domingo, 13 de junho de 2010

IV PERIGRI - Testemunho I


NÓS SOMOS IGREJA PEREGRINA

Viva jovens carmelitas,
a razão deste texto deve-se à amizade. Ela é um campo sem fronteiras.
Ser PEREGRIS é estar sempre em caminho, isto é, num peregrinar constante para dar resposta aos novos sinais dos tempos.
A peregrinação é sinal da condição dos discípulos de Cristo neste mundo e ocupa sempre um lugar importante na vida do cristão. Ao longo da história, a Igreja pôs-se em caminho para celebrar a sua fé.
A nossa IV PEREGRIFATI eu sentia como um processo de conversão e anseio de intimidade com Deus tendo o Espírito Santo como guia do nosso caminho, que segue as pegadas de Cristo.
A Igreja, sendo na sua essência peregrina, vai realizando a sua identidade na nossa pequena comunidade do CARMO JOVEM através do anúncio do reino. A missão da Igreja responsabiliza-nos a cada um de nós, os quais estamos chamados a realizá-la segundo o ministério que nos é confiado no seu interior, pois “é impelida pelo Espírito Santo a cooperar para que o desígnio de Deus, que fez de Cristo o princípio de salvação para todo o mundo, se realize totalmente”.
Hoje para sermos PEREGRIS no mundo, precisamos de estar atentos aos novos sinais dos tempos, que são a indiferença religiosa, a perda de uma ética e a necessidade que tem a família humana de salvação.
Todos nós somos chamados a tempo inteiro a dar testemunho da nossa identidade cristã fazendo de um modo particular a opção pelos pobres e pela promoção humana. Nós como PEREGRIS assumimo-nos “como instrumento (…) como luz do mundo e sal da terra”.
O meu olhar do PEREGRI ao longo do caminho procurou reconhecer a paixão de Cristo, que passa pelas casas de todos os que sofrem: os sem trabalho, aqueles que encaram o futuro com temor crescente, os sequestrados, esperados ainda com ansiedade e aflição, os que foram vitimas de violência absurda e sem piedade.
Passou ainda pela casa dos idosos, privados de energia e postos de parte, em solidão, passa pela casa dos que esperam justiça sem conseguir obtê-la, de todos os que, por qualquer motivo, tiveram de abandonar a pátria sem conseguir encontrar uma nova ou sentir-se acolhidos, que talvez nem tenham casa e contudo estão perto de nós. O mistério da cruz que abracei convosco com a ajuda do Espírito Santo nesta peregrinação renovou-se em todos aqueles que se sentem excluídos e que a nossa sociedade olha como tal, como os handicapés ou os que optam por vias de libertação que são soluções de morte: toxicodependentes, desadaptados, encarcerados, etc.
Amigos PEREGRIS, não sei se estou acordado ou se estou a sonhar. Sei que me encontro completamente às escuras, enquanto que um lento e doloroso PEREGRINAR me faz crer que estou no meio de vós e me leva a dizer como a nossa Santa Madre Teresa de Jesus:

Ó Senhor e verdadeiro Deus meu! Quem não Vos conhece, não Vos ama (14ª Excl.). Tudo vem da vossa mão: sede sempre (F 5, 17). Seja bendito para sempre, que tanto dá e tão pouco Lhe dou eu (V 39, 6).
Um abraço fraterno

Frei Marco Caldas
Braga