sábado, 17 de abril de 2010

Vou contar-te um conto: a mina de ouro

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. Conta-se que uma vez 5 portugueses foram para a América, em busca de outro. Esperavam encontrar ouro e deitaram rapidamente mãos ao trabalho. E trabalharam, trabalharam duro. Trabalharam anos e anos duramente e sem perder a ilusão. Lavaram montanhas de lama com a água fria dum rio negro, e nunca apanharam ouro algum.
Não sei se sabes mas pensaram em desistir.
Mas logo pensaram: — como é que chegamos á terrinha pobretes, mal vestidos, velhos e desdentados? E por lá foram ficando. Continuaram a lavar terra, a remover cascalho. E nada. Nada. Numa manhã fria ao descer em direcção ao rio um deles viu um piscar qualquer. Não ligou muito, mas depois foi ver: TINHA ENCONTRADO OURO!
Atirou um bocado de água, depois mais um bocado e mais um bocado. Era uma pepita de ouro bem grande, bem grande mesmo! Deu um berro e chamou os outros quatro e começaram a desenterrar. Mas a pepita era bem grande mesmo. Desenterraram, desenterraram e não a desenterraram toda. Por isso, porque era sábado, decidiram cobri-la toda com pedras, lamas e galhos, limo. Até um cão morto lá puseram.
Decidiram que tomariam banho, que iriam à cidade e por que ao outro dia era Domingo. Participariam na Missa. Mas não diriam nada a ninguém. Depois teriam uma semana inteira para tratar do assunto.
Como compreendes, o importante é que nenhum deles dissesse nada a ninguém.
Por isso foram à missa juntos, depois almoçaram juntos, durante a tarde foram juntos dançar com as raparigas e beberam uns copos. A noite chegou e foram dormir, de manhã vestiram as roupas de trabalho e foram para o belo trabalho que tinham entre mãos. Mas iam a caminho do lugar da pepita quando se aperceberam que algumas pessoas os seguiam. Algumas não, muitas pessoas seguiam em filinha cada um dos garimpeiros sortudos. Começaram a desconfiar: será que foi este, será que foi aquele que disse? Ou foi o outro que se meteu nos copos? Lá se perdeu tudo porque o mais jarreta deu com a língua nos dentes… Enfim, desconfiaram uns dos outros.
Até que um, mais afoito, perguntou aos ‘perseguidores’:
— Que fazem aqui? Quem deu com a língua nos dentes?
Ao que lhe responderam:
— Calma amigo! Ninguém deu coma língua nos dentes!
Vocês é que andam tão contentes que se vê logo que encontraram uma mina de ouro!
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