sábado, 30 de abril de 2011

1 de Maio, Beatificação de João Paulo II


O Papa polaco, o primeiro do mundo eslavo, foi uma das figuras mais marcantes da história recente, na Igreja e no mundo, e deixou atrás de si a herança de um longo Pontificado de 26 anos e meio (1978-2005) o terceiro mais longo da história da Igreja.
Karol Wojtyla nasceu no dia 18 de Maio de 1920 em Wadowice, no sul da Polónia, filho de Karol Wojtyla, um militar do exército austro-húngaro, e Emília Kaczorowsky, uma jovem de origem lituana.
Em 1938 foi admitido na Universidade Jagieloniana, onde estudou poesia e drama. Durante a II Guerra Mundial (1939- 1945) esteve numa mina em Zakrzowek, trabalhou na fábrica Solvay e manteve uma intensa actividade ligada ao teatro, antes de começar clandestinamente o curso de seminarista.
Durante estes anos teve que viver oculto, junto com outros seminaristas, que foram acolhidos pelo Cardeal de Cracóvia.
Ordenado sacerdote em 1946, vai completar o curso universitário no Instituto Angelicum de Roma e doutora-se em teologia na Universidade Católica de Lublin, onde foi professor de ética.
No dia 23 de Setembro de 1958 foi consagrado bispo auxiliar do administrador apostólico de Cracóvia, convertendo-se no membro mais jovem do episcopado polaco.
Participou no Concílio Vaticano II, onde colaborou activamente, de maneira especial, nas comissões responsáveis na elaboração da Constituição Dogmática Lumen Gentium e a Constituição conciliar Gaudium et Spes.
No dia 13 de Janeiro de 1964, Wojtyla assume a sede episcopal de Cracóvia. Dois anos depois, o Papa Paulo VI converte Cracóvia em arquidiocese.
Durante este período, como arcebispo, o futuro Papa caracterizou-se pela integração dos leigos nas tarefas pastorais, pela promoção do apostolado juvenil e vocacional, pela construção de templos apesar da forte oposição do regime comunista, pela promoção humana e formação religiosa dos operários e também pelo estímulo ao pensamento e publicações católicas.
O então arcebispo Wojtyla representou igualmente a Polónia em cinco sínodos internacionais de bispos entre 1967 e 1977.
Em Maio de 1967, aos 47 anos, foi criado cardeal pelo Papa Paulo VI.
Após a morte deste Papa e do seu predecessor, João Paulo I, o cardeal Karol Wojtyla é eleito como novo Papa, o dia 15 de Outubro de 1978 - primeiro não-italiano desde 1522, ano da eleição do holandês Adriano VI.
Tendo-se formado num contexto diferente dos Papas anteriores, João Paulo II viria a imprimir na Igreja um novo dinamismo, impondo ao mesmo tempo um maior rigor teológico e disciplinar.
“Toda a vida do Venerável João Paulo II decorreu sob o signo da caridade, da capacidade de doar-se com generosidade, sem reservas, sem medida, sem cálculos. O que o movia era o amor a Cristo, ao qual tinha consagrado a vida, um amor super-abundante e incondicionado”, disse Bento XVI, a respeito do seu predecessor.
A beatificação tem lugar no Domingo da Divina Misericórdia (primeiro depois da Páscoa), uma disposição do próprio João Paulo II, que criou esta festa por altura do jubileu do ano 2000.

DOMINGO II DA PÁSCOA


Na tarde daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam, com medo dos judeus, veio Jesus, apresentou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco». Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor. Jesus disse-lhes de novo: «A paz esteja convosco. Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós». Dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes ser-lhes-ão retidos». Tomé, um dos Doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. Disseram-lhe os outros discípulos: «Vimos o Senhor». Mas ele respondeu-lhes: «Se não vir nas suas mãos o sinal dos cravos, se não meter o dedo no lugar dos cravos e a mão no seu lado, não acreditarei». Oito dias depois, estavam os discípulos outra vez em casa e Tomé com eles. Veio Jesus, estando as portas fechadas, apresentou-Se no meio deles e disse: «A paz esteja convosco». Depois disse a Tomé: «Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; aproxima a tua mão e mete-a no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente». Tomé respondeu-Lhe: «Meu Senhor e meu Deus!». Disse-lhe Jesus: «Porque Me viste acreditaste: felizes os que acreditam sem terem visto». Muitos outros milagres fez Jesus na presença dos seus discípulos, que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para acreditardes que Jesus é o Messias, o Filho de Deus, e para que, acreditando, tenhais a vida em seu nome. [Jo 20, 19-31]

terça-feira, 26 de abril de 2011

Novo Provincial e Conselho da Ordem


A Ordem Dos Padres Carmelitas Descalços nomeou hoje, em Capítulo, o seu novo Provincial: Frei Joaquim Teixeira.
Também foram nomeados os membros do novo Conselho Provincial: P. Agostinho Leal (I Conselheiro); P. Alpoim Alves Portugal (II Conselheiro); P. Pedro Lourenço Ferreira (III Conselheiro); P. Vasco Nuno Tavares da Costa (IV Conselheiro). 
Muitas felicidades a todos para o novo triénio que começa!
Rezamos pela sua missão!

sábado, 23 de abril de 2011

DOMINGO DE PÁSCOA


Depois do sábado, ao raiar do primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram visitar o sepulcro. De repente, houve um grande terramoto: o Anjo do Senhor desceu do Céu e, aproximando-se, removeu a pedra do sepulcro e sentou-se sobre ela. O seu aspecto era como um relâmpago e a sua túnica branca como a neve. Os guardas começaram a tremer de medo e ficaram como mortos. O Anjo tomou a palavra e disse às mulheres: «Não tenhais medo; sei que procurais Jesus, o Crucificado. Não está aqui: ressuscitou, como tinha dito. Vinde ver o lugar onde jazia. E ide depressa dizer aos discípulos: 'Ele ressuscitou dos mortos e vai adiante de vós para a Galileia. Lá O vereis'. Era o que tinha para vos dizer». As mulheres afastaram-se rapidamente do sepulcro, cheias de temor e grande alegria, e correram a levar a notícia aos discípulos. Jesus saiu ao seu encontro e saudou-as. Elas aproximaram-se, abraçaram-Lhe os pés e prostraram-se diante d’Ele. Disse-lhes então Jesus: «Não temais. Ide avisar os meus irmãos que partam para a Galileia. Lá Me verão». [Mt. 28, 1-10]

Santa e Feliz Páscoa!


