segunda-feira, 30 de maio de 2011

Notas Finais da V Perigri



PERIGRIÇACO

A Perigri este ano começou como tantas outras, de terra em terra, de porta em porta, de peregrino em peregrino. Aveiro, Avessadas, Braga, Caíde de Rei, Rosém, Viana do Castelo, Alhadas, Moinhos, Gafanha da Nazaré, e por aí fora! Alguns disseram Eu vou. Podes contar comigo. A maioria disse eu vou ver e depois digo-te alguma coisa. Se fosse a Fátima ainda ia. Não me convém. Enfim, desculpa lá. Que chatice, eu até gosto dos jovens.

Este ano é ao Buçaco. É muito interessante! É um sítio espectacular! E carmelita!

Sim, é um sítio espectacular, é um caminho único, é o caminho que os nossos frades trilharam rumo a uma nova fundação: o Deserto da Santa Cruz do Buçaco. Outros tempos, outra força de vontade, outra FÉ em que, na insegurança, a única segurança vinha do Alto. Já lá vão 383 anos, 29 de Junho de 1628, muita coincidência com a data escolhida, não é?
Começamos em Aveiro, rumo ao Buçaco, com passagem em Oliveira do Bairro. O reconhecimento do caminho estava feito, a vontade crescia pela beleza do carminho e pela História da Ordem. Em Aveiro, o Sr Branco logo nos sossegou: a Corporação dos Bombeiros é gente acolhedora, eles com certeza que vos darão guarida. E tinha toda a razão, o Sr Comandante António Gomes abriu-nos a porta, ali poderíamos refrescar e dar descanso ao esqueleto, e fazer cócegas às bolhas. Assim que a Dona Carlinda soube da nossa passagem em Oiá, logo nos quis oferecer o jantar aos peregrinos, ela sabe como é importante o alimento do corpo a quem peregrina na vida. A notícia de que iria passar um frade do Carmo, o Frei João com a sua trupe de jovens, correu rápido, e mais gente quis oferecer lasanha e fruta. 
No Mosteiro do Buçaco, o Sr. Engº António Jorge manifestou o seu contentamento de ter com ele os jovens carmelitas, abrindo-nos as portas com toda a hospitalidade. O Padre Pedro Ferreira logo nos disponibilizou as crónicas da Fundação do Buçaco, e que bem precioso para o nosso Guião de oração. Perfeito! Como em anos anteriores, a comunidade de Aveiro acolher-nos-ia no convento do Carmo, para aí pernoitarmos. Sairíamos no dia seguinte com “uma canastra de sardinhas e um cobertor”como os frades naquele tempo, seríamos peregrinos, e o Sr Jaime já nos dava uma mãozinha para a surpresa da recordação (um mimo!). O Frei, como sempre, cuidou do alimento do espírito, cada oração, cada pensamento, cada texto do dia. A Costinha, chefa dos acólitos, encarregou-se da farmácia, das faixas, da cruz, do cajado e dos preparativos da Eucaristia.
No carminho esperavam-nos as dificuldades da vida: uma grande vontade de pôr os pés e o coração ao carminho, mas…. e o trabalho desse fim-de-semana (desistiram cinco!); as festas das paróquias: Comunhões, Festa da Palavra, Festa do Pai Nosso (Desistiram uns seis!); as reuniões de catequistas (menos um!); os casamentos e os baptizados (e foram-se mais cinco!); as fichas de avaliação para corrigir (menos quatro ou cinco stores!); as despedidas de amigos muito especiais que se mudariam de terra e viagens ao estrangeiro (menos quatro). Preciso do fim-de-semana para descansar (menos outro). E vai um e foi outro e mais outro. Sabes, entretanto surgiram-me compromissos e nem dei conta que era nesse fim-de-semana (menos outro…e…e… e para a próxima se verá…
E agora? Perigri ao Buçaco é Perigriçaco. É dos carminhos mais especiais que qualquer jovem carmelita pode fazer. Seguir as pegadas dos seus antecessores, recordar a História, aliás, fazer História hoje com a História do passado, rezar junto de Nossa Senhora na Santa Cruz do Buçaco, contemplar e orar a beleza de uma das sete paisagens mais lindas de Portugal.
Bem, com tanta gente desgostosa de não poder ir, irmos um grupo pequenino, pequenino pequenininho, seria uma pena… e se a fizéssemos mais para frente, quando este e aquele tivessem a mesma oportunidade?! A consulta foi feita aos que ainda estavam alistados e a decisão era unânime, se não formos agora, vamos depois com mais força!
A promessa fica feita: vamos carminhar ao Deserto da Santa Cruz do Buçaco. Fica combinado!
Por isso, gentes de Oiã, Oliveira do Bairro e do Buçaco, aguardem connosco mais uns tempinhos, porque queremos estar com vocês, passar por vocês, rezar com vocês, queremos pisar e rezar nas vossas terras, rumo a Nossa Senhora do Carmo do Buçaco!
A todos vós: o nosso muito obrigado!
Até breve!

