segunda-feira, 30 de novembro de 2009

II Kerit | Testemunho (I)

No inicio do mês de Novembro recebi o email a comunicar que iria haver, pelo segundo ano, retiro de silêncio em Avessadas. Desde aí que entrei num retiro pessoal, mais concretamente numa viagem ao passado e a um presente mais recente. Ter a capacidade de olhar para dentro de nós e remexer no baú dos achados e perdidos não é tarefa fácil, quer por falta de tempo ou por falta de vontade e até mesmo medo.
Dois dos temas que serviram de orientação para o retiro relacionam-se com dois aspectos que estão sempre presentes na nossa vida, que andam lado a lado, mas que temos a tendência de os separar. Para muitas pessoas não há ligação entre o amor e o perdão, são actos distintos. Neste retiro tive a consciência que amar pressupõe acima de tudo compreensão e perdão. Saber que as pessoas passam pela nossa vida para nos deixar algo e compreender que, independentemente daquilo que nos deixaram, isso irá ser sempre útil no caminho que temos a percorrer.
Como escreveu o Padre Vasco “Se Deus nos poda através de todas aquelas contrariedades, é sinal que nos ama”. Nada acontece por acaso, tudo tem um motivo. As contrariedades acontecem para nos darmos a conhecer a nós mesmos. Para termos consciência do que somos, tanto no bem como no mal, para nos dar a escolher o caminho que queremos trilhar. Muitas vezes pensamos que nos deram pedras e, aflitos, há a tentação de as atirar a outros ou de as guardar ao invés de as usar como amparos no nosso caminho. Para que isso aconteça é necessário saber perdoar. Perdoar acima de tudo a nós próprios para dar tempo e espaço ao amor que temos para dar e receber.
“Perdoar é condição para amar. Não há limite para o perdão, pois o perdão faz parte do amor, e não há limite para o amor”(Padre Vasco). Por vezes esse perdão não acontece porque vemos o amor como um bem material que se pode agarrar e prender a nós a todo custo. Mas a atenção que Amar não pressupõe criar amarras nem dependências, nem tão pouco receio de perder. É um sentimento de tamanha grandeza que nos transcende. Sim, está personificado, mas nunca o poderemos prender seja a quem e ao que for, mas antes cuidar e admirar para que a sua função de união permaneça em todos os que têm a graça de o poder sentir. Amar é acreditar.
Obrigada por acreditares em mim!
Foram estas as graças que me inundaram durante o retiro de silêncio.
Ana Margarida I Viana do Castelo

II Kerit: Retiro de silêncio

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Retira-te, volta e esconde-te!

Refugia-te,

na torrente do Kerit,

para cada «Elias» Deus tem um tempo…

retira-te de forma humilde, o silêncio te levará a amar!

é hora de voltar, volta

esconde-te em Sua presença,

alimenta a tua alma, sacia a tua sede,

na eterna fonte de água limpa!

é a oportunidade de regressares…

corre para o kerit,

confia…

nada te faltará!

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

II KERIT - Retiro de silêncio

«Tudo é silêncio, harmonia, unidade em Deus. E para viver Nele é necessário simplificar-se, ter apenas um pensamento e actividade: Louvor.» Stª Teresa dos Andes

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Um rebento da XII Carminhada

Então, jardineiros, como tendes trabalhado a terra?
Alguma já tem dado o seu fruto.
Nunca terminemos de trabalhar a terra que o Criador nos confia.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

II Kerit: Retiro de silêncio

O silêncio é uma experiência de depuração...

É preciso deixar as seguranças do telefone, do e-mail, dos próximos... Durante um tempo, deixar todos esses contactos que tranquilizam, para estar próximo de si mesmo. É uma vertigem. O silêncio é uma experiência de escuta. Escuta de si, de uma palavra. No silêncio, despertam-se as águas profundas da nossa existência. Não é de todo um repouso! No primeiro dia, descobre-se o silêncio, a liturgia, os horários. Quando o exotismo deixa de ser novidade, podem surgir momentos de revolta, de resistência, de medo. Um retiro é uma aventura interior, uma experiência extrema que é preciso ousar. Seria uma pena não se arriscar.
[Enevista de Christophe Henning - In Croire - SNPC 09.08.09]

Em 2008 foi assim... E em 2011?

