segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Notas finais VI - É quase o fim ou nem isso!

O Sábado é quase o fim. Já todos sabemos disso. Há até quem fale em levantar já a tenda, mas esse é um dos interditos do AAcampáki: os pais que vêm para a Eucaristia de Encerramento devem assistir ou participar no levantamento da tenda e das aldeias. E assim será. O dia é francamente bom. Como é bom o calor de Verão! Ciciam-me que para a semana o tempo poderá de novo ficar mau. Não faz mal, para a semana não há AAcampáki. Por isso, toca a aproveitar, sorver, respirar, saltar, bombar. A manhã foi mais uma vez ocupada em formação. As Irmãs Conceição Rodrigues e Palmira Manuela, religiosas Auxiliadoras da Caridade, de Aveiro, são pontuais na chegada e na palavra. E é com gosto que subimos para a Sala de Aulas. Vivem como um lar mais no Bairro de Santiago e foi-lhes proposto dissertar sobre ser contemplativo no bairro. E elas não se fazem rogadas. Contam-nos a vida da comunidade, do bairro, de muitas famílias do bairro, da paróquia e até como desabrochou a própria vocação. Contam-nos como as quatro Irmãs, cada manhã, manhãzinha muito cedo, antes de partirem para os respectivos trabalhos — e se algumas trabalham longe! —, se reúnem num pequeno oratório para consagrar o dia a Jesus. Contam-nos como de olhos fixos no Sacrário Lhe entregam as peripécias do dia que, inevitavelmente, as hão-de surpreender: famílias que não são famílias, famílias famílias, famílias bem onde estoira o mal, famílias rotas e problemáticas, velhos abandonados, jovens deprimidos, lixo que não devia ser lixo mas amado e recuperado. Contam-nos como oferecem o mundo por onde hão-de passar a Jesus e como sentem que os seus passos vão passando e vão sendo levados — e elas com os passos — por Jesus ao Pai! Contam-nos… Contam-nos, mas teríamos de ouvi-las um século para ouvir a voz toda dos pobres seguindo o Pobre. Contam-nos… e eu espero que o secretário de turno nos conte mais coisas que a crónica não pode aqui conter ou contar. E de tanto nos contarem, gostosamente perdemos a piscina. O almoço foi partilhado com as Irmãs e com o nosso Provincial, Frei Pedro Ferreira, que abandonou Fátima durante um breve périplo para nos vir saudar. A longa saudação já se encontra postada: não se perdeu palavra, desafio, projectos, passado ou futuro. Foi com gosto que o recebemos, o abraçamos e ouvimos. Também nos abençoou, visitou as aldeias e mandou que o Carmo Jovem seja sempre jovem. Seja, pois! Mas tem de vir confirmá-lo! Por fim também ele teve de ir-se embora, mas por nós ficava mais tempo. Mas… pronto. Foi muito agradável que tivesse tempo para nós, Carmo Jovem, os membros mais novos da família do Carmo. A tarde deveria ter sido entretida na Caça ao Tesouro. Não foi. Avisadamente não foi. O tempo tinha sido tão pouco e tão frio, que foi melhor saltar para a piscina. Saltar, sofregamente, melhor dito. Impelidamente, compelidamente, compulsivamente, desvairadamente. (E é pouco dizer!) Prescindimos duma das actividades mais interessantes e apetecíveis (e formativa!) só para petiscar o último sabor da água fresca na pele quente! Quando a noite caiu foi hora de subir ao palco. E subiram ao palco do sarau Caricadura & Caricamole do AAcampáki todos os nossos actores e actrizes, oscarizados e não, saltimbancos e trapalhões, bobos e adivinhos, stand up e fica-aí-no-saco-cama, pregoeiros e sogras, polícias, meninos de boa vontade e até um peluche! (Mas a Betinha tem de cantar no AAAcampáki! E o Tony Correia também! E o Borat não