quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Teresa e os muitos caminhos, Beatriz e o Bispo!

- Crónica da XVI Carminhada.



No dia 11 de Dezembro, p.p., logo pela manhãzinha, a Igreja de Nossa Senhora do Carmo de Braga encheu-se de renovada alegria pela chegada de muitos jovens até ao seu seio.

Por volta das 9h começámos a reunir-nos cheios de alegria e vontade de carminhar. Os primeiros a chegar, com um grande sorriso nos lábios, foram os nossos amigos vianenses e âncorenses. Logo de seguida juntaram-se os da casa e os de Caíde de Rei, Lousada; já mais tarde, enquanto entoávamos cânticos fervorosos à nossa Mãe chegaram os amigos de Paços de Gaiolo e Avessadas (embora o condutor do autocarro se tenha esquecido deles, a Virgem fez com que chegassem até nós para juntos carminharmos!).
Uma vez todos reunidos demos início ao nosso carminho. Inicialmente, pedindo a bênção à Senhora, junto do seu manto, de seguida, com os pés a caminho e sempre com o lema “Quem vai por este caminho não vai sozinho, leva muita gente atrás de si” (S. Teresa), no pensamento. E assim, atrás do cajado, humildemente levado pelo Jorge, e da cruz, que o Pedro, seu irmão, transportava com muita determinação, ia uma multidão jovem com o coração aberto para partilhar emoções, até tão desejada chegada à capela de Nossa Senhora da Consolação do Monte.
Teresa carminhava connosco, ria connosco, rezava e cantava connosco. Alegrava-se connosco. Ela gosta sem dúvida dos jovens carmelitas. E por mais essa razão nenhum de nós carminhava sozinho!
Ao carminhar pelas ruas da cidade de Braga muitas foram os bracarenses, que, surpreendidos, nos abordavam, pois não sabiam para quê e para onde se deslocavam tantos jovens. Pudera!

A nossa primeira paragem técnica foi já sob o olhar atento de Nossa Senhora de Braga. Logo depois dum gole de água, de mãos dadas à volta da Virgem com o seu filho ao colo, entoámos um belo hino e uma pequena oração. E aos pés de tão bela Mãe desta linda Cidade terminámos a paragem com uma das orações mais significativas, o Pai nosso.
De regresso ao caminho passámos por outros belos locais, alguns bem característicos, que mereceram os nossos cânticos e a partilha das nossas conversas e confidências. A vontade de alcançar o fim do carminho era cada vez maior, pois sentíamos que não caminhávamos sós. Isso dava-nos outro alento para continuar e jamais pensar em desistir!

Já passava um pouco do meio-dia e o sol ia alto (sim, porque viveramos toda a semana com medo do boletim meteorológico e do tempo chuvoso, porém o dia sorria para nós!) quando o pároco de S. Tiago de Fraião, com um ar simpático e humilde nos recebeu no seu novo templo a cheira a fresco. Alegremente e de forma resumida falou da concretização de muitos anos de esforço e dedicação para obter o resultado final que, pelo olhar unânime de todos demonstrou ser muito positivo. Mas acima de tudo ficou marcado o amor transmitido a toda a sua gente.
A pausa maior foi feita à chegada do tão desejado Monte de Nossa Senhora da Consolação. À chegada tínhamos um espaço convidativo à nossa espera para um bem merecido repouso. Espalhados pelas mesas à volta da pequena capela que para nós se abriu, partilhamos o almoço assim como, também, a nossa bela amizade de uns para com os outros. Mas as partilhas não ficaram por aqui!... No final do nosso almoço, quisemos ainda brindar a nossa aniversariante do dia (a nossa Maria de Babo, que completou 16 aninhos!), com um modesto bolo de chocolate rodeado com 16 velinhas (e uma extra; ou não estivesse o Frei João por perto… - Desculpa, Maria!).
Para culminar este momento de partilha e sublimidade, os jovens que no último Horeb estiveram com nossa Mãe Santa Teresa de Jesus, ensinaram-nos uma canção, com direito a coreografia e tudo mais. Embora fosse uma canção simples e pequena, a sua letra dizia muito, vejam só:


“Sentei-me à sombra de quem desejava,
Oh que sombra tão celestial,
Oh que sombra… tão celestial!”
(Agora vão passando pelo blog, até que a Maria João post por lá a canção e a possam aprender!...)

