Na manhã do dia 5 de Agosto, sexto dia do Vcampáki, deu-se início a mais uma aula na nossa Universidade que, embora um pouco molhada, nos permitiu ter mais um momento de conhecimento rodeados pela natureza.
A nossa formadora foi uma amiga de longa data do Carmo Jovem, Alexandra Pinto.
Alexandra é natural de Avessadas onde contribui para a fundação de um grupo de jovens, Sh’ma, e foi ainda a primeira coordenadora do Movimento do Carmo Jovem. Ela falou-nos essencialmente do grupo de jovens de que fez parte, das actividades que faziam, do Carmo Jovem de há 16 anos e, principalmente, do papel que tudo isto tem na sua vida actualmente.
Segundo a Alexandra o grupo de jovens foi algo que fortaleceu a sua relação com Deus. Reuniam-se uma vez por semana, numa casinha algures no bosque do Convento de Avessadas, para reflectir sobre alguns temas, preparar actividades, rezar ou, muitas vezes, simplesmente para conversar sobre como tinha corrido a semana.
Tal como este grupo de jovens, outros grupos também existiam em Caíde (Lousada ) Porto, Aveiro, Braga e Viana, que se reuniam uma vez por ano para o encontro anual de jovens carmelitas, a que na altura chamavam o nome original de Carmo Jovem (actualmente é Horeb!) Neste encontro, que durava um fim-de-semana, existiam actividades como apresentação de peças de teatro, caminhadas e vigílias. Esta última foi salientada pela professora como sendo um momento de reflexão profunda, como que um desabafo com O Amigo!
Embora todos gostassem de participar nestas actividades, iam surgindo outros compromissos, como a faculdade, que faziam com que alguns jovens fossem desaparecendo do Movimento e do grupo de jovens dando lugar a novos jovens para entrar e explorar o mesmo. A Alexandra disse-nos ainda que ao longo da história do Sh’ma mantiveram sempre a dinâmica do grupo, que sempre se reuniram, independentemente do número de elementos presentes, pois apesar das dificuldades é preciso continuar sempre.
Ao longo dos anos houve sempre um grupo de pessoas que ficaram e se mantiveram amigos e, embora não se vissem com tanta frequência, tinham a sensação de “missão cumprida” pois existia outro grupo que os iria suceder e assim sucessivamente ao longo dos anos.
Quando questionada sobre qual a sensação de coordenar o Carmo Jovem, a Alexandra confessou-nos que no início tinha um pouco de receio pois, quando se é simplesmente um participante existe sempre o factor surpresa de não se saber o que iria fazer e de se poder aproveitar mais descontraidamente as actividades. Alexandra achava que não ia sentir o mesmo, mas disse-nos ter-se enganado pois a sensação de ter o “coração aquecido por Deus” e poder fazer com que o coração de outros seja aquecido é algo que não se expressa por palavras, mas se sente, e esse sentimento nunca se apagou nem mesmo quando, por motivos profissionais se afastou fisicamente do Carmo Jovem. Foi neste ponto que a nossa querida João interveio dizendo que quando Carmo Jovem faz parta da nossa identidade, é algo que nunca se extingue dentro de nós.
Já todos estávamos fascinados com tudo isto que a nossa professora nos tinha contado mas, felizmente para nós, ainda tínhamos muito para ouvir. A Alexandra disse-nos que, apesar de ter uma vida agitada conseguiu sempre manter a amizade com Deus através da família e dos amigos, pois Ele está sempre lá à nossa espera e carminha connosco. Informou-nos também que apresentou o Menino Jesus de Praga a alguns amigos para que, também eles pudessem entender e fortalecer esta amizade de que todos nós tanto precisamos. No entanto, devido à sua vida profissional, a Alexandra acusou-se de egoísta, uma vez que, com todas as suas ocupações é um pouco complicado ter tempo para fortalecer esta amizade. Foi nesta altura que uma amiga, a quem Alexandra havia apresentado o Menino Jesus de Praga, lhe disse que deveria ir a uma igreja e, como que, renovar a sua amizade com Deus.
A nossa professora disse-nos com muita razão que o ar que se respira numa igreja é de amizade e protecção e que devemos entrar numa igreja sempre que por uma passamos, pois é necessário sentir a presença de Deus e desabafar com Ele algo que não queremos contar a mais ninguém.
Com muita pena nossa a aula estava já no fim, mas antes de dar-mos esta por acabada ainda havia tempo para algumas perguntas. Em primeiro lugar, Alexandra foi questionada sobre quais seriam os três conceitos em que o Carmo Jovem se baseia e quais aqueles que no seu entender mais vezes repetira. A resposta foi: fé, pois é necessário desmistificar e acreditar; amizade entre os jovens e com Deus; e a união, pois reconhece que um grupo tem a necessidade que os seus elementos se mantenham unidos. Mas, de verdade, amizade foi o conceito que a Alexandra repetiu mais vezes. E confirmou que para nos mantermos unidos é preciso termos fé em Deus e também uns nos outros, pois o pilar do Carmo Jovem é sermos amigos (mantermo-nos unidos).
Para finalizar, perguntaram a Alexandra a pergunta que tantas vezes fazemos a nós próprios: És uma amiga forte de Deus?; e recebemos a resposta: “ Sim, acho que sou uma amiga forte de Deus, e preciso fortemente Dele!”
Sim, é verdade. Também nós precisando fortemente de Deus. Mas só depois desta confissão é que abandonámos a nossa Universidade aconchegados com a certeza de que, tal como a Alexandra, também nós seremos sempre parte desta família chamada Carmo Jovem.
Maria Babo, 17 anos, Aldeia das Fundações