Hino da Jornada Mundial da Juventude Sidney 2008

domingo, 22 de novembro de 2009

Façamos-Lhe uma morada de paz

"Uma morada de paz" (Isabel da Trindade)

Em muitos lugares Lhe rezámos…

Façamos-Lhe uma morada de paz,

Desta vez, na torrente do KERIT.

sábado, 21 de novembro de 2009

CRISTO REI DO UNIVERSO

Alguma coisa brilha em silêncio...

«Sempre gostei do deserto. Sentamo-nos numa duna de areia. Não se vê nada. E no entanto, alguma coisa brilha em silêncio. O que embeleza o deserto, disse o principezinho, é que ele oculta um poço algures. Fiquei perturbado por compreender de repente este misterioso brilho da areia… -Tenho sede dessa água, disse o principezinho, dá-me de beber… E compreendi o que ele tinha procurado! Ergui o balde até aos seus lábios. Ele bebeu, com os olhos fechados. Era aprazível como uma festa. Esta água era muito mais do que um alimento. Nascida da caminhada sob as estrelas… Fazia bem ao coração, como uma dádiva». [Princepezinho de Sain-Exupery]

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

II KERIT - Retiro de silêncio

«Compreendo e sei por experiência que “o Reino de Deus está dentro de nós”. Jesus não tem necessidade nenhuma de livros nem de doutores para instruir as almas. Ele, o Doutor dos doutores, ensina sem ruído de palavras. Nunca O ouvi falar, mas sei que Ele está em mim. Ele guia-me e inspira-me a cada instante o que devo dizer ou fazer»
(Santa Teresinha, Ms A, 83 vº)

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Jornada Mundial da Juventude | 2011

Queres saber mais sobre as Jornadas Mundiais da Juventude?
O site das Jornadas Mundiais da Juventude já está on-line consulta em:

http://www.jmj2011madrid.com/JMJ2011ESP/REVISTA/cabecerasypies/PreHome.asp

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Comemoração de todos os defuntos da Ordem do Carmo

«O homem só deve pôr os olhos e todo o seu gozo em servir e honrar ao Senhor, com seus bons costumes e virtudes.»
[São João da Cruz]

Oração

Senhor Deus,

criador e redentor nosso,

glória dos vossos fiéis,

concedei aos nossos irmãos defuntos,

a quem nos une o mesmo Baptismo e o mesmo chamamento

e vocação à família do Carmo,

graça de Vos comtemplarem eternamente

como prémio das suas vidas consagradas

ao serviço de Cristo e da Virgem Maria.

domingo, 15 de novembro de 2009

II Kerit: Retiro de silêncio

O grande místico carmelita São João da Cruz, certa vez escreveu:
«Silêncio é a primeira linguagem de Deus»

Silêncio: Eterno abandono!

Voando na luz da noite,
contemplamos o abandono do olhar
de quem se deixou por nós abandonar…
Quantas vozes nos encontram
em palavras de labirintos encruzilhados?
Na sombra permanecemos
em tempos incansáveis de buscas continuas
até Te encontrarmos em nós…
Ateamos o fogo do amor que não cansa
de procurar a justeza da Tua existência.
No desamparo sentido deixamo-nos guiar
entregues a uma brisa que não quer desfalecer
nem deixar de nos amparar!
Depositemos em Ti, nosso refúgio,
tudo o que somos e o que temos,
persistindo num tempo
de uma noite que cai lentamente em nós...
A alma encontra
o que vive, o que arde por dentro.
E… são nas noites em que Te revemos
que sentimos esquivas emoções.
Com redobrada atenção ao Teu olhar
que nos olha, saímos de nós,
para nos encontrarmos em Ti…
e no silêncio…
na simplicidade da humildade
em que te encontramos
que aceitamos este ETERNO ABANDONO!

