quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Notas Finais V - Um dia cheio de luz!

Esta Sexta despertou muito estranha e contraditória. Ameaçando sol e calor! E vieram. Pé ante pé foi o sol insinuando-se e logo depois um calor veraniego. Assim, sim. Assim dá gosto. O dia será muito intenso. As Sextas no Acampáki são sempre muito intensas. Ao fecharmos a Quinta ponderámos o que fazer durante a manhã de Sexta, pois os formadores escolhidos para o dia foram vítimas dum percalço de agenda e viram-se obrigados a faltar. Havia duas sugestões: ou dormir mais ou pôr o Frei João a falar dum assunto à sua escolha. Venceu a segunda opção, pelo que, ei-lo a falar de improviso às primeiras horas da manhã. Aquilo não foi bem uma aula, foi um falar descontraído, em família, sobre o Grande Apóstolo São Paulo. Estamos em pleno Ano Paulino que se prolongará até ao dia 28 de Junho de 2009. E foi por aí a conversa: pela sua vida, experiência mística, experiência evangélica de anunciador do Evangelho entre os gentios. O amanuense do dia registou muito interessado a conversa, mas, certamente, não há muito para dizer para além deste Fogo imenso que impeliu o Apóstolo e que em nós arde também tantas vezes de forma murcha! A conversa parou a tempo de irmos à piscina. Fazia calor e estiveramos tão privados da frescura da água, que merecíamos aproveitar. E aproveitámos. Foi uma delícia! Atrasou-se a hora do almoço? Sim, ou poucochinho. Mas que interessa a comida se estamos na piscina a saborear essa gozosa sensação de liberdade de caminhar por cima da água e dentro dela? Valeu a pena. Depois do almoço partilhado com o P. Agostinho Castro, Superior da Comunidade de Braga — obrigado pelos gelados, P. Agostinho! — descansámos um pouco e preparámo-nos para a Festa do Perdão – Confissões a que acorreram todos os acampákis e ainda colaboraram o P. Carlos Gonçalves e o Frei Manuel Dias. As confissões correram muito bem, dentro duma dinâmica parecida à do ano anterior. Mas ainda melhor, sem tempos mortos. Ao silêncio das Confissões seguiu-se a Hora de Silêncio. Claro que houve que despedir os nossos convidados, mas depois respeitou-se certeiramente todo o roteiro. Afinal, o silêncio é uma riqueza e já não custa tanto assim! Agora não há dúvidas: depois do silêncio fomos todos para a piscina — excepto a Dª Fernanda, por que não é piscineira. No Jornal de Parede vão sucedendo-se os lamentos e aproveitos: O AAcampáki está a chegar ao fim. Como se fora preciso recordar! Não é, e ainda bem que está um calor jeitoso. Por isso todos fomos parar à piscina. Não me recordo se merendamos, mas quem quer merendar e engordar quando tem fome de piscina? O jantar sem sal foi à hora certa. Nisso ninguém falha, nem a pequenina mão da cozinheira. Depois preparámos as nossas cruzes e partimos para a Via Lucis. Descemos em festa e cantorias a rua principal de Deão. O objectivo era iniciá-la na Igreja Paroquial, mas ficava lá longe. Por fim apareceram-nos umas Alminhas de Nossa Senhora do Carmo — Oh quantas singelas catedrais tem Ela espalhadas pelos caminhos e corações das gentes! Foi aí que parámos e calámos. O silêncio revelou-nos que aquele edifício era um pavilhão desportivo e que lá dentro se jogava à bola. Eles jogavam, nós rezávamos. Cada pontapé na bola era uma Ave Maria! Ó que bela Via Lucis fomos fazendo no silêncio da noite, lendo textos belos, rezando o Terço e serenando silêncio em nós, assim como a Virgem Maria calava tudo no seu coração! Ao chegarmos a casa não paramos em casa, mas no Santuário onde belamente, sob as estrelas e o murmurar das folhas dos eucaliptos nos deixámos tocar e abençoar pela mão de Deus. Não terá sido uma Transfiguração. Sim, não terá sido. Tão pouco a clarminhada o fora! Mas porquê pedi-la? Deus a dará. A iluminação nem sempre é imediata e quando o é é-o quase sempre por fogachos. O certo é que foi muito belo carminhar mais uma noite à luz das estrelas. Sim no monte vêem-se estrelas e diluem-se as árvores, as casas, os palheiros e as coisas. No monte há menos luz, por isso elevando-nos nos abrimos mais às estrelas e à Luz de Deus! Oh, como brilham as estrelas! Como são tantas as estrelas! Como caem estrelas sobre os montes puxando-nos o olhar para cima e anunciam e predizem desejos de que caiam mais, de que venha mais luz, uma inundação de luz, um lucernário como um fogo santo, inextinguível, insaciável, um banho que queime e que lave! Ficaríamos ali mais tempo, naquela escuridão iluminadora e reveladora do Santuário de Nossa Senhora do AAcampáki. Ficaríamos mais tempo ali, eu sei. Mas a Sexta é tão estranhamente especial e ainda tínhamos um after hours pela frente a que ninguém queria faltar. E ninguém faltou. Nem o Élsio nem a Glória faltaram! E que alegre ajuda foi o Élsio! Quando nos deitámos já era tarde, mas era ainda necessário saudar o Padre Provincial que nos visitaria no dia seguinte. E vai daí cada acampáki caracol enviou-lhe uma SMS surpresa. A caixa das mensagens ficou certamente inundada, mas assim ficou a saber que era bem-vindo e querido de todos e que todos desejávamos a sua presença. Eficaz! Mas, estou certo que se perguntou: — Caracol? Que isso de caracol? É certo que ainda não sabe, porque há coisas que só se sabem se se entrar pelas portas do AAcampáki. E ele amanhã há-de, finalmente, entrar.