E no entanto ele move-se. Assim é. Sobre o Movimento Carmo Jovem passou uma nuvem negra. Os jovens começaram a ficar velhos. E quase claudicamos só porque a vida impôs a sua lei! Agora estamos de novo em franco movimento. Sabe-se que quanto maior é a nau, maior é a tormenta. Foi isso o que nos sucedeu. Porém, em boa hora agarramos os remos, consertamos as velas, tapamos os buracos. E pusemos o Movimento em movimento.
Hoje, dia 19 de Maio, em Viana do Castelo, concluímos a IV Carminhada. A quarta de quatro.
As nossas carminhadas começaram em Caíde de Rei, continuaram em Braga e Aveiro e terminaram nas areias de Viana do Castelo.
Cumpriu-se o prometido e quem cumpre o que promete nada mais se lhe deve pedir.
Pelas 9h45 concentrámo-nos na Capela do Centro de Pastoral de Espiritualidade do Convento do Carmo de Viana. Éramos 74 jovens bem contados. O cenário cuidado animava-nos ainda mais a Lançar as Redes ao Mar. Proveniências? As habituais, umas mais reforçadas outras corajosas, todas convictas. Aveiro, Avessadas, Braga, Caíde de Rei, Ílhavo, Mangualde e Viana do Castelo responderam à chamada.
Logo a abrir uma apresentação em PowerPoint espevitava-nos a carminhar, a Lançar as Redes ao Mar. Saímos. Logo de saída apresentou-se-nos diante a Ponte Eiffel. As pontes têm sempre um quê de surpreendente; são como que uma proposta para a novidade, um reforço de ânimo para vencermos as dificuldades. (Quem vai pela ponte não tem de nadar, não é?) Atacamos a ponte com um sol suave a dar-nos pela cara e um vento ameno a beijar-nos os cabelos.
Às 11h00 em ponto estávamos no Cais Novo, a outra margem. Nós íamos para lá, e para cá, ao nosso encontro, vinha o Frei João Costa. Ah!, claro, faltava ele. Somos agora 75! A marcha não se interrompe só por que temos de dar uns beijinhos e abraços. Seguimos em frente e virámos à direita. Vamos para o areal da foz do Rio Lima. Daqui a cidade é ainda mais bonita, embora com um prédio a mais!
Há ali naquela planura de areias que beijam o rio algo que nos prende a atenção: a capela de S. Lourenço. Curiosa capela à beira-água! É como se o rio viesse ali despedir-se e pedir licença ao Mártir para entrar no oceano. Subimos para o terreiro, mas as ervas são tantas e tão altas que temos de regressar ao muro. É dali que escutámos um pequeno poema de S. Teresinha. Segue-se uma dinâmica: construir um barco de papel. Há neste gesto lúdico algo de regresso à infância: uma curta viagem para uns, um pouco maior para outros. Olha-se, vê-se e são os mais velhos que mais gozam com a situação. Há, porém, entre os novos alguns tão aselhas que em vez de um barco sai uma rã! No fim a Betinha, Almirante da marinha de Braga, recolhe a frota na mochila e é ela quem a levará no resto do carminho. Até ao fim. Até nos serem devolvidos com uma frase carinhosa, depois da Eucaristia.
Lançámos um último olhar à paisagem para beber daquele sossego que nos prende por dentro. Sim, não há ali um sequer que não tenha calado a mensagem: é preciso que sejas pescador... de homens. Mais outro olhar e... ala que se faz tarde. O Caló, qual Moisés de Mangualde, pega no cajado e enfrenta de novo as areias. Em breve, indiferentes à nortada, carminhamos pela Praia do Cabedelo. Era uma excelente nortada para uns enormes pássaros de plástico que parece que atraem o vento enquanto puxam um homem (ou mulher) para cima. Este, por sua vez, esforça-se por cavalgar a espuma e quebrar ondas. À medida que nos aproximamos do Atlântico assistimos a esse espectáculo inesperado. Olhamos e em nós cresce a coragem como crescem as ondas daquele mar frio. Só de olhar para aquele enxame de aves plásticas saímos animados: afinal há forças adversas que se podem tornar benéficas. Só de contemplar como os gladiadores enfrentam incansavelmente as ondas inesgotáveis, saímos encorajados a lançar e a lançar as redes da esperança. Uma e outra vez. Lemos então um texto sobre a amizade, que é como a areia na mão: nem se deve apertar muito, nem desprezar muito expondo-a ao vento agreste. E depois cantamos o Pai Nosso, junto ao mar e cantamos o Põe a mão na mão do meu Senhor. E há quem chore...
