame da Declaração de Durban de 2001, contra o racismo, a discriminação racial, a xenofobia e a intolerância, que se inicia Segunda-feira em Genebra.

Quatro anos de pontificado de Bento XVI

Bento XVI completa este Domingo o seu quarto ano de pontificado, marcado por um conjunto de viagens simbólicas, pela preocupação com a grave crise económica e financeira que alastra pelo mundo e por um conjunto de polémicas que desgastaram a imagem do Papa e da sua equipa. Este último ano foi de grande actividade – foram publicadas cerca de 700 notícias na Agência ECCLESIA relacionadas com Bento XVI – e teve passagens por quatro Continentes, com as viagens aos EUA (Abril de 2008), Austrália (Julho de 2008, França (Setembro de 2008), Angola e Camarões (Março de 2009). Bento XVI líder espiritual dos mais de mil milhões de católicos em todo o mundo, continua fiel à linha definida desde o início do pontificado, centrado em devolver Jesus ao mundo, com tudo o que isso implica. Se no começo da sua missão, era o Papa “invisível” o alvo das críticas, hoje já se multiplicam as teorias e mesmo alguns mitos em torno das suas palavras e gestos. Considerado por muitos como um Papa “europeísta”, Joseph Ratzinger aprendeu a fazer do mundo a sua casa, como se viu na recente viagem a África – com denúncias à corrupção e à condição das mulheres, apelos aos governantes locais e à comunidade internacional. O contexto de crise financeira serviu para pedir uma nova ordem internacional, ajuda aos países mais pobres e protecção para os trabalhadores, como se viu na mensagem enviada à Cimeira do G20, em Londres, ou para o Dia Mundial da Paz 2009. Praticamente todas as crises internacionais já mereceram, por parte de Bento XVI, um apelo em favor da paz, da reconciliação e do diálogo. O mesmo aconteceu em várias situações de catástrofe natural ou humana, com destaque para o recente sismo em L’Aquila, localidade que o Papa deverá visitar em Maio, mês em que se desloca à Terra Santa e deverá provar que pode ser um elemento a ter em conta na difícil equação da paz no Médio Oriente. Em qualquer situação, contudo, não se deve esperar uma atitude diferente daquela que ele enunciou na homilia da Missa crismal, de Quinta-feira Santa, onde apresentou aos presentes uma reflexão sobre a importância da verdade na vida de um sacerdote. É a preocupação com a verdade, no meio do relativismo reinante, que faz destacar a figura do actual Papa, embora nem sempre isso lhe traga os maiores elogios. Para o porta-voz do Vaticano, Pe. Federico Lombardi, o actual pontificado sintetiza-se de forma muito simples: "Levar Deus aos homens e os homens a Deus, o Deus que se manifestou no rosto de Cristo, e traduzir a fé em diálogo, em força de unidade e de testemunho de caridade activa".

II Domingo da Páscoa!

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João [Jo 20, 19-31] Na tarde daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam, com medo dos judeus, veio Jesus, colocou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco». Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor. Jesus disse-lhes de novo: «A paz esteja convosco. Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós». Dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes serão retidos». Tomé, um dos Doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. Disseram-lhe os outros discípulos: «Vimos o Senhor». Mas ele respondeu-lhes: «Se não vir nas suas mãos o sinal dos cravos, se não meter o dedo no lugar dos cravos e a mão no seu lado, não acreditarei». Oito dias depois, estavam os discípulos outra vez em casa, e Tomé com eles. Veio Jesus, estando as portas fechadas, apresentou-Se no meio deles e disse: «A paz esteja convosco». Depois disse a Tomé: «Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; aproxima a tua mão e mete-a no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente». Tomé respondeu-Lhe: «Meu Senhor e meu Deus!» Disse-lhe Jesus: «Porque Me viste acreditaste: felizes os que acreditam sem terem visto». Muitos outros milagres fez Jesus na presença dos seus discípulos, que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para acreditardes que Jesus é o Messias, o Filho de Deus, e para que, acreditando, tenhais a vida em seu nome.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Clarminhada - Aveiro - 22MAI'09

Papa Bento XVI comemora 82 anos

O Papa Bento XVI nasceu em Marktl am Inn, diocese de Passau (Alemanha), no dia 16 de Abril de 1927 (Sábado Santo), e foi baptizado no mesmo dia.
No próximo Domingo comemora-se o seu quarto ano de pontificado. As palavras que se seguem foram retiradas da primeira mensagem de Sua Santidade Bento XVI: "Com o ânimo grato pela confiança (...), peço que me apoieis com a oração (...)." Os jovens carmelitas não podem deixar de se associar ao Santo Padre neste dia, partilhando a sua alegria e lembrando-o nas suas orações.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

«Vossa sou, para Vós nasci»

Vossa sou, para Vós nasci, Que quereis fazer de mim? Soberana Majestade, Eterna Sabedoria, Bondade tão boa para a minha alma, Vós, Deus, Alteza, Ser Único, Bondade, Olhai para a minha baixeza, Para mim que hoje Vos canto o meu amor. Que quereis fazer de mim? Vossa sou, pois me criastes, Vossa, pois me resgatastes, Vossa, pois me suportais, Vossa, pois me chamastes, Vossa, pois me esperais, Vossa pois não estou perdida, Que quereis fazer de mim? Que quereis então, Senhor tão bom, que faça tão vil servidor? Que missão destes a este escravo pecador? Eis-me aqui, meu doce amor, Meu doce amor, eis-me aqui. Que quereis fazer de mim? Eis o meu coração, que coloco em Vossas mãos, com o meu corpo, minha vida, minha alma, minhas entranhas e todo o meu amor. Doce Esposo, meu Redentor, para ser Vossa, me ofereci, que quereis fazer de mim? Dai-me a morte, dai-me a vida, a saúde ou a doença dai-me honra ou desonra a guerra, ou a maior paz, a fraqueza ou a paz plena, a tudo isso, digo sim: Que quereis fazer de mim? Vossa sou, para Vós nasci, Que quereis fazer de mim? [Santa Teresa de Jesus]

