Secretário: Luís Peixoto (Aldeia de S. João da Cruz)
Eis o primeiro dia no AACampaki. Novamente mais uma aventura para nós, jovens leigos do Carmo. E como é à Ordem do Carmo que pertencemos e a quem dedicaremos durante estes dias parte do nosso tempo, convém-nos saber alguma da sua história. Foi então que, por intermédio do caríssimo Frei Joaquim Teixeira, padre carmelita, homem voltado para as missões e actualmente residente no convento da Foz no Porto, que foi abordado um grande tema: A Regra do Carmo, um conjunto de normas históricas da Ordem, com cerca de 800 anos e com pequenos excertos da bíblia, principalmente do novo testamento.
Iniciada a conferência, o Frei Joaquim Teixeira começou por referir que, por ele a Regra iria ser abordada através do núcleo, dispensando, deste modo, a invocação de datas e factos históricos, de modo a cativar mais facilmente a nossa atenção e interpretação.
Começou, então, por distinguir as três constituições da Ordem: os padres, os irmãos e os carmelitas seculares. Questionava-nos: “ Que sentido tem falar-se em Regra?” Foi a questão colocada. Alguns responderam que talvez fosse uma orientação, princípios, ideais, normas ou leis…
No entanto, antes de existir a regra, propriamente dita, existia uma vida. Uma vida de experiências no Monte Carmelo, que funcionava como uma regra ao relembrar-se a vida da Virgem Maria e do profeta Elias.
Tal era a devoção dos homens ao carmelo, que estes aumentaram, sentindo-se assim a necessidade da criação de uma Regra, que viria a ser representada e aceite pelo Bispo de Jerusalém.
Para a criação desta Regra foi dada um grande contributo de santo Alberto, sendo dado o último toque pelo Papa Inocêncio IV, que evidenciou os valores principais da mesma: - o desejo forte de seguimento de Jesus; a interioridade da vida, que era uma grande característica da Virgem Maria; oração, que era a grande privilegiada pelos carmelitas, levando-os a ter uma vida de total de espiritualidade, sacrifício, mortificação, que apesar de serem valores estranhos era exigida a sua vivência visto que a vida em comum exige muitas renúncias; silencio, que era a grande característica do Monte carmelo. O silêncio diz muito de nós e se nos soubermos calar, também sabemos ouvir. Outros valores são: o trabalho, necessário para o pão de cada dia, o diálogo a amizade e a confraternização, aspectos muito humanos vivenciados por todos e por cada um.
A Regra tem vindo a ser vivida e interpretada por diferentes pessoas, em diferentes culturas. Outro dos aspectos mencionados pelo Frei Joaquim foi o facto de a Igreja ser o coração do convento, o elo de ligação da comunidade, pois era neste local que eram realizadas os actos comuns.
Um outro assunto abordado foi o estudo aprofundado da Regra realizada por um padre carmelita francês do qual se extraíram três ilações: a centralidade de Cristo; a experiência da fraternidade amizade e o valor da itinerância que se deve ao facto de a regra ter persistido até aos dias de hoje.
Quando temos uma regra como esta, estamos a ler-nos a nós próprios, pelo facto de esta regra ter sido importante durante todos estes séculos e isso diz-nos que também nós precisamos dela para os dias de hoje. De toda esta conferência eis as grandes conclusões: a regra é um texto de vida interior, um texto mítico, uma vivência em obséquio de Jesus Cristo…
A regra foi lida por cada um de nós e concluímos toda esta bela conferência com um pequeno trabalho de grupo, através do qual se acrescentou a regra 22 às já existentes 21 regras.