P. Rafael Kalinowski
(1835 - 1907)
No dia 1 de Setembro de 1835, em Vilna, Polónia, nasceu no seio duma nobre família, um menino a quem puseram o nome de José Kalinowski. Perdeu a mãe, com apenas dois meses de idade, vindo a conhecer ainda mais duas, pois seu pai casou três vezes. Nos estudos, foi sempre aluno brilhante e de excelentes notas, mas teve dificuldades em escolher o seu futuro. Deveria ter entrado para o Seminário, mas não teve coragem, por isso prosseguiu os estudos tornando-se Engenheiro. Mais tarde entrou na Academia Militar, donde saiu graduado como tenente. Foi professor de matemática e Reitor do Colégio onde se tinha formado. E, com apenas 25 anos, foi promovido a Capitão do Estado Maior russo. Kalinowski dedicava-se, nesta altura, à adolescência e à juventude, orientando grupos de jovens que o admiravam.
Em 1863, a Rússia invadiu a Polónia e José Kalinowski abandonou o exército russo para se juntar ao da Polónia. Foi nomeado Ministro da Defesa da Lituânia (constituia uma federação com a Polónia) e aceitou o cargo com a condição de que não se registariam condenações com a pena de morte. Com o fim do conflito e porque a Russia saiu vitoriosa Kalinowski foi condenado à morte, mas viu a sua pena ser alterada para prisão perpétua, num campo de trabalhos forçados na Sibéria.
Quando abandonava a sua cidade para rumar à Sibéria, a 29 de Junho de 1864, confessou-se e consagrou-se a Nossa Senhora, no santuário de Nossa Senhora de Ostra-Brama qeu se encontrava sob cuidado pastoral dos Carmelitas. Sentiu uma grande paz. Mais tarde percebeu que foi neste momento que se deu a sua conversão.
O degredo na gelada Sibéria foi duríssimo. Quer nos milhares de quilómetros que fizeram, quer durante a prisão viu morrer milhares de compatriotas, prisioneiros como ele.
Um dia, após a sua libertação, encontrou-se com a princesa Witoldowa, que se tinha feito carmelita. Ela convidou-o a fazer-se carmelita e ajudar na restauração da Ordem na Polónia. Assim, aos 42 anos tomou o hábito do Carmo, era o dia 16 de Julho de 1877, festa da Nossa Senhora do Carmo e passou a chamar-se Frei Rafael de S. José. Foi ordenado sacerdote aos 47 anos. Fundou vários conventos em torno da Polónia e da Ucrânia, o mais importante é um mosteiro em Wadowice, terra natal de João Paulo II. Em 1907, as suas doenças aumentaram assustadoramente e no dia 15 de Novembro, dia da Comemoração dos Defuntos da Ordem, adormeceu no Senhor dizendo: «Muito bem, agora vou descansar!»
Tinha 70 anos, trinta como carmelita. Foi declarado Santo pelo seu compatriota Papa João Paulo II a 17 de Novembro de 1991.
Durante os 9 anos em que esteve preso na Sibéria, teve por companhia o Evangelho e um Crucifixo. Por maiores que fossem os tormentos, os castigos e os trabalhos forçados, nunca se queixava e estava sempre pronto a esquecer-se de si para ajudar os outros. Foi para todos tão bom amigo que chamavam-lhe Anjo de Deus, Consolador de todos. Os seus companheiros de martírio tinham-no como santo, por isso, rezavam a Deus pedindo no fim das orações, dizendo: «Pela oração de José Kalinowski, livrai-nos, Senhor». Foi aí que aprendeu e cultivou o hábito de rezar sempre e em todos os momentos, e de em Deus descansar o seu coração.