No dia 28 de Novembro de 1568, primeiro domingo do Advento, na celebração da Eucaristia, presidida pelo Provincial, fez-se a inauguração oficial do primeiro convento de Carmelitas Descalços.
No livro de profissões encontra-se em primeiro lugar a de nosso pai S. João da Cruz, que diz: «Eu, Frei João da Cruz faço profissão e prometo obediência, castidade e pobreza a Deus Nosso Senhor e à Virgem Maria, Nossa Senhora, e ao reverendo padre frei João Baptista, geral da Ordem, segundo a Regra primitiva, isto é, sem mitigação, até à morte».
Aquela semente pequenina que S. João da Cruz semeou em Duruelo, cresceu e desenvolveu-se. Hoje é uma grande família estendida pelo mundo inteiro, à qual pertencemos também. Peçamos ao Senhor a graça de servir sempre o reino de Deus tal como nos ensinou nosso pai S. João da Cruz e como ele, seremos no mundo, nós também, sinais vivos de Deus.
Leitura do Livro das Fundações escrito pela Santa Madre Teresa de Jesus
Saímos de manhã para Duruelo, mas como não sabíamos o caminho perdendo-nos. E, sendo o lugar pouco conhecido, ninguém sabia dar indicações precisas.Quando entrámos na casa, estava de tal maneira que não nos atrevemos a ficar ali naquela noite. Tinha um portal razoável, uma sala, um sótão e uma pequena cozinha. Pensei que do portal podia fazer-se a igreja, o sótão servia bem para o coro e a sala para dormir.
As minhas companheiras diziam – me: «Madre, não há com certeza, homem, por santo seja, que resista a viver nesta casa».
Mas frei João da Cruz, concordava com a pobreza da casa para convento. Combinámos, pois, que o padre frei João da cruz fosse acomodar a casa para poderem entrar. Tardou pouco o arranjo da casa, porque ainda que se quisesse fazer muito, não havia dinheiro.
No primeiro domingo do Advento deste ano de 1568 celebrou-se a primeira Missa naquele pequeno portal de Belém. Chamo-lhe assim, porque não creio que fosse melhor que o presépio.
Os quartos tinham feno por cama, porque o lugar era muito frio, e pedras por cabeceira. Muitas vezes, depois de rezarem levavam muita neve nos hábitos que neles caía pelos buracos do telhado.
Iam pregar a muitos lugares próximos dali, o que me deixou muito contente. Iam descalços e com muita neve e frio; porque no princípio, não usavam calçado, como mais tarde lhes mandaram.
Em tão pouco tempo, alcançaram tanta estima das pessoas, que nunca lhes faltava alimentos, pois traziam – lhes mais do que o necessário. Isto foi para mim grande consolo, quando o soube.
Praza ao Senhor fazê-los perseverar no caminho que agora começaram.
[Livro Música Calada]