sábado, 28 de agosto de 2010

DOMINGO XXII DO TEMPO COMUM

Naquele tempo, Jesus entrou, num sábado, em casa de um dos principais fariseus para tomar uma refeição. Todos O observavam. Ao notar como os convidados escolhiam os primeiros lugares, Jesus disse-lhes esta parábola: «Quando fores convidado para um banquete nupcial, não tomes o primeiro lugar. Pode acontecer que tenha sido convidado alguém mais importante do que tu; então, aquele que vos convidou a ambos, terá que te dizer: ‘Dá o lugar a este’; e ficarás depois envergonhado, se tiveres de ocupar o último lugar. Por isso, quando fores convidado, vai sentar-te no último lugar; e quando vier aquele que te convidou, dirá: ‘Amigo, sobe mais para cima’; ficarás então honrado aos olhos dos outros convidados. Quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado». Jesus disse ainda a quem O tinha convidado: «Quando ofereceres um almoço ou um jantar, não convides os teus amigos nem os teus irmãos, nem os teus parentes nem os teus vizinhos ricos, não seja que eles por sua vez te convidem e assim serás retribuído. Mas quando ofereceres um banquete, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos; e serás feliz por eles não terem com que retribuir-te: ser-te-á retribuído na ressurreição dos justos. [Lc 14, 1.7-14]

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Guilherme de Faria

Tu não és senão o que és em verdade, e a verdade é somente o que tu és perante Deus.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Queridos amigos carmelitas do Acampaki júnior


JM+JT


Queridos amigos carmelitas do Acampaki júnior,
Jesus, esteja presente em vossos corações!

1. Recebi notícias da vossa fé. Recebi belas palavras de amizade, palavras que nascem de corações jovens carmelitas. Jovens carmelitas, que carminham a meu lado, orientados por quem «sabemos que nos ama»! Obrigada pelo vosso carminho que se cruza no meu carminho espiritual.

…(e notícias da Raquel? Ela não escreve? Não responde às cartas que enviamos? Nós colocamos nos envelopes as nossas moradas…uh!)

2. Pois bem amigos, aqui vos envio notícias da minha fé…
Eu, Raquel, ando como o bom Deus quer. Quem me vê no Carmelo, quem conhece um pouco da minha história na história do Carmo, diz que, num hoje, ando ainda mais feliz! É verdade. Ando ainda mais feliz no Carmelo de Santa Teresa em Coimbra, a descobrir o que é a vocação de uma carmelita. (quantos horizontes ainda por descobrir!)
Carminho entregue nas mãos de Deus. Comparo o Carmelo a uma grande colmeia. Todas as abelhas trabalham pela unificação da Sua morada. Assim é no Carmelo. Somos células vivas, prisioneiras no Amor de Deus. (eis como me vejo, como vejo cada uma das minhas irmãs na comunidade onde me encontro.)
No Carmelo, o que mais voa é o tempo. Quando me encontro envolvida num determinado ofício, eis que a voz de Deus (o sino) me convida a entrar «mais adentro». Aprendi com São João da Cruz que: «no silêncio e na esperança está a minha paz!». E quando sou eu a tocar o sino a voz de Deus ecoa um pouco rouca… mesmo assim, o tempo no Carmelo é único. Não troco esta minha morada por nada!

3. No meio de todo este tempo, no tempo em que tudo Amo, em que tudo se faz amar, encontro outro tempo. Encontro um tempo para vos abraçar e acarinhar. Não sois vós, «filhos» da minha primeira herança? Este tempo também vos pertence. Neste tempo são horas de amar. São horas para amar! Penso em vós, acarinho-vos n´Ele.
Alguns de vós, nas cartas que me enviaram, faziam referencia à alegria que reinava por poderdes participar no Acampaki. Alegro-me com a vossa alegria. O quanto, a mim, me dava também ânimo organizar o Acampaki com os meus dois irmãos, Frei João e Frei Ricardo. (meses de reuniões, leitura, risos, choros, pc, contactos, estrada, compras… maravilhosas aventuras quando o amor é Amado!)
A nossa prioridade era acolher e integrar bem cada jovem que chegava até nós. Bendito seja Deus!
Mas… tudo tem o seu tempo, no tempo de Deus! Num hoje, organizo de outra forma, entrego a minha vida nas mãos de Deus junto à Cruz acompanhada pelo silêncio da "Senhora da capa branca", Maria nossa mãe!

(E para quando o regresso ao Acampaki?)
4. O regresso ao Acampaki, será desde o Carmelo de Coimbra. Acamparei na "tenda do encontro" com cada um de vós a meu lado. Será um CarmeliKampi. Que vos parece?

5. Quanto a cada um de vós, é tempo de serdes verdadeiros jovens carmelitas. Que sejais nas vossas jovens vidas: «casa que Deus edifica» [1 Cor 3,9]. O Acampaki não termina ao sair do portão da Quinta do Menino Jesus de Praga, em Deão. Continua na vossa vida. Enchei de alegria os vossos corações e continuai a saltar, a gritar, a carminhar com o Carmo Jovem nas estradas da vida, "mochai" muito… mas, não esqueçais que Ele quer continuar a acampar em vós. Esquecereis vós o vosso melhor amigo? Não esqueçais deste também.

É tempo de acolherdes este tempo, o vosso tempo, no tempo de Deus! Esse tempo tem que ser bem consumido. Não tenhais medo de arriscar, de serdes radicais em Deus e por Deus. Fazei bom uso d´Ele. «Carminhai enquanto tendes luz» [Jo 12, 2-5]. Ainda aí estais? Ide… Carminhai.

6. E como não sei dizer melhor, aqui fica um espaço em branco para que possais escrever todos os elogios que mereceis. (uns por terem sido aventureiros e terem aceite o convite para participar. Outros por terem trabalhado arduamente na realização desta actividade)

7. Que o Deus da esperança, nos carminhos da vida, seja para sempre louvado.

É tudo, no tudo!
«Só Deus Basta!»


Carmelo de Coimbra, 24. VIII.' 10
Dia da Reforma do Carmelo Teresiano

Testemunho VII - 4campaki, onde se aprende e onde se ensina

Olá!
Sou um dos muitos Acampakis, sou diferente de todos mas no fundo igual a todos. Este foi o meu primeiro Acampaki e logo à partida me apercebi de que embora fossemos todos diferentes acabávamos por nos completar justificando assim a escolha do espírito Okapi para o acampamento.
Este não é um acampamento normal, é um acampamento onde partilhamos experiências de vida, onde conhecemos montes de pessoas de vários sítios do país, onde se aprende e onde se ensina. No acampamento aprendemos a lavar a loiça, a varrer o chão, a lavar panelas e até a jogar à sueca. Ensinamos as pessoas a aceitarem-se como são e mostramos às pessoas que cada um é como é mas todos temos o nosso valor e é isso que nos torna únicos. É um acampamento muito rico em experiências, existia um local do acampamento apropriado para a partilha de experiências, esse local era a universidade (o local onde tínhamos as aulas com os professores vindos de vários sítios e que exerciam várias profissões). As pessoas são todas simpáticas e muito afáveis, sempre prontas a ajudar e sempre com uma palavra de apoio e motivação para nos dar.
Gostei muito do acampamento e quero repetir para o ano. Fui para o acampamento como um rapaz normal e vim de lá como um rapaz cheio de experiências para partilhar e com muita força para superar as adversidades do dia-a-dia e com muitos amigos para me apoiarem. Sem dúvida que eu podia não ter ido ao Acampaki e ter continuado a dormir na minha cama, mas eu não seria a mesma pessoa.

