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P. Carlos Manuel Gonçalves
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O Padre Carlos Manuel Gonçalves, foi o pastor do Carmo Jovem por um dia. No dia 13 de Março estivemos em Viana do Castelo na I Noite Escura.
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Pediram-me para vos apresentar o Padre Carlos… ou melhor, o Frei Carlos, como gosta que o tratem!
Uma tarefa que, para mim, tem tanto de difícil como prazeirosa…
Para quem já teve a oportunidade de ouvir o Frei Carlos numa das suas autênticas e ruidosas gargalhadas, não precisa de mais apresentações: ele é mesmo assim, um homem genuinamente feliz!
Para os que ainda não tiveram o prazer de ter visto as suas vidas cruzadas com a dele, faço uma sucinta apresentação que seguramente ficará muito aquém da riqueza deste homem de Deus.
Nascido há quase 57 anos no Distrito de Bragança é aos 10 anos de idade que surgem na vida do Frei Carlos, aquilo a que tomei a liberdade de designar como “os improváveis”.
Explico: “improváveis” porque nada faria prever o rumo que os acontecimentos na vida do Frei Carlos acabaram por tomar. E não pensem que esta “improbabilidade” aconteceu apenas uma vez… não, esta é mesmo uma característica da vida deste Frade Carmelita!
Num tempo em que estudar era privilégio de poucos (recordem que nasceu a meados da década de 50 do século passado!) o pequeno Carlos vê cumprir-se o sonho de prosseguir os estudos ao ser alvo de uma casual (!?) interpelação do seu Pároco: “Tenho aqui uma carta de uns Frades Carmelitas a solicitar que lhes indique o nome de meninos que queiram ir para o seminário. Queres ir?”. Carlos não pensa duas vezes, mesmo não tendo pensado nunca em ser Padre, vê nesta carta a possibilidade de cumprir o seu sonho: estudar! Com apenas 10 anos e sem nunca ter saído da terra que o vira nascer, pega na mala (certamente maior do que ele!) e deixa para traz as mulheres da sua vida: 3 irmãs e sua mãe. Seu pai acompanhou-o até Viana, numa longa viagem de quase 2 dias (estávamos ainda longe do tempo das auto-estradas).
No seminário de Viana, Carlos era 1 entre 120 meninos: bom rapaz, inteligente e de trato fácil. Passados 7 anos de estudos do antigo liceu, Carlos é confrontado com a necessidade de tomar uma decisão: entrar no Noviciado. Ele que nunca havia pensado em ser Religioso e muito menos Padre, tem que decidir-se…
Mais um “improvável”: já em férias de Verão e sem uma decisão tomada recebe uma carta de um colega que lhe faz a difícil pergunta: “Vais para o Noviciado?”. Carlos uma vez mais resolve seguir em frente num caminho que não teria retorno: ei-lo a caminho de Fátima onde faria o Noviciado. Uma decisão que desapontou os seus pais que haviam sonhada para o seu único filho homem um caminho bem diferente: a advocacia. Mas Deus, tem destas coisas…
Tempos de crescimento, repletos de “noites escuras”, onde os amigos e companheiros de caminhada (quase todos, ainda hoje, seus Irmãos Carmelitas) assumem um papel decisivo no amadurecimento da sua vocação, até aí quase inexistente.
Quando Portugal vivia o entusiasmo de uma liberdade reconquistada (a revolução de 1974) Carlos estudava Teologia na cidade do Porto; curso que viria a concluir em Salamanca.
Depois de uma longa caminhada de amadurecimento intelectual e espiritual, o Carlos faz os seus votos definitivos no seio da Família Carmelita, corria o ano de 1978, em Avessadas; Comunidade que passaria a integrar.
Frade! O Carlos queria simplesmente ser Frade! Mas Deus que sempre estivera oculto nos seus “improváveis” pede-lhe agora um novo serviço aos Irmãos no seio da Sua Igreja: o ministério sacerdotal. Como sempre e, até hoje, o Frei Carlos tem uma única resposta: “Aqui estou, Senhor, enviai-me!”.
No então Seminário de Viana, foi formador durante 6 anos. Simultaneamente dava aulas de Religião e Moral na Escola Secundária de Santa Maria Maior em Viana, onde, pelo seu testemunho de vida, sempre perpassado de uma alegria contagiante, marcou uma geração de jovens que ainda hoje o recordam com saudade.
Em 1987 é-lhe pedido que integre a Comunidade dos Carmelitas no Porto e o Frei Carlos, só tem um remédio: fazer as malas e partir!
É nesta cidade que ingressa na Faculdade de Psicologia, onde viria a fazer um percurso académico digno de nota. Um novo “improvável”: nada faria prever que conseguiria ingressar no curso que ele achava que fortemente iria enriquecer o seu trabalho enquanto formador. Já com 33 anos, licenciado, era 1 entre os 120 candidatos a uma só vaga! Mas, Deus que trabalha nos “improváveis”, mais uma vez fez o seu trabalho e o Frei Carlos fez o curso, enriquecendo-se e enriquecendo o meio académico com o seu testemunho livre e feliz de quem sabe que colocou a sua confiança atracada em porto seguro!
Vinte anos volvidos, o Frei Carlos regressa à Comunidade de Viana, mantendo a docência na Faculdade de Psicologia do Porto, assumindo a direcção do GAF (instituição com 16 anos de idade e da qual é fundador), trabalhando na Pastoral Familiar e servindo todo o povo de Deus que dele se aproxima para mais facilmente trilhar os caminhos de Deus.
Em 32 anos de consagração religiosa e 30 anos de sacerdócio Ministerial, O Frei Carlos tem servido a Igreja de Jesus Cristo o melhor que pode e sabe.
Este é o Frei Carlos!
Um homem de pequena estatura, mas grande como ser humano! Um homem repleto de muitas qualidades mas também alguns defeitos… Sim, porque se não fossem os seus defeitos, que teria Deus para fazer neste seu Padre?
Por isso, deixo no vosso coração um pequeno pedido:
- Em Ano Sacerdotal, rezai pelos vossos Padres, pelo Frei Carlos e por todos os outros que vos ajudam a crescer. Pedi para eles a fortaleza de coração e em cada dia, o renovado Dom da Fidelidade!
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[Julieta Palma I Viana do Castelo]
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