Nesta Páscoa, deixa que a gota que morrendo na Cruz por
Amor, salvou o mundo para sempre, ressuscite no teu
coração e assim tu também te tornes numa gota de
esperança e de Amor.
O movimento CARMO JOVEM deseja aos jovens
carmelitas, leigos em movimento, aos que levam o
Carmo (jovem) no coração e a todos os que vão
carminhando connosco, uma SANTA E FELIZ
PÁSCOA na paz e na alegria do Senhor...
Ressuscitado!

NESTA PÁSCOA LEVA A GOTA 
RESSUSCITADA NO CORAÇÃO!

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Um Pastorinho

"Um Pastorinho, só, está penando,
Privado de prazer e de contento,
Posto na pastorinha o pensamento,
Seu peito de amor ferido, pranteando.

Não chora por tê-lo o amor chagado,
Que não lhe dói o ver-se assim dorido,
Embora o coração esteja ferido,
Mas chora por pensar que é olvidado.

Que só o pensar que está esquecido
Por sua bela pastora, é dor tamanha,
Que se deixa maltratar em terra estranha,
Seu peito por amor mui dolorido.

E disse o Pastorinho: Ai, desditado!
De quem do meu amor se faz ausente
E não quer gozar de mim presente!
Seu peito por amor tão magoado!

Passado tempo em árvore subido
Ali seus belos braços alargou,
E preso a eles o Pastor ali ficou,
Seu peito por amor mui dolorido."

