S. João da Cruz
(1542 - 1591)
Juan de Yepes nasceu em Fontiveros, província de Ávila, Espanha, em 1542 (pensa-se no dia 24 de Junho). È o terceiro filho de um amor proibido. Seu pai Gonzalo de Yepes, oriundo de uma família abastada de comerciantes de tecidos, fora deserdado por teimar casar com Catalina Alvarez, tecelã e órfã de pais e de bens. A vida deste casal não foi fácil desde o primeiro momento, viviam muito humildes e com dificuldades, sendo que após o nascimento de Juan, o seu pai fica muito doente e acabou por falecer. Catalina vê-se sozinha para criar Francisco, Luís e o mais novo. Inicia o que vai ser uma vida de peregrinação e sofrimento procurando em várias terras ajuda e reconhecimento da parte da família de seu marido, o que não encontra. Entre viagens, sacrifícios, fome e pobreza, Luís acaba por falecer ainda criança.
Em 1561, a família encontra-se em Medina del Campo, o irmão mais velho casa e Juan vai estudar para uma escola destinada a crianças pobres. É iniciado em diversos ofícios e presta serviços no Convento de Madalena, é um menino esperto e vivo, destaca-se pela sua habilidade, perspicácia e pelas suas boas inclinações.
Depois dos estudos ingressa no Convento do Carmo da cidade, e depois na Universidade de Salamanca onde estudam os jovens da Ordem. Ordenado sacerdote vem celebrar Missa Nova a Medida del Campo onde vive a mãe.
É nesta altura, que Frei João se encontra com Santa Teresa de Ávila (1567), ele andava insatisfeito com o modo de vida dos conventos Carmelitas, pensando até ingressar na Ordem dos Cartuxos (ordem de muita austeridade), ela ansiosa por ter alguém que a ajudasse na Reforma do Carmo, já a tinha iniciado com as freiras, mas queria estendê-la e sentia necessidade de a levar também aos padres.
É assim que no dia 28 de Novembro de 1568, juntamente com o Frei António de Jesus e Frei José de Cristo se inicia a fundação da nova família do Carmo Descalço, no desconhecido lugarejo de Duruelo. Nesta altura, toma o nome de Frei João da Cruz, pela muita veneração que sempre teve pela Cruz de Cristo.
Esta transição da Ordem Carmelita para a Ordem dos Carmelitas Descalços não foi bem aceite pelos seus irmãos e foi considerado um rebelde. Na noite de 2 de Dezembro de 1577, Frei João da Cruz e seu companheiro Frei Germano de São Matias são presos por um grupo de Padres Calçados e alguns leigos, que rebentam a porta da casa e os levam algemados ao Convento do Carmo de Ávila. Alguns dias mais tarde o seu companheiro é solto enquanto Frei João da Cruz é levado ao Convento de Toledo onde é jogado num cárcere e ali permanece por nove meses. Conseguirá fugir no dia 19 de Agosto de 1578, por não lhe terem permitido celebrar missa de Nossa Senhora!
Este tempo de prisão conseguiu prender apenas seu físico, mas não o seu espírito. Aqueles nove meses foram um período de intensa criatividade e espiritualidade. Ali, com a benevolência dum novo carcereiro, o Santo escreveu as mais belas poesias, o que lhe valeu o título de Patrono dos Poetas. É também notável a sua grande capacidade de amar e perdoar seus inimigos, mesmo aqueles que o prenderam.
Teve uma vida curta mas intensa como caminheiro, pregador, conciliador, e homem de paz. Morreu no dia 14 de Dezembro de 1591, no Convento de Ubeda. A doença que motivou sua morte foi “uma erisipela que começou no peito do pé direito, começou sendo um diminuto glânulo, transformando-se numa inflamação virulenta que rebentou em cinco chagas, em forma de cruz”.
As dores foram intensíssimas, mas já mais se queixou, quer lhe quando lhe cortavam a carne ou lhe serraram a perna. Em 1593 o seu corpo foi transladado para o Carmo de Segóvia que ele próprio imaginara, arquitectara e construíra. E ainda ali se conserva até hoje. (Cervantes na sua novela Dom Quixote alude à viagem do féretro do Santo desde Úbeda para Segóvia)
Em 1926 é proclamado Doutor Místico da Igreja.
Os Santos não morrem, continuam vivos nos seus seguidores e ensinamentos. Dão-nos uma lições de amor e de vida e os seus escritos são verdadeiros tesouros de sabedoria que urge beber e aprender.