O Tiago, rapaz sensível e com veia de artista, desenha a Gotinha na praia. E ninguém resiste, vamos todos ver: é uma Gotinha a falar com o Oceano! Depois, seguimos. Embrenhámo-nos no Pinhal do Cabedelo e fomos retemperar forças. No post prandium, uns jogam e outros dormem a sesta. Há amigos que trocam contactos e pernas ágeis que saltam a Macaca. Ali joga-se às cartas, além as miúdas devolvem uma bola azul umas às outras. (Mas quase nunca acertam porque o vento também quer brincar e brinca desde mais alto!) O sol continua quente; e o vento suave faz bailar a copa dos pinheiros. Quase apetecia ficar ali.
A meio da tarde fazemos a travessia do rio numa velha trotinete aquática que serviu de baptismo de navegação para a maioria de nós. Seguidamente, enfrentamos os paralelos da Avenida da República, ultrapassamos a Estação dos Caminhos de Ferro e batemos às portas do Carmelo de S. Teresinha. Gentis e alegres as Irmãs Carmelitas saem a saudar-nos. Somos muitos num locutório muito pequenino. Mas deu para conversar, rezar e cantar.
Ah! Já agora, e porque as Irmãs nos estimularam, a conversa foi assim: Do que vivem as Irmãs? Como é estar sempre “presas”, sem poder ir ao shopping, ao cinema e às carminhadas? Elas, por sua vez, mais experientes que nós, perguntaram-nos se as grades existentes entre nós e elas nos fazia confusão? (As respostas coincidiram no não, mas eu gostaria de ouvir as conversas posteriores...). Também nos perguntaram se alguma rapariga queria ficar com elas. Por agora ninguém quis, mas a verdade é que têm de nos receber mais vezes e dar-nos mais pagelas para lá deixarmos uma de nós.
Eis-nos de novo a carminho: do Carmelo para o Carmo. Ali e depois dum descanso tivemos oportunidade de fazer um breve balanço do dia e das quatro carminhadas realizadas ao longo do último ano pastoral. Gera-se consenso: todos gostam, o balanço é francamente positivo. A vontade dos Jovens Carmelitas é continuar a carminhar. Diga-se de passagem, que ainda estamos a aprender e que nem sempre é fácil carminhar em conjunto. Porém, a vontade de carminhar e descobrir juntos anima-nos a seguir. Seguiremos.
Às 18h00 o Superior da Comunidade, Pe. Fernando Reis presidiu Eucaristia Vespertina. Foi um belo momento. Ao ver tanta juventude diante de si o Padre Fernando soltou o jovem carminheiro que há em si e anima-nos a carminhar sempre ao jeito de Santa Teresa de Jesus, Santa Teresinha, S. João da Cruz ou da Beata Isabel da Trindade. Gostamos, sinceramente. (Da próxima vez esperamos por si, Padre Fernando. São conhecidas as suas qualidades de trota-caminhos, por isso não nos desiluda!) Depois, e porque o vocábulo já pegou, interpretou para a assembleia habitual o verbo carminhar, que tem a ver com o sentido físico e muito mais com o espiritual.
As carminhadas páram aqui. Amanhã caminharemos num lugar perto de si. Se quiser pode vir connosco. Se não puder, reze. «Tendes medo de dizer que sois cristãos?», perguntou-nos na homilia o Padre Fernando. Não. Não temos de dizer que somos cristãos. Não temos medo de dizer que somos Carmelitas. Não temos medo de carminhar. Não temos medo da chuva, do sol ou do vento, das rectas ou das subidas. Não temos medo: seja na escola, no trabalho ou na universidade. Nós não temos medo de nos fazermos ao mar e de lançar as redes. Mas... Se me acompanhares mais forte serei, se vens a meu lado a quem temerei?
