domingo, 15 de junho de 2008

Beatificação da Irmã Maria Josefina de Jesus Crucificado (1894-1948) (III)


Conclusão
Muitas poderiam ser as leituras actualizadas da experiência de Ir. Maria Josefina, para entrar no tempo em que vivemos, para tentar compreender como uma existência teologal fale aos nossos dias, toque as nossas exigências mais verdadeiras. Tentemos alguns percursos interpretativos.O Cardeal Sepe, na mensagem endereçada à diocese e Nápoles, por ocasião da Beatificação de Ir. Maria Josefina de Jesus Crucificado, justamente fala da modernidade da vida e da mensagem da Irmã em relação a dois âmbitos: o eclesial (em relação à pessoa do Bispo, dos sacerdotes, dos consagrados e das consagradas, dos fiéis) e social (em relação a todos os irmãos e irmãs da cidade de Nápoles).Neste momento histórico particular da cidade de Nápoles, adiciono alguns elementos, que creio, representem a alma do testemunho de Ir. Maria Josefina; refiro-me à bem-aventurança da pureza do coração (Mt.5,8) e à bem-aventurança daqueles que choram (Mt.5,4).“Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus” (Mt. 5,8). À sua Igreja, mas também à nossa, seja qual for, Ir. Maria Josefina recorda a sua vida bela, a transparência do seu coração de adolescente e a bondade da sua vida quotidiana. Em uma palavra, nos coloca na estrada da bem-aventurança dos puros de coração, nos convida a crer que os meninos, os adolescentes representam esta cultura da vida limpa. Eles salvarão o mundo da poluição existencial e ambiental e por esta razão, como recorda Papa Bento XVI, o verdadeiro desafio é o educativo. Um desafio que passa pela universidade da vida que é família, verdadeiro útero de cada existência. Nápoles deve dar voz aos seus “scugnizzi”, como o mundo aos seus pequenos; é importante re-escutar a cultura da limpeza interior, da transparência do coração e dos olhos que torna cada criatura contemplativa, capaz de admiração diante da vida e de Deus.“Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados” (Mt.5,4). À sua cidade, mas também à nossa, seja qual for, Ir. Maria Josefina recorda que a vida consiste em sentir o outro como alguém que me pertence. Ela, para nos dizer que ninguém está sozinho, sobretudo na experiência da dor, quanto tudo pode reduzir-se em espaço de desespero, foi disponível a viver atipicamente a sua vocação de monja de clausura, correndo sobre o fio da ortodoxia carismática do Carmelo, profeticamente atravessando a fronteira da distinção entre contemplativos e activos, exercitando a ministerialidade da consolação, da misericórdia sem “se” e sem “mas”, da solidariedade sem fronteiras, até sentir o outro, independente da sua condição social, como alguém que habitava as veias, que corria nas auto-estradas das suas artérias, da sua vida. Ela, uma Carmelita Descalça, revela-se muito capaz de estar profundamente erradicada na vida da sua Igreja e da sua cidade, colocando à mostra a fantasia de Deus, como capacidade de amor elevado ao máximo, como possibilidade de construir a civilização do amor, uma sociedade mais igual e solidária, capaz de acolher e de escutar, de integrar e abrir espaços de esperança sustentáveis.Por tudo isto, com toda a Igreja e a Ordem do Carmelo, louvemos a Trindade, fonte de toda a beleza e de todos os dons.


P. Luigi Gaetani, Ocd