XXXIII Domingo do Tempo Comum

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos [Mc 13, 24-32] Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Naqueles dias, depois de uma grande aflição, o sol escurecerá e a lua não dará a sua claridade; as estrelas cairão do céu e as forças que há nos céus serão abaladas. Então, hão-de ver o Filho do homem vir sobre as nuvens, com grande poder e glória. Ele mandará os Anjos, para reunir os seus eleitos dos quatro pontos cardeais, da extremidade da terra à extremidade do céu. Aprendei a parábola da figueira: quando os seus ramos ficam tenros e brotam as folhas, sabeis que o Verão está próximo. Assim também, quando virdes acontecer estas coisas, sabei que o Filho do homem está perto, está mesmo à porta. Em verdade vos digo: Não passará esta geração sem que tudo isto aconteça. Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão. Quanto a esse dia e a essa hora, ninguém os conhece: nem os Anjos do Céu, nem o Filho; só o Pai».

sábado, 14 de novembro de 2009

Festa de Todos os Santos Carmelitas

Santa Teresa de Jesus, é um grande exemplo de santidade.
Ela afirma:

«Quantos mais santos no céu usam o nosso hábito!...Temos a esperança de nos fazermos, com a Graça de Deus, semelhantes a eles.»

II Kerit | 27,28 e 29 de Novembro ´09

Envia-nos a tua inscrição até ao dia 22 Novembro 2009

Semana dos Seminários

PALAVRA QUE CHAMA E ENVIA

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

II Kerit | 27,28 e 29 de Novembro ´09

II KERIT?! O que é?

É um retiro de silêncio…

Um convite a calar os sentidos para ouvires o grande Amigo que habita no íntimo da tua alma.

Que habita e quer continuar a habitar em ti!

Vem… ouvir o que Ele tem para te dizer…

No dia-a-dia o rebuliço de afazeres e compromissos levam-te a descurar um pouco a tua relação com Ele…

Porque esperas para O encontrares em ti?

Vem… Esta é uma oportunidade para silenciares e ouvires a sua Voz!

Vem… Outros, como tu, encontrarás,

outros, como tu, partilharão o mesmo encontro!

Vem e esconde-te na torrente de Kerit,

Outros como tu, querem encontrar-se com O amigo que nos ama e nos chama…

a beber da torrente, a morar junto à margem

Vem…

Onde?

Convento do Menino Jesus de Praga, Avessadas, Marco de Canaveses;

Quando?

Começa no dia 27 Novembro pelas 22H e termina no dia 29, após o almoço;

Quero ir, o que devo fazer?

Envia-nos a tua inscrição até ao dia 22Novembro2009

Mail: carmojovem@gmail.com

70.000 jovens!

SANTIAGO, segunda-feira, 19 de outubro de 2009 (ZENIT.org). O cardeal Francico Javier Errázuriz, arcebispo de Santiago, pediu aos mais de setenta mil jovens que peregrinaram neste sábado ao Santuário de Auco ser luz de Cristo para o mundo. “Vocês sabem quanta gente realmente não vive com plenitude o fato de ser cristão, em quantos deles não há alegria e em quantos deles se percebe indiferença e tristeza”, disse-lhes durante a Eucaristia celebrada na explanada do Santuário. “Queremos ser luz do mundo por nosso espírito de serviço, também porque queremos semear esperança e alegria – acrescentou. Nossa missão, então, é que também eles sejam luz do mundo e por isso nosso trabalho é conduzi-los a Jesus”. A Missa foi o momento culminante da tradicional peregrinação anual de jovens procedentes de todo Chile ao Santuário de Santa Teresa dos Andes. Os peregrinos caminharam 27 quilômetros na referência do testemunho de Santa Teresa de Los Andes, e sob o lema “Luz de Cristo para o mundo”, inspirado na mensagem do Papa para a Jornada Mundial das Missões deste ano. Durante o caminho, os peregrinos se encontraram com doze estações que lhes motivaram com sinais, cantos e lemas que lhes convidavam a celebrar e renovar sua fé em Jesus. Também, quatro jovens copiaram o Evangelho do Chile, transcrevendo os versículos da Carta aos Hebreus. Sobre este ato simbólico, o cardeal assinalou depois na homilia da Missa que “o grande presente” que a Igreja quer dar ao país em tempos de bicentenário “é que sejamos Evangelho vivo”. “Que essa palavra que os jovens escreveram sobre essa folha for palavra escrita em nossa vida, em nosso coração e em nossas ações”, pediu. “Queremos ser luz do mundo precisamente fazendo que o Evangelho viva em nossa pátria e que novamente a cultura inteira seja um espaço de amor, de esperança, de justiça, de paz e de verdade”, afirmou. A história da peregrinação “De Chacabuco ao Carmelo! Um caminho de santidade” remonta a 1989, em que se efetuou o primeiro percurso. A celebração, que a cada 17 de Outubro convoca dezenas de milhares de jovens, está organizada pela Igreja de Santiago através do Vicariato da Esperança Jovem, em conjunto com o Santuário de Santa Teresa dos Andes. Fonte: zenit.com