São João da Cruz

Notas Finais II - XVII CARMINHADA 16 ABR'11


 Não direi como a Ana e o Pedro que saímos era ainda o tércio em que as galinhas sonham e os pardais lavam a cara. Mas era, isso sim, bastante cedo. Quem vai para o mar avia-se em terra, e nós íamos para um mar de pedra, para uma desafiadora montanha que nos poria à prova.
A XVII Carminhada foi quase sempre a subir, a subir, a suar.
A condução do Zé é suave. Um embalo que embala o dia. Uma confiança que nos anima a carminhar. Por isso a chegada a Paços de Gaiolo foi mais fácil do que eu acreditei que pudesse ser, mas também é verdade que éramos menos grupos por quem esperar. Assim sendo, estrangeiros éramos os de Viana do Castelo e de Caíde de Rei, a Beatriz da Gafanha da Nazaré e a Lúcia de Avessadas que chegou em taxista privativo. Ah, rapariga! Assim é que é! Oitenta no total.
A organização mostrou estar à altura desde a primeira hora. Três carrinhas de nove lugares puseram toda a gente na Prainha em menos de um suspiro. Não, não foi rapidamente. Foi calma e diligentemente.
O começo é sempre excitante, ainda que a Maria João trema e nunca saiba o que há-de dizer. Mas, ó rapariga, visto que tanto gostas de Santa Teresa porque não falas tu dela e te inspiras nela e no que ela gostava de dizer aos jovens? Faz de conta! Faz de conta que os miúdos estão ali para ouvir-te. Porque estão ali para ouvir-nos falar das nossas amizades com Jesus e com Teresa. Eles precisam desses amigos e dos amigos que eles fizeram depois deles e antes dos jovens. Por isso, para a próxima não tremas, fala-lhes de amizade. E vais ver que isso resulta!
Até um megafone tínhamos! Verdade que falhou na primeira intervenção, mas não falharia mais. Nem falhará o Duarte – Sr. Duarte, fachavor! – durante todo o dia. Na véspera sacrificara uma mão nos espinhos das palmeiras, mas hoje apresentará o microfone da Paróquia onde houver uma voz que precise de erguer-se, um cântico para cantar-se, uma oração para dizer-se.
Aquilo na Prainha foi rápido, porque o queríamos mesmo era subir. Vamos subir tanto, perguntaram-me? E é se queres comer e dizer que no dia Mundial da Juventude subiste uma montanha em honra de Quem ama preferencialmente os jovens!
E lá subimos.
A primeira subida foi enganosa. Ligeira e enganosa. Fomos pela orla do Rio Douro, porque era à beira do Douro que nos encontrávamos. Não, não era o Alto Douro. Era o Douro do Douro Litoral. Um Douro verde, rasgadinho, encrespado, acaçapado e desafiador. Fomos andando por ali. Ó Duarte, disse eu, que espectacular deveria ser uma carminhada entre Ribadouro e Paços de Gaiolo! Sempre à beira-rio. Sempre ao verde. A dar de beber rios de fé aos jovens! Eu tenho lá conhecimentos, disse-me ele. Não é coisa difícil de organizar. Ó Ana, disse eu à Ana, que vinha no segundo carro, uma das próximas carminhadas será em Tongóbriga, que nos fará mergulhar na história a fim de nos livrar do acne juvenil que traz convencidos de que os de agora somos os maiores! Eu conheço bem a zona, responde-me ela. Isto vale bem um passeio! E nem imagina quanta fé dorme entre estas pedras! Assim se fará, remato eu.
E entretanto vamos já verdadeiramente enfunados vereda adiante, in media res como diria o Camões, num aprazível aquecimento muscular. Tão aprazível que quando chegarmos à Cruz Branca não será fácil calar o chilreio do pardal que há em cada aurícula dos jovens carmelitas ali presentes. Por fim lá conseguimos parar e calar-nos naquele lugar de secreto encanto, tão mais secreto por não ser com os olhos da cara que se percebe o segredo dele. O Frei Daniel cantou o Cântico das Criaturas e nós secundámo-lo, e o rio e as montanhas, a albufeira e os arroios, os grilos e as rolas, os caminhos e os ares, as bogas, os mosquitos e as ervas juntaram-se a nós. Tudo cantou e gritou de alegria!
Mas havia que seguir. Dar mais um passo. Porque íamos passo a passo com Teresa, com o Senhor, pelos caminhos da vida, com paixão, acompanhando a sua Paixão. Seguimos pois mais um passito ameno. O caminho não tardaria a empinar. Lá à frente ia o capitão e os subcapitães da Equipa de Juvenis do Futebol Clube de Paços de Gaiolo. Entre os três têm poucos golos marcados, pois são defesas. Mas não tem mal. Se se tratar de subir um montanha, ela que venha! Que se não vier, vão eles. Parecerão insaciáveis! Subirão como um Falcao em busca do golo e do cume mais glorioso! Eu que os acompanhava, melhor, eu que os acompanhava com os olhos meditava com gosto o quanto é belo o lema e o nome que escolheram para o seu grupo de jovens cristãos: Segue-me! E eu seguia-os, deixava-me levar por elas. Trepava por aquelas veredas imensas que hão-de ser uns curtos doze quilómetros, mas serão tão duros que só confiando no Segue-me evangélico eu consegui subi-las.
A Ana Maria tratou-nos como filhos. Deu-nos água, muita água, e zelou para que tudo corresse bem. Esperou por nós e animou-nos, deu-nos cocos e bolinhos de amor, por forma a que se alguém desanimasse – e não faltou quem julgasse impossível subir aquilo tudo – o amor o puxaria para a frente. O Sr. Manuel consagrou-se também à causa, e habituado que anda a olhar caras e ler cansaços olhava-nos a ver se algum desistiria. Não desistiu. Mas aqui e ali foi dando umas boleias. O Sr. João também. Tudo malta da maior, tudo gente impecável.
Eu já cruzara antes aquelas montanhas, mas de carro. Sempre de carro. E sempre me apercebera do que sofre um carro para subir aquelas penhas! Hão-de levar ali a Volta a Portugal, que eu quero vê-los subir de bicicleta! E se estiver sol, sol daquele belo como Deus nos deu naquele sábado antes dos Ramos, eu quererei ver como trepariam as bicis! Nós trepámos com um sol belo nas costas e uma brisa que acabou por ser suave. Era um sol quente que obrigava a buscar as sombras que nem sempre nos acompanharam.
Não sei que mais se diga daquela carminhada, senão que foi mais uma escalada bem conseguida. Fique outra imagem. A meio três homens de mãos calosas, erguiam um muro debaixo daquele sol espesso. Passámos três vezes por eles. À primeira não falaram porque estavam surpreendidos com a nossa inexplicável presença; à segunda meteram conversa, mas nós tínhamos de caminhar a fim de preparar uma procissão. À segunda, vínhamos nós de regresso e eles mostram-nos dois garrafões de vinho – um vazio e outro meado – para nos animar. Ninguém bebeu, porque cada um se anima com o que quer, embora, verdade seja dita, o muro se encontrasse direito, alinhado e belo. Mas à custa de sol e de vinho e do saber e dos segredos que alguns ainda conservam de fazer um muro, com mole e duro.