domingo, 29 de maio de 2011

sábado, 28 de maio de 2011

DOMINGO VI DA PÁSCOA


Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Se Me amardes, guardareis os meus mandamentos. E Eu pedirei ao Pai, que vos dará outro Paráclito, para estar sempre convosco: Ele é o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não O vê nem O conhece, mas que vós conheceis, porque habita convosco e está em vós. Não vos deixarei órfãos: voltarei para junto de vós. Daqui a pouco o mundo já não Me verá, mas vós ver-Me-eis, porque Eu vivo e vós vivereis. Nesse dia reconhecereis que Eu estou no Pai e que vós estais em Mim e Eu em vós. Se alguém aceita os meus mandamentos e os cumpre, esse realmente Me ama. E quem Me ama será amado por meu Pai e Eu amá-lo-ei e manifestar-Me-ei a ele». [Jo 14, 15-21]

CARMICOQUE | Viana do Castelo | 4 JUN'11

Cartaz II

terça-feira, 24 de maio de 2011

CARMICOQUE | Viana do Castelo | 4 JUN'11

PEREGRIÇACO | 27-29 MAI'11 | Aveiro>Buçaco


1628-2011
Frades da Ordem Carmelita Descalça – Jovens Carmelitas
Fundação do Deserto da Santa Cruz do Buçaco – Peregriçaco


Vamos carminhar …
Vamos orar…
Vamos partilhar…
Vamos peregrinar como outrora os frades da Ordem que levamos no coração!

Eles levariam uma “trouxinha” com o essencial,
bem… tu vais precisar de:
ü saco-cama e colchão; ü colete reflector; ü calçado adequado (botas/sapatilhas com sola dura); ü roupa adequada (incluindo impermeável); ü protector solar e óculos de sol (exposição solar forte);

Inscrição: 27,50

Indeciso?!
Vá! 
"Que temes?
Alguma vez Ele te faltou?!"

sábado, 21 de maio de 2011

DOMINGO V DA PÁSCOA


Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Não se perturbe o vosso coração. Se acreditais em Deus, acreditai também em Mim. Em casa de meu Pai há muitas moradas; se assim não fosse, Eu vos teria dito que vou preparar-vos um lugar? Quando Eu for preparar-vos um lugar, virei novamente para vos levar comigo, para que, onde Eu estou, estejais vós também. Para onde Eu vou, conheceis o caminho». Disse-Lhe Tomé: «Senhor, não sabemos para onde vais: como podemos conhecer o caminho?». Respondeu-lhe Jesus: «Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por Mim. Se Me conhecêsseis, conheceríeis também o meu Pai. Mas desde agora já O conheceis e já O vistes». Disse-Lhe Filipe: «Senhor, mostra-nos o Pai e isto nos basta». Respondeu-lhe Jesus: «Há tanto tempo que estou convosco e não Me conheces, Filipe? Quem Me vê, vê o Pai. Como podes tu dizer: ‘Mostra-nos o Pai’? Não acreditas que Eu estou no Pai e o Pai está em Mim? As palavras que Eu vos digo, não as digo por Mim próprio; mas é o Pai, permanecendo em Mim, que faz as obras. Acreditai-Me: Eu estou no Pai e o Pai está em Mim; acreditai ao menos pelas minhas obras. Em verdade, em verdade vos digo: quem acredita em Mim fará também as obras que Eu faço e fará obras ainda maiores, porque Eu vou para o Pai». [Jo 14, 1-12]

PEREGRIÇACO 27-29 MAI´11


Programa:
27 MAI -Aveiro - 22H- Acolhimento e Bênção do Peregrino 
28 MAI -Aveiro > Oliveira do Bairro
29 MAI - Oliveira do Bairro > Buçaco


Inscrição:
carmojovem@gmail.com
Maria João (967209808)

Notas finais da V Clarminhada

Uma noite quase dia, onde o escuro e o cinza deram lugar à cor!

