domingo, 21 de junho de 2015

Papa desafia os jovens a ir contra a corrente



O Papa Francisco encerrou hoje o primeiro de visita a Turim, no norte da Itália, num encontro com mais de 90 mil jovens, aos quais pediu que contrariem o hedonismo contemporâneo.
“O amor está nas obras, no comunicar, mas o amor é muito respeitoso das pessoas, não usa as pessoas e isso é o amor casto. A vós jovens deste mundo, neste mundo hedonista, neste mundo onde apenas o prazer tem publicidade, passar bem, gozar a vida, eu digo-vos: sede castos, sede castos”, apelou, num momento de diálogo com os participantes.
O pontífice argentino propôs um amor que considere “sagrada a vida da outra pessoa”, admitindo que “não é fácil” dizer: “Eu respeito-te, eu não quero usar-te”.
O Papa recordou os jovens que acabam nas dependências ou se suicidam, bem como aqueles que, “para fazer alguma coisa, por um ideal”, se prestam a “lutar com os terroristas”.
Francisco convidou todos a aprender com as lições do século passado, quando se viveram massacres perante a “indiferença” dos grandes poderes, como aconteceu no caso da Arménia ou no Holocausto.
“Os grandes poderes tinham fotografias das linhas ferroviárias que levavam os comboios aos campos de concentração, como Auschwitz, para matar os judeus e também os cristãos, os ciganos, os homossexuais, para matá-los lá. Digam-me, porque é não as bombardearam? O interesse”, exemplificou.
O Papa recordou também os cristãos que “sofreram e foram mortos” nos ‘lager’ de Estaline, na antiga União Soviética, enquanto “as grandes potências dividiam a Europa como um bolo”.
O encontro na Praça Vittorio reuniu jovens das paróquias da região do Piemonte, cuja capital é Turim, e contou com a presença simbólica da cruz das Jornadas Mundiais da Juventude, a caminho de Cracóvia (Polónia), que em 2016 vai acolher a iniciativa internacional.
Francisco desafiou as novas gerações a viver em vez de “viver pela metade” (vivacchiare), lamentando que muitos jovens “envelheçam depressa” e se “reformem aos 20 anos”.
A intervenção voltou ao tema de uma III Guerra Mundial, combatida “aos bocados”, alimentada pela “hipocrisia” de muitos.
“Eu lembro-me só de uma coisa: dirigentes, empresários que se dizem cristãos e fabricam armas”, denunciou.
O Papa declarou que quem confia “apenas nos homens” está “perdido”: “Eu, quando vou dar o voto a um candidato, posso confiar que não leva o meu país para a guerra?”.
“No sistema económico mundial não estão o homem e a mulher no centro, como Deus quer, mas antes o deus dinheiro. E tudo se faz por dinheiro”, alertou.
Francisco falou de improviso, deixando de lado o discurso que tinha preparado, à imagem do que acontecera no encontro com os Salesianos. (Agência Ecclesia)