segunda-feira, 28 de novembro de 2011

REGRA JOVEM DO CARMO


«Nesta família guardamos a Regra de Nossa Senhora do Monte Carmelo. Tudo o que seja para glória e louvor do Senhor e da gloriosa Virgem Maria cujo habito vestimos».
[Vida 36, 26.28]


REGRA JOVEM DO CARMO INSPIRADA NA REGRA
QUE S. ALBERTO DE JERUSALÉM OUTORGOU AOS CARMELITAS


Prólogo

[Saudação]
Nós, os Carmelitas, chamados pelo Espírito do Ressuscitado a servirmos a Igreja, saudamos em Maria, a Senhora do Carmo, todos os que no mundo actual querem viver a sua fé segundo o nosso carisma.

[O Seguimento do Ressuscitado]
Muitas vezes e de muitas maneiras, ao longo da sua história a Igreja estabeleceu como cada um dos seus filhos, qualquer que seja a sua forma de vida, deve viver no obséquio de Jesus Cristo. De acordo com o nosso projecto de vida em comum, nós, os Carmelitas, comprometemo-nos a viver esta fórmula de vida que vos apresentamos:


Estruturas de vida em comum

[1. O responsável e os conselhos evangélicos] 
Estabelecemos que cada Comunidade tenha um responsável que deve ser eleito para esta missão com a aprovação dos membros que a integram. Na presença dele prometereis os conselhos evangélicos e mutuamente vos ajudareis a manter a promessa feita. São os conselhos evangélicos 3 atitudes ou formas de vida: a) Pobreza: viver sem estar apegado aos bens materiais e partilhá-los com os demais; b) Obediência: ter um espírito de serviço e de disponibilidade para com as necessidades da Comunidade. c) Castidade: amadurecer na afectividade e no amor.

[2. Lugares onde reunir]
Podereis fixar os vossos lugares de encontro onde julgardes mais adequado e conveniente segundo o vosso projecto de vida, e segundo o acordo dos membros da Comunidade.

[3. A cela dos irmãos]
Além das reuniões, e tendo em conta o trabalho que cada membro da Comunidade desempenha na sociedade, cada um de vós buscará tempo para a oração, para a reflexão sobre a vida e para a leitura espiritual, segundo o tema que a própria Comunidade tenha determinado periodicamente.

[4. Tempo de partilha]
Procurai que o vosso tempo livre seja um lugar de encontro com os restantes membros da Comunidade, partilhando assim o alimento e o lazer; tende sempre presente a Cristo entre vós.

[5. A fidelidade à cela]
Perante um qualquer acontecimento ou mudança que aconteça na vossa vida partilhai-o com a Comunidade para receberdes o seu conselho e o seu apoio, e assim vos mantereis fiéis à vossa vida espiritual.

[6. O serviço do Responsável] 
Que a vossa Comunidade seja acolhedora e hospitaleira. Quando alguém vier visitar-vos seja o vosso Responsável aquele que, em nome da Comunidade, se ocupe do seu acolhimento. E em tudo mais que se houver de fazer, tenha-se em conta a sua opinião e dialogue-se em comum.

[7. A Palavra, plenitude da solidão] 
Todos e cada um dos membros da Comunidade se comprometa pessoalmente a ler, meditar e interiorizar a Palavra de Deus, e, desde a Palavra a realizar convenientemente as tarefas do dia-a-dia.

[8. A celebração do louvor]
Seja a oração um distintivo da vossa Comunidade, de tal forma que, cada membro da Comunidade chegue a descobrir em comum o sentido da oração na vida cristã.

[9. Comunhão de bens e pobreza]
Nenhum irmão diga que algo é propriedade sua; antes tereis tudo em comum. Por isso, a Comunidade disporá de um fundo comum que sirva para responder as necessidades materiais que surjam e para colaborar com o apostolado da Igreja.

[10. Lugar da oração e da eucaristia] 
Em cada reunião da Comunidade esta dedicará um tempo apropriado para a oração. E acordar-se-á, periodicamente, uma celebração comunitária da Eucaristia, sempre e quando as circunstâncias o permitam.