Em mais uma noite escura fomos nós, Carmo Jovem, para o caminho. Nós não estamos ocos era o mote que nos fez sair de casa, percorrer quilómetros, arribar a Caíde de Rei, rezar e sair por entre montes e ribeiras, flores, fortes e fronteiras até à Casa do Menino Jesus em Avessadas.
Que eu me apercebesse cruzamos três Concelhos: Lousada, Amarante e Marco de Canavezes. E para além da trupe juvenil da Casa ainda vieram jovens aguerridos de Avessadas – obviamente! – bem capitaneados pelo Rui Madureira, de Viana do Castelo e Figueira da Foz. De três concelhos estrangeiros, digamos assim.
A malta da Coordenação chegou bem a tempo de tomar um cafezinho que espevitasse a noite. Depois foi o encontro. E a coisa tem muito encanto quando nos reencontramos para celebrar a fé com os pés e o coração! Aquela malta de Caíde recebeu-nos com a identidade que se impõe, quero eu dizer: com amizade e alegria, boa organização e sentido de oportunidade. Nunca pediram desculpa de nada nem de nada tinham de pedir, pois estava tudo tão bem organizado como uma final da Liga Europa! Identidade é isso mesmo! E alergias nem vê-las.
Assim, acreditem, nem custa clarminhar, seja de noite ou de dia!
Muito obrigado!


