Cerca do fim do Verão e num ano especialmente rico em mudanças na minha vida pessoal, fui (re)lembrada das datas do Horeb - Encontro dos Jovens Carmelitas. Era assim o convite que recebi: «Os jovens carmelitas não podem ficar parados. O Verão já quase passou. É preciso recomeçar a marcha. Estar parado não é a nossa marca. A próxima acção do Carmo Jovem é a celebração do XIV Horeb, em Fátima, na nova Domus Carmeli, nos dias 28, 29 e 30 de Setembro. Estamos todos convocados. Que ninguém fique em casa. Se és dos jovens Carmelitas da primeira hora, já sabes: podes vir. Se és dos que raramente se fazem presentes, já sabes: podes vir. Se és dos que nunca vieram, também sabes: podes vir» Senti um apelo que foi impossível recusar. Durante a viagem de ida sentia o nervoso que se sente quando se vai ver alguém, depois de muitos anos de ausências... Peguei no meu terço, na minha cruz do Carmo Jovem e pouco mais. (Coube tudo numa mochila pequena!) Quando chegamos à Domus Carmeli, em Fátima, fomos recebidos numa casa à imagem do Carmo: renovada, discreta, atenciosa, simples... mas muito grande. O grupo, ansioso pelas apresentações, era jovem... muito jovem e na inquieta maneira de ser jovem, proporcionou momentos de descontração. Ficou-me na memória a presença e o convívio de jovens carmelitas, uns ainda jovens e outros muito jovens. A motivação era igual. Porém, a garra dos mais novos serviu de motivação extra aos outros (mais velhos, mais cansados!). Os momentos de oração, desde o primeiro dia, estiveram marcadas pelas orações que bem cedo, ao colo das mães, todos aprendemos a rezar. Oração ao Pai e a Maria, nossa Mãe. Começámos o primeiro dia de Escola com uma manhã recheada de emoções. A presença da Dra. Branca Paúl, médica da Irmã Lúcia, deixou-nos um testemunho tocante e vibrante. Foi algo que nos tocou profundamente a todos, dos mais novos aos menos novos, porque nestas coisas aquilo que se sente, sente-se para lá do físico. O entusiasmo que nos assaltou foi tal, que nem a chuva nos demoveu, e, levados pela Irmã Lúcia, fomos (rezando a Via Sacra) fazer o seu caminho enquanto jovem, enquanto pastorinha e isso fez-nos aproximar ainda mais dela!
Como estávamos em Fátima esperávamos prolongar o nosso ser de peregrinos e rezar o terço com todos os outros peregrinos, junto da Capelinha das Aparições. Mas o tempo, o tempo invernio, frio e chuvoso não o permitiu. Por isso, lá o rezamos, longa e calmamente, à nossa maneira, na Capelinha da Domus Carmeli, junto a uma imagem do Imaculado Coração de Maria. Rezamos a oração que Nossa Senhora tanto pediu, recordando longas páginas de testemunhos da vida da Pastorinha. Foi uma vigília diferente, mas que a mim me ficará na memória pela força de quem ali estava... Pela comunhão com a Pastorinha... Pela união com Nossa Senhora... Aliás, remarco como momento forte do Carmo Jovem, a ligação entre os alunos repetentes e os recém-chegados à Escola do Carmo Jovem. Ali havia admiração mútua: Os mais novos, penso, por que ainda nos viam por ali; os mais velhos, por verem que começaram uma carminhada que ainda não parou e que sentimos não vai parar...
No Domingo, esse sentimento amplificou-se. A Eucaristia foi feita por nós e para nós: sentíamo-nos discípulos, filhos, amigos, alunos. O sentimento de união ficou ainda bem marcado na Homilia, também ela diferente. (Há sempre coisas diferentes a acontecer no Horeb!) Nela se falou do que se sente e do que se está disposto a fazer pelo Carmo. (Foi um quase compromisso!)
Fomos para o almoço com o sentimento de quase saudade e com alguma ansiedade: De tarde iríamos visitar o Memorial da Irmã Lúcia, recentemente inaugurado em memória da irmã (e Pastorinha) de todos nós.
Antes da partida recebemos na nossa sala de aula o Padre Provincial, Padre Pedro Ferreira, que nos congratulou pela carminhada, nos incentivou a continuar, nos lembrou que todos devemos passar pela Escola, que quem não passa fica mais pobre, mais desprotegido, sem instrumentos para caminhar a caminhada da vida. (E tem toda a razão!)