Fátima acolhe o Capítulo Geral dos Carmelitas Descalços

A “Domus Carmeli” em Fátima, acolhe entre 17 de Abril e 8 de Maio, a celebração do Capítulo Geral da Ordem dos Carmelitas Descalços. Mais de uma centena de religiosos de 80 nações onde a Ordem tem presença, formarão parte da Assembleia Capitular. Entre os participantes, o Superior Geral, Luis Aróstegui Gamboa, os 8 Definidores Gerais, 39 Superiores Provinciais, 37 sócios, assim como Delegados, Comissários e Vigários num total de 106 capitulares com direito a voto. O país com maior representação é Itália com 13 capitulares, seguido da Índia e Espanha com 12 capitulares cada um. “Para vós nasci…” será o lema do Capítulo Geral, o 90.º da história do Carmelo Teresiano. Durante o decurso do Capítulo, será elegido o Superior Geral, que estará a frente dos Carmelitas Descalços durante os próximos 6 anos. Além da eleição do Superior Geral e dos Definidores Gerais que formarão o denominado Definitório Geral, o Capítulo abordará temas distintos para “promover a vitalidade espiritual, a unidade e desenvolvimento da Ordem” (Normas, 170ª). Além do mais, nesta ocasião, e face a proximidade do V Centenário do Nascimento de Santa Teresa de Jesus, os capitulares reflectirão sobre este acontecimento eclesial e carmelitano, bem como, serão traçadas algumas linhas de actuação.
Pode acompanhar o Capítulo Geral através do site criado para o evento. Clique aqui.

A Vida

Nós não vemos a vida – vemos um instante da vida. Atrás de nós a vida é infinita, adiante de nós a vida é infinita. A primavera está aqui, mas atrás deste ramo em flor houve camadas de primaveras de oiro, imensas primaveras extasiadas, e flores desmedidas por trás desta flor minúscula. O tempo não existe. O que eu chamo a vida é um elo, e o que aí vem um tropel, um sonho desmedido que há-de realizar-se. E nenhum grito é inútil, para que o sonho vivo ande pelo seu pé. A alma que vai desesperada à procura de Deus, que erra no universo, ensanguentada e dorida, a cada grito se aproxima de Deus. Lá vamos todos a Deus… Toda a vida está por explorar: só conhecemos da vida uma pequena parte – a mais insignificante. E o erro provém de que reduzimos a vida espiritual ao mínimo, e a vida material ao máximo. (...) Deus é eterno… A alma há-de acabar por se exprimir, Deus, que olha pelos nossos olhos e fala pela nossa boca, há-de acabar por falar claro. Siga a vida seu curso esplêndido. Sabe a sonho e a ferro. É ternura e desespero. Leva-nos, arrasta-nos, impele-nos, enche-nos de ilusão, dispersa-nos pelos quatro cantos do globo. Amolga-nos. Levanta-nos. Aturde-nos. Ampara-nos. Encharca-nos no mesmo turbilhão. Mas, um momento só que seja, obriga-nos a olhar para o alto, e até ao fim ficamos com os olhos estonteados. Eu creio em Deus.
Raul Brandão (1867-1930)

domingo, 12 de abril de 2009

Domingo de Páscoa: Juntos na Ressurreição!

«Aleluia! Aleluia! Aleluia! Aleluia! Aleluia! Aleluia! Aleluia! Aleluia! Aleluia! Aleluia! Aleluia! Aleluia! Aleluia! Aleluia! Aleluia! Aleluia! Cantai ao Senhor, um cântico novo, Cantai ao Senhor, povos da terra! Louvai ao Senhor todas as nações, E aclamai-O todos os povos!
Glória e Louvor a Vós Senhor,
Verbo de Deus.»
[Aleluia ( N´Ele) - Grupo de Jovens El Shadda]

Feliz Páscoa

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Sexta-feira Santa - Não fiques longe de Mim!

Não fiques longe de Mim, acompanha-Me mesmo que te tentem afastar… Não fiques longe de Mim, escuta a minha voz e segue-Me no caminho de Dor! Não fiques longe de Mim, acompanha-Me com o teu olhar ao cimo do Calvário, porta do Céu… Não fiques longe de Mim, estende para Mim a tua mão, Eu levantar-te-ei… Não fiques longe de Mim, sobe comigo, dulcifica um pouco o Meu doloroso caminhar, com as tuas atenções, as tuas delicadezas, o teu sorriso, as tuas lágrimas Não fiques longe de Mim, serve-Me cada vez com mais Amor e o Meu rosto gravar-se-á em ti. Imita-me, fica comigo, Não fiques longe de Mim...

Sexta-feira Santa – O Salvador pende da cruz

«O Salvador pende da cruz diante de Ti porque se tornou obediente até à morte e morte de cruz (Fl 2,8). [...] O Salvador pende da cruz diante de Ti, nu e despojado, porque escolheu a pobreza. [...] O Salvador pende da cruz diante de Ti, com o coração aberto. Derramou o sangue do Seu coração para ganhar o teu. Se o quiseres seguir na santa castidade, o teu coração deverá ser purificado de todo o desejo terreno. [...] Os braços do Crucificado estão estendidos para te atrair ao Seu coração. Quer a tua vida para te dar a Sua. Ave Crux, spes unica! Salvé, cruz santa, nossa única esperança!»
[Santa Teresa Benedita da Cruz]

quinta-feira, 9 de abril de 2009

III Peregrinação a Pé a Fátima

Quinta-feira Santa: A fonte do eterno Amor!

III Peregrinação a Pé - alimentação

Quinta-feira Santa: Celebração da Ceia do Senhor

«O Pai disse uma palavra, que foi seu Filho, e di-la sempre no eterno silêncio e no silêncio ela há-de ser ouvida pela alma» [São João da Cruz]
Como poderá o Homem não ficar maravilhado com o que se opera em cada eucaristia? A Última Ceia, a primeira Eucaristia onde se esconde o mistério do Eterno… infinito Amor para o Mundo, que só poderá ser reconhecido pela fé e onde a razão do Homem continua a fazer a experiencia dos seus limites… Quem deseja seguir a Cristo deve sentar-se nesta mesa, na Sua mesa, na mesa da Eucaristia. Foi o que fizeram os apóstolos com o supremo recolhimento. É o convite que nos é feito, hoje, a cada um de nós… E nós, como acolhemos este convite? Desejamos responder afirmativamente? Desejamos ser apóstolos de Cristo? Com o coração munido por este terno amor vivamos o que aconteceu nesta «ditosa noite». Na noite em que o entregaram. Na noite a partir da qual o Mundo gira à Sua volta… Reacendamos a Última Ceia em nossos corações, Última Ceia que Jesus realizou com os seus apóstolos e Instituiu Eucaristia, o Ministério Sacerdotal e o Mandamento novo do Amor… No coração da Eucaristia, os sinais do vinho e do pão introduzem-nos na presença do seu Corpo e Sangue... Esconde-se a vida de Deus, amor interminável onde não meditamos na solidão, onde o tempo é amor amado e pelo qual nos deixamos enamorar... É grande este mistério, é admirável o mistério da fé… Oh! Eterno hoje do Amor no tempo… oh! «Fonte de água viva» … Que nesta Quinta-feira Santa a experiência deste Deus amor se cale em nossos corações!

