No dia 14 de Maio, decorria em Coimbra, um acontecimento importante, ao qual muitos jovens não quiseram faltar. Não, não vos falo da Queima das Fitas…embora também tivesse tido música, luzes e dança. Falo sim, de algo maior e mais marcante; a III Clarminhada!
Começámos então por nos reunir no Penedo da Saudade. Contemplávamos a magnífica vista para a cidade, enquanto esperávamos pelos restantes grupos em falta. Como eram cheios os abraços dados à chegada. Demonstravam, de acordo com a cidade, a saudade a que a vida e o coração obrigam.
Sendo um grupo grande, pois a chama da Fé vai aquecendo quem anda à nossa volta, fomos partindo para o Divino Senhor da Serra. Lugar este tão abençoado para nós, jovens sementes da vida, pois aqui, nasceu um dia, um homem, Frei David da Virgem do Carmo, fruto desta árvore que é a Ordem Carmelita.
Deste modo, demos início à vigília. Escureceu. Apenas uma Luz se via e sentia. Pedimos então, que essa Luz nos enchesse de graça e força para clarminhar na noite escura da vida. Fomos passando essa Luz ao irmão que está ao nosso lado, porque tudo o que temos, existe para ser partilhado. Também queimámos o que nos impedia de nos enchermos de Deus e de nos envolvermos no seu espírito de Amor.
Agora, conscientes de que somos habitados, estávamos prontos para nos fazer ao clarminho. Partimos do monte eremita, para ir descendo, não só no carminho, mas também na alma, chegando às mais profundas certezas de não carminharmos sozinhos.
O clarminho foi acompanhado por músicas e palavras amigas e de incentivo. Uns mais cheios que outros, sempre íamos olhando o céu e as suas estrelas. Como era bom parar e sentir naquele brilho, a chama que nos ia iluminando na noite.
Ao longe, ia aproximando-se a música da Queima das fitas, a festa dos estudantes. Porém, todos nós somos estudantes; jovens, que através do clarminho, procuramos incessantemente a Verdade dessa Luz que nos guia. Para isso, há que percorrer os trilhos sinuosos, ter cautela com o perigo de carminhar na estrada da vida e ver no próximo um novo sentido de força.
Foi o que fizemos até chegar ao Carmelo de Santa Teresa. De volta ao Penedo da Saudade, pudemos contemplar o nascer de um novo dia! Ah!... Como é bom o beijo que cada raio de Sol soltava na nossa face. Enchemo-nos, então, de alegria ao som das músicas que íamos ensaiando, enquanto esperávamos o momento de maior louvor e encontro com o Senhor.
Começou a Eucaristia. Cantámos, rezámos, ouvimos e comungámos a Palavra de Deus. Tudo com a companhia das irmãs carmelitas. Contudo, esta eucaristia viria a ter um significado ainda mais especial… Uma das nossas gotinhas iria entrar para o Carmelo para fazer uma experiência de vida de consagrada. A nossa Verónica, deixou, naquele momento, a sua vida, experimentando uma entrega total ao Senhor. O nosso coração, dividido, estava, por um lado, triste por deixar de a ter como nossa, mas por outro lado, feliz por ver o chamamento de Deus. A semente plantada pelo Padre Carmelita no Senhor da Serra, deu fruto e fez-se flor no Carmelo. Pois, nada melhor que voltarmos a nossas casas com a felicidade que o Carmelo respira em pleno Amor com Deus.
Como “amar é despojar-se por Deus de tudo o que não é Deus”, “que mais Ó Rei poderemos por Ti fazer, se não aspirar a Amar a Tua existência em nós…” (S. João da Cruz).
[Cristiane Macedo I Coimbra]