domingo, 28 de novembro de 2010

BOAS-VINDAS – XVII HOREB


“O senhor anda entre as caçarolas”
(Santa Teresa de Jesus; Fundações 5:8)


Caros caçaroletas, muito bem-vindos ao XVII HOREB do Carmo Jovem.


Obrigada por terem vindo! Obrigada por trazerem as vossas caçarolas!


Este é o nosso primeiro encontro do Ano Pastoral. Já lá vão uns meses, desde que nos despedimos nos acampakis, uns lavados em lágrimas, outros em babetes de ervilhas, mas todos com a certeza de que, apesar dos filhos de Santa Teresa serem de terras distantes entre si, a amizade jamais os separará. Os bons amigos permanecem sempre, apesar das distâncias.


Foi o dom da amizade que nos juntou e Santa Teresa de Jesus, que nos acompanhará durante este Ano Pastoral, será a nossa amiga de eleição.


Ela irá sempre na linha da frente para nos mostrar o CaRminho. Ela não é de caRminhos tortuosos, corta sempre a direito, independentemente das dificuldades.


Este HOREB será muito especial:


Especial porque tu vieste e porque trouxeste a tua caçarola;


Especial porque temos connosco três frades carmelitas em tempos que dizem difíceis em vocações religiosas: o Frei João Rego, o Frei João Costa e o Frei Daniel;


Especial porque a música animará o nosso fim-de-semana e poderemos levá-la connosco para onde quer que vamos;


Especial porque podemos celebrar a inauguração da primeira fundação da Ordem Carmelita Descalça juntos, foi em 28 de Novembro de 1568, em Duruelo, uma pequena povoação espanhola.


Especial porque vamos entrar no tempo do Advento juntos, entre guitarras e caçarolas, como verdadeiros amigos fortes de Deus.

Especial ainda porque vamos conhecer um pouco melhor a nossa amiga de eleição, Santa Teresa Caçarola de Jesus.

Temos a certeza de que, uma vez mais, vai valer a pena ter madrugado para aqui estar;

Vai valer a pena ter feito quilómetros e ter deixado as PSP's e PC's em casa;

Porque vale sempre a pena, quando a caçarola não é pequena!


Bem-vindos e que este Horeb seja mais uma vez inesquecível!

[Maria João Caçarola]


28/NOV/1568 - DIA DA FUNDAÇÃO DA ORDEM DO CARMO


No dia 28 de Novembro de 1568, primeiro domingo do Advento, na celebração da Eucaristia, presidida pelo Provincial, fez-se a inauguração oficial do primeiro convento de Carmelitas Descalços.
No livro de profissões encontra-se em primeiro lugar a de nosso pai S. João da Cruz, que diz: «Eu, Frei João da Cruz faço profissão e prometo obediência, castidade e pobreza a Deus Nosso Senhor e à Virgem Maria, Nossa Senhora, e ao reverendo padre frei João Baptista, geral da Ordem, segundo a Regra primitiva, isto é, sem mitigação, até à morte».
Aquela semente pequenina que S. João da Cruz semeou em Duruelo, cresceu e desenvolveu-se. Hoje é uma grande família estendida pelo mundo inteiro, à qual pertencemos também. Peçamos ao Senhor a graça de servir sempre o reino de Deus tal como nos ensinou nosso pai S. João da Cruz e como ele, seremos no mundo, nós também, sinais vivos de Deus.



Leitura do Livro das Fundações escrito pela Santa Madre Teresa de Jesus 
Saímos de manhã para Duruelo, mas como não sabíamos o caminho perdendo-nos. E, sendo o lugar pouco conhecido, ninguém sabia dar indicações precisas.
Quando entrámos na casa, estava de tal maneira que não nos atrevemos a ficar ali naquela noite. Tinha um portal razoável, uma sala, um sótão e uma pequena cozinha. Pensei que do portal podia fazer-se a igreja, o sótão servia bem para o coro e a sala para dormir.
As minhas companheiras diziam – me: «Madre, não há com certeza, homem, por santo seja, que resista a viver nesta casa».
Mas frei João da Cruz, concordava com a pobreza da casa para convento. Combinámos, pois, que o padre frei João da cruz fosse acomodar a casa para poderem entrar. Tardou pouco o arranjo da casa, porque ainda que se quisesse fazer muito, não havia dinheiro.
No primeiro domingo do Advento deste ano de 1568 celebrou-se a primeira Missa naquele pequeno portal de Belém. Chamo-lhe assim, porque não creio que fosse melhor que o presépio.
Os quartos tinham feno por cama, porque o lugar era muito frio, e pedras por cabeceira. Muitas vezes, depois de rezarem levavam muita neve nos hábitos que neles caía pelos buracos do telhado.
Iam pregar a muitos lugares próximos dali, o que me deixou muito contente. Iam descalços e com muita neve e frio; porque no princípio, não usavam calçado, como mais tarde lhes mandaram.
Em tão pouco tempo, alcançaram tanta estima das pessoas, que nunca lhes faltava alimentos, pois traziam – lhes mais do que o necessário. Isto foi para mim grande consolo, quando o soube.
Praza ao Senhor fazê-los perseverar no caminho que agora começaram.
[Livro Música Calada]

sábado, 27 de novembro de 2010

DOMINGO I DO ADVENTO


Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Como aconteceu nos dias de Noé, assim sucederá na vinda do Filho do homem. Nos dias que precederam o dilúvio, comiam e bebiam, casavam e davam em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca; e não deram por nada, até que veio o dilúvio, que a todos levou. Assim será também na vinda do Filho do homem. Então, de dois que estiverem no campo, um será tomado e outro deixado; de duas mulheres que estiverem a moer com a mó, uma será tomada e outra deixada. Portanto, vigiai, porque não sabeis em que dia virá o vosso Senhor. Compreendei isto: se o dono da casa soubesse a que horas da noite viria o ladrão, estaria vigilante e não deixaria arrombar a sua casa. Por isso, estai vós também preparados, porque na hora em que menos pensais, virá o Filho do homem. [Mt 24, 37-44]

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Santa Teresa de Jesus - Cap.6

VI

ESTA FILHA NÃO É PARA IR JÁ A ENTERRAR


Volvidos alguns dias, Teresa veste o hábito de noviça carmelita no mosteiro de Nossa Senhora da Encarnação de Ávila, em 2 de Novembro de 1536, isto é, com vinte e um anos de idade.


