sábado, 19 de dezembro de 2009

III ENTREFITAS, crónica de um servidor

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Na agenda do Carmo Jovem, o III Entrefitas, que tinha como pano de fundo o filme “Contacto”, estava marcado para o dia 12 de Dezembro às 21h00, em Moinhos da Gândara. A comitiva de Viana era composta pela coordenadora do Carmo Jovem, a Maria João, a nossa Joaninha, o Frei João Costa e o Frei Marco Caldas, este último, nova aquisição do Carmo Jovem. Estes chegaram, pelas 20h30, mas não eram os primeiros. Já lá estavam os jovens de Moinhos, que nos acolheram depois das coordenadas telefónicas do Ricardo.
. À medida que íamos chegando, o espaço preparado era o que mais nos chamava à atenção. Estava um frio de “morte”, mas no espaço do encontro estava uma aconchegada lareira acesa onde nos podíamos aquecer. Ali nos fomos reunindo, os de Moinhos, Alhadas, Coimbra e Aveiro (com a surpresa do Sr António e D. Orquídea que chegaram um pouco mais tarde, mas chegaram e confraternizaram connosco). Ao todo éramos um grupinho de quarenta e quatro na “sala de cinema”. E, tratando-se de Entrefitas, o grupo que nos acolhia não esqueceu os bilhetes.
. Pelas 21h00, demos início à sessão com o testemunho vocacional do Padre Pedro Hoka, pároco e o nosso pastor por um dia (http://carmojovem.blogspot.com/2009/12/o-nosso-pastor-por-um-dia_13.html ). Depois de termos “esmiuçado” o Padre Hoka, aproveitámos o balanço para “esmiuçarmos” o frei Marco Caldas. Este contou-nos que era carmelita descalço, não era padre, mas desejava ser e que tinha 28 anos. Disse-nos que a sua vocação é resultado de uma escuta e respostas dadas às interpelações de Deus, que lhe foram feitas pelas pessoas que o rodeiam. Também nos contou que a vida do carmelita enquanto modo de viver relaciona-se directamente com as palavras e os exemplos de Jesus Cristo, isto quer dizer, com a sua vida e daqueles que ele chamou a segui-lo mais de perto, como é o caso do padre João da Cruz.
. Contou-nos que, a dada altura, ingressou na Ordem dos Carmelitas Descalços. Vivendo um tempo concreto de amadurecimento e discernimento da vocação, sempre inserido na vida comunitária, passou por Viana do Castelo, Moçambique e Marco de Canaveses. Durante esse tempo, procurou dar horizontes mais amplos à sua vida, descobrir o sentido da vida e as motivações da opção de vir a ser carmelita. Para isso, fez uma experiência importante de vida numa comunidade dos carmelitas descalços e de voluntariado, passando pelo Gabinete de Atendimento à Família – GAF e pela Missão de São Roque em Moçambique. Com o noviciado, um tempo de caminhada experimental, sentiu-se mais envolvido no estilo de vida carmelita pela qual fez a opção, começando a dar uma resposta pessoal ao chamamento do Senhor e exercitando o estilo de vida carmelita, através da oração, da vida fraterna e do trabalho intelectual e manual.
. A frequência do curso Filosófico-Teológico (2003-2008) introduziu-o na arte de pensar o ser humano e Deus. Deste modo, foi-se conhecendo melhor como homem de Deus. Em Julho de 2008, concluiu o curso e, actualmente, vive em Fátima. Para concluir, disse-nos que para seguir a Cristo fez a opção de viver livre de bens pessoais, disponível interior e exteriormente para acolher e servir os mais pobres e necessitados de ajuda.
. Após o interrogatório ao Frei Marco, a Sofia deu-nos a conhecer a vida de S. João da Cruz, carmelita descalço que juntamente com Teresa de Jesus reformou a nossa Ordem e cuja festa se celebrava dali a dois dias, 14 de Dezembro.
. A conversa ia adiantada, depois de conhecer os pastores e “candidatos a pastor” apagaram-se as luzes, ligaram-se as colunas de som (que até as janelas gemiam….) e…estabeleceu-se o “Contacto”. O filme tem como personagem principal da história a astrónoma Ellie Arroway, rigorosa, racional, que se baseia em teorias assentes na realidade, procurando o real para o compreender, explicar e até fazer previsões. Contrariamente, Joss, cristão, acredita sem ver. O fim do filme mostra-nos uma transformação da verdadeira cientista, Ellie. Apesar das suas certezas não serem fundamentadas em provas físicas, passando mesmo a ser consideradas alucinações por um tribunal, Ellie tem a plena convicção de que esteve noutro planeta e falou com o pai.
. Depois de assistirmos atentamente ao filme “Contacto”, podemos tirar uma entre muitas conclusões. No filme, é bem visível a relação entre o mundo crente e o mundo não crente. Ambos os mundos anseiam por atingir um objectivo: a verdade, a procura da verdade.
. A nossa cientista esteve presa nas rédeas do saber empírico, das provas. Mas a ausência de provas e uma experiência não comprovada levou-a a um acto de fé onde pôde fazer a experiência de Deus: “Foi-me dado algo maravilhoso, algo que me mudou para sempre. Uma visão do universo que nos diz incontestavelmente que minúsculos e insignificantes, que raros e que preciosos somos todos nós. Uma visão que fazemos parte de algo maior que nós, que nenhum de nós está só”.
. Depois do filme, passámos então à sessão do chá e aos bolinhos cuidadosamente preparados pelos anfitriões, que como sempre nos servem do bom e do melhor. Na mesa estavam também postas a amizade e a alegria de estarmos juntos e de poder conviver, e tão bem estávamos que o tempo passou sem nos darmos conta. Afinal, alguns iam fazer uma viagem, uns para Alhadas, outros para Coimbra, uns para Aveiro e outros ainda para Viana do Castelo. Sem dúvida: já tínhamos que regressar! Oramos pelo nosso pastor por um dia, entregámo-nos à protecção do nosso pai S. João da Cruz e demos aquele abraço do costume de… “Até ao próximo encontro.”
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Um servidor