Do ano 33 ao ano 35. A primeira missão. O mundo árabe. Paulo conhecia bem o cristianismo dos helenistas; reconhecia nele um risco para o judaísmo legal do ramo do fariseismo. Portanto, temos de considerar que Paulo conhecia Jesus, porque conhecia o que perseguia quando perseguia os missionários helenistas. É por essa razão, que depois da sua conversão, não tem de aprender quem é Jesus e quem é a Igreja, porque já os conhece bem. Este é, pois, o contexto em que se situam os três anos do que podemos chamar a sua missão árabe. «Mas quando Deus que me escolheu desde o ventre materno (…) quis revelar-me o seu Filho para que eu O anuncie entre os pagãos, eu não consultei nem a carne nem o sangue, nem fui a Jerusalém falar com os que eram apóstolos antes de mim, antes fui para a Arábia e depois regressei outra vez a Damasco» (Gal 1:17).
Tudo nos leva a entender que Paulo actua como membro da Igreja de Damasco e que realiza uma missão na Síria nabateia, a Arábia. Os três primeiros anos de Paulo como cristão estão vinculados a essa «missão na Arábia», depois de partir de Damasco, cidade que tinha afinidades com aquela região.
O êxito de Paulo não parece ter sido grande e, tendo regressado a Damasco, teve de fugir: «Em Damasco, o governador da cidade, em nome do Rei Aretas, policiava a cidade na esperança de me prender. Mas eu fui descido pelo muro, dentro duma cesta, depois de sair por uma janela. Foi assim que escapei às suas mãos» (2Cor 11:32-33).
Mas o que foi essa missão na Arábia, que terminou com uma fuga sem retorno? Não sabemos bem. Porém, deveria ser por nós melhor conhecida. Foi uma espécie de incursão no deserto, como quiserem entender certas tradições proféticas, que, como Oseias, falavam dum novo Israel que nasce no deserto? Foi uma esperança apocalíptica, na linha de João Baptista que começou no deserto, ou até na linha de Jesus que também se retirou para o deserto antes de pregar? O primeiro anúncio de Paulo pode situar-se nesta linha interpretativa?
São perguntas que ficam.