segunda-feira, 5 de julho de 2010

Carta do Carmelo de Santa Teresa aos Peregris




Queridos peregrinos do Carmo Jovem


que ides a caminho de Fátima sob o olhar de Deus e da Virgem Maria,
Dizer peregrinos de Fátima é o mesmo que dizer peregrinos da paz; todos somos peregrinos da paz: todos desejamos e anelamos por dias de paz, por viver em paz. Mas esta paz não será conseguida, enquanto não tomarmos a lei de Deus por norma e guia dos nossos passos. Ora toda a Mensagem de Fátima é uma chamada de atenção para essa lei divina. (Apelos, 3)
Na Mensagem de Fátima, Deus chama-nos a voltar o nosso olhar para a Sagrada Família de Nazaré, onde Ele quis nascer, crescer e santificar-Se, para nos apresentar um modelo a imitar, na senda dos nossos passos de peregrinos que caminham da terra para o Céu. (Apelos, 18)
Enquanto vivemos na terra, somos peregrinos a caminho do céu, se seguimos pela via que Deus nos marcou. ( Apelos, 22)
Caminhais em grupo, num clima de oração e aceitando com alegria todos os sacrifícios que impõe uma longa caminhada. A oração e o sacrifício são a base fundamental sobre a qual Jesus Cristo assenta a Sua missão sagrada de Mestre e Redentor. No nosso caminho, a doutrina de Jesus Cristo é luz e vida: seguindo -a estamos seguros de não errar. (Apelos, 19)
Como sois jovens e jovens carmelitas, quero falar-vos de modo especial da aparição de Nossa Senhora do Carmo aos três Pastorinhos no dia 13 de Outubro de 1917, em Fátima.
A aparição de Nossa Senhora do Carmo tem, a meu ver, o significado de uma plena consagração a Deus.
Fomos chamados e escolhidos por Cristo:
para segui-Lo, renunciando a nós mesmos e a todas as coisas da terra que nos podem afastar ou separar d’Ele;
para dar testemunho de Cristo, confessando-O até aos confins do mundo, proclamando e ensinando a Sua doutrina com a palavra e o exemplo: para sermos luz diante dos homens, de modo que eles vejam em nós a imagem de Cristo.
Pensemos nestas palavras de Jesus: «Não fostes vós que Me escolhestes, fui Eu que vos escolhi e vos destinei para irdes e dardes fruto, e o vosso fruto permanecer» (Jo 15,16). Fomos escolhidos para dar fruto e para que o nosso fruto permaneça: é a perseverança na fidelidade ao dom que recebemos de Deus e à nossa promessa de aceitação desse dom.
A missão das pessoas consagradas é trabalhar e santificar-se em união com Cristo pelo Reino dos Céus. Assim cada consagrado é um outro Cristo na terra!
A forma para cumprir esta missão é dar a vida: «Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, dá muito fruto» ( Apelos, 20)
Na aparição de Nossa Senhora do Carmo, pode-se descobrir outro significado: um apelo à santidade. Maria é, para todos nós, o modelo da mais perfeita santidade a que pode elevar-se uma criatura. Para nós que temos a felicidade de possuir o dom da fé, recebido no sacramento do Baptismo, o dever de ser santos obriga-nos a algo mais: a revestirmo- nos da vida sobrenatural, a dar a todas as nossas acções o carácter sobrenatural, isto é, a ser santos porque Deus o quer e porque Deus é santo. Ele mesmo nos guia os passos pelo caminho da santidade: «Eu Sou o Deus Anda na Minha presença e sê perfeito» (Gn 17, 1).
Andar na presença de Deus é dar-nos conta de que o Seu olhar repousa sobre nós, e todo o nosso ser como que está em frente do espelho da luz de Deus. E, assim, dando-nos conta de que Deus nos vê, não nos atrevemos a ofendê-lo; antes nascerá em nós a vontade de cumprir a Sua vontade, para Lhe agradar, dar gosto, merecer os Seus favores e graças e santificar-nos, para nos identificarmos com Ele. Aqui está para todos a verdadeira união com Deus; e é esta que nos santifica.
Assim, escolhidos por Deus para a santidade, procuremos corresponder a tal chamamento, com o melhor de nós mesmos, para o crescimento pessoal e para o proveito comum. Para isto fomos escolhidos e havemos de ser santos: para ser o louvor da glória de Deus e participar dessa mesma glória que d’Ele recebemos como graça.
Gostaria de vos deixar um desafio e um conselho de alguém que andou muitos caminhos e fez muitas peregri (também a Fátima):
Não tenhais medo de entregar tudo ao Tudo!
Deus quer precisar da vossa generosidade,
a Igreja e os outros precisam de vós!

Porque o mundo para mim foi um caminho para Deus, é aqui, junto de Deus, que hoje vos acompanho e olho com carinho por todos vós e pelas intenções que levais no coração.
Boa caminhada e quando chegares a Fátima lá estarei á vossa espera junto de Nossa Senhora!

Ir. Lúcia


31 de Maio de 2010
Festa da Visitação de Nossa Senhora
Carmelo de Santa Teresa – Coimbra