Bruno Araújo, Viana do Castelo

Aldeia de S. Rafael Kalinowski

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Testemunho VI - A simplicidade em mudar


Olá a todos!
Devo dizer-vos que, embora tente, não conseguirei expressar em simples palavras mudas e caladas tudo o que uma semana de Acampáki significou e sempre significará para mim, mas prometo dar o meu melhor para explicar que acampáki é muito mais que uma semana no meio de um monte longe de tudo (como muitos dizem).
Embora este tenha sido o quarto Acampáki, foi o primeiro em que participei e certamente não será o último. Pois não me importo se me chamam “maluca” ou “desinteressante”, não quero saber se sou esquecida ou apagada das futilidades da sociedade; Vou encontrar-me com ELE , vou conviver com aqueles que partilham a mesma vontade de LHE doar todos os dias, que mais poderia querer.
Durante uma semana aprendi a rezar de uma forma que me deixa inexplicavelmente feliz; aprendi a dar valor ao que tenho e a não ter medo de o partilhar (por muito pequeno que seja); explorei o espírito Okapi através das nossas diferenças e virtudes para que nos tornássemos num só; encontrei o meu verdadeiro refúgio incondicional: a oração.
Foram dias cansativos, não há dúvida disso (acordar cedo, sentar em cima de bolotas, tentar não adormecer na clarminhada, dormir num palco), mas tudo isto foi superado sempre com um sorriso na cara, com uma canção nos lábios e, claro, com a ajuda de todos os okampákis (sei que a Nandinha não clarminhou connosco fisicamente, mas esteve sempre no nosso pensamento). Ultrapassamos o sono, o frio, a vontade de desistir, até ultrapassamos gatos mortos; e não me venham com desculpas porque eu tenho bem a certeza que Ele riu, cantou e, quando era necessário, levou-nos ao colo para que não desistíssemos.
Em fim, o Acampáki é uma janela sempre aberta e convido-vos a olharem por essa janela, atravessarem a janela; eu encontrei a mais pura das felicidades, a PAZ interior e exterior que há tanto procurava, amizades indescritíveis e a simplicidade de cada dia, de cada emoção que deve ser vivida e partilhada como um presente para nós próprios e para todos os que nos rodeiam. Por isso, pensem em tudo o que mudou nas vossas vidas nesta semana e imaginem tudo o que poderá mudar se levarmos sempre a gotinha do Carmo Jovem bem perto de nós todos os dias.

Maria Babo, Caíde de Rei
Aldeia de Santa Teresa

domingo, 22 de agosto de 2010

Raquel, Feliz Aniversário!


Raquel, hoje sabemos que acompanhas a nossa Gotinha desde a vida de oração no Carmelo.
No dia do teu aniversário, damos graças a Deus pela tua vida, por toda a dedicação incondicional ao Carmo Jovem ao longo de quase 16 anos e pela tua vocação na Ordem.
Um fortíssimo abraço dos Jovens que levam o Carmo [Jovem e a Raquel] no coração!
FELIZ ANIVERSÁRIO!

sábado, 21 de agosto de 2010

Crónica do 4campáki


Sem o 4campaki não seríamos a mesma coisa!


Uma crónica impõe-se qualquer que tenha sido a epopeia navegada. Eis, pois, a do 4campaki. Porém, mais que o cronicar clássico aqui se abrirão janelas sobre parcelas da vida do quarto Acampáki que durou oito dias mas promete perdurar por um ano. Aqui nos contamos, porque como disse uma 4campaki: «Esta é uma experiência única que recomendo a qualquer um!»

4campaki
4campaki lê-se Acampaki e quer dizer quarto acampamento dos Jovens Carmelitas. Foi há quatro anos que começamos. Parece pouco mas não é tão pouco assim.
No 4campaki éramos dezasseis jovens contando com a Nandinha que teima e bem em chamar-se jovem carmelita. O número decresceu para quase metade. Se deixou pena o abaixamento das inscrições, também deu para compreender as impossibilidades. E também há quem diga: «Na minha agenda faz parte o Acampaki, não o dispenso nem por nada!»
Metade do grupo tem entre quinze e dezoito anos, a outra parte é mais velha e experiente. Juntos faremos uma boa caminhada.
Os mais velhos não esperam surpresas, os mais novos sim. E talvez sejam estes quem mais perto está da verdade.

