sexta-feira, 3 de abril de 2009

Domingos de Ramos na Paixão do Senhor

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo
segundo São Marcos [Mc 14, 1 __ 15, 47]
Faltavam dois dias para a festa da Páscoa e dos Ázimos e os príncipes dos sacerdotes e os escribas procuravam maneira de se apoderarem de Jesus à traição para Lhe darem a morte. Mas diziam:
R «Durante a festa, não, para que não haja algum tumulto entre o povo».
N Jesus encontrava-Se em Betânia, em casa de Simão o Leproso,e, estando à mesa,veio uma mulher que trazia um vaso de alabastro com perfume de nardo puro de alto preço. Partiu o vaso de alabastro e derramou-o sobre a cabeça de Jesus. Alguns indignaram-se e diziam entre si:
R «Para que foi esse desperdício de perfume? Podia vender-se por mais de duzentos denários e dar o dinheiro aos pobres».
N E censuravam a mulher com aspereza. Mas Jesus disse:
J «Deixai-a. Porque estais a importuná-la? Ela fez uma boa acção para comigo. Na verdade, sempre tereis os pobres convosco e, quando quiserdes, podereis fazer-lhes bem;mas a Mim, nem sempre Me tereis. Ela fez o que estava ao seu alcance:ungiu de antemão o meu corpo para a sepultura. Em verdade vos digo: Onde quer que se proclamar o Evangelho, pelo mundo inteiro,dir-se-á também em sua memória, o que ela fez».
N Então, Judas Iscariotes um dos Doze, foi ter com os príncipes dos sacerdotes para lhes entregar Jesus.Quando o ouviram, alegraram-see prometeram dar-lhe dinheiro. E ele procurava uma oportunidade para entregar Jesus. No primeiro dia dos Ázimos,em que se imolava o cordeiro pascal,os discípulos perguntaram a Jesus:
R «Onde queres que façamos os preparativos para comer a Páscoa?»
N Jesus enviou dois discípulos e disse-lhes:
J «Ide à cidade.Virá ao vosso encontro um homem com uma bilha de água.Segui-o e, onde ele entrar, dizei ao dono da casa:‘O Mestre pergunta: Onde está a sala,em que hei-de comer a Páscoa com os meus discípulos?’Ele vos mostrará uma grande sala no andar superior, alcatifada e pronta. Preparai-nos lá o que é preciso».
N Os discípulos partiram e foram à cidade.Encontraram tudo como Jesus lhes tinha ditoe prepararam a Páscoa.Ao cair da tarde, chegou Jesus com os Doze. Enquanto estavam à mesa e comiam, Jesus disse:
J «Em verdade vos digo:Um de vós, que está comigo à mesa, há-de entregar-Me».
N Eles começaram a entristecer-se e a dizer um após outro:
R «Serei eu?»
N Jesus respondeu-lhes:
J «É um dos Doze, que mete comigo a mão no prato.O Filho do homem vai partir, como está escrito a seu respeito, mas ai daquele por quem o Filho do homem vai ser traído! Teria sido melhor para esse homem não ter nascido».
N Enquanto comiam, Jesus tomou o pão,recitou a bênção e partiu-o, deu-o aos discípulos e disse:
J «Tomai: isto é o meu Corpo».
N Depois tomou um cálice, deu graças e entregou-lho. E todos beberam dele. Disse Jesus:
J «Este é o meu Sangue, o Sangue da nova aliança, derramado pela multidão dos homens. Em verdade vos digo:Não voltarei a beber do fruto da videira, até ao dia em que beberei do vinho novo no reino de Deus».
N Cantaram os salmos e saíram para o Monte das Oliveiras.
N Disse-lhes Jesus:
J «Todos vós Me abandonareis, como está escrito:‘Ferirei o pastor e dispersar-se-ão as ovelhas’. Mas depois de ressuscitar,irei à vossa frente para a Galileia».
N Disse-Lhe Pedro:
R «Embora todos Te abandonem, eu não».
N Jesus respondeu-lhe:
J «Em verdade te digo: Hoje, esta mesma noite, antes do galo cantar duas vezes,três vezes Me negarás».
N Mas Pedro continuava a insistir:
R «Ainda que tenha de morrer contigo, não Te negarei».
N E todos afirmaram o mesmo.Entretanto, chegaram a uma propriedade chamada Getsémanie Jesus disse aos seus discípulos:
J «Ficai aqui, enquanto Eu vou orar».
N Tomou consigo Pedro, Tiago e João e começou a sentir pavor e angústia.Disse-lhes então:
J «A minha alma está numa tristeza de morte.Ficai aqui e vigiai».
N Adiantando-Se um pouco, caiu por terrae orou para que, se fosse possível,se afastasse d’Ele aquela hora.Jesus dizia:
J «Abba, Pai, tudo Te é possível:afasta de Mim este cálice.Contudo, não se faça o que Eu quero,mas o que Tu queres».