III Peregrinação a Pé - calçado

Que bem sei eu a fonte que mana e corre...

«Que bem sei eu a fonte que mana e corre mesmo de noite. Aquela eterna fonte está escondida, mas eu bem sei onde tem sua guarida, mesmo de noite. Sua origem não a sei, pois não a tem, mas sei que toda a origem dela vem, mesmo de noite. Sei que não pode haver coisa tão bela, e que os céus e a terra bebem dela, mesmo de noite Eu sei que nela o fundo não se pode achar, e que ninguém pode nela a vau passar, mesmo de noite. Sua claridade nunca é obscurecida, e sei que toda a luz dela é nascida, mesmo de noite Sei que tão caudalosas são suas correntes, que céus e infernos regam, e as gentes, mesmo de noite. A corrente que desta fonte vem é forte e poderosa, eu sei-o bem, mesmo de noite. A corrente que destas duas procede, sei que nenhuma delas a precede, mesmo de noite. Aquela eterna fonte está escondida neste pão vivo para dar-nos vida mesmo de noite. De lá está chamando as criaturas, que nela se saciam às escuras, porque é de noite. Aquela viva fonte que desejo, neste pão de vida já a vejo, mesmo de noite» [S. João da Cruz]

III Peregrinação a Pé - conselhos úteis

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Capítulo Geral dos Carmelitas Descalços em Fátima

Ultimam-se os preparativos para a realização do Capitulo Geral Ordinário da Ordem dos Carmelitas Descalços, a relizar na «Domus Carmeli», em Fátima, entre os dias 17 de Abril e 8 de Maio de 2009. Será o 90.º Capítulo na história da Ordem e o primeiro a realizar-se em Portugal. Serão 106 carmelitas descalços, entre os superiores provinciais ou representantes de zonas e os delegados das várias províncias. Haverá ainda uma equipa técnica de apoio com cerca de 20 elementos. O P. Geral, Luis Arostegui, pede as orações de toda a Ordem para este acontecimento de graça na vida desta grande família eclesial.

«Exemplo heróico em tempo de crise»

«Exemplo heróico em tempo de crise»
Nota Pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa
por ocasião da canonização de Nuno Álvares Pereira

1. Nuno Álvares Pereira proclamado santo A 21 de Fevereiro de 2009, o Papa Bento XVI anunciou a canonização de D. Nuno Álvares Pereira – o já beato Nuno de Santa Maria – para o dia 26 de Abril, junto com outras quatro figuras ilustres da Igreja. Este facto é para Portugal e os portugueses motivo de júbilo e de esperança. Deve também constituir ocasião de reflexão sobre as qualidades e virtudes heróicas desta relevante personagem histórica, digna de ser conhecida e imitada nos dias de hoje.Nuno Álvares Pereira viveu em tempos difíceis de crise dinástica, com fortes divisões no tecido social e político português, que punham em perigo a própria identidade e independência da Nação.