Clarminhada
O que é uma clarminhada? É seguir em frente, sem medo. De noite. É deixar cair o sol, abraçar a lua e abandonar a segurança do acampamento recusando o repouso da tenda. É afoitar-se ao caminho, numa noite quente, acompanhado por amigos, confiar nos coordenadores, seguir a Estrela Polar. E acreditar que havemos de chegar, mesmo que seja em último lugar.
Havemos de chegar? É o que veremos. Já veremos se chegaremos.
Na noite do dia 4, Quarta-feira, depois da cozinha arrumada e posto o acampamento em sossego subimos ao Santuário. Estávamos todos artilhados com faixa do Movimento, o cajado e a Cruz das carminhadas. Connosco subiu a Nandinha, que depois descerá porque não há acampamento sem sentinela.
No Santuário desdobramos as páginas do Guião e rezamos uma pequena vigília que concluiu com a Imposição do Escapulário do Carmo. Partimos logo depois que a Mãe nos abraçou.
Ao longe e ao perto vêm-se incêndios que nos assustam e avermelham os medos que a noite traz no ventre. Partimos em direcção ao mar. Chegaremos cinco horas depois, uns cansados e outros muito cansados. Mas chegamos todos. O caminho já nosso conhecido não tinha dificuldades de maior, a não ser os 20kms de distância.
Chegamos. Chegamos todos. Nada há que pague uma praia livre a receber-nos e uma imensidão de mar a conversar connosco. De repente, tudo era imenso: o sono, os quilómetros andados, o mar, o céu, as estrelas. E nós, pequeninos, quase vencidos pelo sono, rezámos o terço em honra dessa Virgem que se vestiu com a cor do Céu e é Estrela do mar!
Depois dormimos duas horas em palco, sim em palco, no que deve ter sido a peça mais surrealista que alguma vez se viu, até porque a plateia nada viu porque não havia ninguém para ver senão o nosso dormir.
Confissão
Chega a Sexta-feira chegam as confissões. O momento vai sendo preparado com ligeiros e oportunos momentos de catequese. Chegada a hora, depois duma pequenina celebração comum, três sacerdotes espalham-se pelo monte. E os acampakis, já familiarizados com eles, vão aproximando-se ou de um ou de outro. Só há uma regra: cada um se confessa ao seu gosto e ao seu ritmo. (E é na intimidade duma confissão que descobrimos que o Rafael não é baptizado!)
Era meia tarde dum Agosto quente. Ouvir cânticos no Santuário e ver pés jovens cruzando o monte como quem regressa a casa do Pai é do mais bonito que há. Que não terminem as confissões no Acampáki!
Incêndios
O insulto maior é ver montes a arder. Noite e dia fomos assistindo a repetidos incêndios que irrompiam nos montes como se houvera uma mão, mais nefasta que providencial, que ia ceifando a natureza que nos regala.
Para nós Deão é um resquício de Paraíso. Essa é a ironia e insulto: ir ao Paraíso e dali ver que tudo à volta arde. Se é verdade que todo o fogo tem algo de purificador, a maior verdade é que nada víamos purificado, antes mais e mais triste, mais e mais esventrado e negado pela força destruidora de lume tão grande!
Jogos
Quem não gosta de jogar? Para que o tédio não plante a sua tenda entre as nossas recorremos aos jogos de grupo. O futebol não pode falhar, e a Portuguesa cantada por todos! (De fazer lembrar os grandes palcos onde joga a Selecção!). A equipa dos galifões contratou o Anelka branco, mas levou uma abada!
A Caça ao Tesouro valeu mesmo a pena. E no fim houve mesmo tesouro. Em poucos minutos a Quinta virou ilha e oceano, viram-se piratas e tugas corajosos a combatê-los. E quando o barco foi ao fundo houve de saltar-se para as águas e buscar os tesouros.
Os saraus também não falham. E quem disse que éramos um deserto de artistas? Não somos. Em cada jovem acampaki há um actor escondido. Diz quem viu que se passaram horas bem passadas a preparar apresentações que nos fizeram rir até às lágrimas.
Até houve torneio de sueca ganho por uma equipa que nunca tinha jogado, mas que, por telefone recorreu a treinadores estrangeiros – as mães! Verdade seja dita: foram tão bem treinados que no último jogo fizeram três arrenúncias sem que os adversários se apercebessem. E ganharam! É obra ou sorte de principiantes!
Oração
A oração é uma das melhores fatias do 4campaki. Logo pela manhã, ao despertar, sobe-se para junto de quem nos espera: Nossa Senhora do 4campaki. Desde a primeira hora que a Mãe tem um Santuário na encosta do monte. Mal ficaríamos se a não visitássemos, quer pela manhã, quer para a oração de Vésperas (uma hora já muito depois do anoitecer!)
No 4campaki a oração da manhã é sempre um pouco sonolenta. Mas a verdade é que com ou sem sono os filhos são sempre belos para a Mãe. Também no 4campaki sempre que nos abeiramos da Mãe ela se mostra mais Mãe e Mãe feliz.
As orações mais belas são as de Vésperas, as tais que rezámos quando a noite já vai grávida da madrugada. São momentos especiais, fortes, poderosos. Um foco sobre as nossas cabeças sublinha o espaço sagrado da oração, as árvores aspiram-nos para o alto, o alto acolhe-nos num regaço cheio de estrelas. No nosso Santuário entra o vento e o calor, o cão que ladra e a cigarra que canta, entra o silêncio e a festa popular que, algures, corre na margem duma estrada.
Os momentos de oração são tão belos, que ninguém os perde. E que importa se alguém adormece. Deus não é Pai? Como deve sorrir ao ver-nos assim, criaturinhas no meio dum monte a rezar!
Este ano rezámos especialmente com S. Rafael Kalinowski, mais anjo que homem, que em seu tempo conduziu milhares de jovens pelos caminhos de Deus e da oração, e que na provação foi reconhecido como intercessor das necessidades dos companheiros junto de Deus!
E rezámos com Teresa de Jesus, mestra sábia e prudente, que, dia a dia e hora a hora, nos animava com palavras que animam: «São felizes as vidas que se consumirem ao serviço da Igreja»; «Quem não deixa de caminhar, mesmo que tarde, chega ao fim.»; «Oração e maneiras sofisticadas não combinam!».
Teresa sabe do que fala. Por isso a trouxemos connosco, para aprender mais dela. Ela, por sua vez, alegre e feliz, com estes pequenitos filhos seus, prometeu continuar a caminhar connosco.
Pais
Ah, pois! Afinal, sim. Sim, oito dias depois damo-nos conta que ainda existem pais e irmãos e outros amigos, e uma cozinha e cama confortáveis em nossa casa.
O Acampáki não corta laços, antes laça os laços já laçados. Por isso é sempre bom ver que o Acampáki acaba, que acaba um experiência de vida em grupo, uma experiência enriquecedora que há-de dar frutos.
É sempre bom saber que fora círculo paterno os filhos comem sopa, cenoura e ervilhas, atum e repolho, põem e levantam a mesa, sabem onde se colocam os talheres e sacodem a toalha, lavam a loiça e passam a esfregona, cuidam do acampamento e da tenda. Tudo coisas para vida.
É sempre bom saber que fora do ninho paterno os filhos sobrevivem à privação da net e da televisão, da consola e telemóvel.
Não há dia no Acampáki em que não rezemos pelos pais e familiares. Mas de tão presentes parecem ausentes, por isso no finzinho, as saudades são uma surpresa tão grande que é imensamente difícil conciliar a vontade do regresso a casa com o desejo (impossível de realizar!) de prolongar os dias do Acampáki.
Piscina
A piscina é o mel na ponta da ratoeira. Quem não gosta de piscina? Todos, todos gostamos. E ao contrário do ano passado, este ano ela foi bem gostosa. O calor foi intenso, não choveu, nem de noite houve frio, pelo que saltar para a piscina era um regalo. Mergulhar e diluir-se na água sabia a recompensa.
As horas de piscina não eram muitas, não. A sagrada hora da digestão tem de ser respeitada. A da oração e a do silêncio também. A hora das aulas, das refeições e outros momentos comuns também nos privaram do frescor da piscina. Restam poucas horas, mas as poucas que restavam foram bem aproveitadas. E como havia menos acampakis restava mais piscina para quem veio.