É dia de Fiéis defuntos. Ao longe, lá na cidade, ouve-se dobrar a finados, mas o convento da Encarnação, esse está em festa. Festeja-se a tomada de hábito da filha de D. Alonso, D. Teresa de Ahumada. Pela encosta, da banda norte em direcção à ponte sobre o Ajates, vem descendo, com a alma em alvoroço, um grupo compacto de pessoas. É D. Alonso, alguns dos seus familiares, diversos parentes e meia dúzia de jovens amigas da jovem. Querem assistir à cerimónia que breve vai começar. Já estão todos colados às grades de ferro do coro baixo das religiosas, com os olhos bem arregalados. Ouvem-se vozes e melodias como de anjos em revoada... São as freiras carmelitas que vêm pelos corredores do mosteiro em duas fileiras, envergando suas magníficas capas brancas, como em dias de grande solenidade, e com os rostos velados, a cantar hinos litúrgicos... Uma rapariga, de olhos negros e penetrantes, dizia, toda enlevada, que parecia ser aquilo uma visão do Céu... No extremo do cortejo, vestida de branco, como uma noiva no dia das suas bodas, vem Teresa, ladeada pela Superiora da Comunidade e pela mestra das noviças. Mostra o rosto sereno, um tanto ou quanto transfigurado pela emoção interior, com um sorriso doce e suave, mal disfarçado, a florir-lhe nos lábios, sinal certo da alegria que lhe vai na alma. Cantadas as últimas estrofes do hino litúrgico, ajoelha Teresa aos pés da sua Superiora, que já está sentada no meio do coro, e dá logo início à cerimónia da tomada de hábito. O momento é empolgante, especialmente para D. Alonso; vê sua filha com o hábito da SS. Virgem do Carmo... Fosse viva sua mãe, que tanto a estremecia! – murmura, enquanto enxuga furtivamente algumas lágrimas. Finda a cerimónia, todos querem cumprimentar e dar os parabéns a Teresa e a seu pai. Há festa e alegria nos corredores e locutórios do mosteiro. D. Alonso, que tem os olhos postos na que é o enlevo da sua existência, não quer faltar a sua filha com coisa alguma neste dia, que lhe ficará para sempre memorável; e assim, consoante a tradição conventual, faz ao mosteiro a oferta de velas da melhor cera, e oferece às freiras, companheiras de Teresa, novos véus.


*

Diz Santa Teresa15 que, vestido o hábito, experimentou uma tal alegria e contentamento, que lhe durava ainda na data em que escrevia. E não admira que assim fosse porque tomara o estado religioso que, como ela própria diz, é o mais seguro.


Animada destes sentimentos, encetara Teresa o seu ano de noviciado. Alguma coisa teve de sofrer da parte do inimigo comum das almas, além das saudades do pai, que lhe ralavam a alma. Mas tudo suportara com admirável fortaleza de espírito, considerando-se feliz na casa do Senhor.


As horas do dia eram consagradas à aprendizagem da vida monástica sob a direcção da mestra de noviças: exercício da oração, leitura espiritual, conferências, ensaios de canto e cerimónias, etc. Quantas vezes gastava ela em varrer os corredores e dependências do convento o tempo precioso que outrora ocupava em banalidades e frívolas conversas!


Não satisfeita com as penitências que a Regra Carmelita impõe às religiosas, não era raro ir, com licença da madre Mestra, ao quintal do mosteiro, pelo lusco-fusco, apanhar alguns espinheiros, dos mais bravos, para mortificar a carne no recanto da sua cela. Até chegou a dormir mais de uma vez, servindo-lhe de travesseiro uma tábua. Assim satisfazia Teresa, no noviciado, à Divina Justiça pelas faltas que, na sua humildade, considerava grandes pecados. Daqui lhe nascia chamar-se pecadora, avultar sempre suas culpas, tornar-se amiga e devota dos santos que, em vida, foram grandes pecadores, como Maria Madalena, Santo Agostinho, etc. É isto o perfume da verdadeira humildade, que se nota e nos prende, lendo os escritos desta mulher extraordinária.


E assim, orando, treinando-se na prática das virtudes religiosas e fazendo penitência por ofensas graves que nunca cometera, chegou ao termo do ano de noviciado, fazendo a sua profissão na Ordem das Carmelitas da Antiga Observância a 3 de Novembro de 1537.


Façamos um apanhado da obra espiritual realizada por Teresa no Castelo Interior da sua alma, neste breve lapso de tempo da sua vida e chegaremos à conclusão de que representa um verdadeiro renascimento espiritual. Nunca uma mulher começou a trilhar o caminho da virtude com tanta coragem como Teresa de Ahumada no convento da Encarnação, depois de feitos os desposórios com o Divino Esposo.


O ritmo de vida religiosa que segue a nova professa é impecável. Peregrina dum ideal, o da sua santificação, logo se torna notável entre as freiras do Carmo pelo seu fervor, pela observância rigorosa da Regra. Um belo dia, porém, tem necessariamente de quebrar esse ritmo. Teresa não aparece no coro... É que se não sente nada bem; parece atacada de grave doença; jaz sobre o leito sem movimento algum, mãos hirtas, olhos fechados, pálida, dando quase a impressão de que já não existe...


Entram apressadamente no convento os médicos; o pai da enferma, esse, fica à porta, impaciente, nervoso, à espera do resultado da consulta médica. As freiras agitam-se no corredor do mosteiro. Ora entram, ora saem do quarto de Teresa, levando e trazendo medicamentos, pensos, quanto é preciso.


– Sua filha, dizem os clínicos a D. Alonso ao saírem da Encarnação, é vítima dum forte ataque de coração. Urge tirá-la quanto antes o mais cedo possível do convento, para se submeter a um tratamento que de forma alguma se lhe pode dar lá dentro. Talvez uma curandeira célebre da terra seja capaz de lhe restituir a saúde.


Está dito. D. Alonso não hesita. Não se poupará a despesas nem a sacrifícios para salvar a vida da sua filha; e começa já a tomar as devidas providências para Teresa abandonar o claustro e para encontrar a mulher prodigiosa.