Como noutro lugar alguém já disse chegámos todos por fim ao Calvário. É um montículo bonito, quase perfeito, quase bíblico, com um enorme pinheiro também ele bíblico, talvez até abraãmico. Aconchegou-nos como uma mãe sob a sua larga copa. A Ana Maria e o David que entretanto acordara deram-nos água, mais água, muita água fresca. E que bem sabia a água!
O Monte do Calvário de Paços de Gaiolo só tem duas cruzes, de maneira que ou imaginamos a terceira, ou somos nós que carregamos a terceira, ou hão-de lá colocar a terceira, ou então aquele mais parecerá o Monte das Bem-aventuranças! Que linda colina, que sombra suave, que descanso, que paz! E Teresa acompanhou-nos mais uma vez no descanso e na oração.
Faltava subir até à Escola Professor Marçal Grilo, a tal que foi construída porque a educação de dez crianças merece esse esforço orçamental!
Afinal, o Calvário não era o fim do subir!
Por isso lá subimos o que estava em falta!
Fomos do Calvário à Escola em meia hora. Para espanto dos vizinhos daquela terra subimos aquele empinado em trinta minutos! Coisa inesperada e nunca vista. Está feito, e por isso registe-se. Na Escola sentimo-nos bem, muito bem. Qualquer miúdo de hoje se sente ali bem. O recreio era grande e tinha uma bola; a escola tinha um alpendre com mesas e cadeiras. As mesas tinham pão e acepipes vários que não reconheci a todos, broa, aperitivos e carne grelhada, água, sumos e vinho fresco da terra. Faltou o cabrito, mas aquela não era a Última Ceia. Nem houvera necessidade que fosse. Aliás, ele fica bem na última e aquela era só a primeira.
Eu comi alface fresca bem temperada. Não desgostei do almoço, bem pelo contrário. Fui até surpreendido pelo almoço, aliás, fomos todos surpreendidos pelo almoço, a tal ponto que quem chegou a abrir as mochilas teve de as fechar e aproximar-se das mesas! Eu gostei tudo no almoço, da companhia bem disposta e trabalhadora às iguarias. Mas naquele almoço eu gostei mesmo foi da alface! Verdinha! Fresquinha! Bem temperada! Eu nunca comi uma alface assim, tão fresca e no alto dum monte, no pátio dum lugar onde as letras sabem a comida! O grilo que há em mim rejubilou e nas suas memórias afectivas mais suculentas guarda agora secretamente aquele belo, fresco e basto repasto.
Tudo tem um fim. E naturalmente ele chegou. Mas só chegou depois de cantarmos os Parabéns à Ana Maria e de vermos um vídeo realizado pelos Spielgbergues do lugar que cronicaram em imagens as suas andanças pelo Carmo Jovem. Verdade se diga, que eram todas de carminhadas bem mais suaves que aquela que nos fizeram sofrer.
Pés pois ao caminho. Era já da banda da tarde.
Subimos um pouco mais até Igreja de Fandinhães que em tempos idos foi desmantelada até só restar pouco mais que o presbitério. O que resta é um resto muito belo, um restinho acolhedor onde inexplicavelmente coubemos os 80 que éramos! Na penumbra e um pouco no aperto lá rezámos, para que não se diga que aquele lugar sagrado de oração já não acolhe queira erguer o coração a Deus!
Seguimos em frente, que a subida acabara. Enveredamos para o Lugar de Gaiolo, ou pelo menos o berço de Paços de Gaiolo. São umas casinhas pequeninas, típicas, de pedra tosca, mas que valem bem uma visita. Por ali fomos. O acesso não é de todo fácil, mas o Presidente da Junta de Freguesia, Sr. Manuel Vieira, quis receber-nos bem e mandou cortar a erva que impediria a nossa passagem. Simpatia que não saberemos pagar. Fique ainda aqui um aparte para agradecer as palavras sentidas e oportunas com que nos saudou depois do repasto do meio-dia. Naquele pequeno discurso que nós sublinhámos com palmas, falou-nos de João Paulo II – o Papa dos jovens. E de como ele nos queria fortes e corajosos, sem medo pelos caminhos do mundo! Oportuno, sim senhor.
A passagem pelo berço de Gaiolo foi rápida, mas ficou a boiar a ideia de lá voltar, calmamente, para ver e fotografar, para passar pela tasca de pedra desde onde nos saudaram espantados a nós que íamos quase esbaforidos.
Regressados à Estrada Nacional foi sempre a descer, que é bem pior que subir. Por fim chegámos ao Cruzeiro, debaixo dum sol quente mas não inclemente. Ainda assim abrigámo-nos para nos refrescarmos e descansarmos. Depois do descanso benzemos os ramos, lemos o Evangelho da Entrada em Jerusalém e escutámos uma pequena exortação que visava tirar-nos o gás, para depois o incendiar numa bela e prolongada aclamação do Senhor já dentro de portas da Igreja de São Clemente de Paços de Gaiolo.
Destaque aqui para a chegada dos nossos bébés Dinis e da Beatriz nas cadeirinhas dos carros dos papás; eles são sempre oportunos, pois nunca se esquecem de nos trazer os pais. Bem hajam. A Ana e o Marco, namorados, sempre que podem também não faltam; ainda que a Ana tenha de vir de Castelo Branco!
Da celebração mais poderia ser dito, mas não melhor dito que pela Ana e pelo Pedro. Registo apenas para algumas palavras do Frei João, na homilia – finalmente uma homilia curta, Frei João!
Como era celebração do Dia Mundial dos Jovens saudou-nos como tal, especialmente os que vieram de longe e os que colaboraram na Organização: Ana Maria, Beatriz, Duarte, Francisco, Grupo Segue-me, Sr. João, Sr. Manuel, Sónia, Vanessa. Porque os grandes eventos precisam de pequenos e grandes cuidados, de pequenos e grandes corações, de pequenos e grandes trabalhos! E até o David e o João ajudaram!
Depois disto, o Frei João disse o que já sabíamos: Que só um foi Santo, só um foi bom! Tão bom que o melhor que lhe acharam foi carregar-lhe a cruz depois de O condenar e flagelar e, por fim, crucificaram-nO na cruz no Monte Calvário. Ele era bom e santo e não merecia nenhum do mal do que lhe fizeram! O seu percurso  com a cruz foi pequeno, de menos de um quilómetro. Mas foi o único a não merecer fazê-lo. Por sua vez, a nós tocou-nos um percurso doze vezes maior, muito mais empinado. Difícil, sim. Duro, também. Mas não tão duro e imerecido como o de Jesus.
O dia 16 de Abril fica na nossa memória por termos subido corajosamente durante 12 quilómetros. Íamos bem, seguros, frescos, com amigos, aconchegados e algumas vezes a rezar. Jesus fez o seu calvário de maneira bem diferente e dolorosa.
Foi por isso que carminhámos em Paços de Gaiolo. Que aquele percurso de fé nos anime a nunca desistir de honrarmos Jesus com a nossa vida, porque Ele ofereceu a Sua para salvar a nossa. Que em nossos dias, cada dia, demos um passo e outro passo, contemplando um passo da Paixão por Jesus, que através dela nos salvou.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Notas Finais I - XVII CARMINHADA - 16 ABR'11 Paços de Gaiolo