Sabe bem a piscina com o calor. Fazer bombas e mergulhos. Refrescar a estoliada pele é do melhor que há.
As horas de piscina foram poucas, mas alguns aproveitaram-nas tão bem que julguei que sairiam da água feitos rãs!
Professores
É um clássico dos nossos acampamentos. Quatro das manhãs foram dedicadas a escutar alguns mestres, de áreas várias, para ir ao encontro dos diferentes gostos e interesses.
Assim recebemos o Luís Correia com a Célia e o filho João Manuel. Depois vieram a Ana Lúcia que estava no acampamento, o João Regueiras e o Fernando Ferrão.
O Luís foi o segundo Coordenador do Movimento e trouxe-nos um baú com muitas memórias para contar. Eram memórias de jovem carmelita, inquieto e preocupado com o futuro, dedicado à oração e aos amigos, ao acolitado e ao futebol. A Universidade chamou-o para Faro e separou-o da sua comunidade, mas quando regressou encontrou-se com o Carmo Jovem. Entrou e acabou Coordenador – «com menos actividades nacionais!», diz. A vida foi-o encaminhando por esta ladeira. Entretanto, conheceu a Célia, namorou a Célia e apresentou-lhe o Carmo Jovem. Por cá andaram enamorados, noivos e casados. Depois nasceu o João Manuel. Hoje, em palavras da actual Coordenadora, a João, são um casal gotinha, quer dizer, carmelita, jovem carmelita.
O Lilo falou mais de duas horas. Não houve tempo para ir à piscina, mas foi muito refrescante navegar nas suas memórias, beber das suas palavras, recebê-lo em nossa casa e sentir que ele estava na sua. Falou-nos de oração, de como reza pessoalmente e como casal, e como o João Manuel, de quase dois anos, também reza. Bem, rezar não sabemos, mas sabemos que gostosamente rasga as folhas da Liturgia das Horas enquanto os pais rezam!
Das muitas palavras do Lilo ficaram-me estas: – «Não tenhais medo! Não tenhais medo de dizer que sois católicos!» E depois falou-nos como na sua vida se tem apresentado como carmelita e homem de fé, nos mais variados contextos de trabalho e lazer.
Como não podemos dizer tudo acerca do Luis, falemos da Ana Lúcia. A Bianca supriu um professor convidado que não pôde fazer-se presente. Ela prefere ficar calada a falar, precisa de descansar mais que ensinar. Posta, porém, perante o desafio aceitou. E foi assim que a sua foi uma aula diferente. Despertou para a nobre arte do teatro como Carochinha, aos seis anos. Depois não saiu mais do palco. O primeiro ano da Licenciatura de Teatro foi uma coisa dura, diferente, um embate e um combate. Ali ninguém pergunta por cartões e identidades. Mas as coisas contam, e da religião ninguém fala porque poucos sabem e assumem que existe. Durante este ano viu-se no deserto, desamparada, desejosa de acampar com Ele e connosco. Foi um ano académico rico, atafulhado de saber e informação, de riqueza e descobertas. Mais que nunca iniciou a aventura da interioridade, donde tudo provém.
Na Escola baptizaram-na de Bianca. E foi assim que passou à segunda parte da aula. Propôs-nos o sugestivo e maneirinho Exercício de Alexander, que, pouco a pouco, nos levou lá para dentro, para o mundo de cada um. Quando despertámos – e não foi bem um despertar, mas um regresso – todos tínhamos feito uma viagem, mais longa ou mais curta, sem termos saído das mantas estendidas na Mata do 4campaki.
No dia de aulas da Ana Lúcia – Bianca, acrobata das emoções – também não houve piscina.
O terceiro professor a chegar à nossa Universidade foi o actor e encenador João Regueiras. Depois de muitos anos a fazer de tinta, prefere agora ser pintor. Digo, encenador. E foi pelos desdobramentos da metáfora que ele nos levou. Também nos fez percorrer os caminhos dos mais de 25 acampamentos com a juventude jesuíta (dois por ano!) e levou-nos ainda para as suas salas de aula do Colégio das Caldinhas. O João reza e respira teatro, o teatro que aprendeu com o pai e ensinou aos filhos. Não sendo uma arte de fazer rica a gente pobre, também daí não demoveu os rebentos, porque o teatro seguirá fazendo falta para elevar os valores à altura dos faróis marítimos para guiarem as rotas da convivência comunitária. Existem os GPS, não existem? Sim é verdade, mas ainda assim não se dispensará o farol que avisa a proximidade da costa.
A conversa de tão iluminada também não deu lugar à piscina.
O quarto professor foi o Fernando Ferrão, da Rádio Altominho. Tudo começou há 24 anos quando foi convidado de emergência a pôr discos a rodar, porque… porque tinha muitos discos! As suas palavras levaram-nos pela história da Rádio em Portugal e ao lugar da mesma no contexto da comunidade nacional. Também nos falou do espaço da política e da religião nas ondas da rádio.
Esta foi a aula mais curta, porque nesse dia a Volta a Portugal em Bicicleta chegava a Viana do Castelo e o Fernando tinha de coordenar a emissão.
Foram quatro professores em quatro manhãs diferentes, que emprestaram um colorido vivo aos nossos dias de acampamento. Ficou-nos a convicção de que há muita riqueza para partilhar e que a partilha é tanto mais bela quanto mais as bocas estão famintas. Foi o caso. É opinião comum dos 4campakis que depois de cada aula deveríamos poder saltar para a piscina, como depois da quarta aula. Mas, como calar quem nos sacia com as palavras de fogo que nos traz a paixão pela arte que (re)apresentam?
Refeições
O que é mais importante num Acampáki? Oração? Silêncio? Clarminhada? Aulas? Viola? Jornal de Parede? Saraus? Karaoke?
Não, nada disso. Um Acampáki começa a construir-se pela defesa, e a nossa defesa está na cozinha, entre as panelas.
No fim, com a mochila às costas, o carro pronto a arrancar e a memória cheia de experiências novas, cada um de nós salienta este ou aquele aspecto. Promete a pés juntos que virá ao próximo se no plano constar as actividades que gosta. E a Coordenação respeitará todos os caprichos, porque quer que todos venham. Mas o que não pode mesmo faltar no Acampáki é a cozinheira. É pela Nandinha que sempre começamos os nossos acampamentos. Se nos falta a Nadinha dos Rojões, como sobreviveríamos nós? Por isso, venha o que vier, Nandinha, para o ano estás cá, porque o Senhor também anda entre as panelas e nós queremos provar ao menos uma sopita feita por ti!
Silêncio
O 4campáki tem a Rádio Lima, ou Ondas do Lima, não percebi bem. Tem discos pedidos e entrevistas. Este ano entrevistou em directo por telefone um ouvinte francês!
A coisa funciona mais como certas rádios que põem o CD a rodar e já está. E com isso faz barulho e dançar as uvas. Já não está mal.
E cala-se. Sim, cala-se. Cala-se durante a hora de silêncio. Durante a bendita Hora de Silêncio. Durante essa hora ouvimos a rádio da natureza, comungamos com os seus sons, deixamos que tudo venha ao nosso encontro sem nada a espantar-nos.
Durante uma hora o ruído do 4campamento morre. Os 4campákis dispersam-se pela relva com um livro na mão que a Coordenação sempre tem o cuidado de oferecer. (Este ano foi nosso privilégio ler a crónica da IV Peregrifati, da autoria do António Branco.) Também há quem não leia, que apenas contemple, que se expanda bem para lá dos limites do horizonte.
A hora do silêncio é das horas mais amadas do 4campaki. Também não terminará para o ano, porque, afinal, o silêncio encontra-nos e cura-nos!
Fim
Podíamos sobreviver sem Acampáki? Poder podíamos, mas não era a mesma coisa. Por isso aqui ficam agradecimentos à João e ao Tiago, à Nandinha e ao Carmo de Viana, aos professores, acampákis e aos pais, ao Ricardo e à Paula, à Maria da Luz, a quem sonha e ajuda a tornar possíveis realidades como estas.
Deus vos abençoe.