Os Bispos de Portugal, em nome de todos os católicos do nosso país, desejam exprimir a sua alegria e gratidão pelo reconhecimento oficial da santidade heróica de mais um filho da nossa terra. Ultrapassando a mera saudade do passado e assumindo, com realismo e esperança, o tempo que nos é dado viver, querem ressaltar algumas virtudes heróicas de Nuno Álvares Pereira, cuja imitação ajudará a responder aos desafios do tempo presente.
2. Breves dados biográficos
Nascido em 1360, Nuno Álvares Pereira foi educado nos ideais nobres da Cavalaria medieval, no ambiente das ordens militares e depois na corte real. Tal ambiente marcou a sua juventude. As suas qualidades e virtudes impressionaram particularmente o Mestre de Aviz, futuro rei D. João I, que encontrou em D. Nuno o exímio chefe militar, estratega das batalhas dos Atoleiros, de Aljubarrota e Valverde, vencidas mais por mérito das suas virtudes pessoais e da sua táctica militar do que pelo poder bélico dos meios humanos e dos recursos materiais.Casou com D. Leonor Alvim de quem teve três filhos, sobrevivendo apenas a sua filha Beatriz, que viria a casar com D. Afonso, dando origem à Casa de Bragança. Tendo ficado viúvo muito cedo e estando consolidada a paz, decidiu aprofundar os ideais da Cavalaria e dedicar se mais intensamente aos valores do Evangelho, sobretudo à prática da oração e ao auxílio dos pobres. Assim, pediu para ser admitido como membro da Ordem do Carmo, que conhecera em Moura e apreciara pela sua vida de intensa oração, tomando o profeta Elias e Nossa Senhora como modelos no seguimento de Cristo.
De Moura, no Alentejo, vieram alguns membros da comunidade carmelita, para o novo convento que ele mesmo mandara construir em Lisboa. Em 1422, entra nesta comunidade e, a 15 de Agosto de 1423, professa como simples irmão, encarregado de atender a portaria e ajudar os pobres. Passou então a ser Frei Nuno de Santa Maria. Depois de uma intensa vida de oração e de bem fazer, numa conduta de grande humildade, simplicidade e amor à Virgem Maria e aos pobres, faleceu no convento do Carmo, onde foi sepultado.Logo após a sua morte começou a ser venerado como santo pela piedade popular. As suas virtudes heróicas foram oficialmente reconhecidas pelo Papa Bento XV, que o proclamou beato, em 1918, passando a ter celebração litúrgica a 6 de Novembro.
3. Virtudes e valores afirmados na vida de Nuno Álvares Pereira D. Nuno Álvares Pereira não é apenas o herói nacional, homem corajoso, austero, coerente, amigo da Pátria e dos pobres, que os cronistas e historiadores nos apresentam. Ele é também um homem santo. A sua coragem heróica em defender a identidade nacional, o seu desprendimento dos bens e amor aos mais necessitados brotavam, como água da fonte, do amor a Cristo e à Igreja. A sua beatificação, nos começos do século XX, apresentou o ao povo de Deus como modelo de santidade e intercessor junto de Deus, a quem se pode recorrer nas tribulações e alegrias da vida.Conscientes de que todos os santos são filhos do seu tempo e devem ser vistos e interpretados com os critérios próprios da sua época, desejamos propor alguns valores evangélicos que pautaram a sua vida e nos parecem de maior relevância e actualidade.
Os ideais da Cavalaria, nos quais se formou D. Nuno, podem agrupar se em três arcos de acção: no plano militar, sobressaem a coragem, a lealdade e a generosidade; no campo religioso, evidenciam se a fidelidade à Igreja, a obediência e a castidade; a nível social, propõem se a cortesia, a humildade e a beneficência. Foram estes valores que impregnaram a personalidade de Nuno Álvares Pereira, em todas as vicissitudes da sua vida, como documentam os seus feitos militares, familiares, sociais e conventuais. Fazia também parte dos ideais da Cavalaria a protecção das viúvas e dos órfãos, assim como o auxílio aos pobres. Em D. Nuno, estes ideais tornaram se virtudes intensamente vividas, tanto no tempo das lides guerreiras como principalmente quando se desprendeu de tudo e professou na Ordem do Carmo. Como porteiro e esmoler da comunidade, acolhia os pobres de Lisboa, que batiam às portas do convento e atendia os com grande humildade e generosidade. Diz-se que teve aqui origem a «sopa dos pobres».
Levado pela sua invulgar humildade, iluminada pela fé, desprendeu se de todos os seus bens – que eram muitos, pois o Rei o tinha recompensado com numerosas comendas – e repartiu os por instituições religiosas e sociais em benefício dos necessitados. Desejoso de seguir radicalmente a Jesus Cristo, optou por uma vida simples e pobre no Convento do Carmo e disponibilizou‐se totalmente para acolher e servir os mais desfavorecidos. Esta foi a última batalha da sua vida. Para ela se preparou com as armas espirituais de que falam a carta aos Efésios (cf. Ef 6, 10 20) e a Regra do Carmo: a couraça da justiça, a espada do Espírito (isto é, a Palavra de Deus), o escudo da fé, a oração, o espírito de serviço para anunciar o Evangelho da paz, a perseverança na prática do bem.
Precisamos de figuras como Nuno Álvares Pereira: íntegras, coerentes, santas, ou seja, amigas de Deus e das suas criaturas, sobretudo das mais débeis. São pessoas como estas que despertam a confiança e o dinamismo da sociedade, que fazem superar e vencer as crises.
4. Apelo à Igreja em Portugal e a todos os homens e mulheres de boa vontade Ao aproximar-se a data da canonização do beato Nuno Álvares Pereira, pelo Papa Bento XVI, em Roma, alegramo-nos por ver mais um filho da nossa terra elevado às honras dos altares. Algumas peregrinações estão a ser organizadas para marcar a nossa presença na Praça de S. Pedro, na festa da sua canonização, no dia 26 de Abril. Confiamos que outras iniciativas pastorais sejam promovidas para dar a conhecer e propor como modelo o exemplo de virtude heróica que nos deixou este nosso irmão na fé.
A pessoa e acção de Nuno Álvares Pereira são bem conhecidas do povo português. A nível civil, é lembrado em monumentos, praças e instituições; a nível religioso, é celebrado em igrejas, imagens e associações. Figura incontornável da nossa história, importa revitalizar a sua memória e dar a conhecer o seu testemunho de vida. Para além de ser um modelo de santidade, no seguimento radical de Cristo, que «não veio para ser servido mas para servir» (Mt 20, 28), apraz nos pôr em relevo alguns aspectos de particular actualidade, para todos os homens e mulheres de boa vontade:
– Nuno Álvares Pereira foi um homem de Estado, que soube colocar os superiores interesses da Nação acima das suas conveniências, pretensões ou carreira. Fez da sua vida uma missão, correndo todos os riscos para bem servir a Pátria e o povo.
– Em tempo de grave crise nacional, optou corajosamente por ser parte da solução e, numa entrega sem limites, enfrentou com esperança os enormes desafios sociais e políticos da Nação.
– Coroado de glória com as vitórias alcançadas, senhor de imensas terras, despojou se dos seus bens e optou pela radicalidade do seguimento de Cristo, como simples irmão da Ordem dos Carmelitas.
– Não se valeu dos seus títulos de nobreza, prestígio e riqueza, para viver num clima de luxos e grandezas, mas optou por servir preferencialmente os pobres e necessitados do seu tempo.
Vivemos em tempo de crise global, que tem origem num vazio de valores morais. O esbanjamento, a corrupção, a busca imparável do bem estar material, o relativismo que facilita o uso de todos os meios para alcançar os próprios benefícios, geraram um quadro de desemprego, de angústia e de pobreza que ameaçam as bases sobre as quais se organiza a sociedade. Neste contexto, o testemunho de vida de D. Nuno constituirá uma força de mudança em favor da justiça e da fraternidade, da promoção de estilos de vida mais sóbrios e solidários e de iniciativas de partilha de bens. Será também um apelo a uma cidadania exemplarmente vivida e um forte convite à dignificação da vida política como expressão do melhor humanismo ao serviço do bem comum.
Os Bispos de Portugal propõem, portanto, aos homens e mulheres de hoje o exemplo da vida de Nuno Álvares Pereira, pautada pelos valores evangélicos, orientada pelo maior bem de todos, disponível para lutar pelos superiores interesses da Pátria, solícita por servir os mais desprotegidos e pobres. Assim seremos parte activa na construção de uma sociedade mais justa e fraterna que todos desejamos. Fátima, 6 de Março de 2009
Ver mais sobre a Canonização de Nuno Álvares Pereira no blog Chama do Carmo de Viana do Castelo.

