sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Um Mundo mais igualitário

Ir para missão fez-me sair da «acomodação» a que estava habituado, partilhei novas experiências pessoais com outro povo e de uma forma que Deus me “atribuiu” de mostrar um caminho diferente de viver a Fé com que fui “escolhido” pelo baptismo. O coração falou mais alto, com a natural vontade de ajudar os outros, dar e repartir aquilo que de melhor tinha. Agora percebo os testemunhos daqueles que já viveram uma experiência de voluntariado laical missionário e que dizem (o que é inteiramente verdade) de que quando fazemos um “balanço” do que se fez, nos apercebemos de que se recebeu muito mais do que se deu…Sente-se «algo» que é inexplicável por palavras, sobretudo quando se vive o momento de regressar a Portugal… É nesta altura que se deve «colocar as coisas» nas mãos de Deus e ele se encarregará de ajudar a dar continuidade às sementes que por lá deixamos… “Ser Cristo é procurar-se Nele; a missão é a causa da realização plena que se encontra Nele”. Numa mensagem da Santa Sé sobre as Missões, pode ler-se que: «A missão brota da própria identidade de Jesus Cristo, todos somos chamados a missão.» É sempre difícil mencionar quais os motivos que me levaram a querer partir mas, talvez como qualquer pessoa seja levada a pensar (e eu não sou diferente), um dos factores tenha sido tentar dar o meu modesto contributo para poder «ver» um Mundo mais igualitário, procurando «mudar algo – ainda que muito pouco –» e outro talvez tenha sido fazer com que as pessoas com que me encontrei se possam sentir um pouco «mais realizadas/felizes» nas suas vidas. Se verificarmos com atenção o mundo que nos rodeia, todo o cristão é chamado a trabalhar na e com a Igreja para procurar levar a Boa Nova a todos os cantos do mundo, levando também o amor de Cristo a toda a gente. Em concreto no projecto, procurei contribuir para a melhoria da qualidade de ensino leccionado no Colégio D. Bosco (nas disciplinas de Inglês e Informática) e ajudei em actividades relacionadas com a dinamização social das comunidades (que abrangeram crianças, jovens, adultos, idosos…). Acima de tudo, o testemunho que procurei levar em todas as acções que efectuei foram suportadas pela minha fé em Deus e Jesus Cristo, que no fundo fazem mover a vida de qualquer cristão.
A boa vontade, esforço e dedicação que coloquei nas tarefas desempenhadas talvez tenha trazido «algo» de positivo à comunidade com que trabalhei, contribuindo assim para que esta tenha sido, para mim, uma «experiência» de vida positiva e me ajudado no meu desenvolvimento pessoal/humano.
Termino este testemunho (já longo…) com uma frase/lema que me foi transmitida pelo formador (hoje, já «irmão», uma vez que tivemos a feliz oportunidade de viver algumas experiências em comum), Jorge Carvalhais, e que penso que qualquer leigo (nomeadamente aqueles que pretendem integrar um projecto laical de voluntariado missionário) deve ter presente: «uma cabeça para pensar, duas mãos para servir e um coração para amar». Bem vistas as coisas, se tivermos reunidos estes três elementos, a missão pode, de facto, tornar-se certamente «mais fácil»…
Muito obrigado a todos quanto «entraram» e «colaboraram» dentro deste meu processo de como Leigo Voluntário Missionário agradecimento mais especial vai inteirinho para a minha mãe Maria Deolinda Pereira Vilela, o verdadeiro «pilar» da minha fé e vivência cristã!

Nuno Óscar Vilela Ferreira

Leigo Missionário Carmelita em Pemba, Moçambique