Trrrimmmmmmmmm…
Assim começava a aventura. Era a Madrinha Alice ao telefone a perguntar a minha disponibilidade para me deslocar até Guadalupe, Alhadas, Figueira da Foz, no fim-de-semana 4 a 6 de Dezembro. Disponibilidade para dar o meu testemunho de como fui chamada à missão e o que significa para mim: «Ser Jovem para servir». Eis os temas que congregariam um pequeno grupo de jovens acólitos, familiares e amigos em Alhadas neste encontro. Encontro organizado pelo André e pela Mariana, jovens com um enorme coração para caminhar e servir. (De futuro também os veremos nas actividades do Movimento Carmo Jovem).
Sexta-feira, 4 de Dezembro
Depois das tarefas distribuídas e do encontro organizado em trocas de e-mails e alguns telefonemas eis-me a caminho para servir…
Cheguei a Alhadas pelas 19h30 do dia 4 de Dezembro. Esperava-me a Alice e o Nuno. Após o jantar, eis-nos a caminho da capela de Nossa Senhora da Guadalupe. Longe estava de pensar a familiaridade que me uniria àquelas gentes.
21h, o André encontrava-se no exterior da capela a (re)organizar tudo com muito gosto e requinte. Ninguém tinha ainda chegado. Pouco a pouco reunimo-nos naquele espaço de enorme simplicidade e beleza. A noite estava fria, a chuva cai… e nós? Nós, refugiávamos aos pés da Mãe. Após estarmos reunidos, aconchegados, foi o momento das apresentações e de darmos testemunho de como fomos chamados à missão: A Alice Montargil, o meu, o do Padre Pedro (pároco de Alhadas), e da catequista do André. No fim acabaríamos todos por falar e testemunhar. As horas passam depressa, depressa chega a Meia-noite! Terminaríamos fazendo uma breve oração, partilhando umas fatias de bolo e bebendo um sumo.
Sábado, 5 de Dezembro
A manhã iniciou às 9h, na Capela. Após a apresentação fui convidada a iniciar o tema: «Ser jovem para servir». Como está ainda fresco na memória o Ano Paulino, iniciei a minha apresentação com uma música de Sara Tavares: Escolhas. Canção extraída da Bíblia. Onde é citado o Apóstolo São Paulo. Pouco a pouco, com quadros sucessivos guarnecidos com os Santos Carmelitas ia desfolhando a Sagrada Escritura. A Palavra de Deus ecoou em quantos se esforçaram para me ouvir com ouvidos capazes de escutar: «Não seja assim entre vós. Pelo contrário, quem entre vós quiser fazer-se grande, seja o vosso servo; e quem no meio de vós quiser ser o primeiro, seja vosso servo. Também o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida para resgatar a multidão.» (Mt 20, 26, 27).
Para além dos novos amigos lá encontrei a Teresa Romeiro e a Sofia Simões de Moinhos da Gândara (da Coordenação do Movimento Carmo Jovem). Depois da escuta surgiram as perguntas, intercaladas com testemunhos de realidades actuais. Demos lugar à Sissi, uma outra jovem missionária da Consolata que nos falou da sua experiência em terras de missão. Fazíamos um compasso de espera e bebíamos da «fonte que mana e corre». Eucaristia, expressão máxima da festa, pois do sacrifício parte a ressurreição. Resplandecia o crucifixo no cortejo de entrada. Ouvíamos as palavras do padre Pedro que incentivava a nunca desistir de caminhar, a nunca perder a esperança de evangelizar e de propagar a certeza do viver n'Ele. Aqui está o serviço, aqui reside o nosso ser jovem, servindo a Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo. Partimos por fim para o almoço, para nos reunirmos novamente pelas 15h para ouvirmos e o Dr. Jorge Biscaia e debatermos: a eutanásia.
Após o jantar, regressávamos… Eis o momento da vigília. Eis o momento dos amigos se reunirem numa noite de luz, noite de vida. Fomos convidados a parar e a permanecermos na presença «de Quem sabemos que nos ama». Fizemos silêncio, tranquilizamos o muito que trazíamos dentro de nós… Terminada a vigília, eis um convite: caça ao tesouro. Caça ao tesouro? A esta hora? E o frio? E a chuva? E as lanternas? Eram 22h30, quando partimos em grupos para a aventura dos caminhos nocturnos. Partimos para descobrir, posto a posto um dos maiores tesouros: a juventude. Eis o tesouro encontrado. O dia ia bem longo quando as luzes se apagaram para descansarmos…
Domingo, 6 de Dezembro
Desta vez o despertador foi a chuva: como chovia! Ainda assim, ninguém teve preguiça! Um após outro chegámos à igreja matriz de Alhadas para ouvirmos a explicação da Madrinha Alice sobre aquele templo. Ao bater das 12h00 nos sinos todos os grupos paroquiais se congregam na Igreja: grupo de catequese, grupo dos acólitos, escutistas, comunidade em geral. Todos nos seus lugares para participar na Eucaristia, muito alegre e vivida. Todos fazíamos festa. Em nossos corações cantava-se a alegria. Acima dos nossos interesses pessoais colocávamos o mandato de Cristo – o de anunciar o Evangelho. Em silêncio, concluía em mim que só pode anunciar quem O conhece e quem O vive; e Ele é exigente, mas paga «cem por um» e neste fim-de-semana tinha nesta Eucaristia a certeza que fui (fomos) largamente compensados!
A refeição aproximava-nos e trazia ao de cima a unidade fraterna. (Perguntavam-me: então este ano o Movimento não passa por cá na peregrinação a Fátima?).
Após o almoço no Centro de Alhadas, partimos para a Capela de Guadalupe para encerrar o encontro. As palavras do André foram guarnecidas pela alegria que trazia em si. O seu coração estava cheio, a transbordar. Nesta tarde a fé enchia-nos. A Teresa Romeiro, entregava ao André a faixa do Movimento Carmo Jovem, convidando-o a caminhar com o Movimento nas próximas actividades… Muitas palavras se disseram, muitas se calaram em nós… É bom partilhar tarefas e anseios na promoção do verdadeiro Amor. A gotinha do Movimento jorrava no olhar de quem ainda não o conhece bem.
O tempo faz-se pouco, a festa continuou num lanche, eu tinha que regressar, o tempo chuvoso continuava… No caminho de regresso não deixei de encontrar lugar para continuar o diálogo. Durante o percurso, a chuva era cada vez mais intensa, estava a ser inundada e recordava o padre Hermann Cohen: «fui inundado de graças durante o tempo de silêncio».
Cheguei a Viana pelas 19h30 e continuava a chover; eram mensagens dos jovens, de novos amigos encontrados, de amigos (re)conhecidos…
Todos estamos de parabéns! Obrigada a todos por todos os esforços, alegria e amor a Jesus e à sua Igreja! Que continuemos a dar aos outros: quanto mais dermos mais receberemos. Devemos sentir-nos orgulhosos do nosso contributo. Sem sacrifício nada se faz, mas com boa vontade tudo se consegue.
Não nos esqueçamos que o que torna a Igreja actual é a santidade dos seus membros pela união ao Senhor. Somos nós. Sou eu, és tu… A semente foi lançada e semeada. A possibilidade de deixar que cresça está em cada um de nós... André, Mariana, Helena, Hugo, Bruno, Joana… Nós esperamos por vós. Ele espera por vós!... Ele chama-vos a servirdes a Sua grande família que é a Igreja.
E por fim termino como terminou a vigília de oração: «A alma que anda em amor não cansa nem se cansa».
Não vos canseis nunca!
Até breve.
Verónica Parente, apóstola por (mais) um dia