Saímos de Fátima com pena de já estarmos de saída, com pena de não termos visitado o túmulo dos Pastorinhos. (É a sexta vez que tal acontece!) Mas saímos a correr, para sermos recebidos na casa da memória da Irmã Lúcia, junto ao Carmelo de Santa Teresa. Ela receber-nos-ia e não havia tempo a perder. E depois, depois logo seria noite e depois manhã, dia de trabalhos e outras aulas. Não havia tempo a perder.
Enquanto esperávamos, ansiosos e inquietos, à entrada no pequeno edifício branco anexo ao Carmelo, não imaginávamos o tamanho da emoção que nos esperava: a nossa querida Irmã Lúcia estava ali a receber-nos com o nosso pin e um lenço do Carmo Jovem! Sim, são meros símbolos, símbolos sem importância, mas quer o gesto da Prioresa, Irmã Celina, quer o facto de vermos aquele singelo registo, ambos aproximavam a Irmã Lúcia a cada um de nós, e, mais que isso, ambos fizeram com que a sentíssemos definitivamente no meio de nós, como uma de nós, pequenina, pequenina gota no Oceano de amor. Pequenina e Mestra. E nós: pequeninos e discípulos!
Depois vimos, vimos tudo, abrimos os olhos e a alma e o coração. E vimos, e cantámos e rezámos. E saímos mais sossegados, mais Carmelitas.
As despedidas foram como sempe (há coisas que nunca mudam!), com rostos simultaneamente alegres e tristes!
Alegres pelo que, juntos, tínhamos vivido nesse fim de semana; tristes, porque rapidamente o Horeb chegara ao fim!
Alegres porque seguíamos orgulhosos da nossa prestação como alunos; tristes porque queríamos aprender mais.
Alegres porque gostámos de estar juntos (juntos somos mais fortes!); tristes porque teremos de esperar um ano para voltar a repetir o Horeb. Ah... e bem sabemos que os jovens gostam pouco de esperar!
Uma coisa é certa, passámos todos de ano e todos ficámos convocados para estar no próximo ano nas cadeiras da frente do XV HOREB.
Eu, de uma forma pessoal, devo acrescentar que apesar de ter sido apelidada de avó — Deus te valha, Frei João, Deus te valha! — senti-me rejuvenescida. Sim, no XIV Horeb a minha alma rejuvenesceu....
Senti alegria... Muita alegria ao ver que se continua a caminhar... Que se carminha porque se acredita, porque se sente... Senti muita alegria ao ver jovens tão jovens envolvidos no Carmo e com vontade de continuar a construir Carmo Jovem! Ah! Quem tem jovens assim não morre tão cedo!
Já lá vão 13 anos desde que conheci, me apaixonei e aprendi a amar esta forma de vida, de ser e estar que me ajudou em momentos difíceis, que me fez gozar ainda mais os momentos bons... Mas entre os melhores está o orgulho de ver um Movimento único, que nos faz estar sempre em Movimento. Juntos. (Mesmo quando estamos sozinhos. Isolados.)
Como velha que sou... Senti saudades de outros velhos: dos frades e dos (mais) velhos Jovens Carmelitas. (Faz tão bem voltar a beber daquela Fonte!) Além disso gostava de voltar a encontrar Santa Teresa de Jesus, São João da Cruz e até a mais jovem e tão rica Santa Teresinha do Menino Jesus. Far-me-ão esse favor? Please... Marcam-me um Horeb com eles?
Como velha que sou, sinto-me no direito de pedir aos mais novos que não desistam. Que construam o vosso próprio caminho: Um caminho que queiram carminhar... Um caminho que saiba bem carminhar... Um caminho em que terão dias de noite escura... Um caminho que sintam que fazem com Quem sabemos que nos ama!
Eu adorei voltar.
Alexandra Sh’ma Pinto
No Domingo, esse sentimento amplificou-se. A Eucaristia foi feita por nós e para nós: sentíamo-nos discípulos, filhos, amigos, alunos. O sentimento de união ficou ainda bem marcado na Homilia, também ela diferente. (Há sempre coisas diferentes a acontecer no Horeb!) Nela se falou do que se sente e do que se está disposto a fazer pelo Carmo. (Foi um quase compromisso!)