Uma vigília e um Quase
Depois dos beijinhos e abraços – Ah, saudades! – lá conseguimos entrar na pequenina Igreja de São Pedro. À nossa frente tínhamos uma Vigília de Oração vocacional bem urdida pelos Sementinhas, e bem apoiada pelas violas do Rui e do Jorge a animarem a vibração mais profunda das nossas almas.
No centro da vigília estava o capítulo 28 do livro Caminho de Perfeição de Santa Teresa, donde retirámos o mote da clarminhada: Nós não estamos ocos; e ainda, uma dinâmica que os Sementinhas, prazenteiros, nos ofereceram ao olhar, e que passo a descrever depois de dizer que se chamará a Dinâmica do Quase. De facto o nome não era esse, mas o Jorge Teixeira, que leu a narração, ao que devia ser um aquário chamou um quase-aquário, daí o nome. Então, era mais ou menos assim: há um Quase vazio, que logo se enche de dois quilos de pedregulhos; quando ficou cheio verificámos que podia encher-se melhor se lhe adicionássemos areia fina, e ainda melhor se lhe acrescentássemos um litro de água.
E assim foi.
De facto, nós não estamos ocos! Temos frequentemente dentro do nosso Quase pessoal muita pedra escura, muito barro e areia e muita água parada! Mas horas há na vida em que temos de retirar isso tudo para lá entrar Quem deva e é Senhor. De facto, enquanto não clarminhávamos com o Quase cheio, carregado, obeso, duro como pedra, aconchegado pela pequenez da areia e da água, fomos infirmando o olhar nele como quem fixa uma metáfora mais dura que a matéria, porque, mirando-o, muito nos falava do trabalho de extracção e arrumação que havemos de realizar, a fim de se alindar lugar para o Quem. (Que a esta altura todos já sabemos Quem seja!)
Dentro em pouco haveríamos de clarminhar caminhos adentro e noite fora e de, passo a passo, comprovar quanta pedra e quanto breu levamos dentro de nós a pesar-nos…
(E não sabemos bem – porque nunca sabemos o que sai daquela cabeça! – se isso foi o que pensou o Frei João quando artilhou a ideia e nos desafiou a levar o Quase pela clarminhada fora até ao Santuário do Menino Jesus!)
A Vigília prosseguiu com preces e orações, cânticos, leituras e louvores, até perto da meia noite. Antes do último suspiro do dia houve ainda tempo para cantar os parabéns ao Rui Madureira que naquele dia 13 de Maio fazia 23 aninhos! (E depois da última badalada da meia noite também os cantámos à Carla, de Avessadas! – Aquilo é mesmo gente comVida!) E houve ainda tempo para ouver um testemunho vocacional da Irmã Raquel de São João da Cruz, que no-lo enviou desde o Carmelo de Coimbra, onde há um ano, a havíamos deixado, depois da IV Clarminhada do Carmo Jovem. Foram os minutos mais silenciosos da vida do Carmo Jovem!
No fim ela deixou-nos um repto: ler o capítulo 4:1-30 do Evangelho de São João, o relato da Samaritana. Sendo que Samaritana é ela e também nós.
Já fora de portas da Casa de São Pedro aguardámos pacientemente a chegada de duas carrinhas carregadas de pão fresquinho, manteiga e chá, quente e fresco, que nos saciaram a gosto. Bem hajam! Podíamos lá pedir algo melhor? Que o diga quem comeu mais que um pão!
 O caminho by night da fé
A caminho. Os primeiros metros sumiram-se rápido, quer porque fôssemos por trilhos caseiros, quer por serem os primeiros.
A aventura tinha começado. Somos quase cinquenta, mais uma boa alma em Coimbra, e algumas mais – senão bastantes – que não puderam vir por causas razoáveis: a dureza da Queima das Fitas e do Enterro da Gata; o aperto dos Testes, e dos Trabalhos académicos; as visíveis longuíssimas distâncias, e também as doenças e a pouca idade.
Fomos. O caminho era quase todo ele desconhecido para todos. E acrescentando isso à distância de 23 quilómetros e à privação do sono perceber-se-á a ousadia da aventura. Por mim, desde que derivamos para a freguesia ou lugar da Oliveira – a placa toponímica nada mais dizia – deixei-me ir, confiante, confidente e ouvinte. Como não conhecia os terrenos deixei-me levar pelos rapazes do papel, do cajado e da cruz. Hei-de verificar que a clarminhada será um animado carrossel de descidas e subidas, curvas e contracurvas em alta rotação. Por esta altura o pelotão rolava compacto, e eu um pouco na cauda, em confissão. Aproxima-se então o Luis e diz-me: – Está ali a Senhora do Carmo! Estranhei a aparição do rapaz que me interrompeu a confissão, mas afinal o Está queria dizer: Na parede duma velha casa de pedra belamente trabalhada está um lindo nicho granítico e com flores!, de Nossa Senhora do Carmo. Boa! Boa oportunidade para parar, rezar, saudá-la. Cantar não cantámos porque era madrugada e a casa estava pela certa habitada.
Era Vila Meã e dei por realizado um terço do percurso, mas agora cuido que não fosse! Seguimos. Logo à frente um zeloso Guarda Republicano parou a carrinha de apoio conduzida pelo Élsio. Mas como éramos peregrinos deixo-a em paz. O quase-precalço foi bom porque o Élsio espevitou o sono!
Algures, um algures para mim sem nome, surge por entre o breu da noite um pequeno e sonoro ribeiro e um oportuno açude de levar a água ao moinho. O moinho, se é que era tal, era bem grande, rente à água e com várias janelas, pelo que ali deve ter vivido ou vive ainda a família do moleiro. Terei de lá voltar a confirmar. Subimos a uma ponte e é dali, entre as margens e como que suspensos no abismo, que rezámos a oração da Pausa I. Talvez o percurso vá a um pouco menos de meio, mas ainda assim conseguimos tirar uns bofes e cantar.
De novo ao caminho falam-me da Raquel e de poesia. As duas coisas casam bem.
Já passa das duas da manhã e deito contas à vida. Não sei por onde ando, mas não duvido que vamos bem. O grupo alonga-se e só então me lembro de novo do Quase: será que teria ficado na paragem? Não, não ficara. Alguém passa diligente a meu lado carregando-o para o entregar lá na frente. Ninguém o recusa, embora pese uns afoitos quatro quilos! A estratégia era óbvia: fazer abrandar o ritmo das lebres. A esta hora em que escrevo e já nada me dói, não tenho a certeza que o fito tenha sido alcançado, mas sei que ele passou por todas as mãos dos doze da frente. Como passará por todas as mãos de todos.