[11. Diálogo e correcção fraterna] 
No dia do vosso encontro, ou num outro dia se for necessário, exercei o diálogo em função do crescimento humano e espiritual da Comunidade. Nestas ocasiões corrigi-vos mutuamente e com caridade as faltas e perdoai-vos os desaguisados que tenham podido surgir entre os irmãos.


Ascese corporal

[12-13. Jejum e abstinência] 
Frente a um mundo que defende e promove os valores da insolidariedade, do consumismo, da injustiça e da violência, cada membro da Comunidade se absterá de seguir todas as atitudes que favoreçam tal. E na revisão de vida da Comunidade se insistirá na vivência deste compromisso.


Para fortificar o homem interior

[14. O combate espiritual] 
Porque a vida do homem é um tempo de luta; e porque todos os que se decidem a seguir a Cristo vivem em contradição com os valores deste mundo, a Comunidade procurará revestir-se com a armadura de Deus para se manter unida e forte: a) vivei, pois, a vossa afectividade com maturidade; b) procurai ter pensamentos santos; c) revesti-vos com a couraça da justiça, por forma a que ameis o Senhor vosso Deus com todo o coração e com toda a mente e com todas as forças, e ao vosso próximo como a vós mesmos; d) sede fortes na fé a fim de vencerdes a tentação, pois sem fé é impossível agradar a Deus. Senti-vos transformados pelo Senhor, por forma a que só n’Ele ponhais a vossa esperança. e) Finalmente, a espada do Espírito, isto é, a Palavra de Deus, habite em toda a sua riqueza na vossa boca e nos vossos corações, e aquilo que devais fazer fazei tudo segundo a Palavra de Deus.

[15. O trabalho]
Que cada membro da Comunidade desempenhe um trabalho digno que o realize como pessoa e que o identifique como um ser útil para a sociedade e para a construção do Reino. Nisto tendes o ensino e o testemunho exemplar do Apóstolo Paulo, por cuja boca falava Cristo e que foi constituído e dado por Deus como pregador e mestre das gentes na fé e na verdade: se o seguirdes não vos enganareis. «Nós vivemos entre vós, diz o Apóstolo, trabalhando com canseira, dia e noite, para não sermos pesado a nenhum de vós. Não que não tivéssemos o direito a sermos alimentados, mas para vos darmos com a nossa maneira de actuar um exemplo para imitar. Quando estávamos entre vós repetíamos com insistência: se alguém não quer trabalhar também não coma. Porém, já ouvimos dizer que alguns de vós não trabalham e andam irrequietos de cá para lá. A esses advertimos, e os exortamos no Senhor Jesus Cristo a trabalhar, a deixar o ‘diz-que-disse’ e a ganhar o próprio pão. Este caminho é santo e bom: segui-o»

[16. O silêncio]
Por entre este mundo de pressas e de ruídos buscareis a solidão a fim de vos encontrardes convosco mesmos e com Deus. Evitai as críticas, as calúnias e as murmurações.


Serviço e autoridade na Comunidade madura

[17. O Prior, servo humilde]
O responsável da Comunidade tenha sempre presente na mente e na prática aquilo que diz o Evangelho: «aquele que entre vós quiser ser o maior, seja o vosso servo; e o que entre vós quiser ser o primeiro, seja o vosso escravo».

[18. A obediência ao Prior] 
Vós os membros da Comunidade respeitareis a figura do responsável, considerando que foi colocado no meio de vós por vontade de Deus e para vosso serviço. Trabalhareis com ele co-responsavelmente no andamento da Comunidade.


Epílogo

[Fidelidade generosa e discernimento]
Esta adaptação de tão grande proveito da norma de vida do Carmo nós vo-la apresentamos na esperança de que, servindo-vos das adaptações que julgueis necessárias, vos decidais a seguir o nosso carisma. Que este projecto alcance os seus objectivos: irmanar-nos na família do Carmo e nos aproxime ao Pai através da mediação da Virgem, Nossa Mãe e Senhora.