quinta-feira, 17 de junho de 2010

IV PERIGRI - Testemunho III

Ele ressuscitou ao terceiro dia, ao terceiro dia, também, chegamos á Mãe.

E assim foi, no terceiro dia, a caminhar com o Ele para a Mãe chegámos a Fátima.

Foram dias com muita alegria, boa disposição, algumas bolhas e acima de tudo muita Oração.

No primeiro dia, como costumo dizer, foi o dia para preparar o físico e o espírito para os dois restantes.

Tentei carregar Cristo, nos meus 30 minutos de “Direito de Antena” que tinha com Ele, que acabou por ser cerca de 3 horas, mas efectivamente foi Ele que me carregou, e me deu energia para os dias seguintes.

Falei com Ele, sobre quem sou, que Ele já bem me conhece! Mas falei com Ele mais sobre a minha Família: meus pais, irmãs, cunhados e acima de tudo para o novo elemento da minha família, a Beatriz - a minha sobrinha de dois meses.

No final do primeiro dia, o meu balanço foi positivo: poucas dores musculares, muita boa disposição e algum sono pelas poucas horas dormidas no dia anterior...

Um segundo dia, com a Oração num lugar original, parecia que estávamos num coreto, seguida de um café com efeito revitalizante anti-sono...

E lá partimos para a segunda etapa rumo à Mãe.

Neste dia, aproveitei para pensar nas pessoas que me são próximas. Logo após a partida pensei num casal amigo, muito próximo, ao qual enviei a seguinte mensagem: “Hoje na caminhada estou a pensar nas famílias. Desejo para a vossa (M. e E.) sejam felizes. Beijos e Abraços”.

Nunca pensei que a minha mensagem fizesse a M. chorar, porque só queria demonstrar o carinho que tinha por ela, por estar a passar alguns problemas familiares, por isso, renovo o meu pedido: “Quero que sejas feliz...”. Desculpa o efeito que a minha mensagem inicial teve em ti...

Aproveitei ainda para conversar com o meu NOVO amigo, sobre o Carmo e sobre a sua opção de entrar para a Ordem, sobre o que o movia, sobre Ele... Força Carlos, apoio-te sem qualquer restrição e fica combinado que um dia vou a Avessadas para tomarmos um café e para conhecer o Santuário do Menino Jesus de Praga.

Durante a nossa estadia no Centro Comunitário da Ilha, durante a Oração, coube a mim dar a resposta. Acedi com alegria, porque uma Peregrinação faz-se em comunidade, por isso partilhei um momento que se passou comigo:

“Quando caminhava e se aproximavam os camiões era impedido de andar em frente ou, por vezes, retardavam o meu passo vigorante, lembrei-me dos problemas que todos temos no nosso dia-a-dia, porque pensei nesses monstros da estrada como se fossem obstáculos na estrada da vida”

Que todos nós e nossos familiares nos levantemos e lutemos contra os obstáculos que encontramos no caminho da vida...

Estávamos a algumas horas de chegar à Mãe, a cerca de 5 pensava eu, que viriam a ser só 4 horas e 20 minutos...

Tive a sorte de receber da mão do Frei João, (Frei Bolhas), o cajado do Carmo Jovem, que me acompanhou durante quase todo o dia (literalmente – este símbolo só descansou quando chegou a Fátima).

Este cajado foi anunciando a minha passagem pelos outros grupos de peregrinos, com uma cadência certa e algumas vezes um pouco mais sonora amparando-me.

Como estava a caminhar afastado e á frente do restante grupo, fui aproveitando para pensar um pouco em mim, já que nos outros dias pensei mais nos outros...

Durante o último dia de caminhada, aconteceram-me dois episódios que me tocaram muito.

O 1.º momento marcante:

Quando caminhava, uma senhora perguntou, “Qual é a força que o move e o faz caminhar com tanto vigor? Será que pode dispensar-me alguma dessa energia?” A esta senhora, só respondi, que “neste cajado carrego a minha família (pais, irmãs, cunhados, Beatriz), Ana, pais e irmã da Ana, Ricardo e Raquel. São eles que me dão força para seguir em frente até Fátima.

E foi mesmo isso, até que a pessoa que chorou com a minha mensagem do 2.º dia de Peregrinação, telefonou a perguntar onde andava, eu respondi, “Faltam 4 km’s, serão por ti M. e pelo E., para que sejam felizes”, escusado dizer que o resto da conversa do outro lado do telemóvel, já era uma conversa melancólica com lágrimas a escorrerem pelas faces apesar da tentativa de disfarce para que não percebesse.

O 2.º momento marcante, foi quando após a “n” (n.º de vezes indeterminado) passagem por mim de um Volkswagen Preto, uma menina ou senhora (não sei), comentou “Andai sempre alegres” à qual retorqui, mostrando a mensagem da minha T-shirt “Alegrai-vos”. E assim andei, os poucos últimos km’s até à rotunda dos peregrinos.

Nos dois últimos km’s, olhava para trás, não para ver se estava ainda mais longe dos meus colegas, mas para ver se alguém andava por perto, porque gostaria de terminar aquela fase um pouco diferente dos dias anteriores, porque queria ter companhia, para além d’ Ele.

E assim foi, abrandei um pouco, a João e Carlos aceleraram e chegámos os três juntos de mão dada, em sinal de união, de amizade, de missão cumprida...

Um obrigado especial para a João, não como organizou este grupo, mas por uma vez mais (como no ano anterior) chegarmos os dois juntos...

Desta vez só tinha o meu pai na “meta”, ao qual dei um beijo, e que nos acompanhou sempre com a voz amiga e preocupada se necessitávamos de alguma coisa (bolacha, água, fruta ou algo mais...), e ao Zé um abraço de agradecimento que prestou o mesmo serviço de apoio.

Depois da tradicional entrada em grupo, unido pelo mesmo propósito, no Santuário e de termos estado cada um com a Cruz das Irmãs do Carmelo de Coimbra (que tratem e acolham bem a nossa Raquel), fomos almoçar para restabelecer energias para as nossas orações nocturnas no Santuário.

Pela primeira vez assisti ao terço (às 21:30 horas) no Santuário e seguidamente á Procissão das Velas (que só tinha visto através da televisão)...

Cada luzinha (vela) acesa, para mim considerei cada esperança que o seu portador tinha, e a minha vela tinha o mesmo significado.

Se houve alguma actividade que mais me tenha marcado a vida, esta foi a mais marcante.

Quatro dias de retiro do quotidiano da vida...

... onde pensei e pedi para mim, minha família e pessoas mais chegadas.

... onde tomei algumas decisões, espero eu acertadas.

... onde convivi com outros e dei mais de mim aos outros.

... onde tentei dar algumas mensagens de incentivo a outros peregrinos.

... onde falei com Ele a caminho da Mãe.

Obrigado Maria...

De 3 a 6 de Junho, caminhei com Ele e com um grupo especial para a Mãe.

Peço desculpa se me alonguei em demasia, mas foi o que consegui resumir dos meus pensamentos de 4 dias em comunidade, em grupo, em família…

Saudações Carmelitas.

Marco Branco - Aveiro