A noite vai avançada. A espessura do verde escurece ainda mais a escura noite. Os caminhos quase todos iluminados – uma pena! – impedem-nos de vermos as estrelas. Mas ó surpresa, aqui como à saída de Caíde – portanto, à meia noite! – os pássaros cantam! Não há foto que o prove, mas não fui só eu a notá-lo. Alguém mais inteligente que eu alvitrou que nós os acordávamos, mas eu não vi nenhum esvoaçar assustado ou esbaforido. Não, aqueles pássaros cantavam como quem anima a caminhar, como quem percebera o nosso intuito e bem lia as nossas dificuldades! Aqueles verdilhões e pintassilgos cantavam para nos suavizar o caminho, amainar as tempestades interiores, comungar os nossos objectivos, amaciar o gume do caminho! Ah, que bem me soube o canto dos pássaros! E das duas uma, ou tenho de caminhar mais noites de Primavera para provar o fenómeno ou foi milagre! Mas que bem me soube o canto dos pássaros quando passávamos por entre o arvoredos e as vinhas olorosas!
Não foi um caminho fácil, porque quase sempre a descer que é pior que o subir. E era em empedrado descendo pelo desconhecido empinado da noite. Os mais tenrinhos começaram a desfalecer, a duvidar que chegassem ao fim. Piquei-lhes então o amor-próprio enquanto a vassoura do carro do Élsio não chegava. Disse-lhes que não prestavam para nada e que ia dizer ao Ricardo, mas a resposta foi pronta: – Desde que a Raquel não saiba! (Pronto, ganhou ela outra vez! Mas também faz por isso…) E eu prometi não dizer, mas não prometi não escrevê-lo na crónica. Ainda assim insisti que aquilo não era para bebés, e que os bebés deveriam ter ficado em casa com a mamã. A coisa funcionou para a maioria, e quem deveria chegar chegou, ainda que a custo. Menção honrosa para a Alexx que se agarrou ao cajado do pastor e que subiu o que houve de subir e desceu o que teve de descer e chegou aonde tinha de chegar, Chegou a doer e a ranger, mas não em último! Claro que aqui se poderia falar de outros e de outras, mas fica ela de porta-estandarte de todos!
Por volta das quatro horas alcançámos a Igreja de Sobretâmega, junto à albufeira. Como já lá estivéramos foi fácil o reverdecer dos ânimos, pois «agora já falta pouco!», embora não tão pouco assim. A douta Organização imaginara que ali se recitasse o Terço, mas mudámos de planos para evitar que os corpos arrefecessem demasiado junto aos húmidos humores do rio. Por isso trincámos uns biscoitos e bebemos pequenos goles de água. E a coisa deu-nos asas!
Descansamos um pouco na escadaria de pedra, por demais fofa para alguns que ali se renderam à truz-truz do Zé Pestana. Mas quando já ninguém dava ao dente retomámos o caminho, e, ala que se faz tarde!
(Já vou a meio da subida para Tuías quando de novo me lembro do Quase, e me garantem que alguém o trás connosco!)
Óptimo!
A subida de Tuías mete respeito. É empinada quanto baste e com uma distância suficientemente longa para cansar o motor dum carro. É o contraponto do que antes tão a custo descêramos na outra vertente do rio Tâmega. O esforço de agora porque é agora não custa menos, também porque estamos mais cansados e ensonados. Mantenho-me à frente, atento, porque falta o rapaz do papel e é preciso que alguém mantenha o rumo firme. Por esta altura começo a acreditar que chegaremos por volta das cinco da manhã! Inacreditável! Informo disso os meus companheiros e eles reganham asas! Em mim também se infirma o ânimo, mas eles desaparecem-me da vista ladeira abaixo! Só os apanharei desiludidos junto da placa do Santuário do Castelinho, que indica que o assinala a um quilómetro: ainda temos de andar mais um quilómetro?! – Não, nós vamos para o Santuário do Menino Jesus, digo. Mas não lhes digo que a distância é quase a mesma, e eles, manganões, zarpam de mim e deixam o velhote para trás.
E os passarinhos continuam a cantar, e agora também os galos. Mas estes é por começar a ser dia. São todos iguais, também os dali ainda hoje julgam que se não cantarem o dia não nasce! Mas não há mal: galos a cantar soa a conforto, diz-nos que estamos a chegar a lugar de gente com lareira. E a verdade é que o Menino já nos vê, como sempre nos viu e defendeu durante toda a noite.
Quando cheguei ao Santuário já lá estavam uns poucos; uns levados pela carrinha, a grande maioria pela corda das sapatilhas. Chego e subo como nunca tão bem subi aqueles degraus!
Sento-me. Descanso. Bebo água. Como uma bolacha. Mudo de camisola e casaco porque estou absolutamente encharcado. Está uma madrugada fria. São cinco horas! Já se começa a ver o despontar da aurora. Espectáculo que poucos vêm! Já não se sabe se é dia, se é noite. Estamos cansados. Todos estamos cansados. Os últimos percebem agora a finalidade do saco-cama. Alguns deitam-se. Nem todos direitos. Os que buscam a almofada num degrau mais elevado descansam pior, mas sem se darem conta. E adormecem. Todos os juvenis adormecem. Alguns adultos também. Às cinco e meia acordo o Superior do Santuário: e minto-lhe. Digo-lhe como combinado que estamos a chegar, mas já estamos à porta há mais de meia hora! Arrefecidos. Não digo tudo, mas ele deve ter adivinhado. Diz-me que as pessoas da terra querem vir rezar a Missa connosco às seis e meia! E que a comunidade carmelita se quer levantar toda para nos saudar e distribuir chá e bolachas. Ok. Seja. Ámen.
Não tem mal, penso. Antes bem. Embora nos viesse bem a Missa meia hora mais cedo. Informo a trupe, deixo dormir os mais miúdos e os mais resistentes começámos a recitar o Terço. Com meditações e tudo; eram teresianas e não podiam perder-se. Nem sei como conseguimos lê-las. Lê-las sim, ouvi-las não sei. Mas ficaram no guião de todos para proveito futuro.
