segunda-feira, 19 de novembro de 2007

São Rafael Kalinowski

Aparentemente, mais anjo que homem
Celebra-se hoje solenemente a memória litúrgica de São Rafael Kalinowski, nosso irmão carmelita, polaco. Esta memória é ainda reforçada porque neste ano ocorrem os 100 anos da sua morte.
Frei Rafael foi beatificado por João Paulo II, em Cracóvia, no dia 22 de Junho de 1983. E foi solenemente canonizado também por João Paulo II, no dia 17 de Novembro de 1991. Esse era o ano do IV Centenário da morte de São João da Cruz.
José Kalinowski (Frei Rafael de São José) nasceu em Vilnius, actual capital da Lituânia, no dia 1 de Setembro de 1835. Teve uma óptima educação familiar e professional. Foi engenheiro, professor, capitão do exército russo e Ministro de Guerra da Lituânia e da Polónia.
Depois de abandonar o exército russo, alistou-se no da sua pátria. Organizou a insurreição polaca e lituana de 1863 contra a Rússia, mesmo sabendo que a contenda estava perdida à partida. Mas ele era um patriota e essa é a razão por que a nação polaca lhe tem tanta estima, como era o caso do Papa João Paulo II.
Perdida a batalha não deixou perder a guerra. Foi feito prisioneiro e condenado à morte. Mas a sua fama de santo e de anjo bondade evitou a execução, pois os russos não quiseram oferecer um mártir de reconhecido valor à Polónia.
Comutaram-lhe a pena para 10 anos de trabalhos forçados, na Sibéria. Para aí partiu depois de se despedir da família e de Nossa Senhora do Carmo, no Santuário de Ostra Brama. No terrível calvário de 6000 quilómetros apoiou os seus companheiros de infortúnio com a sua oração, os seus bens e o seu dinheiro. Muitos morreram, muitos se suicidaram, muitos caíram na depressão e na destruição. José Kalinowski redescobre a fé que o sustém e o ajuda apoiar os seus compatriotas e até as povoações russas com quem se cruza e que são vítimas do isolamento e do analfabetismo.
Viveu uma verdadeira experiência de noite escura, que o renova e transforma para Deus.
Foi declarado livre um ano antes, mas decidiu permanecer em cativeiro para preparar até ao fim um grupo de meninos a quem dava a catequese para a Primeira Comunhão. Findo o seu trabalho, depois de largos meses, aceitou, então regressar.
A sua vida, mesmo antes de ser re-conquistado por Cristo, foi dedicada à formação, ora de crianças ora de jovens, ora de jovens religiosos ora de jovens sacerdotes.
Uma vez libertado foi-lhe proibido permanecer na sua terra. Por essa razão aceitou ser professor particular do príncipe Augusto Czartowski, também já beatificado. Por essa razão e devido à pouca saúde do Príncipe percorreu a Europa durante três anos.
Aos 42 anos de idade entrou nos Carmelitas Descalços. Foi ordenado sacerdote no Carmo de Czerna, perto de Cracóvia, em 1882, aos 47 anos de idade. No ano seguinte foi eleito Prior de Czerna, o único convento carmelitano polaco que não fora encerrado pelos russos. Revelou-se então um profundo organizador e promotor da vida carmelitana e diligente formador de várias gerações de Carmelitas. É por isso considerado o restaurador do Carmo na Polónia.
Um dia, antes de regressar ao seio da Igreja, ajoelhou-se num confessionário. Mas estava vazio... Regressou a casa desolado e mais determinado a converter-se. Talvez por isso se dedicou ao ministério do Confessionário e da direcção espiritual com alegria e generosidade. Trabalhou ardentemente pela unidade da Igreja cheio de zelo pelo Senhor, Deus dos exércitos.
Era devotíssimo de Nossa Senhora. Por ela, para que fosse melhor servida e amada fez também florescer na Polónia a Ordem Secular.
Os jovens foram o centro da sua atenção. Convencido de que se deve apostar na juventude apostou na sua formação integral. A colina do Carmo de Wadowice tornou-se com a sua presença um pequeno farol onde ele recebia os peregrinos vindos dos confins da Polónia para se confessarem consigo e dele receberem o Escapulário de Nossa Senhora do Carmo.

Morreu no dia 15 de Novembro de 1907. Celebramos os 100 anos da sua morte. Dele alguém disse «tinha todas as virtudes dos anjos e nenhum dos defeitos humanos».