Frei João Okapi


DOMINGO XXI DO TEMPO COMUM

Naquele tempo, Jesus dirigia-Se para Jerusalém e ensinava nas cidades e aldeias por onde passava. Alguém Lhe perguntou: «Senhor, são poucos os que se salvam?». Ele respondeu: «Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, porque Eu vos digo que muitos tentarão entrar sem o conseguir. Uma vez que o dono da casa se levante e feche a porta, vós ficareis fora e batereis à porta, dizendo: ‘Abre-nos, senhor’; mas ele responder-vos-á: ‘Não sei donde sois’. Então começareis a dizer: ‘Comemos e bebemos contigo e tu ensinaste nas nossas praças’. Mas ele responderá: ‘Repito que não sei donde sois. Afastai-vos de mim, todos os que praticais a iniquidade’. Aí haverá choro e ranger de dentes, quando virdes no reino de Deus Abraão, Isaac e Jacob e todos os Profetas, e vós a serdes postos fora. Hão-de vir do Oriente e do Ocidente, do Norte e do Sul, e sentar-se-ão à mesa no reino de Deus. Há últimos que serão dos primeiros e primeiros que serão dos últimos». [Lc 13, 22-30]

AcampAula - Um Casal Gotinha


Foi com muito agrado nosso e simpatia, que recebemos na manhã do dia 3-8-2010 (Segunda – Feira), um belo casal, com um rebento ainda mais belo, oriundos do Marco de Canaveses. Como é certo, nós, Acampakis, estávamos muito ansiosos com o que eles teriam para nos contar, a expectativa era grande mas sabíamos que este jovem casal nos iria presentear com a simplicidade que tão bem caracteriza o nosso movimento.
E assim foi! Luís, mais conhecido entre os amigos por Lilo, é o mais velho de quatro irmãos, confessa sempre ter estabelecido uma boa relação com a família que também manteve uma grande ligação ao convento do Menino Jesus de Praga e consequentemente à Ordem. Passou dois anos da sua vida nos Açores, onde fez a Primeira Comunhão.
Confessa que sempre foi traquina e teimoso. Mais tarde, na catequese integrou no grupo de acólitos, entre os 12 e os 18 anos.
Antes de ingressar na faculdade entrou no GOT (Grupo de Oração Teresiana) e no SH’MA, Luís afirma que estes grupos o marcaram muito, tanto que acaba por nos confessar que sentiu muito a falta dos mesmos durante os três anos em que esteve no Algarve a tirar o bacharelato no curso de Hotelaria. De regresso a Avessadas, começa a trabalhar e viu o tempo para as actividades ligadas ao jovens a ser diminuto.
Relativamente ao seu percurso no Carmo Jovem, Lilo descreve-o com bastante emoção e atrevemo-nos mesmo a dizer “Paixão”. Este entrou para o Movimento no ano de 1996, desde então, a “gotinha” que traz dentro de si, nunca mais desapareceu. O seu primeiro encontro no Carmo Jovem foi no Sameiro, em Braga, onde se voltou a integrar inteiramente, a este tipo de actividades, assumiu a coordenação do Movimento durante dois anos salientando um marco importante desta época, as Jornadas Mundiais da Juventude, em Roma (primeira experiência como responsável). Do mesmo modo perspectivar que este foi, sem dúvida, um dos momentos mais importantes da sua vida, pois para além de ter conhecido gente de todo o mundo e das trocas de objectos entre as pessoas, a vigília com João Paulo II foi muito emotiva. De igual modo trouxe consigo alguns objectos que o marcaram durante o seu percurso no Carmo Jovem, nomeadamente uma pandeireta que recorda com bastante alegria, numa história de angariação de dinheiro para as Jornadas Mundiais da Juventude, em Roma; a primeira faixa do Movimento; o livro com as 10 vigílias dos 10 encontros nacionais e simplesmente um pin com a nossa gotinha.
Neste momento, a vida não permite que Lilo continue a participar activamente nas actividades do Carmo Jovem, mesmo assim afirma ser um Carmelita, mas diz que nem sempre o consegue, assim sendo diz-se “Carmelita Imperfeito”, mas nunca deixa de participar na vida carmelita. Nunca nega a sua fé e devoção e transporta esse pensamento para o dia-a-dia tanto com os seus alunos como com o filho.
Célia, sua esposa, esteve atenta a tudo o que Lilo falou, mostrando uma expressão afirmativa a tudo o que ele ia dizendo e completando tudo o que o marido ia relatando. Era também notório nos seus olhos a emoção ao falar no nosso movimento e na vida carmelita.
Betinha e Luís, Braga
Aldeia de S. João da Cruz