O dia começou cedo!
Ainda as galinhas se enroscavam nos poleiros e os pardais davam os últimos suspiros de sono, já o casal Caramez se apressava para o encontro marcado com os jovens do Carmo. A missiva não deixava margens para dúvidas: 6.15h na porta do Convento!
Quando chegámos, já lá estava a Fiúza (confesso que não sei o nome da moçoila) e a Laura e, aos poucos, foram chegando a Joaninha, a João, o Bruno, o Zé, o Frei Daniel e o Frei João.
Após umas breves apresentações, uma vez que eu e o Pedro somos novos nestas andanças, seguimos viagem rumo a Paços de Gaiolo.
À medida que a viagem prosseguia, o dia ia nascendo. Como seria esta carminhada? Quem participaria? O que iríamos encontrar em Paços de Gaiolo? Eram as interrogações que nos absorviam os pensamentos. E como já era hora e era necessário revitalizar o corpo, parámos para um revigorante cafezinho.
Esperávamos também pelo autocarro que vinha de Caíde de Rei com mais carminheiros.
Todos reunidos, continuamos viagem. À nossa espera estava um grupo considerável de jovens, rapazes e raparigas, homens e mulheres, que dispuseram do seu Sábado por algo maior, “Um passo da Paixão por dia”.
Nas margens do Douro, na Prainha, reunimo-nos em círculo e iniciámos a nossa viagem sempre inspirados pelas palavras de Teresa e animados pela força de Deus. Foi arrepiante ver tantos jovens unidos pelo mesmo princípio e com o mesmo objectivo. Partimos!
Sol, uma leve brisa e o chilrear da passarada eram a nossa companhia. E lá no alto, ELE inspirava-nos.
Paramos na Cruz Branca, local simultaneamente simples e majestoso.
As dificuldades da travessia do Douro em tempos que já lá vão, motivaram os comerciantes do vinho do Porto que por lá passavam nos barcos rabelos, a construir umas Alminhas nas margens do rio para que estas velassem por quem lá passava. Posteriormente, foi lá colocada uma cruz branca que por instantes me lembrou a cruz branca da Calvário da família Caramez que está na Igreja do Carmo em Viana… (Mas adiante). De branco puro, simples, calmo e tranquilo como aquele lugar. Após reflexão, cânticos e oração, seguimos. O percurso seria agora mais ingrato, mais íngreme, mais duro mas o calor que aquecia o coração ajudava a superar os constrangimentos. Afinal, tudo era feito por ELE que tanto fez por nós!
O terceiro local de paragem foi o Calvário do lugar.
Foi duro lá chegar (pelo menos para mim!). Por breves momentos, instalou-se na minha alma um desejo de fugir pois jamais chegaria ao fim da jornada. Mas tão depressa este sentimento apareceu como se foi, pois uma mão amiga me deu um sopro de força. Com prossegui.
No sopé de uma pequena elevação, ali estava o Cruzeiro. Em redor, um conjunto significativo de casas e a Natureza com os seus tons tão verdes, tão amarelos, tão abençoados por Deus.
Seguimos viagem até à antiga Escola Primário Marçal Grilo e um faustoso repasto nos esperava. Faustoso nas iguarias mas sobretudo na Amizade, na partilha e na disponibilidade das gentes de Paços de Gaiolo. Foi marcante esta descoberta: há muita gente boa ao nosso redor.
Em amena cavaqueira lá estivemos todos unidos pelo mesmo Pai.
Barriguinha cheia, partimos para apreciar, valorizar e rezar no que resta da Capela de Fontinhães, uma pequena ermida do período medieval que o progresso da História levou à sua desactivação como Igreja Matriz. As pedras que lá faltam, encontram-se na actual Igreja Paroquial de Paços de Gaiolo. (Registei no meu bloco de apontamentos: local a visitar novamente!)
Enquanto lá estivemos, pensei “Que felizes tempos aqui se viveram, lá longe na História… que sorte tinham os seus fregueses com a possibilidade de orar num local tão imponente, quase quase a tocar os céus”.
Prosseguimos pelos caminhos antigos da povoação. Os habitantes descansavam da labuta árdua no campo e simpaticamente nos davam as boas tardes.
Depois foi sempre a descer a montanha. As pernas tremiam, o calor apertava mas algo maior nos esperava.
Após oração e os preparativos necessários, rumámos em peregrinação, silenciosamente, com os ramos de oliveira nas mãos, para a Igreja onde se realizou a Eucaristia.
Mas não foi uma missa qualquer, foi outra coisa. Foi um encher a alma, foi um aquecer o coração, foi um renovar a e a ESPERANÇA, foi sentir DEUS mais perto, foi um conjunto considerável de palavras boas que não consigo reproduzir. Porque só estando lá é que se percebe e entende.
Foi a 17ª Carminhada de Paços de Gaiolo.
O dia rematou-se com o lanche, a tradicional bica para aconchegar, não sem antes passar por Tongobriga e recordar os meus tempos de estudante.
E agora, resta-me (resta-nos) agradecer a possibilidade que tive (tivemos) em conhecer gente tão boa, agradecer a simpatia do grupo de Viana que tão pacientemente nos acolheu  e ao Frei João, obrigado por ser nosso amigo!