Fomos para o almoço com o sentimento de quase saudade e com alguma ansiedade: De tarde iríamos visitar o Memorial da Irmã Lúcia, recentemente inaugurado em memória da irmã (e Pastorinha) de todos nós.
Antes da partida recebemos na nossa sala de aula o Padre Provincial, Padre Pedro Ferreira, que nos congratulou pela carminhada, nos incentivou a continuar, nos lembrou que todos devemos passar pela Escola, que quem não passa fica mais pobre, mais desprotegido, sem instrumentos para caminhar a caminhada da vida. (E tem toda a razão!)
Saímos de Fátima com pena de já estarmos de saída, com pena de não termos visitado o túmulo dos Pastorinhos. (É a sexta vez que tal acontece!) Mas saímos a correr, para sermos recebidos na casa da memória da Irmã Lúcia, junto ao Carmelo de Santa Teresa. Ela receber-nos-ia e não havia tempo a perder. E depois, depois logo seria noite e depois manhã, dia de trabalhos e outras aulas. Não havia tempo a perder.
Enquanto esperávamos, ansiosos e inquietos, à entrada no pequeno edifício branco anexo ao Carmelo, não imaginávamos o tamanho da emoção que nos esperava: a nossa querida Irmã Lúcia estava ali a receber-nos com o nosso pin e um lenço do Carmo Jovem! Sim, são meros símbolos, símbolos sem importância, mas quer o gesto da Prioresa, Irmã Celina, quer o facto de vermos aquele singelo registo, ambos aproximavam a Irmã Lúcia a cada um de nós, e, mais que isso, ambos fizeram com que a sentíssemos definitivamente no meio de nós, como uma de nós, pequenina, pequenina gota no Oceano de amor. Pequenina e Mestra. E nós: pequeninos e discípulos!
Depois vimos, vimos tudo, abrimos os olhos e a alma e o coração. E vimos, e cantámos e rezámos. E saímos mais sossegados, mais Carmelitas.
As despedidas foram como sempe (há coisas que nunca mudam!), com rostos simultaneamente alegres e tristes!
Alegres pelo que, juntos, tínhamos vivido nesse fim de semana; tristes, porque rapidamente o Horeb chegara ao fim!
Alegres porque seguíamos orgulhosos da nossa prestação como alunos; tristes porque queríamos aprender mais.
Alegres porque gostámos de estar juntos (juntos somos mais fortes!); tristes porque teremos de esperar um ano para voltar a repetir o Horeb. Ah... e bem sabemos que os jovens gostam pouco de esperar!
Uma coisa é certa, passámos todos de ano e todos ficámos convocados para estar no próximo ano nas cadeiras da frente do XV HOREB.
Eu, de uma forma pessoal, devo acrescentar que apesar de ter sido apelidada de avó — Deus te valha, Frei João, Deus te valha! — senti-me rejuvenescida. Sim, no XIV Horeb a minha alma rejuvenesceu....
Senti alegria... Muita alegria ao ver que se continua a caminhar... Que se carminha porque se acredita, porque se sente... Senti muita alegria ao ver jovens tão jovens envolvidos no Carmo e com vontade de continuar a construir Carmo Jovem! Ah! Quem tem jovens assim não morre tão cedo!
Já lá vão 13 anos desde que conheci, me apaixonei e aprendi a amar esta forma de vida, de ser e estar que me ajudou em momentos difíceis, que me fez gozar ainda mais os momentos bons... Mas entre os melhores está o orgulho de ver um Movimento único, que nos faz estar sempre em Movimento. Juntos. (Mesmo quando estamos sozinhos. Isolados.)
Como velha que sou... Senti saudades de outros velhos: dos frades e dos (mais) velhos Jovens Carmelitas. (Faz tão bem voltar a beber daquela Fonte!) Além disso gostava de voltar a encontrar Santa Teresa de Jesus, São João da Cruz e até a mais jovem e tão rica Santa Teresinha do Menino Jesus. Far-me-ão esse favor? Please... Marcam-me um Horeb com eles?
Como velha que sou, sinto-me no direito de pedir aos mais novos que não desistam. Que construam o vosso próprio caminho: Um caminho que queiram carminhar... Um caminho que saiba bem carminhar... Um caminho em que terão dias de noite escura... Um caminho que sintam que fazem com Quem sabemos que nos ama!
Eu adorei voltar.
Alexandra Sh’ma Pinto