N Depois, foi ter com os discípulos, encontrou-os dormindoe disse a Pedro:
J «Simão, estás a dormir? Não pudeste vigiar uma hora? Vigiai e orai, para não entrardes em tentação.O espírito está pronto, mas a carne é fraca».
N Afastou-Se de novo e orou, dizendo as mesmas palavras.Voltou novamente e encontrou-os dormindo,porque tinham os olhos pesados e não sabiam que responder.Jesus voltou pela terceira vez e disse-lhes:
J «Dormi agora e descansai...Chegou a hora:o Filho do homem vai ser entregue às mãos dos pecadores. Levantai-vos. Vamos.Já se aproxima aquele que Me vai entregar».
N Ainda Jesus estava a falar,quando apareceu Judas, um dos Doze,e com ele uma grande multidão, com espadas e varapaus,enviada pelos príncipes dos sacerdotes,pelos escribas e os anciãos.O traidor tinha-lhes dado este sinal:«Aquele que eu beijar, é esse mesmo.Prendei-O e levai-O bem seguro».Logo que chegou, aproximou-se de Jesus e beijou-O, dizendo:
R «Mestre».
N Então deitaram-Lhe as mãos e prenderam-n’O. Um dos presentes puxou da espadae feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha.Jesus tomou a palavra e disse-lhes:
J «Vós saístes com espadas e varapaus para Me prender,como se fosse um salteador.Todos os dias Eu estava no meio de vós,a ensinar no templo,e não Me prendestes!Mas é para se cumprirem as Escrituras».
N Então os discípulos deixaram-n’O e fugiram todos. Seguiu-O um jovem, envolto apenas num lençol. Agarraram-no, mas ele, largando o lençol, fugiu nu.
N Levaram então Jesus à presença do sumo sacerdote,onde se reuniram todos os príncipes dos sacerdotes,os anciãos e os escribas. Pedro, que O seguira de longe,até ao interior do palácio do sumo sacerdote, estava sentado com os guardas, a aquecer-se ao lume. Entretanto, os príncipes dos sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam um testemunho contra Jesus para Lhe dar a morte,mas não o encontravam.Muitos testemunhavam falsamente contra Ele,mas os seus depoimentos não eram concordes. Levantaram-se então alguns,para proferir contra Ele este falso testemunho:
R «Ouvimo-l’O dizer:‘Destruirei este templo feito pelos homense em três dias construirei outro que não será feito pelos homens’».
N Mas nem assim o depoimento deles era concorde. Então o sumo sacerdote levantou-se no meio de todos e perguntou a Jesus:
R «Não respondes nada ao que eles depõem contra Ti?»
N Mas Jesus continuava calado e nada respondeu.O sumo sacerdote voltou a interrogá-l’O:
R «És Tu o Messias, Filho do Deus Bendito?»N Jesus respondeu:J «Eu Sou. E vós vereis o Filho do homem sentado à direita do Todo-poderoso vir sobre as nuvens do céu».
N O sumo sacerdote rasgou as vestes e disse:
R «Que necessidade temos ainda de testemunhas? Ouvistes a blasfémia. Que vos parece?»
N Todos sentenciaram que Jesus era réu de morte.Depois, alguns começaram a cuspir-Lhe,a tapar-Lhe o rosto com um véue a dar-Lhe punhadas, dizendo:
R «Adivinha».
N E os guardas davam-Lhe bofetadas.Pedro estava em baixo, no pátio,quando chegou uma das criadas do sumo sacerdote. Ao vê-lo a aquecer-se, olhou-o de frente e disse-lhe:
R «Tu também estavas com Jesus, o Nazareno».
N Mas ele negou:
R «Não sei nem entendo o que dizes».
N Depois saiu para o vestíbulo e o galo cantou.A criada, vendo-o de novo, começou a dizer aos presentes:
R «Este é um deles».
N Mas ele negou segunda vez. Pouco depois, os presentes diziam também a Pedro:
R «Na verdade, tu és deles, pois também és galileu».
N Mas ele começou a dizer imprecações e a jurar:
R «Não conheço esse homem de quem falais».
N E logo o galo cantou pela segunda vez. Então Pedro lembrou-se do que Jesus lhe tinha dito:«Antes do galo cantar duas vezes,três vezes Me negarás».E desatou a chorar.Logo de manhã,os príncipes dos sacerdotes reuniram-se em conselhocom os anciãos e os escribas e todo o Sinédrio. Depois de terem manietado Jesus, foram entregá-l’O a Pilatos. Pilatos perguntou-Lhe:
R «Tu és o Rei dos judeus?»
N Jesus respondeu:
J «É como dizes».
N E os príncipes dos sacertotesfaziam muitas acusações contra Ele.Pilatos interrogou-O de novo:
R «Não respondes nada? Vê de quantas coisas Te acusam».