Ana Margarida e Rui Pedro Caramez

domingo, 17 de abril de 2011

XVII CARMINHADA - Paços de Gaiolo 16ABR'11

O Carmo Jovem celebrou o Dia Mundial da Juventude em Paços de Gaiolo, na sua XVII Carminhada.
O Douro, o Sol, o vento,
os amigos, o convívio, o caRminho,
o silêncio, a oração, a partilha,
os cocos, as cavacas, o almoço,
os ramos, as palmeiras, a cruz,
os jovens, os casais e os bebés,
todos fizeram parte da XVII Carminhada.


















sábado, 16 de abril de 2011

DOMINGO DE RAMOS NA PAIXÃO DO SENHOR

Naquele tempo, Jesus foi levado à presença do governador Pilatos, que lhe perguntou:
«Tu és o Rei dos judeus?».
Jesus respondeu:
«É como dizes».
Mas, ao ser acusado pelos príncipes dos sacerdotes e pelos anciãos, nada respondeu.
Disse-Lhe então Pilatos:
«Não ouves quantas acusações levantam contra Ti?».
Mas Jesus não respondeu coisa alguma, a ponto de o governador ficar muito admirado.
Ora, pela festa da Páscoa, o governador costumava soltar um preso, à escolha do povo. Nessa altura, havia um preso famoso, chamado Barrabás. E, quando eles se reuniram, disse-lhes Pilatos:
«Qual quereis que vos solte? Barrabás, ou Jesus, chamado Cristo?».
Ele bem sabia que O tinham entregado por inveja. Enquanto estava sentado no tribunal,
a mulher mandou-lhe dizer:
«Não te prendas com a causa desse justo, pois hoje sofri muito em sonhos por causa d’Ele».
Entretanto, os príncipes dos sacerdotes e os anciãos persuadiram a multidão a que pedisse Barrabás e fizesse morrer Jesus. O governador tomou a palavra e perguntou-lhes:
«Qual dos dois quereis que vos solte?».
Eles responderam:
«Barrabás».
Disse-lhes Pilatos:
«E que hei-de fazer de Jesus, chamado Cristo?».
Responderam todos:
«Seja crucificado».
Pilatos insistiu:
«Que mal fez Ele?».
Mas eles gritavam cada vez mais:
«Seja crucificado».
Pilatos, vendo que não conseguia nada e aumentava o tumulto, mandou vir água e lavou as mãos na presença da multidão, dizendo:
«Estou inocente do sangue deste homem. Isso é lá convosco».
E todo o povo respondeu:
«O seu sangue caia sobre nós e sobre os nossos filhos».
Soltou-lhes então Barrabás. E, depois de ter mandado açoitar Jesus, entregou-lh’O para ser crucificado. Então os soldados do governador levaram Jesus para o pretório e reuniram à volta d’Ele toda a coorte. Tiraram-Lhe a roupa e envolveram-n’O num manto vermelho. Teceram uma coroa de espinhos e puseram-Lha na cabeça e colocaram uma cana na sua mão direita. Ajoelhando diante d’Ele, escarneciam-n’O, dizendo:
«Salve, Rei dos judeus!».
Depois, cuspiam-Lhe no rosto e, pegando na cana, batiam-Lhe com ela na cabeça. Depois de O terem escarnecido, tiraram-Lhe o manto, vestiram-Lhe as suas roupas e levaram-n’O para ser crucificado.
Ao saírem, encontraram um homem de Cirene, chamado Simão, e requisitaram-no para levar a cruz de Jesus. Chegados a um lugar chamado Gólgota, que quer dizer lugar do Calvário, deram-Lhe a beber vinho misturado com fel. Mas Jesus, depois de o provar, não quis beber.
Depois de O terem crucificado, repartiram entre si as suas vestes, tirando-as à sorte, e ficaram ali sentados a guardá-l’O. Por cima da sua cabeça puseram um letreiro, indicando a causa da sua condenação:
«Este é Jesus, o Rei dos judeus».
Foram crucificados com Ele dois salteadores, um à direita e outro à esquerda. Os que passavam insultavam-n’O e abanavam a cabeça, dizendo:
«Tu que destruías o templo e o reedificavas em três dias, salva-Te a Ti mesmo; se és Filho de Deus, desce da cruz».
Os príncipes dos sacerdotes,  juntamente com os escribas e os anciãos, também troçavam d’Ele, dizendo:
«Salvou os outros e não pode salvar-Se a Si mesmo! Se é o Rei de Israel,
desça agora da cruz e acreditaremos n’Ele. Confiou em Deus: Ele que O livre agora, se O ama, porque disse: ‘Eu sou Filho de Deus’».
Até os salteadores crucificados com Ele O insultavam.
Desde o meio-dia até às três horas da tarde, as trevas envolveram toda a terra. E, pelas três horas da tarde, Jesus clamou com voz forte:
««Eli, Eli, lemá sabactáni?»,
que quer dizer:
«Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonastes?».
Alguns dos presentes, ouvindo isto, disseram:
«Está a chamar por Elias».
Um deles correu a tomar uma esponja, embebeu-a em vinagre, pô-la na ponta duma cana e deu-Lhe a beber.
Mas os outros disseram:
«Deixa lá. Vejamos se Elias vem salvá-l’O».
E Jesus, clamando outra vez com voz forte, expirou.
Então, o véu do templo rasgou-se em duas partes, de alto a baixo; a terra tremeu e as rochas fenderam-se. Abriram-se os túmulos e muitos dos corpos de santos que tinham morrido ressuscitaram; e, saindo do sepulcro, depois da ressurreição de Jesus, entraram na cidade santa e apareceram a muitos. Entretanto, o centurião e os que com ele guardavam Jesus, ao verem o tremor de terra e o que estava a acontecer, ficaram aterrados e disseram:
«Este era verdadeiramente Filho de Deus». [Mt 27, 11-54]

