terça-feira, 6 de março de 2007

Morreu o Frei Luis Filipe

Morreu o Padre Frei Luis Filipe, nosso irmão Carmelita Descalço. Na verdade morreu no dia 28 de Fevereiro, na cidade do Funchal, na nossa Comunidade, mas ainda não havia blog, logo a notícia não pôde ainda ser aqui comentadarezada. O Frei Luis Filipe era português, mas pouco conhecido entre nós, pois vivera muito anos no Brasil. Chegara recentemente a Portugal, no dia 4 de Janeiro, para se integrar na nossa Província religiosa. Era por isso que o não conhecíamos. Como bom português, corria-lhe sangue luso nas veias; daquele sangue que ferve quando vê arados que vão ficando parados por falta de mãos que os conduzam. Ele era assim, por isso se ofereceu: aqui em Portugal começam a haver muitos arados que, ou alguém agarra ou a ferrugem os corrói. Por isso veio. Estava no Funchal há poucos dias. Ali recebera a Primeira Comunhão, ali o Senhor da vida e da vinha o chamou a si. O Senhor é o senhor, por isso Ele entende coisas que nós nem sequer intuimos. Nós não entendemos porque um frade ainda jovem morreu no seu posto, aos poucos dias de em Portugal ter pegado no arado. Porquê, Senhor? Como havemos de entender, nós que estávamos contentes com a sua vinda e integração, uma morte assim tão prematura? Se ele nos fazia tanta falta, como nos fazem falta outros como ele, porque houve de morrer? O Senhor entende o que não entendemos. E eu quero crer que o enviou até nós para que o conhecêssemos e amássemos. Para que nos víssemos e nos falássemos. Para que sonhássemos projectos e juntos lançássemos sementes à terra. Está visto, o seu trabalho não era o de lavrar, mas ode semear. Não era o de colher, mas o de abençoar. Não era o de ficar aqui, mas o de velar desde lá. Amen. Assim seja. Mesmo que não compreenda e veja a falta que aqui faz e o mar de arados parados. Ainda assim, Senhor, o que a razão não compreende a fé aceita. Porém, deixa-me que te rogue e te peça não apenas mãos mas corações também. Que te rogue alguém que venha para o seu lugar, mãos fortes, corações ardentes. Não é justo haver tanto que semear e depois faltarem braços, mãos e corações. Quem virá, Senhor? Quem enviarás? Quem o substituirá? Porque ficam tantas vinhas por cultivar? Porquê? Não vês a sede que alastra e as ervas daninhas que assaltam? Frei Luis Filipe, vela por nós e abençoa-nos desde as Vinhas eternas para que não percamos a alegria de quem espera a Primavera da promessa. Paz à sua alma.