Secretária: Maria João Brito (Aldeia de S. Paulo)
Começámos o dia com o acolhimento de alguns acampaki’s que se juntaram a nós para povoar a aldeia dos Martin: a Susana, o Pedro e o Marco; bem como de duas irmãs que vieram partilhar connosco a sua experiência de vida num bairro de Aveiro, a irmã Palmira e a irmã Conceição.
Celebrada a oração da manhã, o Ricardo apresentou-nos as irmãs Auxiliadoras da Caridade, explicando um pouco sobre a sua congregação e missão. A irmã Palmira é Carteira e a irmã Conceição Educadora de Infância, ambas, tal como é comum na sua congregação, exercem as suas profissões e o tempo restante dedicam-no numa missão no bairro de Santiago, onde vivem em comunidade com mais duas irmãs.
O tema da sua partilha era “A contemplação no bairro” e iniciaram por uma apresentação em Power Point, a qual nos fazia reflectir sobre uma canção de Maria Amélia, irmã franciscana, “Vim para te contemplar”. A música entrou de tal forma no ouvido que no final repetimos o ppt cantando:
“Olhei, deixei-me olhar, calei para escutar
Em vez de contemplar, fui contemplado.”
A canção traduzia o seu dia-a-dia: logo pela manhã têm um momento de oração pessoal no oratório do apartamento onde vivem, onde contemplam Jesus e saem para os seus trabalhos com a vontade de levá-Lo às pessoas com quem se relacionam. É contemplar a presença de Deus nas famílias do bairro, no seu sofrimento, e tentar lutar contra a maré, mostrando-lhes que são amadas por Ele. Ao final do dia, dizia a irmã Palmira, chega-se a casa com algum cansaço físico, mas espiritualmente sente-se recompensada.
A irmã Conceição leu-nos um poema que traduzia como contempla Cristo no dia-a-dia e a importância que a oração assume na sua vida. Partilhava connosco que é ao mesmo tempo rezar a vida e rezar com a vida das pessoas com quem se cruza. Falou-nos como é importante acolher as crianças com necessidade de afecto, saber escutá-las, a elas e aos pais; e a partir destas situações de vida fazer a oração. “Senhor, através destas pessoas e das suas vidas mais uma vez Tu me falaste!”.
No fundo, tentam seguir os passos do seu fundador a quem admiram muito: “Temos que levar a Igreja aonde ela não está”.
À partilha das irmãs sucederam-se perguntas suscitadas no interior dos acampaki’s, como por exemplo, como se sentiram chamadas à vocação religiosa. De duas irmãs, dois testemunhos diferentes! A irmã Palmira disse que não pensava ir para a vida religiosa, mas no meio em que vivia as pessoas questionavam muito sobre Deus, o que a fazia quase sentir que O tinha que defender com muitos argumentos, levando-a a procurar cada vez mais o seu amor. Um dia, sentiu-se atraída para ir para missionária e encontrou na congregação das Auxiliadoras da Caridade uma forma de dar resposta a esse chamamento. Encontrou, tal como o seu fundador, como conciliar o amor pelo povo e por Deus. A irmã São, nasceu no seio de uma família operária, e trabalhava na área da confecção. Como qualquer jovem, perguntava-se frequentemente sobre o que Jesus desejaria da sua vida. Quando sentiu a força do apelo, não teve dúvida que era chamada a uma congregação onde houvesse uma proximidade com o dia-a-dia das pessoas: poder viver a vida religiosa onde as condições de vida e de trabalho fossem as da maioria das pessoas.
Também lhes foi lançada a questão sobre os casos que as tinham marcado mais, cuja resposta era muito difícil de seleccionar. Assim, acabaram por narrar uma ou outra experiência em que as pessoas a quem lhes estenderam a mão e o coração, conseguiram retomar as suas vidas agradecendo o facto de terem essencialmente acreditado nelas e mostrado um outro lado de Deus, o lado Amor. Outra vivência gratificante que mencionaram foi a construção da capela no bairro que inicialmente parecia ser demasiado espaçosa, mas que agora acaba por estar sempre cheiinha.
No final, terminámos com um Power Point que nos dizia “Não tenhas medo!”, “Tem confiança e parte!”. E foi assim que, lendo as vidas destas duas irmãs, Aquele que sabemos que nos ama nos deu mais uma pista como alargar o espaço da nossa tenda. Às duas, irmã Palmira e Conceição, o nosso muito obrigada!