sábado, 1 de outubro de 2011

Profissão Religiosa - 25 anos



Estimados irmãos e irmãs carmelitas, que a paz de Cristo esteja convosco!

Hoje, juntamente com o fr. Avelino Lopes e o fr. João Costa, completo 25 anos de profissão religiosa nesta Ordem de Maria. Pensei viver estedia na gratidão e no louvor silencioso ao Senhor que me quis chamar para O servir e amar na Sua Igreja; no entanto, se fui chamado a uma família e a uma comunidade de irmãos, não resisto a partilhar convosco os sentimentos que me dominam o coração neste momento.

O meu sentimento mais espontâneo é de profunda gratidão aJesus porque me chamou, pensou em mim, porque não desistiu de mim nem permitiu que me justificasse com a minha pobreza e fragilidade para Lhe recusar o convite; gratidão, também a todos vós, irmãos carmelitas, que tivestes a sensibilidade espiritual para identificar os sinais vocacionais na minha adolescência e juventude, que me acolhestes, me destes um tecto, me ensinastes a tratar de amizade convosco e com Jesus, me formastes nas ciências de Deus, me destes uma mesa para partilhar alimentos e oportunidades de missão para alegremente gastar as minhas energias ao serviço do Reino…

Sinto-me um privilegiado por ter vindo parar a esta família da Virgem Maria, fundada por Santa Teresa de Jesus e S. João da Cruz, com uma doutrina e espiritualidade que nutrem o meu espírito nas fontes mais genuínas da salvação: a eucaristia, a palavra, o perdão, a comunidade, a missão... e que faz bem aos homens e mulheres do nosso tempo. 

Ao olhar de relance para estes velozes 25 anos, não vejo nada feito. Não tenho méritos para regatear. Apenas me sinto interpelado pela pergunta: «Joaquim, tu amas-Me?» E a resposta foi sendo dada de forma pobre, mas com grandes desejos, numa certeza de que fui sempre acompanhado por Ele e pelos irmãos. Nunca me faltou a graça para O amar com mais perfeição, ainda que nem sempre lhe correspondesse. Por isso, hoje, em dia da festa da minha Irmã Teresinha, na presença dos irmãos carmelitas do Funchal, onde me encontro para celebrar os 70 anos de sacerdócio do P. Cecílio e os 50 de profissão religiosado P. Dias, e na presença espiritual de todos vós, irmãos e irmãs carmelitas, quero renovar a minha profissão religiosa num desejo mais determinado e generoso de ser fiel ao Senhor nesta Ordem de Maria e em companhia dos irmãos. Faço-o unido particularmente a vós, João e Avelino, a quem o Senhor quis para Si desde a nossa juventude.

Também quero renovar o meu desejo de estreitar os laços duma maior comunhão com toda a família do Carmelo nas suas diferentes expressões: nas irmãs, nos leigos e nos frades. Somos uma grande família, onde a comunhão e a unidade, alicerçados nos valores teresianos do amor, da humildade, da verdade e do desprendimento nos dão as bases humanas e espirituais para que Deus faça a Sua obra em cada um de nós.
Às minhas irmãs carmelitas, como «Maria sentada aos pés deJesus, escutando-O», quero agradecer o testemunho da primazia de Deus sobre todas as coisas, a amizade e a presença incondicionais com os desafios que me lançam a ser um bom filho de Santa Teresa de Jesus, prolongando no mundo o amor a Deus e aos homens que elas cultivam no escondimento da clausura.

Aos carmelitas seculares, testemunhas do Deus vivo na família e no mundo, reconheço o esforço por traduzir nas suas circunstâncias devida a espiritualidade do Carmelo, que dá um novo vigor ao seu baptismo e ao compromisso na transformação das estruturas opressoras do pecado. Unidos, sentimo-nos mais forte, mais apoiados para testemunhar ao mundo a beleza duma vida centrada em Cristo.

Com todos vós, reconheço que o Senhor não cessa de me atrair para Si e, a partir Dele, para o anúncio dos seus projectos de salvação para todos os homens e mulheres de boa vontade. Como Teresinha, sinto a urgência de pregar o Nome de Jesus nas proximidades e nas terras mais longínquas. Só poderei alguma coisa Naquele que me dá força e na companhia de irmãos e irmãs como vós.

Convosco continuo a sonhar o sonho de Deus para mim e para todos nós, carmelitas descalços(as).

Um abraço fraterno.
Fr. Joaquim de Santa Teresa de Jesus, prov