domingo, 15 de junho de 2008

Carmo (Jardim) do futuro



«Tive um sonho.
Sonhei imensos prados verdes intercalados com as mais variadas flores e um imenso fervilhar de vida. Havia montanhas e as aves, árvores e fontes cristalinas e refrescantes.
De manhãzinha fui ao jardim, e sentada num rochedo, saboreei sofregamente a brisa suave.
Apliquei-me com honestidade na disciplina de olhar, de me olhar e de deixar-me ser olhada e dei graças pelo toque delicado!
Fechei os olhos.
O murmúrio do suave balancear das árvores, o restolhar das folhas, a passagem subtil de algum animal, uma pinha a despenhar-se no vazio – qualquer ruído destacado no silêncio – foi o bastante para me precipitar num estado de alerta, de louvor a acção de graças.
E então olhei, olhei à procura d´Ele!
A sua mão serena me aconchegava, a sua voz acalmava a tempestade, o seu respirar acalmava os meus medos, a sua palavra saciava a minha fome.
A sua presença inebriou-me de alegria.
Ficamos horas a falar.
A imagem de Cristo pintou-se na minha alma. Como era também tamanha a minha sede de água fresca de Deus! Que deleite descansar nas mãos de Chama de Amor Viva, na fonte inesgotável de Amor!
Acabei por adormecer no regaço do meu Pai.
É com este sonho que eu vejo o Carmo do futuro. Digamos que será como uma escola de alpinistas. Nos dias de amanhã serão cada vez mais as propostas inundadas de ilusão que atropelam o olhar deixando a escolha difícil. Serão poucos os que se lembrarão de que a verdadeira realidade está ali, no cimo do Monte, aonde só se chega por caminhos divinos sendo o mais seguro aquela que Tu indicaras – para isso é preciso ficar em silencio a falar com Ele, é preciso Amar! – a todos custará subir, porque muitas coisas impedirão de avançar e irão puxar-nos para baixo. Ali, lentamente, com esforço e trabalho, cantando e rezando, em silêncio e solidão, subimos, passo a passo, até ao cimo da Montanha do Carmo. Por fim contemplaremos a glória de Deus infinitamente bom.
É preciso saborear a brisa suave do amanhecer com o coração puro e disponível para amar e ser amado. È preciso nunca esquecer que Ele também está no rigor das tempestades.
Está sempre pronto a desviar-nos para a calmaria. Está sempre pronto a abraçar-nos e a aconchegar-nos.
Mas nisso ficarei descansada, o Carmo plantou, com muito cuidado, as sementinhas do Futuro. O Jardim do Carmo será um lugar para todas as espécies de flores, cada uma com o seu encanto e brilho próprios.
Nos somos essas flores. Todas elas diferentes, no entanto iguais num único sentido e o mais importante: somos flores do jardim do Carmo.
Será necessário que todos cuidemos deste nosso jardim.
Só assim poderemos vê-lo crescer no futuro.»