Sim. Amén. Aleluia. Vivam as carminhadas, este jeito jovem de sermos Carmelitas!
Hoje, dia 19 de Maio, em Viana do Castelo, concluímos a IV Carminhada. A quarta de quatro.
As nossas carminhadas começaram em Caíde de Rei, continuaram em Braga e Aveiro e terminaram nas areias de Viana do Castelo.
Cumpriu-se o prometido e quem cumpre o que promete nada mais se lhe deve pedir.
Pelas 9h45 concentrámo-nos na Capela do Centro de Pastoral de Espiritualidade do Convento do Carmo de Viana. Éramos 74 jovens bem contados. O cenário cuidado animava-nos ainda mais a Lançar as Redes ao Mar. Proveniências? As habituais, umas mais reforçadas outras corajosas, todas convictas. Aveiro, Avessadas, Braga, Caíde de Rei, Ílhavo, Mangualde e Viana do Castelo responderam à chamada.
Logo a abrir uma apresentação em PowerPoint espevitava-nos a carminhar, a Lançar as Redes ao Mar. Saímos. Logo de saída apresentou-se-nos diante a Ponte Eiffel. As pontes têm sempre um quê de surpreendente; são como que uma proposta para a novidade, um reforço de ânimo para vencermos as dificuldades. (Quem vai pela ponte não tem de nadar, não é?) Atacamos a ponte com um sol suave a dar-nos pela cara e um vento ameno a beijar-nos os cabelos.
Às 11h00 em ponto estávamos no Cais Novo, a outra margem. Nós íamos para lá, e para cá, ao nosso encontro, vinha o Frei João Costa. Ah!, claro, faltava ele. Somos agora 75! A marcha não se interrompe só por que temos de dar uns beijinhos e abraços. Seguimos em frente e virámos à direita. Vamos para o areal da foz do Rio Lima. Daqui a cidade é ainda mais bonita, embora com um prédio a mais!
Há ali naquela planura de areias que beijam o rio algo que nos prende a atenção: a capela de S. Lourenço. Curiosa capela à beira-água! É como se o rio viesse ali despedir-se e pedir licença ao Mártir para entrar no oceano. Subimos para o terreiro, mas as ervas são tantas e tão altas que temos de regressar ao muro. É dali que escutámos um pequeno poema de S. Teresinha. Segue-se uma dinâmica: construir um barco de papel. Há neste gesto lúdico algo de regresso à infância: uma curta viagem para uns, um pouco maior para outros. Olha-se, vê-se e são os mais velhos que mais gozam com a situação. Há, porém, entre os novos alguns tão aselhas que em vez de um barco sai uma rã! No fim a Betinha, Almirante da marinha de Braga, recolhe a frota na mochila e é ela quem a levará no resto do carminho. Até ao fim. Até nos serem devolvidos com uma frase carinhosa, depois da Eucaristia.
Lançámos um último olhar à paisagem para beber daquele sossego que nos prende por dentro. Sim, não há ali um sequer que não tenha calado a mensagem: é preciso que sejas pescador... de homens. Mais outro olhar e... ala que se faz tarde. O Caló, qual Moisés de Mangualde, pega no cajado e enfrenta de novo as areias. Em breve, indiferentes à nortada, carminhamos pela Praia do Cabedelo. Era uma excelente nortada para uns enormes pássaros de plástico que parece que atraem o vento enquanto puxam um homem (ou mulher) para cima. Este, por sua vez, esforça-se por cavalgar a espuma e quebrar ondas. À medida que nos aproximamos do Atlântico assistimos a esse espectáculo inesperado. Olhamos e em nós cresce a coragem como crescem as ondas daquele mar frio. Só de olhar para aquele enxame de aves plásticas saímos animados: afinal há forças adversas que se podem tornar benéficas. Só de contemplar como os gladiadores enfrentam incansavelmente as ondas inesgotáveis, saímos encorajados a lançar e a lançar as redes da esperança. Uma e outra vez. Lemos então um texto sobre a amizade, que é como a areia na mão: nem se deve apertar muito, nem desprezar muito expondo-a ao vento agreste. E depois cantamos o Pai Nosso, junto ao mar e cantamos o Põe a mão na mão do meu Senhor. E há quem chore...
