quinta-feira, 9 de abril de 2009

Que bem sei eu a fonte que mana e corre...

«Que bem sei eu a fonte que mana e corre mesmo de noite. Aquela eterna fonte está escondida, mas eu bem sei onde tem sua guarida, mesmo de noite. Sua origem não a sei, pois não a tem, mas sei que toda a origem dela vem, mesmo de noite. Sei que não pode haver coisa tão bela, e que os céus e a terra bebem dela, mesmo de noite Eu sei que nela o fundo não se pode achar, e que ninguém pode nela a vau passar, mesmo de noite. Sua claridade nunca é obscurecida, e sei que toda a luz dela é nascida, mesmo de noite Sei que tão caudalosas são suas correntes, que céus e infernos regam, e as gentes, mesmo de noite. A corrente que desta fonte vem é forte e poderosa, eu sei-o bem, mesmo de noite. A corrente que destas duas procede, sei que nenhuma delas a precede, mesmo de noite. Aquela eterna fonte está escondida neste pão vivo para dar-nos vida mesmo de noite. De lá está chamando as criaturas, que nela se saciam às escuras, porque é de noite. Aquela viva fonte que desejo, neste pão de vida já a vejo, mesmo de noite» [S. João da Cruz]