III Peregrinação a Pé a Fátima

III Peregrinação a Pé a Fátima - Testemunhos

Jornada Mundial da Juventude de Madrid renovará fé, diz o Papa

Bento XVI está convencido de que a Jornada Mundial da Juventude, que acontecerá em Madri em 2011, renovará a fé entre os milhões de jovens que participarão dela. Assim explicou ao receber nesta segunda-feira cerca de 7 mil jovens peregrinos procedentes da capital espanhola que, junto a seu arcebispo, o cardeal Antonio María Rouco Varela, encheram a Sala Paulo VI do Vaticano. O encontro aconteceu depois de que os jovens madrilenos receberam, na Praça de São Pedro, das mãos de seus irmãos australianos, a Cruz dos jovens, que nesta Sexta-Feira Santa percorrerá as ruas da capital e nos próximos anos, outras cidades espanholas. «A preparação da Jornada Mundial da Juventude, cujos trabalhos haveis começado com muita vontade e entrega, será recompensada com o fruto que estas Jornadas buscam: renovar e fortalecer a experiência do encontro com Cristo morto e ressuscitado por nós», assegurou o Papa no discurso que dirigiu aos jovens em espanhol. «Segui os passos de Cristo – recomendou o Santo Padre aos jovens que participaram da festa de fé. Ele é vossa meta, vosso caminho e também vosso prêmio.» Recordando o tema que escolheu para a Jornada de Madri, «arraigados e edificados em Cristo, firmes na fé» (Col 2, 7), o Papa assegurou que «a vida é um caminho, certamente. Mas não é um caminho incerto e sem destino fixo, e sim que conduz a Cristo, meta da vida humana e da história». «Por este caminho, chegareis a encontrar-vos com Aquele que, entregando sua vida por amor, abre-vos as portas da vida eterna.» «Convido-vos, pois, a formar-vos na fé que dá sentido à vossa vida e a fortalecer vossas convicções, para poder assim permanecer firmes nas dificuldades de cada dia.» O Papa exortou também a que, «no caminho rumo a Cristo, saibais atrair vossos jovens amigos, companheiros de estudo e de trabalho, para que também eles o conheçam e o confessem como Senhor de suas vidas». «Os jovens de hoje precisam descobrir a vida nova que vem de Deus, saciar-se da verdade que tem sua fonte em Cristo morto e ressuscitado e que a Igreja recebeu como um tesouro para todos os homens», concluiu o Papa.

Contem com o Carmo Jovem!

O Carmo Jovem é um paixão! Que mais nos animaria a reunir durante quatro horas, depois de percorrermos uma centena de quilómetros, correndo o risco de não jantar e de nos obrigarmos a regressar pelo mesmo caminho? Só mesmo o Carmo Jovem. Ao longo do ano o Movimento oferece aos jovens 8 actividades diferentes. É obra, mesmo para gente tão pouca e tão fraca! Mas quando reunimos, reunimos. Foi o caso de segunda-feira, dia 6. Foi em Viana. Os apetrechos estão na foto como meros acesssórios, apenas querem significar que sabemos deitar mão ao trabalho, mesmo que seja duro. Ver mais na Chama do Carmo do Convento de Viana do Castelo.

III Peregrinação a Pé - 1 a 3 MAI'09

Ecos da Carminhada - Moinhos da Gândara

No sitio oficial da Junta de Freguesia de Moinhos da Gândara, Figueira da Foz encontramos mais algumas fotos da Carminhada do passado sábado, 4 de Abril. Todos nós apreciamos imenso o dia passado em terras de moinhos. Clique aqui para ver.

domingo, 5 de abril de 2009

Notas finais - XI Carminhada - Moinhos da Gândara - 4ABR'09

Não há Quaresma sem deserto, diziam-me. E eis que ele chegou já perto do fim, porque Deus é oportuno e cuidadoso para com todos os seus filhos e nos ofereceu a nós, Carmo Jovem, a possibilidade de irmos ao deserto. Bastou querer, estar desperto e atento. Também poderíamos dizer que não há Quaresma sem Deus, nem comunidade sem irmãos. E tudo isto e mais haveremos de alcançar hoje em poucas horas. A XI Carminhada estava agendada para Moinhos da Gândara, Figueira da Foz, ali para os lados do mar que não chegaremos a ver. Dum lado estava a ânsia de nos receber, do outro lado o desejo de ir, pelo meio andava Deus, e em todos os jovens carmelitas, havia fome de caminhos e de verde, de poeira e novidade, de amigos e Amigo, de comunhão com a natureza e o céu. Fomos. Estavam. Não sendo a minha primeira carminhada, foi, contudo, aquela que me fez partir de mais longe, dum ambiente mais contrastante com aquele por onde carminharíamos. Os amigos não são problema e são sempre bons em qualquer lugar; a dificuldade mesmo, que convém que sempre as haja, será o terreno arenoso e movediço debaixo dos pés. Saímos cedo e com sono. O tempo das sete da manhã, fusco e incerto, tinha uma cara pior que a nossa. A nossa sorte é que a XI Carminhada seria bem para sul, longe das nuvens e da chuva que parecia ter chovido durante a noite. As notícias que se vão cruzando no ar dão contas que os exércitos estão em marcha, acometendo os Moinhos. E outras confortam-nos por demais, porque os moleiros — deixem que o carinho os chame assim — são os únicos que parecem confiantes no bom tempo. Ah! valentes! Por ora marchámos estrada fora, desconfiados. Ainda por cima, vamos quase sem plano B! Isto é que é confiar na Providência. Chegámos a horas, cumprindo o horário, porque isto de andar com Deus tudo são horas. Os da casa estavam a postos, quais Martas que Marias, dando voltas e reviravoltas a mais um pormenor que alguém alcançava arranjar melhor, ou quem sabe, dar um pouco mais de brilho. E havia brilho e gosto do bom e de bem receber, e em nós de nos deixarmos abraçar e acolher. Os acertos que sempre os há foram rápidos e entrámos. Uma vez dentro da Igreja de Nossa Senhora da Saúde dos Moinhos da Gândara fomos acolhidos pelo grupo coral que nos saudava cantando Somos Um. Sim, somos um. Um só povo em torno dum só Rei, um só corpo em Cristo, uma só igreja reunida no baptismo, uma só comunidade reunida na fé, na esperança e na caridade. Não contámos quantos os da casa e quantos os de fora, porque, no fim de contas, todos somos da casa, todos somos de fora, todos somos dos caminhos. Porque todos em qualquer lugar Somos Um. Ámen. É isso que seremos ao longo do dia. E para além do dia e dos dias e das noites que sobrevirão. Somos um, uma bela saudação. Muito obrigado. Uma vez dentro, vamos ainda mais adentro e rezámos no interior. Depois a Célia Oliveira, serena e calma — sem denunciar o temor e o tremor que lhe vai dentro —, com voz pausada, foi dando conselhos e instruções de segurança, dizendo-nos com verdade que a manhã seria dura e mais longa, caminhando sobre areia e levantando pó; que haveria surpresas no carminho que valeriam as dificuldades; que a tarde seria mais levadeira e calma; que, oxalá, nos haveríamos de cansar fisicamente, mas chegaríamos de novo à casa da Senhora da Saúde, a casa da Igreja, renovados e reconfigurados espiritualmente. Esse era o desejo bem posto. Depois falou o Rev. Pároco, Padre Pedro Hoka, que saudou cordialmente a todos e re-situou as carminhadas no longo contexto cristão das peregrinações ao encontro dum santuário ou lugar santo. Somos, afinal, o que sempre fomos: povo de peregrinos. Mas, talvez, nem tanto. Talvez apenas aprendizes. A marca porém que há em nós é essa: carminheiros, peregrinos. A Filipa recebeu da Sté o cajado e lá fomos. (Em fundo o coro recordava novamente: Somos Um!) Sê-lo-emos. Além do cajado, que é pesado, a Filipa, que é franzina, recebeu na outra mão a prima Mariana que, quando lhe pergunto, me assinala quatro dedos para me dizer que tem cinco anos. A regra não será infringida: ninguém chegará a ultrapassar o cajado, a Filipa andará sempre ao ritmo desejado pela boa organização e a Mariana nunca largará a mão da prima, o que quer dizer que, pequenita, fará, sem birras, o percurso dos graúdos.