N Mas Jesus nada respondeu,de modo que Pilatos estava admirado.Pela festa da Páscoa,Pilatos costumava soltar-lhes um preso à sua escolha.Havia um, chamado Barrabás, preso com os insurrectos que numa revolta tinham cometido um assassínio.A multidão, subindo,começou a pedir o que era costume conceder-lhes.Pilatos respondeu:
R «Quereis que vos solte o Rei dos judeus?»
N Ele sabia que os príncipes dos sacerdotes O tinham entregado por inveja. Entretanto, os príncipes dos sacerdotes incitaram a multidão a pedir que lhes soltasse antes Barrabás.Pilatos, tomando de novo a palavra, perguntou-lhes:
R «Então que hei-de fazer d’Aqueleque chamais o Rei dos judeus?»
N Eles gritaram de novo:
R «Crucifica-O!»
N Pilatos insistiu:
R «Que mal fez Ele?»
N Mas eles gritaram ainda mais:
R «Crucifica-O!»
N Então Pilatos, querendo contentar a multidão, soltou-lhes Barrabás e, depois de ter mandado açoitar Jesus, entregou-O para ser crucificado.Os soldados levaram-n’O para dentro do palácio,que era o pretório, e convocaram toda a corte.Revestiram-n’O com um manto de púrpura e puseram-Lhe na cabeça uma coroa de espinhos que haviam tecido.Depois começaram a saudá-l’O:
R «Salve, Rei dos judeus!»
N Batiam-Lhe na cabeça com uma cana, cuspiam-Lhee, dobrando os joelhos, prostravam-se diante d’Ele.Depois de O terem escarnecido,tiraram-Lhe o manto de púrpurae vestiram-Lhe as suas roupas. Em seguida levaram-n’O dali para O crucificarem.
N Requisitaram, para Lhe levar a cruz,um homem que passava, vindo do campo, Simão de Cirene, pai de Alexandre e Rufo. E levaram Jesus ao lugar do Gólgota,quer dizer, lugar do Calvário.Queriam dar-Lhe vinho misturado com mirra, mas Ele não o quis beber.Depois crucificaram-n’O. E repartiram entre si as suas vestes,tirando-as à sorte, para verem o que levaria cada um.Eram nove horas da manhã quando O crucificaram.O letreiro que indicava a causa da condenação tinha escrito:«Rei dos Judeus».Crucificaram com Ele dois salteadores,um à direita e outro à esquerda.Os que passavam insultavam-n’Oe abanavam a cabeça, dizendo:
R «Tu que destruías o templo e o reedificavas em três dias,salva-Te a Ti mesmo e desce da cruz».
N Os príncipes dos sacerdotes e os escribastroçavam uns com os outros, dizendo:
R «Salvou os outros e não pode salvar-Se a Si mesmo!Esse Messias, o Rei de Israel, desça agora da cruz,para nós vermos e acreditarmos».
N Até os que estavam crucificados com Ele O injuriavam.Quando chegou o meio-dia,as trevas envolveram toda a terra até às três horas da tarde.E às três horas da tarde, Jesus clamou com voz forte:
J «Eloí, Eloí, lamá sabachtháni?»
N que quer dizer:«Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonastes?»Alguns dos presentes, ouvindo isto, disseram:R «Está a chamar por Elias».
N Alguém correu a embeber uma esponja em vinagre e, pondo-a na ponta duma cana, deu-Lhe a beber e disse:
R «Deixa ver se Elias vem tirá-l’O dali».
N Então Jesus, soltando um grande brado, expirou.O véu do templo rasgou-se em duas partes de alto a baixo.O centurião que estava em frente de Jesus,ao vê-l’O expirar daquela maneira, exclamou:
R «Na verdade, este homem era Filho de Deus».
N Estavam também ali umas mulheres a observar de longe,entre elas Maria Madalena,Maria, mãe de Tiago e de José, e Salomé,que acompanhavam e serviam Jesus,quando estava na Galileia,e muitas outras que tinham subido com Ele a Jerusalém.Ao cair da tarde__ visto ser a Preparação, isto é, a véspera do sábado __José de Arimateia, ilustre membro do Sinédrio,que também esperava o reino de Deus,foi corajosamente à presença de Pilatose pediu-lhe o corpo de Jesus. Pilatos ficou admirado de Ele já estar morto e, mandando chamar o centurião,perguntou-lhe se Jesus já tinha morrido.Informado pelo centurião,ordenou que o corpo fosse entregue a José.José comprou um lençol,desceu o corpo de Jesus e envolveu-O no lençol;depois depositou-O num sepulcro escavado na rochae rolou uma pedra para a entrada do sepulcro. Entretanto, Maria Madalena e Maria, mãe de José,observavam onde Jesus tinha sido depositado.