Beatriz
A Beatriz é pequenina. É um bebé de quase dois meses. É filha do Pedro e da Susana, ambos do Carmo Jovem. São um casal com
Bênção do peregrino
Foi em Aveiro, no Carmo. Por questões de poupança foi o lugar escolhido para a concentração, apresentação e bênção dos peregrinos. Estávamos todos, menos os que tendo de trabalhar só caminharam um ou dois dias.
O momento foi simples, sentido e demorado. A Irmã Lúcia mandou uma carta aos jovens via Carmelo de Coimbra. E a Raquel mandou outra muito sentida. E uma carta dela é uma carta dela: pronta a ser escutada em silêncio. E foi.
Finda a carta recolhemos ao chão dos quartos. (A mim coube-me o chão da sacristia e não foi das noites mais mal dormidas!)
Bolhas
Ah! As bolhas! Como são belas as bolhas. Nem todos as fazem nos pés, mas alguns cristos não lhes escapam! Duas ou três bolhas por jornada é o meu salário. Primeiro é um sinalzinho. Depois o roce vai aumentando. Depois um pique e uma dorzita. Por fim parece que todo o pé está empapado de bolhas. Não está, impossível que esteja. Mas o incómodo da sensação faz crer que sim.
Alguns peregrinos são tão perfeitos que o caminho nem a prenda das bolhas lhes dá! Valha-me Deus, que a mim sempre me consola com muitas. E este ano mais que nos outros.
Se tirarmos os imprevistos, a sessão do fura-bolhas é a mais cómica de quantas sucedem numa Peregri. Eu não perco uma, e também dou os pés para o sacrifício.
Se os há que a si próprios se furam e se curam, outros peregrinos recorrem à bondade alheia. Não há especialistas pelo meio, mas sensibilidades. Por exemplo, existem «As Bolhas de Fátima»: acredite quem quiser. As Bolhas de Fátima são tratadas e curadas duma maneira diferentemente das demais.
O truque é furar, esvaziar e meter lá dentro betadine. O resto cura com o descanso e o (pouco) sono.
(É certo que há quem recomende não furar a bolha; mas eu não sei como se poderá caminhar no dia seguinte — embora já o tenha visto fazer!)