À medida que o dia se vai acendendo acendem-se também as luzes da escadaria do Santuário: É o P. Alpoim que vem abrir-nos a porta devagarinho, para não nos incomodar a recitação. Mas, P. Alpoim, nem que troassem os canhões de Napoleão não nos incomodaríamos! Seguimos o Terço. Até ao fim.
Findo fomos fugindo do frio como quem entra na casa de Deus, embora Ele mais desperto que nós. Entretanto a comunidade religiosa chega, agora este depois outro. É um gesto modesto, mas tocante e bonito! São sete Carmelitas: três sacerdotes, dois diáconos e dois postulantes. E uma sociedade das nações: Portugal, Timor e Angola!
Cada um chega com a sua surpresa e o seu sono, e o P. Leal com uma máquina fotográfica às costas e a rir-se! Sim, eu imagino o espectáculo: ele, bem intencionado, vinha sacar umas fotos para o próximo número do Mensageiro; mas saiu-lhe uma tropa fandanga tão mísera e tão coxa, que eu pergunto-me: como vai ele falar de peregrinos jovens do Carmo, se parecíamos uns velhos trôpegos e perdidos e de olhar embaciado, com mantas às costas mais parecendo um cenário de desalento pós-apocalíptico? Sim, eu percebo a ironia que fez sorrir o fotógrafo e o jornalista. Mas como eu vivi por dentro a fandanguice que ele via, tenho naturalmente outro olhar e a mim borbotam-me palavras de admiração e espanto e agradecimento!
O certo é que aqueles homens de Deus estavam tão ensonados como nós, mas mais frescos. E mais limpos! Então, apresentei-os: Eles sorriram, nós não! Mudamente as nossas caras diziam: Tirem-me deste filme; tirem-me deste filme, por favor!
Não importa, há ainda muito mais para celebrar. Entretanto, o P. Alpoim toma a palavra e saúda-nos a todos. No fim teve direito a palmas, não porque muito tivéssemos percebido, mas porque, certamente, se calara!
(Eu, porém, às oito horas, quando me calar, não terei nenhumas! Pudera, estão fartos de me ouvir!)
Na sua alocução, disse-nos o Superior da Comunidade que muito nos admirava, por sermos tantos e alguns de tão longe e tão corajosos. Linkou-nos a JP2, o Papa dos jovens, que nos disse e à Igreja toda: não tenhais medo! E como esse bom Papa, também o P. Alpoim nos pediu que fôssemos apóstolos dos jovens, sobretudo junto dos mais descrentes, mais desanimados e dos mais afastados de Jesus.
(Eu sei que disse mais coisas, mas também eu estava com sono!)
 Uma Missa fedorenta!
E começou a Missa. Ao iniciá-la o Frei João disse que estávamos muito fedorentos e que deveríamos evitar que a nossa oração fosse demasiado fedorenta. Para isso nos distribuiu uma flor a cada um enquanto cantávamos o Senhor tende piedade de nós. Aquelas flores tornavam-nos mais belos aos olhos de Jesus e aos olhos da Mãe; e no final, como sinal de oração bela e cheirosa, haveríamos de deixá-las, aos pés da Mãe do Carmo. E lá seguiu a Missa, que era de S. Matias, o Apóstolo substituto. Oportunidade que o Frei João deitou mão para, na homilia, nos dizer que na «Igreja falta sempre um; que há lugar para mais um; que, nós, jovens, fazemos falta; que nela temos um lugar; que a vinha é grande e as mãos poucas e às vezes pequeninas». Também nos voltou a falar da oração fedorenta – Ai, frei João! Frei João! As coisas que tu dizes e os nomes que inventas! – Que se gostamos de rezar todos lindinhos e perfumados, direitinhos, certinhos e bem preparados, também é verdade que Deus aprecia toda a oração e a recolhe, porque Deus é como uma mãe que gosta de todos os beijos dos filhos, mesmo quando prefere os ternurentos e sinceros aos convenientes e apressados! E ainda teve tempo para nos dizer que se, afinal, como bem se via, a V Clarminhada fora muito difícil, cheia de assaltos de dúvidas e pensamentos negativos, também é certo que Deus percebe bem a nossa oração e sacrifício, as nossas renúncias e dores, as nossas privações e os nossos desejos. Que Deus tudo recolhe, nada esquece. Que tudo o que fazemos com selo de bondade Deus o paga e retribui, o alinda e enfeita de forma sumamente primaveril, quente e agradável, melhorando em mil cada grãozinho de bondade e boa intenção que pusémos nos pés que saíram para o clarminho. Disse mais coisas, o Frei, mas estas me ficaram, sobretudo a ideia que Deus tudo recolhe e passa por seu coração e no-lo devolve renovado, belo e brilhante pela vida fora. E que delicadamente vai coloreando o nosso sono cinzento e o cinzento das nossas hesitações e tremeliques.
Chega, embora mais tenha dito e nem tanto ouvido.
A Missa terminou em cima das oito horas, mas com tempo para deixarmos a flor do início aos pés de Nossa Senhora do Carmo. O seu manto nos protegera e nós só podíamos agradecer-lhe.
Duma cestinha que o Luis apresentou recebemos uma noz, noz cheia como cheios de Deus dali saíamos. Noz que bem dizia o que o sono não deixava as palavras dizer.
As carrinhas esperavam-nos com condutores frescos e a despedida foi rápida; mas à saída, no átrio, fiel e diligente, lá se encontrava o P. Alpoim distribuindo sorrisos em taças de chã reconfortante.
A Clarinha e o Carmicoque
Fugimos dali reengolindo quilómetros, colorindo sonhos. No Santuário, o Menino Jesus não foi o único a deixar cair lágrimas quentes logo limpas com as costas da mão. Corremos para o chuveiro mais próximo e para uma cama fofa. Chegámos a Santa Marta com vinte minutos de atraso e entregamos a João para um dia de labuta. E só Deus sabe como manteve ela a caneta a escrever direito no caderno!
Para trás ficou a V Clarminhada do Carmo Jovem.
O Quase chegara ao fim e quase cheio de água. Há nisso muito mérito e leitura plural que a leveza das próximas actividades do Carmo Jovem se encarregarão de firmar.
Na cruz trazíamos mais uma gotinha desenhada pela mão da mãe da Clarinha, também ela da Coordenação do Movimento.
A mamã Vera, o papá Pedro e a Clarinha prometem ser as mascotes – porque mais recentes – do I Carmicoque, no dia 4 de Junho, em Viana do Castelo.
Até já!