Seguindo o conselho do médico assistente, deixa passar uns dias até Teresa dar acordo de si e melhorar um bocado. Ele próprio quer acompanhá-la com alguns dos seus criados. Mas, para sua consolação espiritual, irá também com eles a grande amiga de Teresa, D. Joana Juárez. A jornada tem de ser feita a cavalo, único meio de transporte que, neste tempo (segundo quartel do século XVI) permitem aqueles terrenos montanhosos.


A enferma já está mais aliviada; e um belo dia põe-se a caminho, atravessando a ponte sobre o Adaja, rumo ao poente. A famigerada curandeira reside a 75 quilómetros de distância, mais ou menos, na vila de Becedas, embrenhada na Serra de Gredos, entre Ávila e Salamanca.


O itinerário que seguem os nossos viandantes foi previamente marcado assim: Hortigosa, Castellanos de la Cañada e Becedas. O frio por aquelas paragens, no mês de Dezembro, é de rachar. D. Alonso, que segue quase sempre à beirinha da mula que transporta Teresa, pergunta-lhe a todo o momento se está melhor, recomendando-lhe que se agasalhe bem.


Ao cair da tarde do mesmo dia, chegam a Hortigosa, onde mora D. Pedro de Cepeda, tio da enferma e irmão de D. Alonso. Aqui descansam alguns dias. D. Pedro que, como já foi dito, vivia enfronhado, desde que enviuvara, na leitura de livros de ascética e mística, dá à sobrinha alguns livros espirituais que mui salutar influência conseguiram exercer no espírito de Teresa. Mal podia supor aquele homem austero e penitente que sua sobrinha, amiga agora dos bons livros, havia de chegar a ser, no rolar dos tempos, a Doutora Mística da Igreja universal.


Numa boa jornada percorreram os nossos viandantes a distância que vai de Hortigosa até Castellanos. Neste lugar da serra eram esperados por D. Maria de Cepeda e seu marido, D. Martinho Barrientos, que se desfizeram em delicadezas e atenções para com Teresa. Aqui foram informados de que esta só podia iniciar o seu tratamento em Becedas na entrada da primavera. Estava-se então no começo do inverno... Ninguém contava com isto. Por isso, no intuito de não voltar a Ávila para não ter que fazer outra viagem, resolveu D. Alonso que Teresa ficasse lá, o que foi motivo de alegria para o casal Cepeda-Barrientos, porque tanto D. Maria como D. Martinho lhe eram muito dedicados.


E assim Teresa demorou-se em Castellanos, na companhia dos seus irmãos, cerca de três meses, sendo atendida, agasalhada e mimoseada por todos.


Ela, porém, que tinha entrado na Ordem Carmelita para tratar a sério da sua santificação, soube aproveitar aquele tempo precioso para continuar a trabalhar na construção do edifício da sua perfeição, purificando-se na dor, porque a doença seguia o seu curso... Quando se sentia um tanto aliviada, consagrava-se à oração e às leituras piedosas.


Chegou assim a primavera de 1538, vestida sempre de flores, viços e perfumes, anunciando aos mortais o ressurgir da natureza.


Um lindo dia de sol escolheu Teresa para fazer, embora com bastante dificuldade, a jornada entre Castellanos e Becedas, acompanhada agora de sua irmã D. Maria de Cepeda. Com que ilusão procuraria D. Alonso aqui e além, por toda a parte, aquela mulher prodigiosa que realizava curas extraordinárias! Só ela e mais ninguém, foi-lhe dito, era capaz de restituir a saúde à sua filha doente. Mas note-se, aquela famigerada curandeira não era parecida em coisa alguma com aquelas criaturas, impropriamente chamadas mulheres de virtude, dos nossos dias. Por isso, recorria a ela nesta aflição o pai de Santa Teresa. Além do mais, aquela época, que alguns historiadores denominam teológica, fiscalizada pela Inquisição, não teria suportado essa casta de mulheres no meio do povo cristão.


Feito o devido exame terapêutico, Teresa submeteu-se à tal curandeira. Purgantes diários, drogas esquisitas e medicinas caseiras de toda a espécie, por ela própria preparadas no seu casebre com ervas raras das quais só ela conhecia as virtudes curativas: eis as receitas que dera aquela médica a Teresa de Ahumada, para lhe debelar a doença do coração. Três longos meses cumpriu à risca a filha de D. Alonso as prescrições médicas daquela curandeira: tudo em vão. Teresa ia de mal a pior.


Não só as crises eram quase diárias e mais fortes, como todo o seu organismo ia sendo atingido, sobretudo os pulmões. Por isso D. Alonso, todo desapontado e sem quaisquer esperanças de salvar a filha, resolveu regressar com ela a Ávila. Ao menos – dizia – que morra na sua terra e na sua casa.


Mal chegou à cidade, agravou-se tanto a doença cardíaca, que Teresa ficou quatro dias privada dos sentidos, tal qual como um cadáver que jaz no leito da morte...


Como não dava acordo de si, alguém mandou cavar-lhe a sepultura no mosteiro da Encarnação, recomendando ao mesmo tempo que tudo estivesse pronto para o funeral... É que toda a gente a dava por morta e era de parecer que se enterrasse.


Só ao pai extremoso, escreve o P. Ribera, um dos mais ilustres biógrafos da Santa, não lhe consentia o coração levar a enterrar aquela filha, e dizia, opondo-se resolutamente ao comum sentir de amigos e familiares: Esta filha não é para ir já a enterrar17.


Desta vez, como se vê, somos forçados a afirmar que foi o amor de pai quem salvou a filha querida.


É que Deus reservava Teresa para grandes coisas.


[Jaime Gil Diez, Santa Teresa, Edições Carmelo]

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Caçarolando!

"O Senhor anda entre as caçarolas"
(Santa Teresa de Jesus)

XVII HOREB
Trazer:
Saco-cama;
toalha de banho;
higiene pessoal;
farnel para o almoço de sábado;
roupa quente;
instrumentos de música (se tocas algum);
Mp3 (se quiseres gravar músicas);
boa disposição;
caçarola (panela);*
faixa do Carmo Jovem.



Inscrição (preço final apurado):

22.50 euros



*SIM, TRAZ UMA CAÇAROLA, AFINAL…

”O SENHOR ANDA ENTRE AS CAÇAROLAS”

COMO VAIS QUERER DESCOBRIR?!

TRAZ A TUA!