Como gente grande. E assim se confirma que é imprudente e pouco sensato medir as mulheres aos palmos. A organização, gente adulta e atenta, parece ter ou muita experiência ou muito cuidado e muito gosto, ou tudo junto e mais. Pois sempre que nos fazemos à estrada alguma cabeça madura se adianta e corta o trânsito lá bem ao longe para que nenhum motor nos incomode com o seu rancor. Entrámos na floresta. Os pinheiros são alinhados «à linha, como quem planta uma vinha». O caminho é de areia muito fina, que, depois de calcorreada por mais de duzentos e oitenta pés — É fazer as contas! É fazer as contas, como dizia o outro Primeiro! — levanta uma nuvem de pó. Caminhamos a bom caminhar, mas de repente, vê-se que o pessoal escolhe caminhar pelo monte, que é um pouco mais duro. Quase só a Filipa e a Mariana vão pelo caminho. Os outros vão pelas bermas, que hão-de ser dificultuosas, em algum lugar até com urtigas! Por fim, o inesperado: uma lagoa grande, vinda do nada aparece-nos ali plantada! Depois de tanto pó apetece mesmo um banho. Apetece mesmo o banho, não o silêncio e a oração. Por fim lá se consegue. Rezámos ali um belo salmo de confiança, lemos um trecho da Carta aos Romanos. E ala! Ala não, que há uma surpresa. Depois da fotografia de grupo somos presenteamos com broinhas de pão doce e água fresca. A manhã já vai adiantada, o caminho ainda não vai a meio e o pão e a água vêm mesmo a calhar. Ó que boa ideia! Como mandam as boas regras só tirei uma broinha, mas oxalá tirara doze, que doze comeria de tão boas que eram.

E lá vamos nós ao pó. Andámos pelo monte como as cabras e pelos caminhos como gente, e se alguma estrada nos cortava o passo podem ter a certeza que a organização ia cortar o trânsito com a autoridade de General da Guarda Nacional Republicana: e os poucos condutores obedeciam cordatamente! (E não éramos tão poucos e tão lestos assim a atravessar!) E as valas? As valas se havia que atravessá-las a Junta de Freguesia mandara limpar-lhes os acessos e reforçar os passadiços. (Sei do que falo, porque bem vi que algumas tábuas eram novas e os pregos também!)

E que belos campos por ali há, cheios de verde e de vida. E valas como veias que os regam e lhes alimentam a vida! A carminhada foi tão diversa que não houve variedade ou diferença que não víssemos, como quem em dia de colheita tudo recolhe para o celeiro. E se a orientação se fazia difícil logo víamos São Paulo numas placas preparadas a preceito indicando o caminho. E não foram tão poucas assim, que alguém se deu ao trabalho de começar a coleccionar os cromos. Até que se cansou! Não sei o que mais me impactou pela manhã. Mas não me estranharia que tivesse sido a visita ao moinho que uma associação cultural local recuperou. Tudo está ali bem: bem recuperado, bem documentado, bem apresentado. Éramos 130? Éramos. Ou mais. E entrámos todos dentro do moinho, que outrora fora engenho e lar do moleiro, que ali tanto trabalhou e adormeceu tecendo as freimas e os seus sonhos ao ritmo do rom-rom da mó e das pás do moinho.

Belo! Ali rezámos como propusera o grupo Somos Um. Ali ouvimos por calmos momentos a mó a moer. Ali rezámos ainda em silêncio, por aquelas e aqueles a quem o inesperado da vida planta uma mó na cabeça que vai moendo, moendo, moendo. Rodando, moendo.

Vimos ainda um outro moinho, este a vento. A foto não podia escapar e bem andou quem dela se lembrou.

