segunda-feira, 30 de maio de 2011

Notas Finais da V Perigri



PERIGRIÇACO

A Perigri este ano começou como tantas outras, de terra em terra, de porta em porta, de peregrino em peregrino. Aveiro, Avessadas, Braga, Caíde de Rei, Rosém, Viana do Castelo, Alhadas, Moinhos, Gafanha da Nazaré, e por aí fora! Alguns disseram Eu vou. Podes contar comigo. A maioria disse eu vou ver e depois digo-te alguma coisa. Se fosse a Fátima ainda ia. Não me convém. Enfim, desculpa lá. Que chatice, eu até gosto dos jovens.

Este ano é ao Buçaco. É muito interessante! É um sítio espectacular! E carmelita!

Sim, é um sítio espectacular, é um caminho único, é o caminho que os nossos frades trilharam rumo a uma nova fundação: o Deserto da Santa Cruz do Buçaco. Outros tempos, outra força de vontade, outra FÉ em que, na insegurança, a única segurança vinha do Alto. Já lá vão 383 anos, 29 de Junho de 1628, muita coincidência com a data escolhida, não é?
Começamos em Aveiro, rumo ao Buçaco, com passagem em Oliveira do Bairro. O reconhecimento do caminho estava feito, a vontade crescia pela beleza do carminho e pela História da Ordem. Em Aveiro, o Sr Branco logo nos sossegou: a Corporação dos Bombeiros é gente acolhedora, eles com certeza que vos darão guarida. E tinha toda a razão, o Sr Comandante António Gomes abriu-nos a porta, ali poderíamos refrescar e dar descanso ao esqueleto, e fazer cócegas às bolhas. Assim que a Dona Carlinda soube da nossa passagem em Oiá, logo nos quis oferecer o jantar aos peregrinos, ela sabe como é importante o alimento do corpo a quem peregrina na vida. A notícia de que iria passar um frade do Carmo, o Frei João com a sua trupe de jovens, correu rápido, e mais gente quis oferecer lasanha e fruta. 
No Mosteiro do Buçaco, o Sr. Engº António Jorge manifestou o seu contentamento de ter com ele os jovens carmelitas, abrindo-nos as portas com toda a hospitalidade. O Padre Pedro Ferreira logo nos disponibilizou as crónicas da Fundação do Buçaco, e que bem precioso para o nosso Guião de oração. Perfeito! Como em anos anteriores, a comunidade de Aveiro acolher-nos-ia no convento do Carmo, para aí pernoitarmos. Sairíamos no dia seguinte com “uma canastra de sardinhas e um cobertor”como os frades naquele tempo, seríamos peregrinos, e o Sr Jaime já nos dava uma mãozinha para a surpresa da recordação (um mimo!). O Frei, como sempre, cuidou do alimento do espírito, cada oração, cada pensamento, cada texto do dia. A Costinha, chefa dos acólitos, encarregou-se da farmácia, das faixas, da cruz, do cajado e dos preparativos da Eucaristia.
No carminho esperavam-nos as dificuldades da vida: uma grande vontade de pôr os pés e o coração ao carminho, mas…. e o trabalho desse fim-de-semana (desistiram cinco!); as festas das paróquias: Comunhões, Festa da Palavra, Festa do Pai Nosso (Desistiram uns seis!); as reuniões de catequistas (menos um!); os casamentos e os baptizados (e foram-se mais cinco!); as fichas de avaliação para corrigir (menos quatro ou cinco stores!); as despedidas de amigos muito especiais que se mudariam de terra e viagens ao estrangeiro (menos quatro). Preciso do fim-de-semana para descansar (menos outro). E vai um e foi outro e mais outro. Sabes, entretanto surgiram-me compromissos e nem dei conta que era nesse fim-de-semana (menos outro…e…e… e para a próxima se verá…
E agora? Perigri ao Buçaco é Perigriçaco. É dos carminhos mais especiais que qualquer jovem carmelita pode fazer. Seguir as pegadas dos seus antecessores, recordar a História, aliás, fazer História hoje com a História do passado, rezar junto de Nossa Senhora na Santa Cruz do Buçaco, contemplar e orar a beleza de uma das sete paisagens mais lindas de Portugal.
Bem, com tanta gente desgostosa de não poder ir, irmos um grupo pequenino, pequenino pequenininho, seria uma pena… e se a fizéssemos mais para frente, quando este e aquele tivessem a mesma oportunidade?! A consulta foi feita aos que ainda estavam alistados e a decisão era unânime, se não formos agora, vamos depois com mais força!
A promessa fica feita: vamos carminhar ao Deserto da Santa Cruz do Buçaco. Fica combinado!
Por isso, gentes de Oiã, Oliveira do Bairro e do Buçaco, aguardem connosco mais uns tempinhos, porque queremos estar com vocês, passar por vocês, rezar com vocês, queremos pisar e rezar nas vossas terras, rumo a Nossa Senhora do Carmo do Buçaco!
A todos vós: o nosso muito obrigado!
Até breve!