[TODA A GENTE ARRANJA UMA NA COZINHA LÁ DE CASA]

Contacto:


COMO CHEGAR…

LOCAL: Casa da Sagrada Família, Av. da Barrinha, 3070-792 PRAIA DE MIRA.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Na morte somos todos iguais? Nem por isso - Judaísmo

"Judaísmo: Pedras nos sepulcros

É comum num cemitério judaico ver os sepulcros cobertos de pequenas pedrinhas, deixadas pelas pessoas que foram visitar e prestar assim a sua homenagem ao falecido."

fonte: SNPC

sábado, 20 de novembro de 2010

DOMINGO XXXIV DO TEMPO COMUM


Naquele tempo, os chefes dos judeus zombavam de Jesus, dizendo: «Salvou os outros: salve-Se a Si mesmo, se é o Messias de Deus, o Eleito». Também os soldados troçavam d’Ele; aproximando-se para Lhe oferecerem vinagre, diziam: «Se és o Rei dos judeus, salva-Te a Ti mesmo». Por cima d’Ele havia um letreiro: «Este é o Rei dos judeus». Entretanto, um dos malfeitores que tinham sido crucificados insultava-O, dizendo: «Não és Tu o Messias? Salva-Te a Ti mesmo e a nós também». Mas o outro, tomando a palavra, repreendeu-o: «Não temes a Deus, tu que sofres o mesmo suplício? Quanto a nós, fez-se justiça, pois recebemos o castigo das nossas más acções. Mas Ele nada praticou de condenável». E acrescentou: «Jesus, lembra-Te de Mim, quando vieres com a tua realeza». Jesus respondeu-lhe: «Em verdade te digo: Hoje estarás comigo no Paraíso». [Lc 23, 35-43]

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Santa Teresa de Jesus - Cap.5



V

NO CONVENTO DA ENCARNAÇÃO




Teresa permaneceu ano e meio no colégio das Agostinhas da Graça; mas, atacada de doença grave, teve de se retirar para casa, onde logo melhorou. Note-se que a filha de D. Alonso não abandonou sem mágoa aquele recolhimento porque andava já bastante mudada nas suas ideias e virada um tanto ou quanto para as coisas do espírito, embora tivesse ainda horror à vida religiosa, como ela própria confessa.


Para assegurar a convalescença, foi passar alguns tempos em casa de D. Maria de Cepeda, sua irmã mais velha, que morava em Castellanos de la Cañada, passando por Hortigosa, pequena aldeia onde visitou um seu tio, irmão do pai, D. Pedro de Cepeda, homem austero, piedoso e amigo dos bons livros. Este fidalgo castelhano, depois de ter enviuvado, fez-se monge, recolhendo ao mosteiro dos Jerónimos em Ávila, onde morreu nos braços do Senhor. Queremos fazer especial menção deste parente de S. Teresa, porque exerceu influência decisiva na sua formação moral.


Acolhida com carinho por D. Maria e seu marido, Teresa entregou-se de alma e coração aos exercícios de piedade e às boas leituras, enquanto o seu débil organismo recuperava as forças perdidas e tomava novo vigor.


Não se sabe o tempo que se demorou na companhia dos seus irmãos, aproveitando os ares daquelas elevadas serras, quase sempre coroadas de neve.


De regresso a Ávila, encontramos Teresa, até à idade de 21 anos, vivendo como as donzelas da primeira sociedade avilesa: ora em casa, dedicada ao arranjo do lar e aos trabalhos manuais, ora na igreja assistindo às devoções e actos do culto, quando não ia ter com suas colegas, tomando parte nos passeios elegantes, aos domingos, em volta do Arco do Alcázar e nas festas populares.


Em Maio de 1534 o Imperador Carlos V visitou a cidade de Ávila a fim de prestar juramento de guardar e fazer guardar os privilégios e regalias daquela nobre e leal cidade. Foi recebido sob pálio, à moda da época, pela fidalguia, clero e povo, recebendo, em salva de prata das mãos do Presidente do Município as chaves da fortaleza. Ávila viveu, por essa ocasião, dias de júbilo e regozijo vibrando de entusiasmo o povo avilês. Não será arriscado afirmar que lá estaria também a formosa filha de D. Alonso (contava então 19 anos), alegrando suas companheiras com o raio de sol do seu sorriso franco e leal.


Mas a verdade é que Teresa não se sentia bem no burburinho da rua. Tinha alguém no Castelo Interior da sua alma que a chamava para dentro, que a solicitava, que lhe dirigia veementes apelos no sentido de não seguir o partido do mundo.


Andava então a ler um livro que lhe fez imenso bem à alma: as Epístolas de S. Jerónimo. A palavra viva, empolgante deste Santo Padre da Igreja, tecendo o elogio da vida religiosa, a sua linguagem clara, cortante, concisa, aconselhando Eliodoro a passar por cima do cadáver do pai se ouvisse a voz de Deus a chamá-lo para o deserto, não pôde deixar de calar fundo no espírito de Teresa, que já estava um tanto desapegada, devido aos espinhos que ia encontrando pelos caminhos da vida.
*


Por estes dias tinha abraçado a vida religiosa no mosteiro das Carmelitas da Encarnação, de Ávila uma sua amiga, D. Joana Juárez. Embora não lhe louvasse Teresa o gosto, também não lhe desagradou por completo a escolha daquele estado. É que, nesta altura, já não sentia aquele horror de outros tempos pela vida monástica, mas também não queria ir para freira. O convento da Encarnação, que Santa Teresa tornou célebre, e que ainda hoje é visitado com vivo interesse por turistas e peregrinos, está situado extramuros de Ávila, do lado norte, a uns 500 metros da cidade. Tem linda horta com pomar, chafariz e roseiras, claustro magnífico com arcadas de pedra em volta do jardim conventual. A igreja do mosteiro, que serve de sepulcro a fidalgos espanhóis, é das que convidam a alma a subir para Deus.


