quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Foi no I Kerit

Vivemos mais uma actividade do Carmo Jovem. Com muita alegria. Com muitas amizade. Felizmente nem tudo é igual, pelo que se umas vezes caminhamos e cansamos, outras vezes paramos e descansamos junto do Mestre. Foi o que fizemos. Com muito gosto. Num fim de semana intenso. Um ano depois doutro intenso Kerit. E para o confirmar houve carta do Ricardo Luis
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Às Gotinhas do Carmo Jovem em Kerit.
Jesus.
A graça do Espírito Santo esteja com os Gotinhas e com todo o Carmo Jovem.

Há um ano atrás estava no meio de vós. O meu coração trazia o Carmo Jovem no coração mas outros carminhos chamavam-me, a Vida Religiosa. No final do I Kerit o Frei João convidou-me a falar. Entre vós, pensava-se, vamos ter segunda homilia! Foi então o momento de partilhar convosco aquilo que seria a partir de Janeiro seguinte o meu novo carminho, a minha opção de vida: a entrada na Ordem dos Carmelitas Descalços. Um ano passou, e depois de ter estado, entre Janeiro e Agosto, no local onde vos encontrais neste momento, Convento e Santuário do Menino Jesus de Praga de Avessadas, estou agora no Noviciado no Desierto de Las Palmas em Espanha. Conheci essa Casa com 15 anos, num encontro do Grupo de Jovens de Caíde de Rei. Estava a dar os primeiros passos num grupo. Desde aí, foram muitos os encontros, retiros, carminhadas, acampamentos em que participei. Agora, encontro-me a 1.000 km fisicamente de vós, mas tenho-vos no coração, pois sempre me acarinharam muito. Há um ano, no final da Eucaristia, cada um, deu-me um abraço, um forte abraço. Os abraços dão-nos força e coragem para fazer carminho, enfrentar obstáculos e saltar as pedras que nos vão aparecendo no carminho. A cultura moderna em que vivemos grita-nos: “desfruta”; “é rídiculo”; “porquê?”. A verdade é que agora que não há respostas fáceis nem seguras sobre o futuro, buscar a Deus dá à vida uma força nova. A imersão em Deus é a única razão absoluta que faz com que outras motivações da vida — amor, dinheiro, êxito pessoal,... — passem a segundo plano. É o que me/nos dá força a cada dia e, por isso, ultrapassamos perdas, alterações, esforços na vida. De outro modo não teria sentido. Durante o Postulantado no Convento do Menino Jesus de Praga, o pastor por um dia do Carmo Jovem, o superior da comunidade, Pe Agostinho dos Reis Leal, recordava-me em vários momentos que não deveríamos imitar nem seguir a ninguém. Seguir só a Deus! Ao longo do Kerit tivestes, espero, a oportunidade de vos encontrardes com Ele. Recordai, Gotinhas, que é possível não separar aspectos que parecem contrários na vida: Deus e mundo; sagrado e secular; oração e acção; mundo íntimo e comunhão. É uma pena, por vezes, que os jovens não saibam descobrir e ver a Deus nas realidades humanas e acontecimentos actuais e que para falar de Deus, escutar a Deus, perceber a Deus, nunca haja tempo. Mas vós tivestes tempo! Como Carmelitas Descalços que somos, o silêncio é uma coordenada chave. O silêncio não é ausência de ruído. Santa Teresa de Jesus, diz-nos nos seus escritos: “Aprender o silêncio e a solidão é muito bom para a oração. O silêncio ensina-nos a viver por dentro.” O Kerit é para isto mesmo. Espero sinceramente que tenhais conseguido este desiderato. Aqui, no Desierto de Las Palmas, já decorreram três meses desde a tomada do hábito, a 4 de Setembro. Tem sido um tempo aproveitado, essencialmente, para submersão e encontro com Deus. Faço votos que neste II Kerit tenhais sido “inundados de graça durante o tempo de silêncio” (Padre Hermann Cohen). Abraço-Vos de coração, meus amigos e gotinhas do Carmo Jovem. Podeis estar seguros do carinho deste pequeno irmão:

Ricardo Luís de Santa Teresinha