Saímos dum, a água, e subimos o morrozinho do outro, a vento. E, ó surpresa!, ao chegarmos sai-nos uma lebre correndo por entre as pernas da moçarada, julgando que a quereríamos para almoço. Não queríamos, embora a barriga o reclamasse. Subimos um pouco mais e nova surpresa: o moinho tem rodas. Sim, rodas! Estará o leitor a pensar: a hora vai adiantada e o escriba ou teve um ataque de ilusão, semelhante ao do cavaleiro da Triste Figura, ou, por causa da fome, julga ver rodas o que são mós, ou vê um carro e julga ver um moinho! Mas não, protesto eu! É mesmo um moinho, um moinho de vento e com rodas! E a coisa passa-se assim: Como não haveria jeito de o descer dali, para que servirão (ainda hoje servem!) as rodas? Servem obviamente para rodar o moinho sobre um eixo em busca do melhor vento que mova as velas! Imagine-se! Quero ainda declarar que vi este moinho moer. É dos poucos, nós visitámos ou visitaremos três. Mas a terra teve imensos, porque era uma terra farta de grão, de veias generosas e bom vento que fizessem girar pás e velas. Pelo que, penso eu, quando este povo jovem nos trata tão bem, como já ficou dito e mais à frente ainda melhor se dirá, mais não fazem que repartir fartura e bem fazer como bem repartiram os seus antepassados e eles aprenderam, porque em casa farta uma mancheia de farinha que se reparte com os pobres nunca faz falta. É o relato bíblico da viúva de Sarepta que o diz. E quero ainda declarar que vi o que jamais vira: o moleiro vestir as velas ao moinho. Assim como uma mãe, pela manhã, veste o filho pequenito e lhe vai ronronando para que erga os braços afim de vestir a camisa, depois a camisola e por fim o casaco, assim, o moleiro: por debaixo do braço caça a vela, e com as mãos vai rodando os braços à roda, e uma a uma lhe veste todas as velas. Podem discordar e dizer que nada há ali de belo, mas eu raramente vi cuidar dum engenho como quem aconchega um filho! Como quem faz a manhã longa encurta a tarde, parámos algures, num lugar que a Filipa sabia, ou que se não sabia sabia pelo menos ler São Paulo nas tabuletas.

Era um parque de merendas espaçoso, com água, WC, mais água, sabão líquido, toalhas limpas, baloiços, escorregas, flores, sombras, convívio e um bom convite para descansar. Só luxos. Eram tantos os luxos que dei comigo a pensar qual dentre nós seria o rei, pois, pelo tratamento, éramos a comitiva! Mas havia que comer e depois de comer, tínhamos de caminhar embora nos apetecesse dormir. Mas para que caminhássemos sem sono, antes de partir, ali um pouco ao lado e à sombra, brotou uma máquina de café que não se cansou enquanto não fomos todos servidos. Vocês ouviram bem: ali um pouco ao lado e à sombra brotou uma máquina de café que não se cansou e foi debitando saboroso café, enquanto não fomos todos saciados! Ó maravilha! Façam muitas dessas que não nos custa nada regressarmos e mais cedo do que julgam! (E depois de calmamente abandonarmos o parque, ficou uma equipa duma rapariga só, que recolheu a máquina, as toalhas, o lixo que sempre fica, e desligou as luzes. Fantabulástico!) Estamos agora no início da tarde, percorrendo a rua mais movimentada da localidade. Avisam-nos. Mas porque é sábado talvez não haja trânsito. Claro que há. Mas não tanto assim. Cruzam-se dois camiões enormes, um é da terra e o outro do estrangeiro. Não sei se o local está informado, sei que pára e fica respeitosamente a apreciar a longa e ordeira fila de gente jovem.

E quando o último de nós passa, ele liga o motor e arranca. E lá vai à vida. E nós à nossa. Parámos agora numa encruzilhada de verde e de sombra.

Dum e doutro lado e dos outros dois também há verde e mais verde e mais dois verdes, e nenhum igual: é trigo afoito. Parámos para rezar em mais um momento bem conduzido pelo Somos Um. Depois arrancámos. Mais uma viragem de estrada e outra mais além, e já vamos de novo areia fora, pinhal adentro. Dizem-me baixinho que vamos para o Moinho do Sr. José Augusto Rodrigues. É um moinho-casa. Pode ver-se agora o que de manhã não fora possível, visto a reconstrução ter sido quase de raiz. Destes moinhos já eu vira uma vez e fiquei deveras impressionado. A porta está aberta e o dono não responde. Saberemos depois que como não estamos a horas fora à nossa procura. Chegáramos entretanto por outro caminho. Por isso, entrámos. O espanto maior é dos novos. Dei, no que se podia dar, a volta à casa. Pelo lado norte chega uma levada forte que não precisa de bater à porta porque logo ali morre e descai para as pás do moinho que fazem girar a mó. A casa é baixa e de planta rectangular. Tem duas portas, se bem me recordo, frente a frente. Do lado da levada tem um cruz vermelha e do lado da frente duas. Entrando pela frente chega-se uma sala ampla que ocupa um quarto do espaço. Deve ser a arrecadação da semente e até talvez da farinha. Do lado direito duas portas denunciam os quartos ou um quarto e uma cozinha que não chegámos a visitar. Do lado esquerdo, num pequeno quartinho, como se fora um membro mais da família, gira docemente uma mó.

Estão por ali alguns apetrechos indispensáveis à vida e à lida do moleiro e há depois ainda outra porta que não chega a abrir-se. E a mim dá-me inveja só de pensar ser ali um quarto onde se possa dormir ouvindo a água a cair embalando canções à mó e ao moleiro! Quando chego ao terreiro apresentam-me o livro de honra. Leio a acta onde se declara o júbilo do dia e a alegria de estarmos ali vendo a vida a girar. Já assinaram todos os representantes dos grupos, uns onze ou doze, e por fim, assino eu. Eis senão quando nos aparece, sorridente, o Dono da casa, o Sr. José.

Somos mais de cem e ele é um só. Mas os tempos são de paz e homem vem alegre, nunca tivera tantas visitas em casa duma vez só! É ele quem apõe a sua assinatura em último lugar como que validando um dia que valeu a pena. Paramento-me segundo as normas litúrgicas do dia. E, surpresa, mais uma!, dum cabeço vem descendo por um carreiro a Dona Maria da Luz com um macho pela mão, rapaz novo e forte, que ainda trabalha. Mais afeito à carroça que a ser levado pela arreata.