quinta-feira, 14 de abril de 2011

XVII CARMINHADA - Paços de Gaiolo 16ABR'11



Inscrições:
carmojovem@gmail.com

A Cruz Branca


(Não é especialmente bela, mas é dela que vou falar.)
Vá à varanda, é o meu convite.
A varanda neste caso é Paços de Gaiolo, em Marco de Canaveses. Se visitar o Santuário do Menino Jesus de Praga, recomendo-lhe que regressando à sede do Concelho pergunte ali por onde se vai a Paços. Toda a gente saberá indicar-lhe a Estrada Larga, que lhe abre a porta para a segunda peregrinação do dia.
O que lhe aparecer pela frente é digno de nota, e até vale uma canção. Se souber cantar o Hino das Criaturas, cante; o que lhe enxagua os olhos bem o merece! Mas não se detenha! Poderia parar nos doces do Freixo e comprar. Mas há coisas mais doces. Poderia parar nas ruínas vetustas de Tongobriga. Mas há coisas mais antigas.
Vá à varanda. É sempre em frente. Em caso de dúvida pergunte. Se perguntar onde fica a Barragem do Carrapatelo também dá. Quando chegar desça para a barragem. Depois, a um lanço de metros que agora não sei medir, guine à esquerda, em direcção à Prainha. A condução não será fácil, por ser um empedrado muito estreito e a pique. Os locais garantem, porém, que até um autocarro de gente já desceu ao rio!
Ali pode descansar, dormir a sesta, rezar, piquenicar e até banhar-se.
Quando lá fui a Primavera ainda não tinha rebentado. A natureza jazia escura, como fundo e escuro é o rio também. Não há muito para onde olhar: ou se olha para o rio escuro, ou para as margens que trepam por ali acima e lhe entaimpam a vista. Não se vê muito, de facto. O arruamento está limpo e asseado. Siga para montante, porque em direcção à foz logo encontraria o muro e as comportas da barragem. E se por ali há grandes quintas abandonadas e desprezadas também há quintaizinhos de gente pobre ou remediada que sabe ainda duma cavadela arrancar batatas e feijões, e do ar tirar uma pinga de vinho e outra de azeite. E também há cascatas que se não vêem mas se ouvem e nos dançam nos ouvidos. E no resto vamos por ali, andando, andando, num passeio que sabe a refresco.
Um passeio que a mim muito impressionou quando o fiz.
Algures, sem pré-aviso, há uma fraga. Uma fraga rija que se adentra ligeiramente pela albufeira e que em tempos enfrentou o Douro como um aríete. É de respeito. Dizem os dali que os rabelos carregados de vinho generoso, depois do Porto, se aproximavam para comerciar uma dormida mais fofa, umas broas frescas, um capão, uns ovos e até uns vegetais. E em troca recebiam um cântaro daquele bálsamo que ajudava a sonhar em português antes de embalar os charutos dos lordes ingleses.
É nessa fraga que se encontra a Cruz Branca. Como digo não é especialmente bela. E nem todos se aproximam dela. Infunde um certo respeito por falar ao antigo, por ser branca no meio de tanto escuro, por sei lá, por falar de dores antigas e esperanças perdidas. Ali rezei um Padre Nosso, e quando dela me lembro vem-me logo à memória a desmesura do esforço de fazer boiar rio abaixo um rabelo carregado de vinho.
(E o que não seria trazê-lo de regresso a casa!)
Se um corpo precisa de veias e artérias para que se lhe reguem os órgãos e os músculos, também o da mãe terra precisa de rios que lhe reguem a alma e o ventre para que à gente dê flores, esperanças e filhos.
Quanta água não leva o Douro! E quantas pingas tintas não recebeu ele nas suas águas, à moda da immixtio que o sacerdote procede no cálice eucarístico!
Aquela Cruz Branca infunde-me terror. Um terror sagrado, direi. A fraga em que se assentam os pés parece-me um altar donde ainda hoje se erguem orações, qual montanha de puro incenso prenhe de tanto sacrifício humano! Quem me dirá as vidas que o rio tragou? Que canção cantará tanta dor ali arrimada? Quem me falará dos seus tenros órfãos e das suas viúvas negras? Quem contou o suor dos que para salvar o lucro dum ano se esbaforiram no afago das fragas a fim de evitar o rombo no barco? Como seriam aquelas noites mal dormidas e as crespas manhãs de nevoeiro espesso? E que tremeluz não significaria aquela Cruz Branca?
Sim, já o disse. Aquela fraga é um altar com a sua cruz branca no meio. Ali se consagrou o sacrifício dum povo pobre que bebia a vida do rio e a caridade de quem sendo pobre restava no aconchego das margens e nas courelas de centeio.
Aquela Cruz Branca mais tosca que bela, hei-de visitá-la outra vez. Visitá-la-ei em peregrinação. Irei por respeito ao rio e às suas rijas gentes. Aos que o amaram e o beberam, e aos que lhe escanhoaram as margens com a enxada e a foicinha. Irei de novo àquela Cruz Branca e não irei só. Irei por respeito ao sacrifício de Jesus, dom derramado para nós em todas as veias da terra. E por respeito ao sacrifício dos que ali ergueram um naco de cultura e fundearam a fé. Irei de novo ali, cansado dos ventos que me rasgam as velas e estraçalham os mastros. Irei como quem ao aproximar-se a noite escura ali precisa de ancorar.
Às nove horas do próximo dia 16 de Abril irei rezar junto da Cruz de Paços de Gaiolo, que não é bela mas é branca.
Frei João Costa


XVII CARMINHADA - Paços de Gaiolo 16ABR'11


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sábado, 9 de abril de 2011

DOMINGO V DA QUARESMA

Naquele tempo, as irmãs de Lázaro mandaram dizer a Jesus: «Senhor, o teu amigo está doente». Ouvindo isto, Jesus disse: «Essa doença não é mortal, mas é para a glória de Deus, para que por ela seja glorificado o Filho do homem». Jesus era amigo de Marta, de sua irmã e de Lázaro. Entretanto, depois de ouvir dizer que ele estava doente, ficou ainda dois dias no local onde Se encontrava. Depois disse aos discípulos: «Vamos de novo para a Judeia». Ao chegar lá, Jesus encontrou o amigo sepultado havia quatro dias. Quando ouviu dizer que Jesus estava a chegar, Marta saiu ao seu encontro, enquanto Maria ficou sentada em casa. Marta disse a Jesus: «Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido. Mas sei que, mesmo agora, tudo o que pedires a Deus, Deus To concederá». Disse-lhe Jesus: «Teu irmão ressuscitará». Marta respondeu: «Eu sei que há-de ressuscitar na ressurreição do último dia». Disse-lhe Jesus: «Eu sou a ressurreição e a vida. Quem acredita em Mim, ainda que tenha morrido, viverá; e todo aquele que vive e acredita em Mim, nunca morrerá. Acreditas nisto?». Disse-Lhe Marta: «Acredito, Senhor, que Tu és o Messias, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo». Jesus comoveu-Se profundamente e perturbou-Se. Depois perguntou: «Onde o pusestes?». Responderam-Lhe: «Vem ver, Senhor». E Jesus chorou. Diziam então os judeus: «Vede como era seu amigo». Mas alguns deles observaram: «Então Ele, que abriu os olhos ao cego, não podia também ter feito que este homem não morresse?». Entretanto, Jesus, intimamente comovido, chegou ao túmulo. Era uma gruta, com uma pedra posta à entrada. Disse Jesus: «Tirai a pedra». Respondeu Marta, irmã do morto: «Já cheira mal, Senhor, pois morreu há quatro dias». Disse Jesus: «Eu não te disse que, se acreditasses, verias a glória de Deus?». Tiraram então a pedra. Jesus, levantando os olhos ao Céu, disse: «Pai, dou-Te graças por Me teres ouvido. Eu bem sei que sempre Me ouves, mas falei assim por causa da multidão que nos cerca, para acreditarem que Tu Me enviaste». Dito isto, bradou com voz forte: «Lázaro, sai para fora». O morto saiu, de mãos e pés enfaixados com ligaduras e o rosto envolvido num sudário. Disse-lhes Jesus: «Desligai-o e deixai-o ir». Então muitos judeus, que tinham ido visitar Maria, ao verem o que Jesus fizera, acreditaram n’Ele.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