CARMICOQUE | Viana do Castelo | 4JUN'11



9H-Acolhimento
10H15 - Carminhada pelo Jardim Marginal
12H30 - Almoço (os papás e padrinhos trazem a sobremesa e bebidas)
14H - Tico-taco
15H - Eucaristia

Inscrições:
carmojovem@gmail.com

domingo, 15 de maio de 2011

Dia do Bom Pastor



No Dia do Bom Pastor, damos graças ao Senhor pelo Pastor que nos deu.
Pela sua entrega e serviço à Igreja, à Ordem e ao Carmo Jovem.
Pelo seu humor e criatividade, teimosia e, de vez em quando, "dois berros" para nos pôr em sentido.
Os seus conselhos, as horas que nos ouve e as suas missas intermináveis.
Os quilómetros de carminho, as bolhas, o ânimo para não desistir.
A amizade, o convívio, as histórias e as gargalhadas.
O exemplo de Cristo, o hábito da oração, a devoção a Nossa Senhora do Carmo, o orgulho de sermos cristãos.
E tudo o que fica por dizer...
Agradecemos e rezamos por ele, para que o Senhor sempre o guie e ilumine, e o fortaleça na sua missão.
Que a Senhora do Carmo o abençoe e o cubra com o seu Manto Maternal.

sábado, 14 de maio de 2011

Assim vi eu a V Clarminhada do Carmo Jovem

Depois de toda a escuridão da noite.
Depois de todos aqueles quilómetros que nos custaram a andar.
Depois de todas as dores e dúvidas.
Depois de todos os cansaços e esperas.
Depois duma directa sem dormir.
Depois.
Depois do depois e do quase foi assim que eu vi a V Clarminhada do Carmo Jovem entre Caíde de Rei e Avessadas. Um sinal grande de amor.
Muito obrigado a todos.

DOMINGO IV DA PÁSCOA


Naquele tempo, disse Jesus: «Em verdade, em verdade vos digo: Aquele que não entra no aprisco das ovelhas pela porta, mas entra por outro lado, é ladrão e salteador. Mas aquele que entra pela porta é o pastor das ovelhas. O porteiro abre-lhe a porta e as ovelhas conhecem a sua voz. Ele chama cada uma delas pelo seu nome e leva-as para fora. Depois de ter feito sair todas as que lhe pertencem, caminha à sua frente e as ovelhas seguem-no, porque conhecem a sua voz. Se for um estranho, não o seguem, mas fogem dele, porque não conhecem a voz dos estranhos». Jesus apresentou-lhes esta comparação, mas eles não compreenderam o que queria dizer. Jesus continuou: «Em verdade, em verdade vos digo: Eu sou a porta das ovelhas. Aqueles que vieram antes de Mim são ladrões e salteadores, mas as ovelhas não os escutaram. Eu sou a porta. Quem entrar por Mim será salvo: é como a ovelha que entra e sai do aprisco e encontra pastagem. O ladrão não vem senão para roubar, matar e destruir. Eu vim para que as minhas ovelhas tenham vida e a tenham em abundância». [Jo 10, 1-10]

quarta-feira, 11 de maio de 2011

V CLARMINHADA - CAÍDE a AVESSADAS 13-14 MAI'11



Traz contigo:
a. Boa disposição
b.       Calçado confortável
c.       Colete reflector
d.       Faixa do Carmo Jovem
e.       Gosto de contacto com a natureza
f.        Impermeável/agasalho
g.       Lanterna
h.       Saco cama
i.         Vontade de passar uma noite diferente
j.         Gosto de estar entre os amigos de Santa Teresa, de São João da Cruz e Nossa Senhora
k.       Que não sejam ocos…
l.         A Clarminhada é de grau de dificuldade médio.