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Oração dos seminários

Palavra incriada e criadora,
Palavra incarnada e reveladora,
Palavra do Pai, salvadora,
Palavra no Espírito Presente,
Palavra que convoca e provoca,
Palavra que chama e envia.
És Tu, Senhor Jesus, a Palavra definitiva da História;
És Tu, Senhor Jesus, a Palavra do Pai
que se faz ouvir pela força do Espírito Santo;
És Tu, Senhor Jesus, a Palavra que toda a humanidade espera.
Faz de nós instrumentos audazes e fortes
Para que a tua Palavra se faça ouvir
Na autenticidade do nosso testemunho,
Na coerência da nossa vida.
Faz de nós mensageiros fiéis e credíveis
Para que a tua Palavra seja recebida
Nos corações de tantos jovens
Que querem construir um mundo melhor,
Que querem colaborar na edificação do Reino,
Que querem encontrar o seu lugar na Igreja.
Faz, Senhor, que estejamos atentos à tua voz
Para que à primeira Palavra nos levantemos sem demora
E avancemos de imediato para a missão.
Faz, Senhor, que o nosso testemunho seja a nossa oração
Pelos Seminários e pelos seminaristas
E por todos os jovens a quem a tua Palavra chama e envia.
Ámen.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

NOTAS FINAIS | Carminhada – Vila Nova de Cerveira – 7NOV´09

Quando, parados, se abre uma porta no cimo dum monte!
Outono. Rijo. Os céus da cor do chumbo, o vento batendo forte contra as persianas, o despertador renhindo, lá fora o dia frescote e de cara feia. Tínhamos, apesar de tudo, de carminhar. Em cada uma das casas dos jovens carmelitas, acendiam-se as luzes no bréu da manhã. E porque o amor não muda mesmo quando encontra mudança, Vila Nova de Cerveira era o destino para a carminhada deste dia, a décima segunda, na companhia de velhos e novos amigos. Os jovens leigos carmelitas, estavam novamente em movimento, desta vez inspirados na frase do Padre João Maria Vianney, «Um jardineiro nunca acaba de trabalhar a terra». Dizem que não há sábado sem sol, domingo sem missa e segunda sem preguiça. Dizem. Mas iremos ver se a primeira e a última são verdade. Já que a segunda quase não é. Não apra nós, claro. Fomos convidados neste dia a colocar os pés e a alma, as dúvidas e os medos, o coração e a alegria ao carminho. (Bem: aquilo não era bem um carminho. Era uma escalada subidosa, quatro quilómetros quase só a subir.) E porque jamais carminhamos sós, cem (100!, em tempo de incertezas e de inverno!) corações e duzentos pés congregaram-se a horas na Igreja Matriz de Vila Nova de Cerveira. Cem corações vindos de Alhadas, Avessadas, Aveiro, Braga, Caíde de Rei, Moinhos da Gândara, Paços de Gaiolo, Rosém, e Viana do Castelo. O Sr. Martinho, sacristão da Matriz, pontual e bem cedo, lá se encontrava para nos receber. Fomos acolhidos da melhor forma. Fraternal e delicadamente. Entretanto, a Joana encarregava-se das faixas. Uma novidade o grande grupo de Paços de Gaiolo (Marco de Canavezes) trazia os seus brandões engalanados, sinal da caminhada da fé percorrida e sinal ainda que carminhar como povo de fé é uma alegria!

