domingo, 14 de agosto de 2011

Deus representa um arco-íris - Acampaula - 6 AGO'11



No sétimo dia do nosso Vcampaki, sábado, recebemos uma professora que nos veio dar uma grande lição de vida. Naquele dia, em vez de nos dirigirmos à nossa universidade, onde nos sentaríamos em cima de bolotas, aconchegámo-nos dentro de casa, uns no chão, outros em cadeiras ou sofás, pois lá fora o frio apertava e a chuva ameaçava. A nossa convidada chama-se Ana Balinha e, com apenas 30 anos, tem já uma experiência de vida grandíssima.
Tivemos o prazer de ter na nossa companhia uma rapariga bastante simples, simpática e muito bonita que pertence ao Carmo Jovem desde os seus 14 anos e que, por motivos de força maior, teve que o “abandonar”. Um abandonar escrito entre aspas, pois mesmo ausente leva o Carmo Jovem sempre no coração!
Com o intuito de partilhar connosco a sua história, contou-nos que sempre teve, desde pequena, problemas respiratórios. Problemas esses que foram sempre identificados como derivados da asma. Porém, os sinais de asma que tinha eram anormais, o que a fez visitar vários médicos até que, ao fazer exames, lhe foi detectado um tumor no pulmão esquerdo.
Com apenas 28 anos descobriu que o pulmão tinha que lhe ser retirado. Ficou devastada com a má notícia e ao partilhar tudo isto connosco disse-nos que é um momento em que “passa muita coisa pela cabeça” e que é, sem dúvida, “um despertar para muita coisa”. Ficou assustada com a ideia de viver só com um pulmão, pois até àquela data não conhecia ninguém nessa condição nem sabia que tal pudesse ser possível. Sentiu uma revolta enorme por tudo aquilo lhe estar a acontecer, pois, ela como nós, sempre pensamos que estas situaçõe limite sempre sucedem aos outros e, principalmente, às más pessoas. Foram momentos em que pensou que a vida lhe estivs a ser roubada; que o chão estava a ser-lhe retirado dos pés.
Esteve durante um mês no Hospital de São João - Porto, onde muita gente a visitava. Mas, apesar disso, sentia-se presa numa gaiola e os dias eram intermináveis. Rotulou essa parte da sua vida como sendo “uma roleta russa que gira e não sabemos onde vai parar: se na vida, se na morte; se na saúde, se na doença”.
 A operação a que foi submetida correu bem e partilhou connosco que sentiu um grande alívio ao acordar, em ver e sentir que estava viva e que estava destinada a ficar entre nós. Embora não pareça e, ao olhar para ela, ninguém diz: – «A Balinha tem uma incapacidade grande», mas como grande lutadora que provou que é, ela luta contra tal facto e tenta fazer a sua rotina normalmente. Afirma que, depois de tudo isto, a sua cabeça mudou e aconselhou-nos a nunca desistirmos das coisas, a nunca deixarmos que nos imponham limites.
Não posso deixar de afirmar que conhecemos, sem dúvida alguma, uma mulher de armas a quem propuseram uma grande batalha. Batalha essa que ela venceu combatendo com unhas e dentes. Tenho a certeza que o Carmo Jovem está orgulhoso dela, pois depois de a ouvirmos falar de uma parte tão delicada da sua vida, não podíamos ficar indiferentes!
Por entre olhares cansados e vontade de um dia mais limpo, a aula correu lindamente. Pelo menos, ninguém adormeceu. O céu abriu e tivemos a companhia da nossa professora até depois do almoço. Uma preciosa companhia. Quero, por último, desejar o melhor do mundo para a Balinha, porque depois de tudo o que passou, ela bem merece. Que seja muito feliz e consiga alcançar sempre mais e mais. Mas claro, levando o Carmo Jovem sempre no coração!
Diana Oliveira, 16 anos, Aldeia do Livro do Castelo Interior