Nesta casa religiosa, onde moravam perto de duzentas freiras, como rezam velhos pergaminhos, tomara o hábito de carmelita a amiga de Santa Teresa. Como era grande a amizade, lá ia a filha de D. Alonso visitar amiudadas vezes D. Joana Juárez. Parece-nos vê-la sair da cidade amuralhada pela porta do Carmo, rumar ao norte, descer a encosta, atravessar o rio Ajates pela ponte de pedra e entrar na Encarnação. Elegante mas modesta, veste uma saia alaranjada, conta-nos D. Inês de Quesada, freira daquele mosteiro, com franjas de veludo preto, segundo a época. Agora, Teresa prefere estes passeios até ao mosteiro, consultar letrados e visitar casas de caridade, a aparecer nos salões e sítios onde se reunia a sociedade feminina, fazendo pouco caso de galas, modas e penteados.


Na Encarnação havia, e há ainda, locutórios com grades de ferro onde se recebiam as visitas. Num destes, D. Joana do lado de dentro e Teresa do lado de fora, conversavam frequentemente, longas horas. Umas vezes recaía a conversa em coisas indiferentes, outras, quase sempre, o tema eram assuntos espirituais. De regresso a casa, Teresa parecia recolhida, concentrada, como que a viver dentro de si. Alguma coisa importante se está a passar no espírito da jovem donzela... É que, por um lado, a leitura assídua das Epístolas de S. Jerónimo e, por outro, a palavra eloquente e inflamada de D. Joana Juárez estão a acordar nela a primitiva vocação religiosa, quando em pequerrucha construía ermidinhas no jardim da casa. O facto incontestável é este: Teresa torna a sentir atracção pela vida de freira. O combate, porém, que se está a travar no seu coração é duro, rijo sobremaneira. Deus e o mundo solicitam-na continuamente, à porfia. Hesitante entre dois mundos, não sabe para onde virar-se. Irá para o convento, ou abraçará o estado do matrimónio? E o pior é, como ela própria confessa, que não havia amor mas temor servil, medo aparente do inferno para onde iria se se deixasse ficar no mundo. Ao fim de três meses de profundas reflexões, única e exclusivamente para assegurar a sua salvação, Teresa resolve-se pela vida religiosa. Quer ser freira e sê-lo-á, custe o que custar; sente ser esse o chamamento de Deus.


Quando deixar o lar para ir à Encarnação, sentirá no corpo como que uma deslocação ou desarticulação geral dos ossos, tão forte que não sentirá maior quando morrer, como ela diz. Todavia, Teresa nada receia por conhecer ser essa a vontade de Deus. Nunca uma menina fez mais conscienciosamente uso da sua liberdade como nesta ocasião a formosa filha de D. Alonso. É esta indubitavelmente uma das fases principais da vida de Santa Teresa, um dos pontos culminantes da sua preciosa existência, e que constitui um desmentido formal às afirmações dos que a não compreendem, chamando-lhe mulher histérica.


Com 21 primaveras floridas, e tendo diante dos olhos um futuro brilhante e sedutor, Teresa manda o libelo de repúdio ao mundo para seguir incondicionalmente o partido do Senhor.

Obstáculos? Há um só a vencer: o pai, que de forma alguma permitirá à filha retirar-se para o convento. E com toda a razão. Não era Teresa para D. Alonso, já envelhecido e abandonado por quase todos os filhos que criara, a menina dos seus olhos, o raio de sol que alumiava e aquecia o inverno da sua vida? Sem a filha idolatrada, o pai logo sucumbiria à morte, mergulhando-se para sempre nas trevas do sepulcro. Teresa, contudo, não desiste do seu intento, na certeza de que Aquele que lhe deu a vocação Se encarregará de confortar o ser que ela mais ama na terra. Pela sua parte, poupar-lhe-á a dor lancinante duma despedida... Quando o pai der pela falta da filha, já estará Teresa na Encarnação, donde ele não a mandará tirar; disto está ela bem certa. E se bem o pensa, melhor o realiza.


Corre o ano de 1536. Numa manhã tépida do mês de Outubro, ainda as estrelas brilham no céu, já Teresa anda pelo seu quarto, em bicos de pés, para não acordar o pai que dorme no quarto contíguo. Arranja-se depressa; abre e fecha, sem fazer barulho, armários e gavetas, arruma todas as coisas, sai do quarto e abre, toda nervosa mas resolvida, a porta que dá para a rua, abandonando para sempre o lar... Só Deus sabe quanto lhe custa este sacrifício. Vai na companhia de seu irmão António, cinco anos mais novo. Este dirige-se para o convento de S. Domingos para vestir o hábito de frade, aconselhado por Santa Teresa; esta, por sua vez, abala sozinha para a Encarnação, a fim de realizar o seu sonho. De quando em quando volta a cabeça para trás; quer ver se alguém lhe segue os passos. Não vê ninguém na rua solitária. Ao atravessar o limiar das portas do mosteiro, olha pela última vez atrás de si e vê, ao longe, no cimo da colina, a cidade amuralhada, espreguiçando-se, dormente. É o romper do dia...
[Jaime Gil Diez, Santa Teresa, Edições Carmelo]

domingo, 14 de novembro de 2010

XVI HOREB - 27-28 | NOV | 10 - Traz a tua caçarola!

O Senhor anda entre as caçarolas.

Por isso, anda...
E traz a tua!



Inscreve-te:

14 de Novembro - Festa de todos os Santos Carmelitas



 Dos Escritos de Santa Teresa de Jesus

 Todos os que trazemos este hábito sagrado do Carmo somos chamados à oração e contemplação, porque este foi nosso princípio, desta casta, daqueles santos Padres do Monte Carmelo, que buscavam este tesouro, esta preciosa Margarita.


Lembremo-nos dos santos Padres nossos antepassados. Bem sabemos como, por aquele caminho de pobreza e humildade, gozam de Deus.

Oiço algumas vezes dizer que nos princípios das Ordens Religiosas, como eram os alicerces, fazia o Senhor maiores mercês àqueles santos nossos antepassados. E assim é, mas sempre nos havíamos de considerar alicerce dos que vierem depois. Porque, se agora nós que vivemos, não tivéssemos perdido o fervor dos nossos antepassados e se os que viessem após nós fizessem outro tanto, sempre estaria firme o edifício. Que me aproveita a mim que os santos passados tenham sido assim, se depois sou tão ruim que, com meus maus costumes, deixo estragos no edifício? Porque, é claro: os que vão chegando não se recordam tanto dos que há muitos anos morreram como dos que estão vendo. É engraçado que eu atribua o mal ao facto de não ser das primeiras e não veja a diferença que há entre a minha vida e virtude e as daqueles a quem Deus fazia tantas mercês.


