São João da Cruz: no mundo dos homens em que vivemos, poucos são os que estão dispostos a aceitar a mensagem de Cristo e do seu Evangelho.
São poucos os que se lembram de que a verdadeira felicidade está ali, como Tu ensinaste, no cimo do Monte, o Monte de Deus, aonde só se chega por caminhos divinos, sendo o mais rápido e o mais seguro aquele que Tu indicaste: a senda recta e perfeita do amor de Deus.
Bem sabes, Frei João, que a todos nos custa subir, que muitas coisas nos impedem de avançar e nos puxam para baixo.
Mas tu indicas-nos um arrimo, o báculo insubstituível, a Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Por isso, ao contemplar-te desde este nosso mundo, como o primeiro entre todos os filhos do Carmo, o irmão mais velho, constituído pai e mestre, o primeiro a pisar o cimo da Montanha Sagrada, a contemplar as belezas de Deus, a saborear as delícias da contemplação e do amor, a tua figura aparece-nos como a de uma águia real que com o seu rápido voo alcança as alturas mais puras.
Mas não esquecemos que foste um alpinista que lentamente, com esforço e trabalho, cantando e rezando, em silêncio e solidão, sem nunca deixar os irmãos, subiste passo a passo a Montanha que conduz ao Infinito.
Foste um homem como nós que ansiou pelo Infinito e atingiu aplenitude. Como nós sofreste o rigor das tempestades, foste vítima dos olhares rancorosos, sentiste as incompreensões, o peso da matéria, a tentação do desânimo...
Porém... No teu coração de carne, encerrado em teu peito amoroso, brilhava uma luz inacessível, um poema maravilhoso, uma Fonte inesgotável de pureza e ternura, um Cântico de inexplicável doçura, uma Chama ardente que iluminava as noites escuras da tua vida tornando-as mais claras que o meio dia.
Mantiveste a serenidade, superaste como bom atleta os obstáculos do caminho, orientaste com segurança o coração, purificaste o amor, e deixaste cativar-te por aquelas palavras do Senhor: «uma só coisa é necessária». E no cimo do Monte encontraste a Deus. Encontraste a paz e a felicidade.
Os que ainda vivemos nesta terra lutando pela vida, dirigimos-te hoje a nossa oração, pedindo que não deixes que os obstáculos e dificuldades nos vençam, que não nos falte a vontade de subir às alturas.
Assim, chegaremos à plenitude, viveremos a vida que não acaba, saborearemos a felicidade que vale a pena, descansaremos no Monte onde só mora a honra e a glória de Deus.
Santo Padre João da Cruz, semeia no nosso caminho os teus poemas de amor, faz florir na nossa vida as açucenas da tua paz, faz vibrar no nosso coração a doçura do mel das tuas palavras e ajuda-nos a sentir o que tu experimentaste: que o sorriso da Senhora da capa branca nos proteja e conduza.
Assim seja para nosso bem e glória da Santíssima Trindade.
[Música Calada em Oração, Edições Carmelo]