segunda-feira, 28 de março de 2011

Breve História do Camo Jovem: Primeiro testemunho: Alexandra Pinto.Tempos vividos a 200%!

Todos temos datas. Datas que nos marcam. Datas que são marcos. Que marcam extremas e fronteiras. 4 de Setembro de 2009 diz-te alguma coisa? Talvez não. É o mais certo e não há aí mal algum. 19 de Março de 2011 é outra data. Que te diz? Também nada. Ok. Também não tem mal. Mas sempre te direi que são datas especiais para o Carmo Jovem.
A primeira corresponde ao início do Noviciado do Ricardo Luis; a segunda ao do Noviciado da Verónica Parente.
É. Já antes dizia que são datas marcantes. Ele é agora Frei Ricardo Luis de Santa Teresinha, no Carmo do Porto; ela a Irmã Raquel Maria de São João da Cruz, no Carmelo de Coimbra.
Faz-se história. Fica marcada a extrema.
A actual Coordenação do Carmo Jovem achou por bem pedir a todos coordenadores do Movimento o testemunho sobre aqueles velhos e gloriosos tempos vividos a 200%!
O primeiro testemunho é, naturalmente, o da Alexandra Pinto, primeira Coordenadora do Movimento. É de Avessadas e foi do Sh’ma, grupo do Carmo Jovem. Hoje é gestora, tem 32 anos e serviu o Carmo Jovem de 1995 a 1999!

 

Raízes Impossíveis
(histórias de raízes que voam!)
É difícil precisar o tempo em que as influências carmelitas se fazem sentir na minha vida... Mas sempre direi que no início da década de 90, a presença do Carmelo fez-se sentir junto de muitos jovens. Nós sentíamos a chama a arder depois de aceitarmos o convite para sermos Carmo!
Em torno das principais casas carmelitas (Aveiro, Porto, Viana, Braga e depois Avessadas) um grupo de jovens atento a cada mensagem, a cada história a aprender... começou a criar raízes!
Mas os jovens querem cada vez mais; e quiseram criar uma identidade: o Carmo Jovem.
Depois quiseram mais... quiseram crescer e partilhar.
Um encontro nacional, depois outro, uma estrutura, planeamento, envolvimento com a comunidade, cada vez mais jovens, cada vez mais carmelitas. E passados poucos anos as raízes eram já difíceis; não difíceis, não, impossíveis de arrancar!
Mas... o que fez com que cada um, cada jovem, cada um de nós se unisse de tal maneira ao Carmo?
Muitos de nós éramos passarinhos acabados de sair do ninho e desejosos de voos, queríamos aprender a voar... E o voo começou em cada ninho do Carmo orientados por irmãos e irmãs dispostos a partilhar ensinamentos dos seus Pais.
E assim foi. Vivíamos cada vez mais envolvidos nesta família do Carmo. Cada momento de reunião ou encontro ou actividade era como a estar em casa, no nosso ninho, no nosso lar.
Levar a mais a nossa aprendizagem era um desejo e todas as oportunidades aproveitadas para aumentar o envolvimento com a comunidade.
Aquando dos encontros nacionais cada um, cada passarinho (de cada ninho) via espelhado noutros a mesma identidade isso fazia aquecer o coração, a alma e a vontade de continuar... de fazer mais, de fazer melhor, de partilhar aquele espírito indescritível que se sente quando de todos os lados chegam jovens que sendo aparentemente desconhecidos, conhecemos tão bem... conhecem o mesmo que nós, esperam o mesmo que nós... este espírito fez-nos partilhar momentos de grande intensidade, de amizade, de amor.
Os jovens pássaros que se iam juntando eram recebidos nos ninhos com o carinho que se recebe mais um elemento na família. E a família foi crescendo.
Ano após ano fomos melhorando a nossa forma de estar, a forma como nos organizávamos... sempre sob orientação dos nossos irmãos carmelitas desenvolvemos a nossa identidade. Planeámos actividades e concretizámos momentos de verdadeira inspiração e partilha.
Que belos eram os encontros nacionais (anuais), ponto alto no ano de trabalho, ricos em momentos de manifestação da nossa fé!
Eu conheço um passarinho que quando convidado a entrar no ninho do Carmelo, e a deixar crescer as suas asas de jovem carmelita aceitou sem hesitar, mas como muitos não sabia o que podia esperar de tamanha família. A aprendizagem, o voo, leva-nos mais além, mas rezar juntos, o rezar de jovens passarinhos carmelitas, era, é e será o maior momento. Recordo momentos em que a presença Dele e a força dos nossos guias era tão forte que cada um de nós chorava de alegria, cantávamos e chorávamos de tão forte que era o sentimento.
As vigílias de oração realizadas em verdadeira harmonia, as subidas ao monte, juntos, em que o cajado que nos ajudava era a mão do nosso irmão e todos alimentados pela amor que S. João da Cruz, S. Teresa, S. Teresinha e outros, nos transmitiram e nos fazem sentir.
Se me pedissem hoje para dizer como começou ontem o voo... eu só poderia dizer que foi a melhor maneira de criar asas, foi a única forma de eu conseguir voar!
Eu voei!
Foram humildes os nossos primeiros voos... mas foram os primeiros voos de uma espécie de pássaros que se lançou à vida com asas de carmelitas. Éramos jovenzinhos! Hoje ainda precisamos delas para continuar a viver cada experiência, cada momento, cada lágrima, cada abraço, cada cântico...
Uns voaram para bem longe outros para mais perto... e a história continua... porque a gota do Carmo Jovem é uma gota dum rio longo e largo que começou a correr ainda no século passado!
Alexandra Sh’ma Pinto
Primeira Coordenadora do Movimento do Carmo Jovem