Se vir que a sua Ordem em algo vai decaindo, procure ser pedra capaz de tornar a levantar o edifício, que para isso o Senhor dará ajuda. Por amor de Nosso Senhor lhes peço: lembrem-se quão depressa tudo se acaba, e da mercê que nosso Senhor nos fez trazendo-nos a esta Ordem. Mas ponham sempre os olhos na casta de onde vimos, naqueles Santos Profetas. Quantos santos temos no céu que trouxeram este hábito!

Tenhamos a santa presunção, com a ajuda de Deus, de ser como eles. Pouco durará a batalha e o fim será eterno.


sábado, 13 de novembro de 2010

DOMINGO XXXIII DO TEMPO COMUM

Naquele tempo, comentavam alguns que o templo estava ornado com belas pedras e piedosas ofertas. Jesus disse-lhes: «Dias virão em que, de tudo o que estais a ver, não ficará pedra sobre pedra: tudo será destruído». Eles perguntaram-Lhe: «Mestre, quando sucederá isto? Que sinal haverá de que está para acontecer?». Jesus respondeu: «Tende cuidado; não vos deixeis enganar, pois muitos virão em meu nome e dirão: ‘Sou eu’; e ainda: ‘O tempo está próximo’. Não os sigais. Quando ouvirdes falar de guerras e revoltas, não vos alarmeis: é preciso que estas coisas aconteçam primeiro, mas não será logo o fim». Disse-lhes ainda: «Há-de erguer-se povo contra povo e reino contra reino. Haverá grandes terramotos e, em diversos lugares, fomes e epidemias. Haverá fenómenos espantosos e grandes sinais no céu. Mas antes de tudo isto, deitar-vos-ão as mãos e hão-de perseguir-vos, entregando-vos às sinagogas e às prisões, conduzindo-vos à presença de reis e governadores, por causa do meu nome. Assim tereis ocasião de dar testemunho. Tende presente em vossos corações que não deveis preparar a vossa defesa. Eu vos darei língua e sabedoria a que nenhum dos vossos adversários poderá resistir ou contradizer. Sereis entregues até pelos vossos pais, irmãos, parentes e amigos. Causarão a morte a alguns de vós e todos vos odiarão por causa do meu nome; mas nenhum cabelo da vossa cabeça se perderá. Pela vossa perseverança salvareis as vossas almas». [Lc 21, 5-19]

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Santa Teresa de Jesus - Cap.4


IV


ROSAS E ESPINHOS

Andava Teresa entusiasmada com o seu primo a planear, talvez, o que nunca se havia de realizar. Mas Deus, por detrás dos bastidores, punha-lhe alguns espinhos nos agros caminhos da vida para se não apegar demasiado às criaturas. Ia completar 14 anos quando lhe morreu a mãe, em Gotarrendura, perto de Ávila. Não se sabe ao certo quando faleceu, mas parece que foi depois do dia 24 de Novembro de 1528, pois nesta data encontramos assinado o seu último testamento. D. Beatriz morreu ainda muito nova, com 33 anos (1495-1528). Casara em 1509 com D. Alonso aos 14 anos e contava 20 quando nasceu Santa Teresa. Deus Nosso Senhor abençoou a união matrimonial de D. Alonso de Cepeda e D. Beatriz Dávila e Ahumada com nove filhos, que souberam educar no santo temor de Deus.


Não é fácil imaginar como ficaria esmagado o coração de Teresa com este primeiro golpe que lhe vibrara a Divina Providência. Não assistiu ela à morte da mãe, mas, quando chegou a casa a triste nova do falecimento e, sobretudo, ao ver ao longe o fúnebre cortejo que trazia para Ávila a urna com os restos mortais da sua querida mãe, rompeu a chorar, debulhada em pranto, abraçada aos irmãos que a não podiam consolar. Teresa, naquela idade, compreendia já muito bem o tesouro que acabava de perder.


No próprio dia em que D. Beatriz descia à sepultura, teve Teresa um gesto notável que nos revela quanto era terna e filial a devoção que votava a Nossa Senhora. Como já não tinha mãe na terra, foi procurar outra no Céu. Vestindo luto pesado, rolando-lhe as lágrimas pelas faces pálidas, sai Teresa de casa pelo lusco-fusco. Toma a direcção do antigo bairro judeu, atravessa a ponte sobre o Adaja, que, rumorejando por entre ervas, parece gemer e chorar com ela; entra na vetusta ermida de S. Lázaro, extramuros, onde era venerada uma imagem de Nossa Senhora da Caridade. Caindo de joelhos aos pés da SS. Virgem pediu-lhe, como ela própria conta na sua autobiografia, com todas as veras da sua alma, fosse dali em diante sua mãe, pois que só ela podia substituir a que tinha partido para nunca mais voltar. Feita com tanta sinceridade, Nossa Senhora atendeu a sua súplica. Maria sempre amparou e protegeu Santa Teresa de Jesus, por vezes até visivelmente, no decurso da sua vida. Reza a tradição que Teresa e Rodrigo foram também encomendar-se a esta imagem de Nossa Senhora antes de partirem para o martírio. Hoje, esta imagem é venerada na Catedral de Ávila.


Teresa vai crescendo; quinze, dezasseis primaveras floridas. Agora já é uma donzela, cheia de encantos, figura marcante da sociedade avilesa. Vai-se apagando no seu espírito a triste lembrança da mãe já morta. Para agradar perde todos os dias bastante tempo, tratando das suas mãos pequenas e finas, do seu vestuário, do cabelo, mostrando, sem malícia, sua formosura (ela própria confessa que não queria que alguém ofendesse a Deus por sua causa), pelas ruas mais movimentadas e pelos salões mais frequentados pela sociedade, passatempos estes e vaidades que mais tarde chorará com amargura. Nesta altura, quando a formosa filha de D. Alonso andava toda virada para as coisas deste mundo, Deus fez-lhe sentir outros espinhos no caminho da vida, pondo-lhe diante dos olhos a instabilidade das coisas transitórias e perecíveis da terra. D. Maria de Cepeda, sua irmã mais velha, filha de D. Alonso e da sua primeira mulher, D. Catarina del Peso y Henao, abandona agora o lar paterno, depois de ter casado (1531) com D. Martinho Gusmão Barrientos, indo fixar residência longe da família, em Castellanos de la Cañada, pequena povoação de uma dúzia de fogos, na raia de Ávila com a província de Salamanca. Nova separação e lágrimas no lar de D. Alonso.


