segunda-feira, 30 de novembro de 2009

II Kerit | Testemunho (I)

No inicio do mês de Novembro recebi o email a comunicar que iria haver, pelo segundo ano, retiro de silêncio em Avessadas. Desde aí que entrei num retiro pessoal, mais concretamente numa viagem ao passado e a um presente mais recente. Ter a capacidade de olhar para dentro de nós e remexer no baú dos achados e perdidos não é tarefa fácil, quer por falta de tempo ou por falta de vontade e até mesmo medo.
Dois dos temas que serviram de orientação para o retiro relacionam-se com dois aspectos que estão sempre presentes na nossa vida, que andam lado a lado, mas que temos a tendência de os separar. Para muitas pessoas não há ligação entre o amor e o perdão, são actos distintos. Neste retiro tive a consciência que amar pressupõe acima de tudo compreensão e perdão. Saber que as pessoas passam pela nossa vida para nos deixar algo e compreender que, independentemente daquilo que nos deixaram, isso irá ser sempre útil no caminho que temos a percorrer.
Como escreveu o Padre Vasco “Se Deus nos poda através de todas aquelas contrariedades, é sinal que nos ama”. Nada acontece por acaso, tudo tem um motivo. As contrariedades acontecem para nos darmos a conhecer a nós mesmos. Para termos consciência do que somos, tanto no bem como no mal, para nos dar a escolher o caminho que queremos trilhar. Muitas vezes pensamos que nos deram pedras e, aflitos, há a tentação de as atirar a outros ou de as guardar ao invés de as usar como amparos no nosso caminho. Para que isso aconteça é necessário saber perdoar. Perdoar acima de tudo a nós próprios para dar tempo e espaço ao amor que temos para dar e receber.
“Perdoar é condição para amar. Não há limite para o perdão, pois o perdão faz parte do amor, e não há limite para o amor”(Padre Vasco). Por vezes esse perdão não acontece porque vemos o amor como um bem material que se pode agarrar e prender a nós a todo custo. Mas a atenção que Amar não pressupõe criar amarras nem dependências, nem tão pouco receio de perder. É um sentimento de tamanha grandeza que nos transcende. Sim, está personificado, mas nunca o poderemos prender seja a quem e ao que for, mas antes cuidar e admirar para que a sua função de união permaneça em todos os que têm a graça de o poder sentir. Amar é acreditar.
Obrigada por acreditares em mim!
Foram estas as graças que me inundaram durante o retiro de silêncio.
Ana Margarida I Viana do Castelo