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

P. Rafael Klinowski


P. Rafael Kalinowski
(1835 - 1907)


No dia 1 de Setembro de 1835, em Vilna, Polónia, nasceu no seio duma nobre família, um menino a quem puseram o nome de José Kalinowski. Perdeu a mãe, com apenas dois meses de idade, vindo a conhecer ainda mais duas, pois seu pai casou três vezes. Nos estudos, foi sempre aluno brilhante e de excelentes notas, mas teve dificuldades em escolher o seu futuro. Deveria ter entrado para o Seminário, mas não teve coragem, por isso prosseguiu os estudos tornando-se Engenheiro. Mais tarde entrou na Academia Militar, donde saiu graduado como tenente. Foi professor de matemática e Reitor do Colégio onde se tinha formado. E, com apenas 25 anos, foi promovido a Capitão do Estado Maior russo. Kalinowski dedicava-se, nesta altura, à adolescência e à juventude, orientando grupos de jovens que o admiravam.
Em 1863, a Rússia invadiu a Polónia e José Kalinowski abandonou o exército russo para se juntar ao da Polónia. Foi nomeado Ministro da Defesa da Lituânia (constituia uma federação com a Polónia) e aceitou o cargo com a condição de que não se registariam condenações com a pena de morte. Com o fim do conflito e porque a Russia saiu vitoriosa Kalinowski foi condenado à morte, mas viu a sua pena ser alterada para prisão perpétua, num campo de trabalhos forçados na Sibéria.
Quando abandonava a sua cidade para rumar à Sibéria, a 29 de Junho de 1864, confessou-se e consagrou-se a Nossa Senhora, no santuário de Nossa Senhora de Ostra-Brama qeu se encontrava sob cuidado pastoral dos Carmelitas. Sentiu uma grande paz. Mais tarde percebeu que foi neste momento que se deu a sua conversão.
O degredo na gelada Sibéria foi duríssimo. Quer nos milhares de quilómetros que fizeram, quer durante a prisão viu morrer milhares de compatriotas, prisioneiros como ele.
Um dia, após a sua libertação, encontrou-se com a princesa Witoldowa, que se tinha feito carmelita. Ela convidou-o a fazer-se carmelita e ajudar na restauração da Ordem na Polónia. Assim, aos 42 anos tomou o hábito do Carmo, era o dia 16 de Julho de 1877, festa da Nossa Senhora do Carmo e passou a chamar-se Frei Rafael de S. José. Foi ordenado sacerdote aos 47 anos. Fundou vários conventos em torno da Polónia e da Ucrânia, o mais importante é um mosteiro em Wadowice, terra natal de João Paulo II. Em 1907, as suas doenças aumentaram assustadoramente e no dia 15 de Novembro, dia da Comemoração dos Defuntos da Ordem, adormeceu no Senhor dizendo: «Muito bem, agora vou descansar!»
Tinha 70 anos, trinta como carmelita. Foi declarado Santo pelo seu compatriota Papa João Paulo II a 17 de Novembro de 1991.
Durante os 9 anos em que esteve preso na Sibéria, teve por companhia o Evangelho e um Crucifixo. Por maiores que fossem os tormentos, os castigos e os trabalhos forçados, nunca se queixava e estava sempre pronto a esquecer-se de si para ajudar os outros. Foi para todos tão bom amigo que chamavam-lhe Anjo de Deus, Consolador de todos. Os seus companheiros de martírio tinham-no como santo, por isso, rezavam a Deus pedindo no fim das orações, dizendo: «Pela oração de José Kalinowski, livrai-nos, Senhor». Foi aí que aprendeu e cultivou o hábito de rezar sempre e em todos os momentos, e de em Deus descansar o seu coração.

Saudação aos 4campakis



Olá, aldeão acampáki! Bem-vindo ao 4campaki!
Bem-vindo às aldeias de S. João da Cruz, Santa Teresa de Jesus e à do nosso padroeiro, S. Rafael Kalinowski!
Bem-vindo ao Santuário de Nossa Senhora do Acampaki!
Chegou a semana que alguns de nós já há tanto desejavam, outros descobrirão porquê… Como jovens carmelitas que somos, fazemos o que outrora os carmelitas descalços fizeram: subir ao Monte. O Monte de Deão nada tem que ver com o Monte Carmelo, bem sei, mas o certo é que vamos escalar o caminho radical de quem deixa de lado o dia-a-dia com todas as suas propostas aliciantes (a cama confortável, a banheira, a comida da mãe, o pc ou a PSP, entre outras coisas), para vivermos a experiência da vida em comum.
Certamente que ninguém veio para estar sozinho, veio porque sabe que aqui não estamos isolados, vivemos numa espécie de pequena comunidade de amigos. Juntos nos divertimos, juntos nos ajudamos a crescer, juntos rezamos e aprendemos a ler o livro da vida com outros olhos.
Vou ousar dizer que temos muita sorte, sim eu, pelo menos, sinto-me muito sortuda por ser jovem carmelita, porque descobri a viver a minha fé sem cheirar a mofo. Quantas vezes nos afirmamos cristãos e somos olhados como tolinhos ou antiquados?! Pois, mas nós temos a sorte de ter como fundadora uma mulher que era pioneira em tudo e que nos legou uma espiritualidade que nunca cheira a mofo porque se centra no essencial. Nestes dias de Acampaki, vamos conhecer um pouco melhor a espiritualidade de Santa Teresa de Jesus, essa carmelita que nos ensinou que Deus é um Amigo, que nos ama imensamente, e que a oração é algo tão especial como um encontro e diálogo com Ele. “Estar a sós com quem sabemos que nos ama”. Pensa e sente isso quando subires ao Santuário da Senhora do Acampaki. Pensa e sente isso em cada dia ao leres a frase que preside esse dia no teu guião.
Que nenhum momento te escape, viver com intensidade o Acampaki é estar atento ao espaço e Natureza que nos rodeiam, é sentir que somos parte de uma equipa que para ganhar o prémio precisa da colaboração de todos, é divertir-se nas horas livres aproveitando a presença dos amigos e silenciar nas horas de oração aproveitando a presença do Amigo. Afinal, não vamos deixar que nos roubem o nosso refúgio que é a oração.
Vamos viver este Acampaki com Espírito Okapi, o espírito de um grupo de amigos, que apesar das suas diferenças e particularidades, forma um belo conjunto!
Por isso, ainda bem que vieste!
Bom 4campaki!


Chefa Cucampáki

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

AcampAula - Fernando Pacheco Serrão, Jornalista



No dia 7, o penúltimo dia do nosso 4campaki, recebemos o nosso último professor, o jornalista Fernando Pacheco Serrão.
Esta aula teve como tema “Religião, Ciências Políticas e Comunicação Social”.
Fernando está na Comunicação Social há 24 anos e afirma que a mesma está a passar pelos momentos mais complicados. Hoje em dia, os jornalistas estão muito condicionados, não podem escrever publicidade e têm que ter muito cuidado em tudo o que transmitem à sociedade.
É jornalista mas não exerce, está no departamento de programas da rádio do Alto Minho.
Sobre a política, Fernando falou muito, o que ficou resumido ao seguinte: este jornalista que tirou Ciências Políticas é apartidário, não tem qualquer simpatia por qualquer partido político. A definição que dá à política é “estudo dos poderes e de toda a envolvência dos poderes (elites, sindicatos e comunicação social)”. Fernando Serrão diz que o que matou a política foi o facto de os políticos terem deixado de dizer a verdade.
Sobre a Comunicação Social, em resposta a um aluno nosso, Fernando diz que existem muitos jornalistas subjectivos. Afirma ainda que a mesma notícia é transmitida à sociedade de formas diferentes, que para entrevistar alguém é necessário estudar sobre essa pessoa e que existem técnicas e formas de pôr uma pessoa complicada a falar numa entrevista.
Através do Fernando tivemos conhecimento que existem várias Agências de Notícias que fornecem notícias aos diferentes meios de Comunicação Social. E, todos juntos, chegamos a conclusão que os amadores não podem fazer rádio, que precisam de ter algum tipo de formação e que não existem diferenças entre os meios de comunicação, mas que os jornais escrevem as notícias no presente e as rádios transmitem as mesmas no passado.
Mesmo tendo muitas despesas, a rádio subsiste da publicidade. Esta rádio onde trabalha o jornalista não é uma rádio local como aparenta, pois existem ouvintes um pouco por todo o lado: na Espanha, na França, nos Estados Unidos da América, na Suíça e afins.
Fernando diz que os poderes existentes são em primeiro lugar o Executivo, em segundo lugar o Legislativo, em terceiro lugar o Social e em quarto lugar a Comunicação Social.
A meu ver a aula foi interessante porque não tivemos ninguém a dormir ou lá perto… Eu, pessoalmente, gostei.