Entravamos na Igreja Matriz e com a chegada de todos os grupos tudo começava assim: «Caros Amigos que levais o Carmo no coração, sede bem-vindos a Vila Nova de Cerveira…», eram as boas-vindas dadas pela Maria João Brito e Tiago Gonçalves, coordenadores do Movimento Carmo Jovem. Após as boas-vindas e porque o tempo ainda permanecia incerto e nublado, fomos convocados a separarmo-nos por proveniências e em grupo descobrirmos uma forma para nos apresentarmos e darmos a conhecer. Não interessava a parte artística, mas que todos mostrássemos o gosto de ser família de Deus e de carminharmos juntos. Iniciámos a apresentação dos grupos enunciando, primeiro, o Movimento Carmo Jovem. Assim o fez e bem o Tiago Gonçalves. E porque estávamos nas apresentações apresentámos também o Padre António Pires Esteves, pároco de Cerveira e pastor do Carmo Jovem por um dia. Com uma grande salva de palmas terminámos esta apresentação, fazendo votos que o seu apostolado continue a ser fecundo e que fiquem mais perto de Deus todos os que dele se aproximem. Após a apresentação do nosso pastor por um dia, cada grupo se apresentou. Foram cânticos, foram prosas. Acolhíamos com alegria e simplicidade formas de amar, de estar e vivenciar a nossa fé em muitos lugares diferentes! E como a luz do sol envergonhado começou a brincar nos vidros das janelas da igreja, fomos, por fim, cativados a carminhar. A subir. A escalar. Antes de partirmos o Tiago deu as instruções de segurança como sempre entre nós se faz, mas quase não serviram de nada, porque duzentos metros à frente — embora a Vila seja pacífica, peatonal e quase sem trânsito — a parte mais inexperiente dos calcantes provava não saber o que era uma passadeira. Mas, nada de maior se passou: em menos de um minuto surge do nada um xerife que a todos nos pôs em sentido. Ah, xerife! (Enfim, o que queríamos era monte, esticar as pernas e correr, ar puro e desafio!) Começámos, pois, a carminhar… passámos a porta da igreja, reunimo-nos num pátio da mesma e iniciámos os nossos passos em oração. Uma oração breve e simples com guarda-chuvas abertos. Serpenteámos por Cerveira, começara a subida ao monte. Éramos 98 a carminhar, 2 em carros de apoio. E antes que terminemos hão-de chegar mais dois. Ela, grávida. Subimos, subimos, subimos… e paramos aos pés da Senhora da Encarnação. O Frei João Costa, afirmativo, convicto e puxando a nota como quem puxa o lustre, convidava-nos a ouvir, a silenciar, a rezar e a aprender. A aprender mais do que a ouvir! E ouvimos em vários tons e de diversas formas. Ouvimos e apreendemos com a mente e com o coração. Fixamos em nós a data do dia mais feliz da história da Humanidade! Porventura, sabem qual é? Olhem que podemos sempre chamar o Frei!

Aquela ermidazinha branca que mira a Galiza isso nos convidou a comemorar. Foi o que fizemos nos instantes que ali descansamos.

