O objectivo era ver o Papa e assistir à Eucaristia presidida por Sua Santidade. O início da Eucaristia era as 10:15h, do dia 14 de Maio, na Av. dos Aliados no Porto. O ponto de encontro era a Praça D. João I, em frente ao Rivoli, às 8:45h da manhã de sexta-feira. E assim foi que uns mais tarde outros mais cedo, lá nos juntamos os 7 jovens do Carmo Jovem vindos de: Marco de Canaveses, Caíde de Rei, Braga e Viana do Castelo. Éramos poucos, é certo, mas trazíamos “o Carmo Jovem todo no coração” para o entregar a Bento XVI, e não perdemos um momento para exibir a faixa que nos distingue de outros grupos de jovens, até nos “armamos” em emplastros para representar aqueles que como nós partilham de ideal de amor à moda dos carmelitas descalços.
Após nos juntarmos todos começámos a procurar um bom local para ver o Papa. Foi aqui que começou a aventura, rua acima rua abaixo, lá andámos nós a correr de um lado para o outro a procurar: “este não porque estamos muito longe”, “ este não porque não se vê o altar”, “aquele não porque estamos muito longe das grades para ver o Papa”. E lá fomos rua acima rua abaixo, e a hora cada vez mais perto e nós sem nos acomodarmos. Por fim, lá acabámos por nos acomodar ao fundo da Av. dos Aliados, junto à estátua do Jornaleiro. Parece que Deus já nos tinha reservado o lugar: dali conseguimos ver muito bem o Papa quando entrou na avenida; dali exibimos a nossa faixa para que o Papa a visse e nos abençoasse a todos, — certamente que o fez com o coração; ali também tivemos que fazer alguns malabarismos para conseguir algumas fotos do Papa.
Estávamos longe do altar para assistir à Eucaristia, mas Deus ainda tinha algumas surpresas para nós. Enquanto não as revelou, pensámos fingir que havia ali alguém grávido para que nos deixassem entrar na parte central da avenida, supostamente para ir às casas de banho que lá existiam. Por entre sugestões meio malucas para conseguir chegar à parte central, eis que abrem as grades depois de o Papa ter acabado de dar a volta à Avenida dos Aliados. E nós penetrámos mais além!
Uma vez no centro da avenida recomeçou a aventura: uns já exaustos dos encontrões da multidão sugeriam “vamos ficar por aqui”, mas a determinação da Verónica levou-nos até mais de meio da Avenida a um espaço vazio no meio da multidão, onde encontrámos uma pessoa querida do Carmo Jovem, o Frei Noé. Pelo caminho conseguimos arranjar alguns guiões da Eucaristia, já para não falar das bandeiras que já tínhamos arranjado para aclamar o Papa. Mais uma vez Deus tinha-nos reservado um cantinho. Instalados, aproveitamos para repor as energias antes do início da Eucaristia.
Cada um viveu o memorial da salvação ao seu jeito, certamente não deixando de rezar pelo Carmo Jovem. Foi um momento vivido com o coração, porque não é todos os dias que se tem a oportunidade de assistir a uma Eucaristia presidida pelo representante máximo da Igreja Católica. A chuva não foi capaz de nos deter, a nossa determinação foi suficiente para lhe fazer frente, todos trazem bons momentos no coração para relembrar.
No fim da Eucaristia, graças à persistência da Verónica conseguimos chegar ao
presbitério e tocar em “Cristo Salvador”: claro que não foi no verdadeiro Cristo, mas sim naquilo que o representa na Eucaristia como “pedra viva do templo do Senhor”, o altar.
Acabadas as confusões da grande multidão, marcámos o nosso rumo para um local seco e quente para podermos almoçar e descansar. Pelo caminho deixámos alguns amigos que não nos acompanhariam para a Clarminhada. A tarde foi propícia à confraternização, algo que faz parte do carisma dos Carmelitas. Com a chegada do fim da tarde fomo-nos dirigindo para a estação de Campanhã, para aí apanharmos a nossa boleia na carrinha para Coimbra. Enquanto não chegava a boleia, recebemos a Sónia de Caíde de Rei, que nos vinha entregar a cruz, peça fundamental nas actividades do Carmo Jovem, que nos lembra que para seguir a Cristo cada um de nós tem que tomar a sua cruz e caminhar. A boleia chegou com mais membros do Carmo Jovem, deu-se lugar aos cumprimentos, despedimo-nos da Sónia e partimos rumo a Coimbra para Clarminhar noite dentro.
Pelo caminho dividimos as peripécias que nos aconteceram durante o dia, abriu-se lugar para a brincadeira e assim chegámos a Coimbra para a III Clarminhada. Mas o melhor e mais surpreendente ainda estava para vir. Como se verá noutra crónica.
[João Carlos I Rosém]