«O ESPÍRITO SANTO NÃO NOS ABANDONA.»
Foi a frase que presidiu ao quarto dia. Visto que peregrinar não é fácil, é sempre bom ter consciência de que a nossa força não somos nós. De que em nós vive Quem nunca nos abandona. De que sempre podemos recorrer a Ele. Há horas difíceis? Há. O Espírito do Ressuscitado é de fortaleza e está sempre connosco para que não paremos de caminhar o caminho da perfeição. E assim foi.
ORAÇÃO
É uma das marcas da Peregri. Ainda o dia não é dia, quer dizer, não é luz, já nós estamos levantados e de malas e maletas aviadas e com corda nos sapatos. Mas não começamos a andar sem rezar. À noite, o mesmo. Quando tudo está refrescado e pronto, antes do descanso, damos tempo à oração em grupo. Ninguém falta.
As horas de solidão também são muitas. São muitas as horas em que caminhamos sozinhos. São horas boas de introspecção. Horas que todos gostamos. O que se reza cada um sabe. Uns rezam rezando, outros caminhando, alguns cantando. Cada um fala ao seu jeito, sei que assim é pelos testemunhos esparsos e discretos que surgem ora aqui ora ali.
Mas a peregrinação é toda ela uma oração. Peregrinar é rezar. Outra forma de rezar. Dos pés à cabeça tudo reza. Sim, as bolhas também ajudam a rezar. Sim, não criar bolhas é ainda rezar. Os montes e ribeiros, as searas e os passarinhos, as gentes e os automóveis, os caminhos, as estradas, o calor e o frio, o silêncio e o ruído, o nascer e o pôr do sol são rezar, ajudam a rezar.
Quando vamos alegres, cantamos; quando vamos cansados, rezamos. Sei de quem para vencer a dureza do caminho reza. Sei de quem rezou e chegou ao fim sem perceber. A oração adianta o caminho e apressa as horas, ou retarda o tempo aos que vão frescos e gostam de caminhar. A oração é como o paladar. Sim rezamos, que para isto é a oração: para que nasçam mais obras, mais ânimo para o caminho.