«Um pastorinho, só, está penando,
privado de prazer e de contento,
posto na pastorinha o pensamento
seu peito de amor ferido, pranteando.
Não chora por tê-lo o amor chagado,
pois não lhe pena o ver-se assim dorido
embora o coração esteja ferido;
mas chora por pensar que é esquecido.
Que só por pensar que está esquecido
por sua bela pastora, é dor tamanha,
que se deixa maltratar em terra estranha,
seu peito por amor mui dolorido!
E disse o Pastorinho: Ai, desditado!
de quem do amor se faz ausente,
e não quer gozar de mim presente,
seu peito por amor tão magoado!
passado tempo em arvore subido
ali seus belos braços alargou,
e preso a eles o Pastor se ficou,
seu peito por amor mui dolorido!»
privado de prazer e de contento,
posto na pastorinha o pensamento
seu peito de amor ferido, pranteando.
Não chora por tê-lo o amor chagado,
pois não lhe pena o ver-se assim dorido
embora o coração esteja ferido;
mas chora por pensar que é esquecido.
Que só por pensar que está esquecido
por sua bela pastora, é dor tamanha,
que se deixa maltratar em terra estranha,
seu peito por amor mui dolorido!
E disse o Pastorinho: Ai, desditado!
de quem do amor se faz ausente,
e não quer gozar de mim presente,
seu peito por amor tão magoado!
passado tempo em arvore subido
ali seus belos braços alargou,
e preso a eles o Pastor se ficou,
seu peito por amor mui dolorido!»
[O Pastorinho - São João da Cruz]