XVII CARMINHADA - Paços de Gaiolo 16ABR'11





ASPECTOS A TER EM ATENÇÃO:
* As Carminhadas são abertas a todos os jovens;
* Acolhimento às 9h00, junto ao restaurante “Vista Alegre” (cruzamento que dá acesso à Barragem de
Carrapatelo);
* A Carminhada é de média distância, e termina após a Eucaristia;
* Eucaristia às 16h00;
* O almoço será partilhado, devendo cada participante trazer de casa.
* Procura levar calçado confortável e já usado; roupa conveniente (um impermeável, guarda-chuva…);
* Haverá um carro-vassoura para transporte de mochilas e dos mais cansados, mas a maior honra
dos condutores é chegar sem passageiros;
* Carminha ligeiro de equipagem: Nem tudo é necessário para carminhar!
* Quem já participou noutras Carminhadas e tem a faixa “Levamos o Carmo (jovem) no Coração”,
deve levá-la.
CONFIRMAÇÃO
A confirmação de participação na Carminhada deverá ser efectuada até ao dia 10 de Abril para:
carmojovem@gmail.com



sábado, 2 de abril de 2011

CarmiQuadricharada - Solução

DOMINGO IV DA QUARESMA

Naquele tempo, Jesus encontrou no seu caminho um cego de nascença. Cuspiu em terra, fez com a saliva um pouco de lodo e ungiu os olhos do cego. Depois disse-lhe: «Vai lavar-te à piscina de Siloé»; Siloé quer dizer «Enviado». Ele foi, lavou-se e começou a ver. Entretanto, perguntavam os vizinhos e os que o viam a mendigar: «Não é este o que costumava estar sentado a pedir esmola?». Uns diziam: «É ele». Outros afirmavam: «Não é. É parecido com ele». Mas ele próprio dizia: «Sou eu». Levaram aos fariseus o que tinha sido cego. Era sábado esse dia em que Jesus fizera lodo e lhe tinha aberto os olhos. Por isso, os fariseus perguntaram ao homem como tinha recuperado a vista. Ele declarou-lhes: «Jesus pôs-me lodo nos olhos; depois fui lavar-me e agora vejo». Diziam alguns dos fariseus: «Esse homem não vem de Deus, porque não guarda o sábado». Outros observavam: «Como pode um pecador fazer tais milagres?». E havia desacordo entre eles. Perguntaram então novamente ao cego: «Tu que dizes d’Aquele que te deu a vista?». O homem respondeu: «É um profeta». Replicaram-lhe então eles: «Tu nasceste inteiramente em pecado e pretendes ensinar-nos?». E expulsaram-no. Jesus soube que o tinham expulsado e, encontrando-o, disse-lhe: «Tu acreditas no Filho do homem?». Ele respondeu-Lhe: «Quem é, Senhor, para que eu acredite n'Ele?». Disse-lhe Jesus: «Já O viste: é quem está a falar contigo». O homem prostrou-se diante de Jesus e exclamou: «Eu creio, Senhor». [Jo 9, 1.6-9.13-17.34-38]

sexta-feira, 1 de abril de 2011

O Livro de Eli, sobre o qual concordamos em discordar

(O V Entrefitas do Carmo Jovem ocorreu em Moinhos da Gândara, Figueira da Foz, no dia 19 de Março de 2011.)


A noite começou normal, exceptuando o pequeno atraso da praxe, que não foi grande, e apenas serviu para aumentar o suspense em relação ao filme que iríamos ver. Feitas as apresentações, cumprimentos e toda a vasta gama de salamaleques, cada um tomou o lugar que lhe era devido, havendo quem levasse ainda um pufe, para potenciar o conforto. Ainda antes do começo do filme, o grupo de jovens Somos Um presenteou o Carmo Jovem com um quadro que é difícil descrever por escrito, pela simbologia carregada de cada elemento, mas que apresentava a gota característica dos jovens carmelitas, envolta pelos pés característicos do logótipo do grupo de jovens anfitrião.


O filme, carregado de acção, suspense, violência e uma mensagem convoluta, suscitou um bom e acalorado debate no final, em que várias faixas etárias/culturais explicitaram os seus pontos de vista. No início, nada iria indicar as opiniões que iriam ser tão antitéticas. De um lado, os elementos mais jovens do grupo, que tentaram “espremer” um significado bom e inocente de um filme que, segundo outros, de inocente nada tinha. Como cada hipótese foi fundamentada com os devidos argumentos, chegou-se a uma conclusão de que se poderia tirar uma mensagem de esperança, de que a Palavra de Deus poderia dar significado a uma vida num mundo horrível; que poderia ser tão poderosa que homens lutariam para a obter. No entanto, o facto de o filme englobar essa mensagem numa manta comercial de violência, e o facto de na história o objecto ser uma bíblia e não um conjunto de todos os livros de todas as religiões, levou a que alguns elementos do grupo vissem a mensagem como uma acusação à fé cristã. De novo, uma hipótese extremamente bem fundamentada, que seria quase impossível de reproduzir aqui sem que esta perdesse o impacto que teve na altura. Houve elementos que salientaram que o filme enquanto arte tem o direito a apresentar uma mensagem algo ambígua; sendo essa opinião rebatida por outros que acreditam que a arte como tal tem de ter beleza, bondade e verdade. Depois de uma breve discussão artístico-filosófica, nenhuma das partes tomou o partido da outra. Ambas compreenderam o que a outra explicitava, mas discordando, concordaram em discordar e procrastinaram uma discussão mais aprofundada para um futuro próximo.

Como todos sabem, discutir matérias que requeiram pensamento suscita alguma necessidade de ingerir nutrientes, vulgo larica. Felizmente, os anfitriões tinham preparado uma mesa com bolos, sumos para os que queriam, chá e café para os que não bebiam sumo, e água para quem estava do contra. Enquanto falavam e trocavam impressões entre si, foram distribuídas pequenas lembranças em forma de bíblia, com ditos individualizados, a cada elemento do grupo. No final, antes de se arrumar a sala, todos assinaram uma faixa que será entregue à Irmã Raquel Maria de São João da Cruz, do Carmelo de S. Teresa em Coimbra, que nesse esmo dia, pela manhã, ali iniciara o Noviciado de Carmelita Descalça. Desde frases originais, a citações, a simples assinaturas, todos acharam dentro de si algo para dedicar a essa nossa heroína/amiga.

Feitas as despedidas, todos apresentavam o mesmo sorriso de noite bem passada, aliada a alguma saudade e expectativa pelo Entrefitas seguinte, que peca de tardio no coração de todos.

Jorge Graça
Grupo Somos Um