Partimos, frescos, em direcção ao Veado. Continuamos a subir, a subir, a subir um monte bem definindo. Chegámos. Junto ao Veado, estávamos no ponto de maior altitude de toda a XII Carminhada e pela frente, mesmo num cinzento dia, tínhamos diante do nosso olhar, uma das mais belas paisagens de Portugal. E foi dar ao dedo: Chjiik, foto ao penedo! Chjiik, foto a outro penedo! Chjiik, foto a mais um penedo! Chjiik, Chjiik, Chjiik, que os penedos são mais de mil!!! Chjiik, foto ao veado! Chjiik, foto à paisagem! Chjiik, foto a San Cámpio! Chjiik, foto a Tomiño! Chjiik, foto à Galiza! Chjiik, foto ao rio! Chjiik, foto à Ilha dos amores-em-forma-de-coração! Chjiik, foto ao grupo! Chjiik, foto contigo! Chjiik, foto comigo! Chjiik, foto do meu grupo! Chjiik, foto de grupo! Chjiik, foto de família! Chjiik! Chjiik! Chjiik! Chjiik! Chjiik! E 32 máquinas ficaram sem memória no cartão! De tudo que havia para fotografar ninguém fotografou o vento frio! Mas juntos, dasafiámo-lo e cantámos a bom cantar o Veado. Recordámos São João da Cruz, cantámos o Cântico Espiritual, entrámos no templo da nossa alma e encontrámos Deus, real e verdadeiramente presente naquela paisagem agreste, que, só de Verão deve ser linda! Após a «foto de família», reunimos em Assembleia Geral. Era preciso decidir: Almoçar e ir ao Convento de SanPayo ou almoçar e regressar a Vila Nova de Cerveira? Em uníssono saiu a decisão, e SanPayo venceu S. Cipriano. E o decidido está decidido. Descemos do promontoriozinho onde o Cervo se mostra a Cerveira e a quem passa, e refugiamo-nos numa cova a céu aberto, porque ali, reparáramos, nos defendíamos melhor do vento. Ou melhor, não fazia vento! Abancámos por ali: e à falta de mesas e bancos sentamo-nos no asfalto da estrada. Ah! Belos caminhos de Portugal, que nos chamais a carminhar e nos dais banco e mesa para comer!

Mas ainda não tinham terminado os 30 minutos do almoço e já um chuvasqueiro que ameaçava ser maior molhava os pés do Veado! A chuva e o frio desabavam abruptamente sobre nós e fomos forçados a descer e a regressar à Igreja Matriz de Cerveira. São Cipriano vencia SanPayo. E nós perdemos uma parte do caminho, mas aforramos carminhada. Fica para a próxima, como sói dizer-se. E porque Deus se revela na simplicidade das pequenas coisas, com simplicidade e muito amor terminávamos a XII carminhada. Bem, terminávamos a parte física; faltaria a do Alimento.

15:15h anunciava o relógio, quando se iniciava a nossa Eucaristia do XXXII Domingo do Tempo Comum, na Igreja Matriz de S. Cipriano. Uma Eucaristia cheia de solene simplicidade, tão ao jeito carmelita. Ai de nós se se acabarem as nascentes! Como faremos festa de lábios ressequidos?! «Que bem eu sei a fonte que mana e corre, mesmo de noite!» Fazíamos festa! E a festa, vivida em família jovem, tem sempre um brilho muito especial. Entrámos em procissão, cantando. O nosso coração exultava na alegria do Amor de Deus que se revela na beleza das pequenas coisas!

Tendo sido este ano proclamado como Ano Sacerdotal, os Sementinhas, grupo de Caíde de Rei, deu seguimento à nossa actividade de dar visibilidade aos nossos sacerdotes (santos) e apresentou a biografia do padre João Maria Vianney, ilustrando-a com cartazes. O Santo Cura d’Ars, a quem o Papa Bento XVI nomeou para assinalar o ano sacerdotal estava apresentado. E como será fácil de imaginar outros se seguirão, de acordo com o programa do Movimento. A Palavra de Deus ecoou fresca aos nossos ouvidos. Depois ecoaram os testemunhos nas palavras de alguns jovens chamados pela voz de Frei João, que os foi chamando ao presbitério. E foi assim que subiu o Rafael, que se queixa das homilias grandes do Frei João; e subiu o Zé, que a seu tempo foi o despertador matutino do Ricardo Luis; e subiu o Fábio de Passos de Gaiolo, para contar como foi carminhar connosco pela primeira vez; e subiu a Susana, grávida, para contar como é carminhar a três no Movimento! Depois o Frei João continuou a solo. Disse-nos que após termos escutado a Palavra de Deus, tinha ele concluído que Deus vê mais facilmente o que é pequenino que o grande. (Ao contrário dos homens!) E desafiou-nos a que se não compreendêssemos como é que Deus vê melhor o pequenino que o grande, lhe poderíamos ligar para o telemóvel 9694…… E disse ainda que é verdade o que São João Maria ensina: «um jardineiro nunca acaba de trabalhar a terra». Disse-nos que éramos tão novos, tão novos que talvez não soubéssemos o que era um jardim. Por isso, nos desafiou a aprender, a crescer e a trabalhar, porque, cada um de nós, é uma flor ou uma planta no jardim do Carmo. E somos por isso, simultaneamente, trabalhados e trabalhadores. Plantas que se deixam cuidar e cuidadores que cuidam dos outros. Há palavras assim, que nos tocam.

