terça-feira, 1 de dezembro de 2009

PADRE HERMANN COHEN

PADRE HERMANN COHEN

[1820 - 1871]

Hermann Cohen nasceu em Hamburgo, oriundo de uma família judaica alemã, da tribo de Levi, no dia 10 de Novembro de 1820. Cohen em hebraico significa sacerdote! Os pais possuíam uma fortuna considerável, mercê dos negócios paternos. O pai, David Abraham Cohen, e a mãe, Rosalía Benjamín, sempre propiciaram a Hermann uma nobre e cuidada educação. Para isso inscreveram-no no melhor colégio de então, maioritariamente frequentado por crianças protestantes. Aos quatro anos descobriu o piano, vindo a tornar-se num artista consumado, discípulo predilecto do famosíssimo Franz Liszt. Aos doze anos foi nomeado professor no Conservatório de Música. Liszt apresentou-o à escritora George Sand que passou a apreciá-lo e lhe costumava chamar «little Puzzi». Era de facto o retrato do progressista da época. Viveu durante muito tempo imerso na frivolidade dessa sociedade brilhante, criativa no aspecto artístico, boémia e anticristã, que acrescentaram a sua vaidade, a sede de êxito e elogios e a satisfação dos mais pequenos caprichos. Aos 27 anos foi inesperadamente convidado por um amigo príncipe a dirigir o coro da Igreja de Santa Valéria de Paris, entretanto demolida, durante o Mês de Maio de 1847. Foi o princípio da sua conversão. Quando o sacerdote dava a bênção do Santíssimo, o judeu Hermann, desapercebido de qualquer fé, experimentou: «uma estranha emoção… a emoção era grata e forte e sentia um alívio desconhecido». Sentia-se abençoado sabendo não merecer ser incluído. E assim durante dias seguidos. A emoção jamais o largou. Passou a frequentar as missas dominicais daquela igreja. Hermann buscara a felicidade por cidades, mares e reinos sem a achar, e acabara de encontrá-la sem a procurar. Na cidade alemã de Sem onde teve de ir repentinamente dar um concerto abandonou tudo o que o impedia de ser cristão: à hora da Missa entrou sem vergonha na igreja paroquial, e «à saída já era cristão», sem ainda ser baptizado. Uma amiga, a Duquesa de Rauzan, em quem confiou, apresentou-o ao Padre Legrand que o instruiu e baptizou na Capela de Nossa Senhora de Sião, a 28 de Agosto de 1847, dia em que a Igreja celebra a festa do grande converso Santo Agostinho. Foi confirmado pelo bispo de Paris, D. Affre, a 3 de Dezembro de 1847. Entrevista-se com o Santo Cura d’Ars a quem expõe a ideia da Adoração Nocturna. O Santo anima-o a prosseguir e profetiza que sua mãe se converterá ao cristianismo; Hermann tudo faz para o conseguir mas sem êxito. Contudo, ela baptizar-se-á pouco antes de morrer. Logo depois, juntamente com o sr. Aznaréz um antigo embaixador espanhol e o conde Raimundo de Cuers, capitão de fragata, criou a Adoração Nocturna sob a supervisão do Vigário Geral de Paris, Mons. De la Bouillerie. Na primeira noite estiveram presentes apenas os três, na segunda 19 pessoas e faltaram 4 inscritos. Mas a obra haveria de crescer e espalhar-se por 50 dioceses. Depois de dificuldades várias entrou na Ordem do Carmo. Entrou no Noviciado da Ordem, no Carmo de Le Broussey, perto de Bordéus, o único que existia em França. Recebeu o hábito no dia 6 de Outubro de 1849, tomando o nome de Frei Agostinho Maria do Santíssimo Sacramento. Um ano e um dia depois fez a sua Profissão Religiosa. Como sacerdote Carmelita dedicou-se às fundações de conventos carmelitas em França, à pregação por toda a França, Inglaterra, Irlanda, Itália, Alemanha, Bélgica, Luxemburgo e Suíça, à expansão da Adoração Nocturna. Falava com gosto do mistério inefável da Eucaristia, do seu amor pela Virgem Maria, e submetia-se sempre à vontade de Deus. Viveu para amar e fazer amar a Eucaristia! Os ventos mudam. Em 1868 o santo pianista, o mais popular Carmelita Descalço, amado e aclamado em França, é perseguido de cidade em cidade, porque é alemão. Em Novembro de 1870 foi enviado pelos superiores para a Prússia como capelão dos prisoneiros de guerra franceses. Foi a sua última missão. Nos inícios de Janeiro, ao assistir a dois soldados contraiu a varíola de que veio a morrer poucos dias depois. No dia 19 de Janeiro de 1871, confessou-se, renovou os votos e comungou pela última vez, permanecendo bastante tempo em contemplação e acção de graças. E cantou em voz alta oTe Deum, o Magnificat, a Salve Regina e o De Profundis. Caiu na cama, com muitíssimo esforço, suspirando: «E agora, Deus meu, em tuas mãos entrego o meu Espírito». Foram as suas últimas palavras. Na manhã do dia 20 de Janeiro de 1871, fez um pequeno movimento e, alguns minutos depois, deixa de existir na terra. Dormia agora terna e eternamente nos braços de Deus… Conforme era seu desejo, foi enterrado na Igreja de Santa Eduige, em Berlim, onde ainda hoje jazem os restos mortais.
Cristiane Macedo I Coimbra
Verónica Parente I Viana do Castelo