Já não lhe ouvirá Teresa os conselhos tão prudentes, tão discretos, quando conversava com o primo, às ocultas do extremoso pai.


Sem a vigilância amorável de D. Maria, compreende-se que Teresa arranjasse mais facilmente encontros com o seu parente, mas note-se que estes encontros nunca foram além de passatempos de boa conversa, como diz a própria Santa. Além do mais, temos o testemunho de todos os seus biógrafos e confessores. Todos eles são unânimes em afirmar que a ponderação exagerada que Teresa faz das suas faltas, de forma alguma significa pecado grave, que ela não cometera nunca, mas apenas o risco de nele cair, caso tivesse continuado com esses passatempos. O que é certo é que D. Alonso, homem austero, quis acabar com eles de uma vez por todas, suprimindo energicamente a ocasião. E assim, no dia 13 de Julho de 1531, internou sua filha no convento das Agostinhas da Graça em Ávila, como educanda, recomendando muito encarecidamente à Superiora do Colégio que Teresa não recebesse visitas, nem se carteasse, nem sequer com os próprios parentes. Dezasseis anos tinha Teresa quando foi para o convento da Graça completar sua formação moral e religiosa. Os oito primeiros dias passou-os a filha de D. Alonso bastante aborrecida e amuada, mas logo o convívio das companheiras (era casa de formação para meninas da melhor sociedade avilesa), os exercícios escolares, a vida regrada e metódica que tem para cada hora do dia sua ocupação especial, fizeram desaparecer as saudades. As novas impressões, com o correr do tempo, foram apagando a lembrança do primo e desfazendo a sua ilusão. Deus queria que o coração de Teresa só Lhe pertencesse.


Um dia, D. Maria Briceño, senhora de grandes virtudes e prefeita das pensionistas, falou, na sua conferência semanal, sobre a vocação religiosa, fazendo a história do que se passara com ela própria. Pôs em evidência aquela freira agostinha, diante dos olhos das colegiais que a ouviam atentamente, o poder e a influência das boas leituras no ânimo da gente nova, pois foi lendo no Evangelho aquelas palavras muitos são os chamados e poucos os escolhidos que ela, se convenceu plenamente da vaidade da vida humana e dos perigos que as almas correm no mundo. Foram para o meu espírito – dizia D. Maria Briceño – como um raio de sol que me fez compreender a instabilidade das coisas transitórias e contingentes deste mundo. É fácil calcular como esta narrativa, feita com aquela eloquência que D. Maria sabia imprimir às suas explicações, faria renascer no espírito de Teresa as ideias e lembranças da primeira infância. Convém notar que daqui em diante voltou a ser amiga dos bons livros e de conversas santas; mas confessa com toda a ingenuidade a própria Santa Teresa que, naquela altura, era inimiga figadal da vida religiosa e que de forma alguma desejava ser freira.


Outros espinhos encontrou ainda Teresa nesta quadra da sua vida e mais um duro golpe lhe vibrou no coração a Divina Providência, golpe esse que acabou por convencê-la da instabilidade das coisas deste mundo. Queremos referir-nos à partida para a América, no Outono de 1535, do seu irmão querido, Rodrigo, companheiro e confidente dos seus sonhos e segredos de infância.


Primeiro, é sua mãe que desce à sepultura, quando mais precisava do seu amparo; depois, é D. Maria de Cepeda, sua irmã mais velha, que abandona o lar paterno para ir viver com seu marido longe de Ávila; agora é Rodrigo que embarca em Sevilha rumo ao Novo Mundo, como já o tinham feito os outros irmãos da Santa. Com receio de nunca mais voltar à Pátria, Rodrigo quis nomear Teresa herdeira de todos os seus bens.


Diz o autor do livro Os irmãos de Santa Teresa na América que eles, em cujas veias fervia sangue de guerreiros, escreveram páginas gloriosas na conquista da América, notabilizando-se especialmente pela sua bravura e coragem na batalha de Iñaquito, no Equador (1546).




[Jaime Gil Diez, Santa Teresa, Edições Carmelo]




quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Hino oficial - JMJ 2011 -

Dos Homens e dos Deuses

Basílica da Sagrada Família

A Sagrada Família não trabalha só o prodígio da altura. Nestes tempos, como dizia Pierre Bordieu, tão afunilados numa desvitalizante miséria simbólica temos aqui o dinâmico esplendor do símbolo. Gaudí, «o arquiteto de Deus» como lhe chamam, idealizou a “sua” Sagrada Família com base no número 12, o número da Jerusalém terrestre, mas também o da Jerusalém do Alto (leia-se a impressiva descrição feita no capítulo 21 do Apocalipse). Gaudí não partiu de soluções pré-existentes, nem repetiu manuais. A sua arquitetura não tem apenas uma sensibilidade ao espiritual, tem a estrutura de uma visão e a profundidade de uma experiência mística. Gaudí mostra a grande Arte como oração intensíssima. E mostra amplamente aquilo que talvez já tínhamos esquecido: os homens do século XXI sabem ainda construir e amar catedrais. [José Tolentino Mendonça]
Fonte: SNPC

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

XVI HOREB - 27-28 | NOV | 10


Diz STOP!!! 
ao teu dia-a-dia 


 Abre a porta da tua Vida 
 à Amizade 
 à Oração 
 à Música 
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sábado, 6 de novembro de 2010

DOMINGO XXXII DO TEMPO COMUM

Naquele tempo, aproximaram-se de Jesus alguns saduceus – que negam a ressurreição – e começaram a interrogá-l’O. Disse-lhes Jesus: Os filhos deste mundo casam-se e dão-se em casamento. Mas aqueles que forem dignos de tomar parte na vida futura e na ressurreição dos mortos, nem se casam nem se dão em casamento. Na verdade, já não podem morrer, pois são como os Anjos, e, porque nasceram da ressurreição, são filhos de Deus. E que os mortos ressuscitam, até Moisés o deu a entender no episódio da sarça ardente, quando chama ao Senhor ‘o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacob’. Não é um Deus de mortos, mas de vivos, porque para Ele todos estão vivos». [Lc 20, 27.34-38]

