sábado, 30 de maio de 2009

Espírito Santo (VI)

O perfume Plenitude de vida e alegria são sinais de presença do Espírito de Deus. Mas o Espírito é também o bom perfume da vida. Este é também um dos símbolos do crisma, com que se consagram as pessoas e as coisas: óleo misturado com perfume. A arte dos perfumes (Ex 30) é uma das estimadas do Antigo Testamento. O perfume é um pouco como o vento: não se vê mas sente-se. Não se toca mas é algo que penetra em nós e suscita emoções e sentimentos. É significativo que hoje a publicidade aos perfumes seja tão sofisticada. Há uma crença em que através de um perfume se pode atrair uma pessoa. Claro que podemos criticar todo esse mundo de enganos e seduções. Mas por trás desses desejos não estará o desejo profundo de relação, de vencer a solidão, de criar uma comunhão? E precisamente o Espírito Santo é como o perfume que invade e penetra todas as coisas, sem se deixar ver. Alguém passa ao teu lado e, sem te tocar, atinge-te com o seu perfume. Assim é o Espírito. Ele é o perfume de Deus que sem se impor nos atrai com a força do amor. O Espírito Santo é como o perfume que permite ir para além do visível e do palpável. É o aroma que nos estimula a viver em alegria e em festa. Essa sensação de festa nasce ao percebermos que está aqui algo mais, algo diferente, em relação ao quotidiano. O Espírito é como um perfume que nos seduz e convida a descobrir que a fadiga e a dificuldade do dia-a-dia são um caminho para o repouso e para a festa. Na parábola do filho pródigo há um versículo importante: E começaram a fazer festa (Lc 15, 24). A casa do Pai, de Deus, é uma casa em festa. E a Igreja, tal como o coração de cada cristão que acolheu a força e a beleza do Espírito Santo, deveria ser sempre uma casa em festa. Um lugar onde se sente, espalhado pelo ar, um perfume, um aroma, um ar de festa. Esse perfume que está no ar cura-nos do medo, purifica-nos do pecado, dissolve os corações de pedra, liberta-nos das violências sofridas. A evangelização não deveria ser outra coisa senão atrair as pessoas para uma comunhão com Deus que se torna fonte de festa, de alegria. O Evangelho é uma boa notícia por isso mesmo: pela sua capacidade de mudar a atmosfera. De um ambiente triste e fechado a um ar de festa e exultação. Mas para que isto se torne realidade é necessário que cada cristão assuma as qualidades do perfume: espalhar-se como o Espírito Santo que não se vê mas que se sente.