Depois a Eucaristia terminou. Houve tempo ainda para ler uma mensagem do Frei Ricardo Luis, que não podendo subir connosco ao Veado, subiu, lá longe, em Castellón, ao Monte Bártolo, porque, dizia ele, não se esqueceu de nós e quer levar como nós o Carmo Jovem no coração até o cimo do monte mais alto. Houve tempo ainda do Frei João apresentar a Sónia Ferraz, último elemento da Coordenação que faltava relevar; de chamar os Coordenadores presentes e lembrar os ausentes por doença e impossibilidades laborais; de agradecer aos organizadores e aos catequistas presentes (e eram muitos!) a sua colaboração animada. Por fim, ao terminar, foi-nos entregue uma semente e um vaso com terra, assinalando-se assim o fim da XII Carminhada. Afinal, também seremos jardineiros duma semente pelo menos! Havemos de semear e cuidar a terra! E não faltou quem prometesse, no regresso às carminhadas trazer os frutos da sementeira! Bora lá! Bute lá! Também agradecemos a amabilidade do acolhimento e ao Sr. Martinho oferecendo-lhe um vaso de flores, sinal que já vamos dando algo à Igreja! O relógio avançara bem para lá das 17H30, e já as gentes da terra entravam na igreja, entravam na sua vinha santa, no palácio onde Deus habita e onde trabalham a terra com muito carinho para que possam produzir frutos. Gentes da terra, que entravam na sua casa, unidos na mesma fé! E nós saíamos reconfortados e agradecidos… Terminávamos aos abraços e aos beijos, acendendo em nossos corações a esperança do próximo encontro, da próxima carminhada! Que vai ser um Kerit, retiro de silêncio! Alguns, menos apressados, e com sentido das responsabilidades, sentados num passeio, debaixo de uma tília, trocavam alguns apontamentos e palavras sobre o belo dia decorrido, quando alguém ergueu, silencioso, o calado olhar para o alto da montanha verdejante e disse: — Sabeis que só hoje comecei a ver? Apesar passar por aqui de muitas vezes, só agora me apercebi da janela que se encontra no alto do monte? … Só hoje! E o Frei João, sempre (— Sempre?) paciente com as nossas falhas de visão, explicou que não se tratava de uma janela, mas da porta duma capela dedicada ao Espírito Santo. Capela nunca concluída nem deixada concluir pelas gentes, pronuncio de que o Espírito Santo escapa a todas as paredes e grades onde O queiram engaiolar…

Assim é o Espírito Santo! Ilumina e aquece quando quer, tal como o vento sopra onde quer e como quer. É acção nunca terminada em que se deixa enamorar! No mistério do Amor, só de olhos e coração bem abertos O poderemos ver trabalhando-nos, qual jardineiro que pacientemente rega e cuida a terra árida. E se o jardineiro não semeia com amor e não trabalha com amor, como há-de querer colher o que não semeou nem cuidou? Enfim, há sempre uma lição que, fora d’horas, vem ao nosso encontro! Termina aqui a crónica encomendada, porque o dia também terminou. Ao longo de todo o dia tínhamos caminhado com o Carmo plantando no coração. E alguns tinham carminhado esse dia intensamente, mesmo antes desse dia ser dia! Terminara. Caminhámos na certeza de andarmos na presença do Espírito Divino, o doce hóspede da alma. Entramos nos carros, as costelas afeiçoaram-se aos bancos e os corpos gemeram por um duche. Era noite e o Espírito regressava connosco montanha acima. Outra montanha, que as famílias nos esperam. A noite caíra, descia o silêncio. Em nós crescia o espaço aberto duma porta no alto dum monte. E se a felicidade do céu consiste no enlevo da intimidade divina, que continuemos a ser na terra jardineiros que cuidam e sentem esta brisa que passa e não nos deixa iguais… Nesta comunhão de amor encontraremos sempre a nossa identidade n´Ele. E Ele estará sempre em nós, em todos aqueles que nos dispusemos a carminhar a XII carminhada. Obrigado por terem vindo, mesmo se porta alguma se abriu em vós.