E foi com o ânimo viril de Santa Teresa que descemos o Monte da Senhora da Consolação descendo, com ligeireza, a bela encosta do Bom Jesus até chegarmos por debaixo do manto da Mãe do Carmo, que nos aguardava cheia de ternura.
Pois bem, a chegada ao Carmo não demorou muito, e pouco depois das 16h estávamos prontos para dar início à nossa Eucaristia.
Estávamos no terceiro Domingo do Advento, e como tal acendia-se neste dia a terceira vela da coroa do Advento que ajuda a preparar o caminho do Senhor. Para o efeito, o Frei João convidou para acender a primeira vela a família Branco Pereira (Susana, Pedro e Beatriz), que nos alegrou com a sua presença amiga; de seguida, a segunda foi acendida pela mãe da Betinha (uma das jovens carmelitas presentes na carminhada); e por último, para a terceira, convidou um inesperado velhinho amigo seu mas desconhecido para nós, que rapidamente se nos tornou muito familiar: ou seja, tínhamos perante nós e no meio de nós a discreta presença do senhor D. Abílio Ribas, Bispo emérito de S. Tomé e Príncipe. Ele, bispo e membro da Igreja como nós, acendeu-nos a terceira vela do Advento. Que feliz coincidência, digam lá! É verdade. O senhor Bispo estava de passagem pela Igreja do Carmo, onde parara para rezar o Rosário antes de partir na camioneta para S. Bento da Porta Aberta, onde, ali, voluntariamente, todos os Domingos confessa os peregrinos, que por lá passam.
Ó que bênção para nós! O Carmo Jovem já teve direito a Bispo!

Logo depois, de cajado na mão, e com a faixa do Movimento, o senhor D. Abílio contou-nos emocionadamente a sua experiência de vida, a sua passagem como missionário por Moçambique, a forma como chegou a Bispo de S. Tomé e tudo o que trabalhou pela população para que se sentisse livre e em paz, feliz e independente. Uma verdadeira longa lição de vida que nos deixou sem palavras, e que tocou fundo a alguns de nós, especialmente uma sãotomense e a uma voluntária portuguesa que há pouco ali trabalhara…

Como o tempo urgia deixou-mos uma valorosa mensagem de força a todos nós, jovens, e seguiu viagem, e nós seguimos a Eucaristia, com um grande momento de união e sob o olhar atento da Virgem Mãe do Carmo e de Teresa.

Antes de terminar a celebração foi-nos entregue uma peça de um puzzle como lembrança da XVI Carminhada, em Braga. Esta peça, embora tão pequenina tem um grande significado, pois um puzzle completo com a nossa pequena gotinha ficou dividido em muitas partes, cada uma delas somos nós! E o puzzle só voltará a estar completo quando todos estivermos juntos, novamente!

Por fim, a bênção final foi dada pelo nosso Frei João, mas não sozinho… pois quem vai por este carminho não vai sozinho. E foi assim que ele ergueu bem erguidas as suas mãos e nelas a nossa mascote, a pequena Beatriz, que, infante e sorridente o ajudou a abençoar-nos a todos em nome de Deus! Ó que belas e inesperadas são as lembranças do Frei João!
No final, como vem sendo hábito, tirámos a mítica foto de família e fizemos a já característica entrega do cajado, desta feita aos nossos amigos âncorenses que no próximo ano serão os anfitriões da próxima carminhada do Carmo Jovem.
A despedida não foi muito demorada, uma vez que a muitos ainda lhes esperava umas horinhas de carminho sob carris. E como se sabe os carris não esperam; ou esperam, mas não espera o que rola sobre eles. Adeus, amigos!
Assim, num santiamén, terminou a XVI Carminhada. Cada um regressou ao seu lar, mas com a certeza de que não estamos sós, que jamais caminhamos sós, que é impossível ser-se de Teresa e caminhar-se só, que temos uma multidão de amigos cheios de alegria no coração.
Como é bom sermos pequenas gotinhas!


Betinha e Luis, Braga