terça-feira, 1 de maio de 2012

Notas finais da XIX CaRminhada - Paços de Gaiolo 31MAR'12



Agora que a noite caiu e o céu está coroado de estrelas, agora que a VIDA triunfa sobre a morte porque a Páscoa aconteceu, agora que o coração está quentinho, agora sim é hora de registar (para memória futura) um dia de encontro com o Pai.
A Carminhada de Paços de Gaiolo de dois mil e onze marcou, marca e marcará sempre a minha vida e por isso eu não podia faltar a esta Carminhada de 31 de Março na mesma localidade.
Como sempre, a jornada começou cedo, às 7.30h, no Convento do Carmo em Viana. Este ano não era uma desconhecida, este ano eu já sou do Carmo!
Chegamos à cidade cedo, ainda a tempo de tomar uma bica antes de iniciarmos a viagem. E enquanto a passarada se espreguiçava nos ninhos, os jovens carmelitas vianenses iam chegando. Os habituais como a Joana, a Fiúza, o Zé, a João, o Simão, a Raquel mais o Frei João, e as novas aquisições, os jovens do grupo de crisma do convento, o Vítor, o Bruno, a Jéssica. A Margarida juntar-se-ia ao grupo mais à frente.
Partimos!
Os novos estavam curiosos com o que estaria para acontecer, pensava. Mas eu já sabia! Sabia que ia ser maravilhoso, mágico, inebriante, retemperador, acolhedor. Só vivendo é que se percebem estas sensações.
Partimos! Fomos! Alegres e confiantes! Eu sabia que ia encontrar muitos amigos, amigos fortes de Deus, mas havia um com quem eu desejava muito falar. Um Amigo especial. E eu sabia que encontrá-lo-ia em cada recanto junto ao Douro, na cruz branca ou na prainha, por entre o verde das plantas e o silêncio dos campos. Encontrá-lo-ia como encontrei no ano anterior e por isso Paços marca a minha vida.


Chegamos à Igreja Paroquial de Ribadouro. Já lá estavam muitos jovens, para lá de cem. Os meus olhos encontraram logo a minha Jana, a minha mana de coração. Mais o Tiago, o Ricardo, a Betinha, o Francisco. Muitos fizeram uma surpresa à Costa que celebrava os seus vinte aninhos.
Reunimo-nos todos na Igreja para a oração que marcava o início da Carminhada. Atentamente ouvimos as palavras do pároco que nos felicitava pela iniciativa. O Francisco, do Segue-me, que nos saudava e desejava boa jornada e os ilustres coordenadores, o Tiago e a João, que reforçaram a importância do movimento Carmo Jovem e destacaram o facto de se celebrar (ainda que de véspera) o Dia Mundial da Juventude. Também nesse dia celebrávamos (também de véspera) o Domingo de Ramos, dia que assinala a entrada de Jesus em Jerusalém. Era dia de festa! Era dia de sentir emoções, de lágrimas e de sorrisos, de estar com amigos, de fazer novos amigos, de abrir o coração, de deixar o turbilhão do dia-a-dia e de nos entregarmos a escutar as palavras que o Pai faz brotar no nosso coração. Afinal, juntos andemos Senhor! Sempre! Sempre!
Começou a XIX Carminhada do Carmo Jovem.
Serena!


Pela estrada fora, junto ao Douro, com uma leve brisa a acompanhar-nos e com o melodioso chilrear dos pássaros anunciando a nossa passagem.
Fizemos a primeira paragem na capelinha de Ribadouro, aquela que já foi do alto do povoado mas que as mudanças trazidas pela modernidade implicaram a transferência da aldeia para cotas superiores de terreno e a ermida acabou por ficar no lugar mais baixo da povoação, à margem do Douro, como que a balançar na suavidade das suas águas. Aí cantamos e rezamos. E ELE no meio de nós.





Seguimos. O percurso era aprazível e de pouca dificuldade. Por entre caminhos de pedra integramo-nos na aldeia, chegamos ao limite de Paços e transpusemos a fronteira para o Marco, e mais à frente esperava-nos a Cruz branca. De branco puro, simples, calmo e tranquilo como aquele lugar. Que boas memórias guardo deste local. Passou um ano e este recanto está igual. Transmite-me a mesma serenidade e dá-me força para continuar.






A coordenação propôs que o grupo se dividisse em pequenos grupos e que estes analisassem as palavras do Santo Papa. Pretendia-se um momento de reflexão e de partilha do qual nasceriam um conjunto de preces a serem apresentadas na Eucaristia da tarde. Trinta minutos era o tempo limite para o tpc e com determinada determinação o objetivo foi alcançado por todos.












Envolvidos pela ternura do “Como veado passaste fugindo”, fomos rumo à praia fluvial onde o almoço nos esperava. Almoço? Banquete! Meticulosamente preparado pelos incansáveis amigos de Paços de Gaiolo. Amena cavaqueira, bons petiscos, boa pinga e bolo de aniversário a rematar porque vinte anos são vinte anos e a Costinha merece.



A tarde trouxe-nos a família Branco com a mimosa Beatriz e a belíssima barriga da Susana. (Esperámos por ti Pedrinho!!!).
Após um curto momento de lazer, o Frei João convidou-nos a um momento mais intimo, de maior concentração. Deveríamos assumir as nossas fragilidades e falhas e escrevê-las num pedacito de papel que posteriormente foi colocado na Cruz que sempre acompanha o Carmo Jovem.Numa outra, espetamos um prego, à semelhança do que fizeram com Cristo, assumíamos as nossas faltas e as marcas que estas deixam mas acreditando na Sua misericórdia infinita e no seu Amor inquestionável.








(Levantamento das palavras escritas nos papéis)

(mais estas duas frases que se encontram escritas em dois papeis:

1. «Não chores porque pecaste, sorri porque admitistes os teus erros. Sê feliz!»
 2. «Não ligues ao passado e dá mais valor ao presente. Sê feliz!»)


A tarde seria mais silenciosa. Ouvíamos os barulhos do mundo, os ruídos dos animais, o balançar das árvores, o burburinho dos que nos viam passar e nos saudavam. Mas deveríamos fazer silêncio. Por nós, Jesus morreu na Cruz. Deveríamos fazer silencio e escutar as Suas palavras no nosso coração.
Prosseguimos. O caminho era agora bem mais difícil, mais ingreme e mais agreste, mas havia sempre uma mão amiga que me empurrava, havia sempre um sussurro de força e de alento e, nos momentos mais críticos, quando o desespero se instalava, Ele estava sempre comigo, a meu lado ou levando-me ao colo, tal como um pai faz a um filho.
Rezamos no cruzeiro e seguimos. No mesmo silêncio, com Fé e com Esperança. Era chegada a hora de preparar a Eucaristia. Como sempre, não seria uma cerimónia como outras tantas, seria uma missa à Carmo Jovem: alegre, confiante, festiva, intima e única.





A Igreja de Paços estava cheia de jovens partilhando a mesma alegria e a mesma amizade.
No fim, as despedidas sempre muito custosas e sempre com lágrimas mas sempre com a mesma confiança de que vamos juntar-nos brevemente, noutra atividade do CJ.
E agora que a noite já vai longa, silenciosamente, desponta em mim uma vontade infinita de ser feliz, de amar toda a gente, sentir que a Vida é bonita, porque tenho tantos amigos, porque Deus está comigo mesmo nos meus momentos de maior dúvida e de medo, porque sou abençoada por Ele.
Obrigado Carmo Jovem.


Ana Caramez, Viana do Castelo