Por Diana Oliveira.
Aldeia de S. Rafael kalinowski

O ESPÍRITO OKAPI


Olá.
Estou a fazer contas, não me interrompas. Ora vamos lá contar. O quê? Vamos contar as muitas razões para não vir ao 4campáki: Calor, muito calor de dia; frio, muito frio, de noite. Pó, muito pó; tenda sempre suja. Pouco tempo de piscina; uma hora de silêncio que mais parece dois anos da minha curta vida. Professores chatos; assuntos que nem a minha avó quer ouvir. Deitar ainda de dia; e depois barulho durante a noite. Levantar cedo; e ir a correr para os lavabos para apanhar água quente. (E só chegar quando já está fria!) Chão duro, relva seca. Moscas, mosquitos, moscardos e moscardões. Caminhar de noite; rezar muito:
está-se sempre a rezar e até já rezei para um ano inteiro. (Menos na altura dos exames!). Ter de lavar uma montanha de loiça; ter de pôr e de servir à mesa; limpar o 4campamento. As casas de banho sempre cheias; as torneiras que não funcionam e no fim ter de lavar toda a porcaria. Só põem música de que não gosto, ninguém trouxe tecno. As noites são frias e o meu colega de tenda dá pontapés e conta-me segredos do amigo que tem um colega que é primo do namorado duma miúda dos bastidores dos Morangos Selvagens. O torneio de futebol foi mal organizado, e o árbitro comprado. Não veio a minha colega de peito. Obrigam a comer sopa e melancia, bdack! A sobremesa é sempre a mesma, e aquelas duas maçãs engelhadas já são do ano passado! Nunca dão gelado, não há cigarros nem matraquilhos. Não há net e raptam os telemóveis. A João diz que agora é Cucas, mas de cuca precisa ela já se vê. É só resmunguice para aqui, resmunguice para ali. E mais regras e tantas regras que parece querer escrever uma Constituição! Porque não vai ela mais o Tiago para a Assembleia da República? (O Frei escapa às críticas porque é ele que escreve o texto!) Isto com a Verónica e o Ricardo tinha mais piada; só não sei porque lhe chamaram Mau-Feitio e Senhor Lei. Eu pensei que tinha vindo para um acampamento, mas isto é uma prisão ou um retiro, mas eu já fui a retiros e sei que é bem melhor que esta funguice. Se tivesse ficado em casa tinha as coisas do costume para fazer. Coisas interessantes, tipo... nem sei. Mas seriam coisas interessantes, tenho a certeza.


Olá.
Há quanto que já não nos víamos! Olha, já que apareceste diz-me aí uma boa razão para vir ao 4campáki. Ai este é o teu primeiro, não tem mal, é como se fosse já o quarto. Diz-me lá uma boa razão. Amigos? Porreiro, pá, concordo contigo. Eu também vim por causa dos amigos. Para fazer amigos, para dilatar o meu coração, aumentar a amizade. (Ó Cucas, desculpa lá. Aquilo da outra página era a brincar!) Por falar em amigos: conheces a Teresa e o João, o Rafael, a Cucas e o Tiago? E o Ricardo? E a Raquel? Conheces pouco? Alguns não sabes quem são? Olha não tem mal, lá para o fim saberás melhor.
Espero que aqui faças muitos amigos, bons amigos, amigos para a vida. Oxalá faças amigos novos, toneladas de amigos, resmas de amigos, paletes de amigos.
Oxalá faças amigos novos, estupidamente amigos. Amigos de ontem, amigos novos, amigos de sempre, para sempre amigos.
Sempre amigos fortes de Deus.
Ainda não falei do Espírito Okapi? Eh, pá! A Sofia Simões é que foi da ideia e sabe bem disso. Mas, dir-te-ei o que sei: O Okapi é um animal tímido e terno que se reserva e não se deixa muito ver. É afável com os amigos. O pescoço parece emprestado da girafa, embora seja mais pequeno. Nas pernas trazeiras tem as riscas brancas e pretas da zebra. O corpo é do cavalo. Tem uns pequenos chifres como as cabras. Estranho bicho, não? Pois, olha, é único que consegue lavar os olhos e as orelhas com a própria língua! Brldack!
Mas vem mesmo a calhar! Ele tem características interessantes, sobretudo aquela de se parecer a muitos bichos, parecer que muitos lhe emprestaram qualidas para ser quem é.
É isso! O 4campáki é o um okapi!
Juntos somos especiais, raros, interessantes, amigos, simpáticos. Estamos aqui como somos, como nos ensinaram a ser, com o que aprendemos dos nossos pais, avós e irmãos mais velhos, na catequese e na escola, na música e no teatro, no recreio e em tantos lugares.
Bem-vindo ao 4campáki. Bom espírito okapi!

Frei João Costa,
Chefe ocacampáki

Testemunho V - 4campaki: ao ritmo da semifusa



Olá…
Estou a escrever o meu testemunho para que possam acompanhar como foi aquela semana para mim no Acampáki.
Quando me inscrevi, não sabia o que iria para lá fazer, só conhecia o espaço e poucas pessoas, foi como se fosse para um lugar misterioso que nunca sabemos o que se pode encontrar. A verdade é que esse lugar me surpreendeu e muito, é como se aprendêssemos e vivêssemos o que nunca vivemos antes deixando as nossas coisas diárias para trás, como uma experiencia nova.
Eu aprendi a dormir numa tenda porque nunca tinha dormido; a ouvir a natureza, quando rezávamos as orações; a contemplar as estrelas e tudo à nossa volta até chegamos a ver várias estrelas cadentes; a ouvir Deus e rezar de manha e a noite o que eu raramente faço, talvez por preguiça; fazer novas amizades e preservar as mais antigas; ajudarmos uns aos outros quando eles mais precisavam e nas tarefas que nos eram propostas; as aulas com os professores que vinham de fora, para nos contar um pouco da sua vida; a conhecer o nosso espírito okapi, que no fundo é isso que o acampamento quer mostrar; as horas de silencio para pararmos e pensarmos um pouco; as horas de convívio entre todas principalmente as refeições; a jogar futebol e eu não aprecio. Sobretudo gostei imenso da Clarminhada não é que eu me tivesse comportado como devia, porque fui a última a chegar mas porque queria agradecer as pessoas que me ajudaram nessa noite e que principalmente porque me disseram para nunca desistir e para pensar que já estávamos quase a chegar.
Gostei imenso do Acampáki e espero para o ano voltar, tenho pena de não ter ficado a semana toda, mas não podia. Tenho a certeza que qualquer pessoa que fosse iria gostar.