Ele que é burro mas sabe contar, vai, em deixando a dona, rodando a cabeça e sacudindo as orelhas com ligeiros puxões. Não, moscas ali não há. Mas há gente como moscas e eu estou seguro que nos vai contando um a um. Por cima do lombo deitam-lhe uma manta e para que fique parecido connosco, deitam-lhe também uma faixa do Carmo Jovem.

Assim sim! Somos todos criaturas de Deus, valha a verdade! Junto do burro postam-se dois moçoilos fortes com palmas nas mãos. O cenário compõe-se. Chega por fim uma cruz enorme de madeira, que, erguida, ganha presença e domina o terreiro. Seguram-na outros dois fortalhaços, mas para ser levada terão de levá-la, julgo eu, com o amparo de mais dois. Mas depois se verá. Começa a bênção dos ramos com um silêncio profundo para propiciar o melhor ambiente. Segue-se a bênção e a leitura do Santo Evangelho da entrada triunfante de Jesus em Jerusalém. Podemos caminhar em paz, diz o presidente da celebração e lá vamos. Primeiro a cruz, depois os jovens quatro a quatro, depois os ministros, por fim o Frei João que presidiu e ao lado a Dona Maria da Luz e o macho. Ele garboso, ela com pena. Ele garboso porque um seu antepassado teve a sorte de alombar com o Príncipe da Paz na sua entrada triunfante em Jerusalém; ela com pena, «porque toda a gente gosta de assistir à Missinha» e hoje não poderá fazer porque terá de devolver o macho em segurança a casa. (Mas descanse, Dona Maria da Luz, porque a organização já lhe conhece as penas e por isso providenciou segurança para o bicho e a si a possibilidade descansada para «ver a Missinha»!) Enquanto líamos o Santo Evangelho chegou uma carrinha branca Kangoo.

Abriram-se as portas e lá dentro brilham sacos grandes. Abrem o primeiro e a carrinha arranca lentamente e quatro mulheres espalham verdes por onde há-de passar a procissão! A carrinha ganha-nos avanço, a cruz arranca, a procissão organiza-se e estende-se, tudo se põe em marcha e até o macho pouco habituado a estas andanças colabora. Foram mais de dois quilómetros, primeiro a cantar e em júbilo, depois em silêncio e respeito. Os trolhas páram de trabalhar e descobrem a cabeça, o trânsito pára, as mulheres levam bebés nos carrinhos, os cafés desligam as televisões, e nas traseiras seguem bicicletas e silenciosas motorizadas levadas à mão. Belo. Belo e respeitoso. Ao chegarmos à Casa da Mãe, a Igreja de Nossa Senhora da Saúde, iniciámos a Eucaristia, uma bela Eucaristia que terminará duas horas depois. Preside o Frei João. Canta o grupo coral. Os representantes dos grupos sustentam palmas, os leitores são variados.

É a Eucaristia no Dia Mundial da Juventude, e também do Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, dia contraditório e paradoxal, por ser dia da memória jubilosa da entrada festiva de Jesus em Jerusalém, mas também memória da sua paixão e seu martírio, às mãos iníquas dum discípulo traidor que se aliou às temerosas forças do poder para O assassinar! E logo Ele que era o melhor de nós!

Na homilia lembrámos os que sofrem, em cujo corpo campeia a dor e o sofrimento. Rezámos por eles e elas para que unidos à dor de Jesus sejam fortes e valentes no combate, tantas vezes horrível e desigual, que o sofrimento lhes propõe. Recordámos ainda a vida do jovem mártir zairense B. Isidoro Bakanja — amigo de Nossa Senhora, crente no Evangelho e discípulo de Jesus — que, porque jamais se envergonhou do Evangelho, morreu mártir perdoando a quem tão extemporaneamente lhe arrancara a vida, como quem arranca a cana de trigo antes da espiga crescer e amadurecer. E recordámos o discípulo que na noite da prisão de Jesus o acompanha embrulhado num lençol, mas que vendo-se denunciado e reconhecido abandona o lençol antes que lhe deitem mãos e foge nu! Não assim nós! Não queremos ser como este, Senhor! Não nós. E por fim a Eucaristia acabou com mil abraços e mil palmas e mil agradecimentos para quem se deslocou àquelas terras tão belas e não menos agradecimentos nem palmas nem abraços para quem tão bem soube acolher. A fé não se faz só. E se é certo que no fim do dia estávamos cansados, certo era também que mais amigos, mais irmãos, mais renovados, mais fortalecidos. Havia que regressar? Havia. Não era fácil, mas havia. Nos sacos havia ainda restos de comida para comer e partilhar. Porque o regresso era longo para alguns, logo ali se alimentou o corpo porque a alma já estava. Termine-se com a exclamação do salmista: Ó como é bom e agradável viverem os irmãos em harmonia! Em Moinhos da Gândara houve comunhão: a farinha que nos deram recordar-nos-á sempre os grãos imperfeitos que ainda somos, que só seremos completamente belos quando moídos na mó do moinho para que, juntos, reunidos e em enfarinhada comunhão, nos dermos como alimento uns aos outros! Termina cansada a crónica, porque foi isso que a Célita pediu. Mas o espírito, como ela bem sabe, estava renovado e retemperado. A carminhada de Moinhos da Gândara foi diferente, e ainda bem. Nada é igual a nada, e o que conta é o amor a Jesus e à Mãe. Sim o que fazemos é por amor a Jesus. É por amor a ti, Jesus! Fizemo-nos de novo à estrada, para o regresso, porque lá como aqui, alguns tinham uma noite de trabalho pela frente. E se queremos que a devoção não complique a obrigação é preciso fazer tudo certinho. Enquanto a carrinha comia quilómetros, o Dinis entretinha as hostes e eu dormitei. Comecei a aforrar sono para a próxima carminhada que se fará de noite, em Aveiro no dia 22 de Maio. E que por ser de noite se chamará clarminhada. Para ela virão aqueles que não se assustam nem com o susto nem com a noite. Até lá, abreijos! Páscoa feliz para os grupos de Alhadas, Esperança, Ferreira-a-Nova, Maiorca e Moinhos da Gândara (Figueira da Foz); Avessadas (Marco de Canaveses); Aveiro; Caíde de Rei (Lousada); Coimbra; Gafanha da Nazaré (Ílhavo); Matosinhos e Viana do Castelo!