domingo, 8 de novembro de 2009

XXXII Domingo do Tempo Comum

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos [Mc 12, 38-44]
Naquele tempo, Jesus ensinava a multidão, dizendo: «Acautelai-vos dos escribas, que gostam de exibir longas vestes, de receber cumprimentos nas praças, de ocupar os primeiros assentos nas sinagogas e os primeiros lugares nos banquetes. Devoram as casas das viúvas com pretexto de fazerem longas rezas. Estes receberão uma sentença mais severa». Jesus sentou-Se em frente da arca do tesouro a observar como a multidão deitava o dinheiro na caixa. Muitos ricos deitavam quantias avultadas. Veio uma pobre viúva e deitou duas pequenas moedas, isto é, um quadrante. Jesus chamou os discípulos e disse-lhes: «Em verdade vos digo: Esta pobre viúva deitou na caixa mais do que todos os outros. Eles deitaram do que lhes sobrava, mas ela, na sua pobreza, ofereceu tudo o que tinha, tudo o que possuía para viver».

sábado, 7 de novembro de 2009

O nosso pastor por um dia

P. ANTÓNIO PIRES ESTEVES
O Pároco de Cerveira é o pastor do Carmo Jovem por um dia. Atravessamos a sua terra peregrinando como peregrinos e como fiéis da Igreja, que seguem a voz do Bom Pastor.
O P. António Pires Esteves tem 53 anos de idade e quase 27 de sacerdote. Durante 13 anos foi pároco de Anais, Ponte de Lima; e é há 13 anos o pároco de S. Cipriano de Vila Nova de Cerveira. Os seus pais ainda vivem: a mãe Elisa Pires tem 92 anos e o Pai José Esteves tem 87. É natural de Monção. Fez o seu percurso académico e teológico nos Seminários da Diocese de Braga. O primeiro sinal da vocação para o sacerdócio veio-lhe do contacto com o seu pároco, Pe Manuel Bernardo. Vendo o seu jeito de pastor e como celebrava os mistérios de Deus, um dia disse de si para si: «Um dia serei padre»! E foi. Hoje é Padre. Os tempos não são fáceis, o ambiente chama mais ao descomprometimento que à adesão, ao empenho e apoio. Mas o P. Esteves não desiste. Tem 80 crianças e adolescentes na catequese, por quem se desvela. Neste ano baptizou 12 crianças e presidiu a 2 casamentos, ambos de fora de Cerveira! Vila Nova de Cerveira é apreciada pelo seu sossego, pelo verde da sua terra, pelo silêncio que ali canta. É uma terra apreciada pelos filhos da terra, mas também pelos que de longe dela ouvem falar. Apreciam-na os citadinos por causa da serenidade e do bucolismo, e os galegos com sentido de fraternidade. O Concelho é formado por 15 freguesias, algumas das quais com dificuldades para chegar à centena de habitantes. A sede concelhia — a paróquia de Cerveira — ronda os 2000 habitantes! Pelo sacerdócio dum padre é sempre preciso rezar, e pelas suas gentes também: para que permaneçam fiéis ao Senhor e caminhem juntos, como povo bem disposto ao encontro do Senhor. Ousemos rezar por eles na nossa XII Carminhada do Carmo Jovem, com a intercessão do santo bispo Cipriano de Cartago.