Beijos da Fiúza :D

Sara Fiúza, Ponte de Lima
Aldeia de S. Rafael Kalinowski

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

AcampAula - Ao encontro do nosso Clown



No terceiro dia de 4campáki (dia 3 de Agosto), pelas 10 horas da manhã, deu-se início à segunda aula da semana que, como de costume, teve lugar na nossa Universidade (onde tomamos como bancos as mantas, como paredes as árvores e com tecto o céu).
Para surpresa de todos a professora desse dia seria a nossa amiga Ana Lúcia, que prometia transformar uma conversa entre amigos num momento rico de partilha de vivências e experiências.
A Ana Lúcia falou-nos deste último ano mais profundamente, pois afirma que durante o mesmo “visitou lugares que desconhecia” nela mesma e nos outros, salientando um exercício que já havia sido feito numa oração da noite, que consistia em entrar, passear e meditar num jardim interior que poderia ser habitado ou não e no qual poderíamos recriar memórias ou simplesmente procurar a nossa voz interior e assim encontrar a paz.
A Ana estabeleceu assim uma ligação entre a sua aprendizagem espiritual através do teatro e a sua aprendizagem espiritual como jovem carmelita. Relatou-nos um pouco da sua jornada no Carmo Jovem iniciada há 5 anos, participando no Acampáki apenas há 3, mas afirma convicta que já nem põe em causa participar ou não nesta actividade pois precisa de se afastar dos ruídos do mundo para poder ouvir o que é interior e o exterior.
Iniciámos assim uma viagem às acções, aos momentos e pensamentos que conduziram a nossa professora ao lugar interior e exterior em que se encontra hoje. Falou-nos da importância dos seus pais (que considera como melhores amigos), no seu crescimento como pessoa, desde o momento em que interpretava a personagem de Carochinha na sua primeira peça nos tempos de Infantário, passando pela escolha da área a seguir no 10º ano (no qual, ainda que com receio do mundo incerto das artes, escolheu Humanidades), até ao fim do 12º ano em que, com a ajuda de uma encenadora residente em Lousada, despertou a paixão pelas artes (canto, escrita e teatro).
Continuando a nossa visita, entrámos nas recordações (bastante vivas) do 1º ano de Licenciatura em Teatro, no qual a professora, afirma, teve de assimilar muita informação em diferentes disciplinas teóricas e práticas regendo-se por palavras-chave. Embora assuma que todas as disciplinas foram muito importantes, a que mais fascínio lhe despertou foi o Clown (uma disciplina opcional, cujo significado é “palhaço”).
Ao longo da aula fomos percebendo que o grande objectivo da disciplina era encontrar dentro dos alunos tudo o que acham ridículo neles mesmos, de modo a transmitir esse ridículo para a plateia e desencantar o riso. A Ana Lúcia confessou-nos que no início sentiu-se frustrada por não conseguir encontrar o que tanto procurava mas, com a sua dedicação e força de vontade, transformou-se em “Bianca, a acrobata das emoções”. Para lá das dificuldades em encontrar o seu Clown, a nossa professora aprendeu como interagir com o público, estabelecendo mais uma vez uma ligação com a Igreja (pois sendo o padre a figura central da eucaristia este também deve estabelecer contacto com a assembleia de modo a transmitir-lhe a sua mensagem).
A professora Ana Lúcia falou-nos ainda da necessidade de improvisar em palco, pois quando o público não reage à acção do Clown é necessário parar e recorrer à simplicidade (porque do vazio sai sempre alguma coisa, ainda que não sejam as reacções naturais do corpo). Havíamos assim concluído que no Teatro não podem existir preconceitos ou protecções, baseando-se na disponibilidade física e mental, na espiritualidade e na transparência.
Quando a conversa parecia dar-se por terminada surgiu uma pergunta: “Como lidar com algo superior (como a nossa religião ou a nossa personalidade) no teatro?” Foi então que a Ana Lúcia nos revelou que grande parte dos seus colegas ou são ateus ou acreditam em algo mas não sabem o que é, por essa razão sempre que tentava explicar-lhes o porquê de acreditar era criticada ou, simplesmente, não era entendida. Esta confissão comprovou que a mentalidade em relação ao Cristianismo no nosso país mudou e que a religião pode ser desvantajosa (em termos de emprego) como actriz. Assim sendo, se nos imaginarmos como uma luz que tenta transmitir a paz num meio de escuridão é certo que essa luz vai incomodar a quem não está habituado a ela.
A aula parecia estar a chegar ao fim quando a nossa professora nos propôs um exercício que todos aceitaram de bom grado. Este exercício consistia em deitarmo-nos nas mantas na posição de Alexander (pernas flectidas e distanciadas à largura das ancas e os braços estendidos ao lado do corpo), fechar os olhos e fazer silêncio no interior para ouvir o exterior (o vento que fazia os ramos dançar, as folhas a cair no chão). Após algum tempo em silêncio a Ana Lúcia fez-nos algumas perguntas cuja resposta devia ser interior (“consigo ouvir os batimentos do meu coração?”, O meu pensamento tem voz própria?”). Depois de analisarmos todos os detalhes no nosso corpo foi-nos contada uma história repartida em pequenas frases de modo a que pudéssemos recriá-la no nosso pensamento.
Durante aquele pedaço de tempo em que ali estivemos quase como desligados do nosso corpo, perdemos a noção de tempo e espaço, mas quando a voz da Ana Lúcia pediu que abríssemos os olhos e nos focássemos na primeira coisa que víssemos, o nosso corpo voltou a unir-se ao cérebro. Como não podia deixar de ser, o Frei João teve a brilhante ideia de que todos juntos criássemos uma história, cada um contribuiu com uma frase que completaria um conto cujo final tomou caminhos bastante caricatos!
Foi então que voltamos a nós próprios e entendemos que agora estávamos mais ricos, não em bens materiais mas em sabedoria, pois agora todos nós levávamos um pouco da Ana Lúcia nos nossos corações e, embora a aula já estivesse acabada, era hora de encontrar o Clown que há dentro de cada um de nós.

Maria Babo, Caíde de Rei
Aldeia de Santa Teresa de Jesus