escapa, pois estava mal preparado este ano — Incrível, Borat!, nem parece teu!) Foi contudo um belo sarau, não por causa do nome mas porque os acampákis já perceberam o espírito da coisa e corresponderam belamente! Parabéns! Obrigados! Obrigados! Obrigados! E o dia acabou num belo e distendido momento de oração, favorecido pelo distendimento provocado por aquela bela página de humor que foi o Caricadura & Caricamole! Quando o Domingo amanheceu estava já tudo acordado. Estanho, men! Muito estranho! Fosse eu brasileiro e diria: — Pô, minino, que cena é essa? Mas como não sou, só posso entender que ou era pressa de regressar a casa (o que não acredito!) ou vontade de ter tudo lindo e belo (incluindo a Eucaristia) para a chegada dos pais. Isso aí, men, eu acredito! Mas ainda assim, foi tudo tão estranho! Almoçamos mais um famoso menu da Dª Fernanda Simões sem sal! Aliás, convém aqui recordar que se este ano nos esquecemos, para o ano terá um skecth só para ela: afinal de contas ela é um figurão! E haja quem se atreva ou há aqui artista, e até padeço de queda de cabelo como ela. Tenho é de arranjar uma banda! (Os Gato Fedorento que se cuidem!) Depois do almoço, que foi compartilhado pelos familiares do Elmano — Elmano, mereceste, pá! — chegaram os pais e foram muitos. Com a Eucaristia preparada foi só entrar no Santuário e celebrá-la com Deus e os amigos. A Eucaristia de Encerramento — Tem este nome, apesar de não ter havido outra! — foi um momento belamente vivido com serenidade e gosto, com Deus, os amigos e a família. E que mais podíamos pedir? Foi muito variada, muito participada e com alguns momentos surpreendentes. Foi desvelado o Espírito Caracol, que afinal estava no guião. Mas como todo o acampáki ocupou todo o tempo de leitura a ler o livro de Santa Teresa, não admira que não tenha tido tempo para ler o guião todo… Fica-me o consolo de que releiam (e rezem) muitas vezes o guião, orações e interpelações e pratiquem muito o Espírito Caracol. Quem ainda não saiba o que é — e eu sei que são muitos — , pode enviar um mail para carmojovem@gmail.com e perguntar ou inscrever-se para o AAAcampáki. Entretanto, vá treinando que os grandes resultados e conquistas são 90% de transpiração e 10% imaginação! Antes de encerrarmos a Eucaristia houve entrega de prémios. A Dª Fernanda Simões recebeu um que a levou à comoção sentida e às lágrimas sinceras— Não era preciso tanto, Nandinha! Ela prometeu partilhá-lo com a mãe e se é certo que é ela a inspiradora da filha, merece-o! Enfim, todos fomos vencedores e nem todos estávamos ali! Vivam os prémios! (Há fotos?) Houve depois a bênção! Que belo e sentido momento! ( !) No fim tragámos as delícias da Dª Fernanda para honrarmos tudo o que nos cozinhou. E… E chegou a hora amarga, a das lágrimas, aquele em que o sol se escurece e a vida parece perder sentido, aquela em que se deslaçam laços que laçam almas gémeas! As lágrimas umas foram contidas e outras não. Mas, meus meninos, para que saibam as que mais se vêem são as que mais se ocultam e reprimem! É por isso que eu digo que para o ano há AAAcampáki. Assim queira Deus! Ámen. E aqui termina o meu sempre doloroso ofício de juntar (ou separar?) letras que espelhem as emoções e gostos, sentimentos e saberes, viveres, olhares e sentires do AAcampáki. Este ruim ofício de escrevinhador, termina, é certo, e ainda bem, por pudor e respeito para com aqueles que viram, rezaram, sentiram e viveram diferente de mim. Porém, é isso mesmo o AAcampáki e Espírito Caracol. Até para o ano. Bom deserto! Obrigado pelo Amor!