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carmojovem@gmail.com

sábado, 7 de maio de 2011

DOMINGO III DA PÁSCOA

Dois dos discípulos de Jesus iam a caminho duma povoação chamada Emaús, que ficava a duas léguas de Jerusalém. Conversavam entre si sobre tudo o que tinha sucedido. Enquanto falavam e discutiam, Jesus aproximou-Se deles e pôs-Se com eles a caminho. Mas os seus olhos estavam impedidos de O reconhecerem. Ele perguntou-lhes: «Que palavras são essas que trocais entre vós pelo caminho?». Pararam, com ar muito triste, e um deles, chamado Cléofas, respondeu: «Tu és o único habitante de Jerusalém a ignorar o que lá se passou estes dias». E Ele perguntou: «Que foi?». Responderam-Lhe: «O que se refere a Jesus de Nazaré, profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo; e como os príncipes dos sacerdotes e os nossos chefes O entregaram para ser condenado à morte e crucificado. Nós esperávamos que fosse Ele quem havia de libertar Israel. Mas, afinal, é já o terceiro dia depois que isto aconteceu. É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos sobressaltaram: foram de madrugada ao sepulcro, não encontraram o corpo de Jesus e vieram dizer que lhes tinham aparecido uns Anjos a anunciar que Ele estava vivo. Alguns dos nossos foram ao sepulcro e encontraram tudo como as mulheres tinham dito. Mas a Ele não O viram». Então Jesus disse-lhes: «Homens sem inteligência e lentos de espírito para acreditar em tudo o que os profetas anunciaram! Não tinha o Messias de sofrer tudo isso para entrar na sua glória?». Depois, começando por Moisés e passando pelos Profetas, explicou-lhes em todas as Escrituras o que Lhe dizia respeito. Ao chegarem perto da povoação para onde iam, Jesus fez menção de ir para diante. Mas eles convenceram-n’O a ficar, dizendo: «Ficai connosco, porque o dia está a terminar e vem caindo a noite». Jesus entrou e ficou com eles. E quando Se pôs à mesa, tomou o pão, recitou a bênção, partiu-o e entregou-lho. Nesse momento abriram-se-lhes os olhos e reconheceram-n’O. Mas Ele desapareceu da sua presença. Disseram então um para o outro: «Não ardia cá dentro o nosso coração, quando Ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?». Partiram imediatamente de regresso a Jerusalém e encontraram reunidos os Onze e os que estavam com eles, que diziam: «Na verdade, o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão». E eles contaram o que tinha acontecido no caminho e como O tinham reconhecido ao partir o pão. [Lc 24, 13-35]

domingo, 1 de maio de 2011

FELIZ DIA DA MÃE

FELICIDADES!

A todas as mães que levam o Carmo [Jovem] no coração.

Àquelas que, muito recentemente mães, já trazem os bebés nas alcofas às carminhadas.
Às que, saudosistas, nos entregam os seus filhos durante os dias de Acampakis.
Àquelas que acolhem os jovens carmelitas peregrinos nos seus lares.
Às que cuidadosamente cortam e às que cosem as faixas do Carmo Jovem.
Às que, não tendo filhos biológicos, cozinham para trinta comilões nos Acampakis.
Àquelas que se privam dos filhos em dias de carminhadas e clarminhadas, e lhes preparam os panados e os bolinhos de bacalhau.
Às que ajudam a preparar carminhadas, clarminhadas, perigris, acampakis, noites escuras, entre-fitas, horebs…carmicoques.
Às que são “motoristas”, conduzindo carrinhas e carros de apoio ou então para levar uma catrefada de Gotinhas a alguma actividade.
Àquelas que muito brevemente vão ser mães.
Para todas as mães pedimos a protecção de Nossa Senhora do Carmo, para que as cubra com o Seu Manto Branco.

Beatificação de João Paulo II, Papa dos jovens


JOÃO PAULO II, 
verdadeiro seguidor de Jesus, peregrino,
amigo dos jovens, das crianças e velhinhos,
Papa, missionário, sacerdote,
acolhedor dos pobres,consolador dos doentes,
carinhoso, jovem, divertido,
confiante na protecção de Maria,
Santo.
Disse-nos, aos jovens, que não tivéssemos medo de ser santos,
que fossemos sal da terra e luz do mundo.
Obrigada, João Paulo II,
por tudo o que nos ensinaste,
porque acreditaste em nós!
Intercede agora por nós,
para que sejamos capazes de seguir as tuas pegadas.