O Tiago, rapaz sensível e com veia de artista, desenha a Gotinha na praia. E ninguém resiste, vamos todos ver: é uma Gotinha a falar com o Oceano! Depois, seguimos. Embrenhámo-nos no Pinhal do Cabedelo e fomos retemperar forças. No post prandium, uns jogam e outros dormem a sesta. Há amigos que trocam contactos e pernas ágeis que saltam a Macaca. Ali joga-se às cartas, além as miúdas devolvem uma bola azul umas às outras. (Mas quase nunca acertam porque o vento também quer brincar e brinca desde mais alto!) O sol continua quente; e o vento suave faz bailar a copa dos pinheiros. Quase apetecia ficar ali.
A meio da tarde fazemos a travessia do rio numa velha trotinete aquática que serviu de baptismo de navegação para a maioria de nós. Seguidamente, enfrentamos os paralelos da Avenida da República, ultrapassamos a Estação dos Caminhos de Ferro e batemos às portas do Carmelo de S. Teresinha. Gentis e alegres as Irmãs Carmelitas saem a saudar-nos. Somos muitos num locutório muito pequenino. Mas deu para conversar, rezar e cantar.
Ah! Já agora, e porque as Irmãs nos estimularam, a conversa foi assim: Do que vivem as Irmãs? Como é estar sempre “presas”, sem poder ir ao shopping, ao cinema e às carminhadas? Elas, por sua vez, mais experientes que nós, perguntaram-nos se as grades existentes entre nós e elas nos fazia confusão? (As respostas coincidiram no não, mas eu gostaria de ouvir as conversas posteriores...). Também nos perguntaram se alguma rapariga queria ficar com elas. Por agora ninguém quis, mas a verdade é que têm de nos receber mais vezes e dar-nos mais pagelas para lá deixarmos uma de nós.
Eis-nos de novo a carminho: do Carmelo para o Carmo. Ali e depois dum descanso tivemos oportunidade de fazer um breve balanço do dia e das quatro carminhadas realizadas ao longo do último ano pastoral. Gera-se consenso: todos gostam, o balanço é francamente positivo. A vontade dos Jovens Carmelitas é continuar a carminhar. Diga-se de passagem, que ainda estamos a aprender e que nem sempre é fácil carminhar em conjunto. Porém, a vontade de carminhar e descobrir juntos anima-nos a seguir. Seguiremos.
Às 18h00 o Superior da Comunidade, Pe. Fernando Reis presidiu Eucaristia Vespertina. Foi um belo momento. Ao ver tanta juventude diante de si o Padre Fernando soltou o jovem carminheiro que há em si e anima-nos a carminhar sempre ao jeito de Santa Teresa de Jesus, Santa Teresinha, S. João da Cruz ou da Beata Isabel da Trindade. Gostamos, sinceramente. (Da próxima vez esperamos por si, Padre Fernando. São conhecidas as suas qualidades de trota-caminhos, por isso não nos desiluda!) Depois, e porque o vocábulo já pegou, interpretou para a assembleia habitual o verbo carminhar, que tem a ver com o sentido físico e muito mais com o espiritual.
As carminhadas páram aqui. Amanhã caminharemos num lugar perto de si. Se quiser pode vir connosco. Se não puder, reze. «Tendes medo de dizer que sois cristãos?», perguntou-nos na homilia o Padre Fernando. Não. Não temos de dizer que somos cristãos. Não temos medo de dizer que somos Carmelitas. Não temos medo de carminhar. Não temos medo da chuva, do sol ou do vento, das rectas ou das subidas. Não temos medo: seja na escola, no trabalho ou na universidade. Nós não temos medo de nos fazermos ao mar e de lançar as redes. Mas... Se me acompanhares mais forte serei, se vens a meu lado a quem temerei?
Sim. Amén. Aleluia. Vivam as carminhadas, este jeito jovem de sermos Carmelitas!