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Santa Teresa de Jesus - Cap.3

III
PASSATEMPOS E DEVANEIOS


A Espanha atingira, no segundo quartel do século XVI, o apogeu da sua grandeza. O sol não se punha nunca nos domínios do jovem Imperador Carlos V. Todas as cidades espanholas vibravam de entusiasmo pelas descobertas e conquistas recentemente realizadas por destemidos navegadores e guerreiros nas Índias Ocidentais. Os espanhóis sonhavam então com a América, como os portugueses com o Brasil. Ávila, terra de cavaleiros e de cruzados, ia na vanguarda.
Nas suas ruas só se ouvia o ruído das esporas e o estrídulo retinir dos ferros. Era a passagem da flor da mocidade que partia alegremente, em ânsia de aventura, para Flandres ou para o Novo Mundo.
A literatura castelhana estava também imbuída dessas ideias. Nos serões de inverno, em volta da braseira consoladora, nas bibliotecas e em toda a parte, o povo espanhol lia romances de aventuras, contos guerreiros e narrativas interessantes de cavaleiros andantes. D. Beatriz, esposa de D. Alonso, lia-os também em sua casa, quer para se distrair, quer para procurar alívio para as suas mágoas. Um dia, passaram esses livros pelas mãos de Teresa e Rodrigo. E, com que embevecimento, com que avidez os folhearam! Como traziam gravuras de guerras, quadros de fidalgos cavaleiros, de mancebos garbosos e atilados que (como conta um historiador daquela época)5 , timbravam em ostentar, no boné, uma pena rara de ave para assim atrair os olhares de damas formosíssimas, que se enfeitavam requintadamente, Teresa começou a entusiasmar-se... e, o que é ainda pior, quis imitá-las.
Já não desce ao jardim a brincar com Rodrigo aos eremitas; já não repete, fitando o Céu: Para sempre, para sempre. Agora a gentil menina tem doze anos, doze primaveras floridas, e mudou de hábitos. Gosta demasiado de se mirar ao espelho, de tratar das suas lindas mãos, do seu penteado, dos seus vestidos, e usa perfumes, tal e qual como as meninas da sua posição social.
Ontem Teresa sonhava com o martírio ou com a vida religiosa, eremítica, num convento de rigorosa observância. Hoje, ao ver a vida entreabrir-se-lhe como uma flor que desabrocha, deseja agradar, atrair, ser admirada, quando vai passando aos domingos, depois da missa paroquial, acompanhada dos seus irmãos, junto à Porta do Alcázar, ponto de reunião e sítio de encontro dos rapazes e das meninas que hoje chamaríamos “da moda”.
Teria feito já Teresa a sua primeira comunhão? Não se sabe ao certo, mas parece que não.
A Santa nada diz sobre este pormenor importante da sua vida, na autobiografia admirável, modelo de sinceridade e de humildade, que nos legou. Os seus biógrafos, que são tantos e tão ilustres, dentro e fora da Ordem Carmelita, também não se deram ao trabalho de remexer em arquivos e velhos manuscritos para saberem, com toda a certeza, o dia – o dia maior na vida do cristão – em que Jesus entrara pela primeira vez na alma de Teresa.
Por este tempo, operou-se uma grande transformação no seu espírito e abandonou os seus primeiros sonhos.
Muito concorreu para isso a conversa diária com uma sua parente da mesma idade, um tanto leviana, que entrava e saía, quando bem lhe parecia, na residência de D. Alonso, hoje transformada em convento de Carmelitas Descalços. Foi esta malfadada parente quem a iniciou nos segredos dos devaneios femininos. Andavam sempre juntas e nunca se fartavam de conversas; tanto isto dava nas vistas da família, que D. Beatriz teve de as repreender por mais de uma vez, chamando sua filha à ordem. Teresa, porém, era esperta de mais e sabia muito bem como encontrar oportunidade de bisbilhotar com a sua amiga às ocultas da mãe.
E não foi só esta quem desviou Teresa do bom caminho encetado na sua infância; colaborou também decisivamente nesta obra um primo dela, filho de D. Francisco Sanches de Cepeda, que morava paredes meias. Como havia passagem pelo interior das casas, era contínuo o ensejo de se encontrarem. Conversavam à porta, no jardim, na sala de jantar, em todos os cantos. Nada receava D. Alonso desta amizade, porque, tanto ela como ele, tinham recebido aprimorada educação cristã e eram tementes a Deus; por isso, o pai de Teresa permitia o convívio, muito embora o não encarasse com bons olhos.
O primo sentia-se fortemente atraído pelo encanto de Teresa, inteligente e formosa que, com a sua graça, animava todos os jogos e conversas.
Teresa tem já 13 anos e não lhe escapa ser ela o enlevo do lar e o ídolo de irmãos e primos. Vê-se jovem, prendada, festejada por todos os que têm a dita de com ela tratar. O tal primo que a procura, esse não sabe sair da beirinha dela. Agora já falam a sós, na penumbra da sala de visitas, onde estão reunidos alguns membros da família, debilmente alumiados por uma luz mortiça. O primo não é capaz de esconder que gosta de Teresa e esta, por sua vez, sente o coração fugir-lhe. E parece – nota um biógrafo – que chegaram a pensar na realização dum sonho dourado ao pé do altar-mor da freguesia de S. João.


[Jaime Gil Diez, Santa Teresa, Edições Carmelo]

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

XVI HOREB - 27-28 | NOV | 10 - Vem também!


Santa Teresa de Jesus...
Encontro com amigos fortes de Deus...
Tocar…cantar…partilhar…rir…orar


SÁBADO
Chegada
9H – Abertura
10H – Chamar a música
12H30 – Almoço partilhado
15H – Música no coração
19H – Música calada
20H – Jantar
21H – Night Music

DOMINGO
8H30 - Sons do Carmelo
9H – Pequeno almoço
9H30 – Ensaio
11H – Eucaristia
Foto de família
13H- Almoço

Trazer:
Saco-cama;
farnel para o almoço de sábado;
higiene pessoal;
roupa quente;
instrumentos de música (se tocas algum);
boa disposição;
faixa do Carmo Jovem.

Inscrição (preço final apurado):
22,50 euros
carmojovem@gmail.com
ma.jo.bri@hotmail.com
(Maria João 967209808)